segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

MENSAGEM DE FINAL DE ANO.


Muitas vezes eu tenho perguntado a mim mesmo, o porquê de não existir ainda um despertador que nos faça acordar em determinada época de nossa vida. Afinal, a evolução tecnológica está desafiando diariamente nosso conhecimento, trazendo sempre novidades maravilhosas que ficam à nossa disposição. Seria tão tranqüilo ajustar o despertador para o ano que desejássemos e acordar naquele tempo de nossas vidas. Quanta coisa poderia ser feita diferentemente daquilo que foi feito. Poderíamos e teríamos as chances de nos despedir dos amigos que se foram prematuramente, fazer ou não fazer aquela jogada que determinou a nossa derrota naquela partida decisiva, conheceríamos as pessoas que vestiam pele de cordeiro, mas que eram lobos famintos, evitando-as. Enfim, seria uma maneira de reescrever a história...

Mas, o trabalho de DEUS é perfeito e isso jamais poderá acontecer. A história foi escrita com acertos e erros que irão permanecer indefinidamente em nossa memória. Encontramos milhares de amigos maravilhosos, numa proporção de talvez 95% deles. Mas, também tivemos de manter contato com esses 5% que tanto mal nos fizeram, direta ou indiretamente. A vida é assim mesmo. Não podemos escolher quem vai cruzar nosso caminho. A nossa missão é saber selecionar quem vai permanecer junto a nós, afastando os demais. Li, certa ocasião e achei corretíssima a mensagem que dizia: Deus quer que amemos até nossos inimigos. Podemos fazê-lo, sem que tenhamos de nos envolver com eles. Basta apenas não ficar feliz quando o mal os atingir. Acredito plenamente nisso e acho que cada um de nós tem a sua missão. Muitas são por demais espinhosas, fazendo com que tenhamos de sofrer bastante para cumpri-las. Outros, a nosso ver têm a missão facilitada. Mas, ninguém pode avaliar o quanto representa a missão de cada um e quais os sacrifícios deverá fazer para cumprir de acordo com as leis divinas.

Há ainda os que se despedem com rapidez. Têm pressa em encontrar o nosso Pai Celestial e lá criar o nosso clube de futebol de mesa. E os iguais se atraem. Sei que Decourt, por ser o mais antigo, já convocou o Getúlio Reis de Faria, Antonio Maria Della Torre, Cláudio Schemes, Ademar Dias de Carvalho, Almir Manfredini, Ângelo Slomp, Deodato Maggi, Edson Appel, Enio Chaulet, Fernando Contreiras, Flávio Chaves, Ivan Lima, Jomar Moura, Lenine Macedo de Souza, Luiz Carlos Moritz, Marcio Muller, Marcos Antonio Cruz, Marcos Lisboa, Nelson Carvalho, Pedro Massignani, Raul Machado Ferraz de Campos, Renato Toni, Rubem Bergmann, Sergio Antunes Moreira Neto, Sylvio Puccinelli, Walmir Merisio, Walter Morgado e Webber Seixas, todos que um dia estiveram no outro lado de minha mesa para aguardarem a minha chegada. Sei também que os trabalhos de divulgação estarão entregues ao Adelar dos Santos Neves e ao Marcolino Pereira, o nosso querido Tico. Eles sempre estiveram divulgando por aqui o que acontecia em nossos campeonatos, com certeza lá, no plano espiritual estarão fazendo à mesma coisa.

Por sorte, gozo de boa saúde, pois morando na praia aproveito para exercitar meu velho corpo, caminhando oito quilômetros por dia. Mas, sei por noticias recebidas que outros tantos não têm a mesma sorte e enfrentam dificuldades de saúde. Sérgio Calegari e Sérgio Salomon são dois deles. Nas festividades dos 45 anos da AFM tentaram levar o Calegari, mas não foi possível. Ficou a lacuna. Como dizia um velho sábio: o Tempo é o nosso melhor professor, só que acaba matando todos os seus alunos...

Por isso, meus amigos, ao limiar de um novo ano, repensem as suas atitudes. A vida é muito bonita e agradável, desde que nós permitamos que assim seja. Vamos procurar ser leais, amigos, companheiros, com o coração feliz por estarmos juntos e podermos desfrutar da felicidade de nos encontrarmos, ajudando-nos mutuamente e, sobretudo, jogando o nosso amado futebol de mesa.

Como dizia Érico Veríssimo: Felicidade é a certeza de que a nossa vida não está se passando inutilmente.

Feliz Ano Novo. Que os sonhos de cada botonista sejam realizados e que as vitórias sejam sempre maiores do que as derrotas, observando as palavras de Raymundo Antonio Rotta Vasques: Nem sempre quem ganha a partida é o legitimo vencedor...

Feliz 2011 e que possamos nos encontrar ainda muitas vezes.

Sambaquy.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

GRANDES TORNEIOS E CAMPEONATOS – BRASILEIRO DE BRUSQUE.


Depois do campeonato Brasileiro, realizado em Vitória, nesse ano fomos premiados com grandes Torneios. Em 14 e 15 de abril de 1979, pelas mãos competentes de Cláudio Schemes, foi realizado no Gigantinho o Torneio dos 70 anos do Internacional. Maravilhosa organização, com direito a presença do então presidente da Associação Brasileira de Futebol de Mesa, professor Antonio Carlos Martins. De Brusque foi uma delegação composta por Sergio Walendowsky, José Ari Merico, Edson Appel e Adauto Celso Sambaquy. De Caxias do Sul, a dupla dinâmica Luiz Ernesto Pizzamiglio e Airton Dalla Rosa. Lá estavam pessoas que escreveram seus nomes na história do futebol de mesa nacional, tais como Cláudio Schemes Filho e Aldyr Rosenthal Schlee. Particularmente tive a felicidade e jogar contra os dois e também contra o presidente da Associação. O Campeão desse grandioso torneio foi o caxiense Luiz Ernesto Pizzamiglio, que estava jogando demais.

Na metade do ano, por sugestão do Antonio Carlos Martins, e tendo como exemplo o Nordestão que era disputado pelos estados nordestinos, criamos o Sul Brasileiro. Era o coroamento do esforço que o pessoal de Brusque estava realizando. Conseguimos o Ginásio de Esportes da Sociedade Esportiva Bandeirante e lá realizamos o primeiro campeonato reunindo os estados sulistas. Nessa primeira edição, no sentido de abrilhantar mais a competição fizemos convites especiais ao Rio de Janeiro e Sergipe. Antonio Carlos Martins e Antonio Azevedo estavam conosco, disputando partidas empolgantes. O Antonio Azevedo era exímio fabricante de botões de palaton e a arte de seu time trazia a foto dele em todos os botões. Era a marca registrada que todo botonista desejava ter. Nesse Torneio estiveram representados os estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, além dos dois estados convidados e um representante estrangeiro, vindo de Rivera (Uruguai), trazido pela mão do colossal Dirnei Bottino Custódio.

As partidas foram emocionantes e a final reuniu o próprio Dirnei contra o Antonio Azevedo. Jogo empatado em seu tempo normal, empatado na prorrogação teve de ser definido por pênaltis à distância. Foi então que a classe do nosso gaúcho Dirnei se evidenciou. Campeão, entrevistado por um reporter da Rádio Araguaia de Brusque, saiu-se com essa: - Quem foi que disse que para ser campeão precisa estar em forma física? Diga-se de passagem, que o Dirnei estava muito acima de seu peso normal.

Isso tudo nos incentivava cada vez mais para a realização do Brasileiro. Seria o ano de 1981 que mostraríamos ao restante do Brasil que Brusque jogava futebol de mesa. Em dezembro de 1980, estive em Brasília, realizando um curso pelo Banco do Brasil e mantive contato com os botonistas de lá. Fiz-lhe o convite para participarem do Brasileiro. Mostrei os botões utilizados por nós e joguei com José Ricardo Caldas e Almeida, seu irmão Antonio Carlos e Sérgio Netto. Ficou acertado que viriam os dois irmãos.

De 16 a 19 de Janeiro de 1981, realizamos nas dependências da Sociedade Esportiva Bandeirante o sétimo campeonato brasileiro de futebol de mesa. Para facilitar aos botonistas que vieram do Rio Grande do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia, Sergipe e Brasília, conseguimos alojamento no Seminário de Azambuja. Era época de férias e alojamos todos os disputantes que desejassem evitar gastar dinheiro em alojamento. A comida era sempre oferecida no Restaurante do clube e foi um sucesso, pois se tratava de uma cozinha maravilhosa, com pratos suculentos. Dava gosto ver os sergipanos com seus pratos se deliciando com a comida da região alemã.

Nesse campeonato aconteceu um fato, até então inédito no futebol de mesa. Jogavam Hosaná Sanches da Bahia e Airton Dalla Rosa do Rio Grande do Sul, quando o baiano teve uma subida queda de temperatura e desmaiou. A sorte dele foi jogar contra um perfeito cavalheiro do futebol de mesa. Socorrido, a partida foi suspensa. Se não fosse o Airton, que se prontificou a jogar novamente, desde o início, visto o Hosaná não estar em seu estado normal quando o jogo havia iniciado, pois denotava perturbação, teria seu adversário exigido à vitória por WO. Mas o Airton era o Airton e novo jogo foi realizado.

Para que todos pudessem acompanhar os resultados, foi criado um painel onde os jogos eram anotados tão logo terminassem. Foi um sucesso e até um filme foi produzido em 16 mm, cujo rolo está em poder da AFM Caxias do Sul. Talvez, com a técnica atual, alguém pudesse reproduzir em DVD e repassar para os interessados. Eu seria um deles.

Os jogos vão transcorrendo e chegando às finais. Hosaná pela Bahia e Antonio Hernane DÁvila de Sergipe eram os protagonistas da partida mais importante do Campeonato. O terceiro colocado foi o Claudio Luiz Schemes, ficando Carlos Alberto Zorzella em quarto, ambos honrando a terra farroupilha.

Para a realização da partida final a mesa foi colocada ao lado da arquibancada. Na pista, três pessoas estavam colocadas: os dois degladiantes e o árbitro e ninguém mais. Com a autoridade de presidente da Associação Brasileira de Futebol de Mesa, não permiti que ninguém ficasse ao redor dos dois. Todos conseguiram assistir um jogo maravilhoso, no qual o Hosaná conseguiu impor seu jogo e conseguiu o título de campeão brasileiro.

À noite, nos salões de festa da Sociedade Esportiva Bandeirante foi realizado o jantar de encerramento, com a entrega dos prêmios. Foi então que o Hosaná quase desmaiou novamente, pois o troféu de campeão tinha apenas um metro e meio de altura. Ele não conseguiria levar no retorno via aérea. Tivemos de enviá-lo por uma transportadora.

Era a segunda vez que os gaúchos conseguiam o terceiro e quarto lugar em um brasileiro. Mostrava que estávamos progredindo a olhos vistos. Houvera o vice campeonato de 1978, quando Marcos Fúlvio de Lucena Barbosa deixara escapar de suas mãos a primeira grande conquista gaúcha na modalidade.

Cada participante, além de receber uma medalha de participação, recebeu um certificado assinado pelos presidentes da Associação Brusquense de Futebol de Mesa, Oscar Bernardi, e o presidente da Associação Brasileira de Futebol de Mesa, esse amigo que escreve essas linhas.

Todos nós imaginávamos que só teríamos campeonatos que valorizassem os botonistas e que tudo seria muito bem organizado, sem usar nenhum tipo de malandragem para se sagrar campeão. O exemplo havia sido dado em Brusque.

Nem tudo que aconteceu foram rosas. Houve problemas extra campo, mas que foram superados graças à boa vontade de integrantes da Associação Brusquense de Futebol de Mesa. Mas isso faz parte do passado e não deve ser remexido.

Foi a minha última intervenção, pois eu sabia de antemão que não iria participar do campeonato seguinte que seria realizado em Itapetinga, na Bahia. Foi premonição.

Mas, a história continua e vamos continuar jogando as nossas partidas.

Até a semana que vem, com o meu abraço.

Sambaquy.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

PARTICIPAÇÃO EM BRASILEIROS.


Para começo de conversa, de 1963 até 1973, quando fui transferido para Brusque, joguei futebol de mesa sempre representando a Liga Caxiense e consequentemente o Rio Grande do Sul. De 1974 a 1982, morando em solo catarinense, representava a Associação Brusquense, que também nascera como Liga, mas logo em seguida seu nome foi modificado e o estado de Santa Catarina, que me abriga, desde então. Os campeonatos Brasileiros de 1970, realizado em Salvador, em 1971 em Recife, participei jogando. O de 1972, realizado na AABB, em Caxias do Sul, fui o organizador e presidente da Comissão que o realizou. Esse campeonato teve o apoio total do Conselho Municipal de Esportes, cujo presidente Mário de Sá Mourão, pessoa de confiança do prefeito Victorio Três, nos permitiu uma grande festa. Nele, todos os participantes receberam um troféu de participação. Ninguém saiu de mãos abanando, e, tenho certeza todos ficaram muito felizes. Nossos representantes nesse campeonato foram Marcos Fúlvio Barbosa e Vanderlei Duarte.

Após esse terceiro campeonato em anos seguidos, houve uma interrupção de quatro anos. Ninguém se predispunha a realizar campeonatos, pois a situação econômica não ajudava a ninguém. Enfrentávamos uma inflação e isso assustava a quem tivesse desejo de reunir os botonistas de nosso país. Até que, em 1976, Jaguarão (RS) realizou um grande campeonato brasileiro, ocasião em que foi fundada a Associação Brasileira de Futebol de Mesa, entidade que coordenaria o futebol de mesa da Regra Brasileira. Esse campeonato teve como vencedor o baiano Giovani Pereira Moscovits, seguido por Hozaná Sanches, também baiano, o gaúcho Luiz Felipe da Rocha Figueira foi o terceiro e em quarto lugar o extraordinário gaúcho Aldyr Rosenthal Schlee. A Associação Brasileira foi entregue ao Jomar Antonio de Jesus Moura (BA), tendo como vices presidentes, Oldemar Seixas (BA), José Nunes Orcelli (RS), Getúlio Reis de Faria (RJ), Ivan Lima (PE) e Manoel Nerivaldo Lopes (PB). Diretor Administrativo foi escolhido Ademar Dias de Carvalho, o Financeiro entregue a Roberto Dartanhã Costa Mello e o Técnico a Nelson Menezes de Carvalho, todos baianos. Como Conselheiros principais, foram escolhidos Adauto Celso Sambaquy (SC), Marcos Antonio Zeni (RS) e Paulo Carvalho (PE). Na suplência Zophesamin Campos de Lima (AL), José Gomes de Almeida (SE) e Vanderlei R. Ávila (RS). A cabeça pensante dessa Associação ficava no nordeste brasileiro, local onde se concentrava a maioria dos disputantes da modalidade. Por motivo de trabalho não me foi possível estar presente nessa ocasião.

Dois anos depois, em 1978, o Rio de Janeiro promovia o quinto campeonato brasileiro. Novamente a minha situação, por estar em uma agência menor e com o número reduzido de funcionários não tive a felicidade de comparecer ao evento. Foi nessa ocasião que houve a abertura aos botões cavados. Havia uma pressão grande por parte dos cariocas e alguns gaúchos no sentido de legalizarem esse tipo de botão. Por maioria foi aprovado a sua inclusão e os campeonatos passariam a ter botões lisos e cavados disputando o título de campeão. Nessa ocasião Jomar Moura consegue o título maior, ficando o caxiense Marcos Fúlvio Barbosa com o vice campeonato. Uacy Norberto Joazeiro de Farias Costa, de Alagoas e Júlio César Albuquerque Nogueira do Rio, ficaram com o terceiro e quarto lugares da competição. Já estávamos com muitas frentes no Brasil, todas praticando a Regra Brasileira. Ficava mais plausível a disputa anual de campeonatos. E a próxima sede seria uma afiliada carioca, a Associação Capixaba.

Vitória seria a sede do sexto campeonato brasileiro. Foi então que eu consegui uma licença para representar Santa Catarina na disputa. Foram destinadas duas vagas ao estado e, por determinação da Associação Brusquense, o campeão e o vice representariam o estado. Nessa época iniciava uma Associação em Florianópolis, comandada por Joel Dutra, que se reunia na Avenida Mauro Ramos e disputava seus campeonatos. Saímos de Brusque com dois carros. Um do Edson Appel, que transportava o Márcio José Jorge (vice campeão), José Ari Merico, Roberto Zen e o Edson Appel. O outro era meu (campeão brusquense) e nele iam a minha esposa Janete e o casal Décio Belli. De Florianópolis, Joel Dutra e sua esposa, carregam Eduardo Tonon Narciso da Rocha e vão assistir aos jogos. Fomos todos alojados no Hotel da Ilha do Boi, que ainda não fora inaugurado, mas que estava com capacidade de atender a demanda, alojando a todas as delegações que compareceram. A minha campanha foi razoável e os meus jogos foram contra Manoel Gomes (ES) com vitória, Uacy Norberto Joazeiro de Farias Costa de Alagoas que me derrotou, Luiz Ernesto Pizzamiglio (RS) a quem derrotei e Roberto Dartanhã Costa Mello (BA) com um empate em 0x0. Com isso me classifiquei para o mata-mata. Meu adversário seria Wilson Marques do Rio Grande do Norte, que estava barbarizando. Vitória por 2 x 1 com um gol sensacional de Paulo Cesar Carpegiani em uma virada maravilhosa. Estava nas semifinais e teria de enfrentar a fera que fora campeã em 1970, Átila Lisa, de Sergipe. No jogo eu tive mais oportunidades e a trave e o goleiro salvaram o Átila. Quase no final ele arriscou um chute com seu zagueiro e esse veio carregando tudo, inclusive o goleiro e marcou o gol que lhe deu a vitória. Eu estava fora das finais. O campeão foi o José Inácio dos Santos (Se), o mesmo com quem eu havia empatado em Salvador no primeiro brasileiro. O Átila ficou com o vice campeonato e Vilno de Araujo de Oliveira (BA) e Antonio Carlos Martins (RJ) completaram o pódio.

O sétimo campeonato seria em Pelotas. Talvez tenha sido o ano em que mais se jogou futebol de mesa em Brusque. Todos ficaram entusiasmados com a minha campanha e queriam estar presentes nesse campeonato. Resultado desse entusiasmo foi que um ônibus foi alugado e os associados, com suas esposas o lotaram. No caminho apanhamos o Eduardo e o pessoal de Florianópolis. Até hoje foi a maior delegação que compareceu a um brasileiro de futebol de mesa. Já se podia sentir a diferença que existia em jogar lisos contra cavados. Fui eliminado na primeira fase da competição. Joguei contra Carlos Zorzella (RS), com botões cavados e quase não tive oportunidades de chutar a gol, por mais que tentasse, pois ele foi perfeito na cobertura e com a facilidade de realizar cerquinhas. Minha segunda partida foi contra Jomar Moura e o primeiro tempo terminou 0 x 0. Já estava com nervos à flor da pele pela maneira de jogar do Zorzella. O Jomar conseguiu acabar com o restinho de calma. Ele gastava o tempo todo, testando a minha resistência. Mandava ele colocar o goleiro e ficava no aguardo. Quando estava para chutar ele simplesmente dizia: espere, vou mudar o goleiro. E o árbitro nada dizia. Foi a gota d água. Acabei desistindo do jogo e só não retirei o time da mesa por respeito aos organizadores. Meu último jogo foi contra o jovem Augusto, um carioca boa praça e o venci, apesar de seus botões cavados. Nesse dia eu jurei que não voltaria mais a jogar campeonatos nacionais na regra brasileira. Foi muita coisa acumulada nessa ocasião. Havia sido lançado o meu nome para a presidência da Associação. Na ocasião, quando realizamos o Primeiro Sul Brasileiro em Brusque, o Antonio Carlos Martins, então presidente da Associação fez o lançamento oficial nas dependências do Clube Bandeirante, em Brusque, lançando meu nome e o do Eduardo para vice. Dias antes da nossa ida para Pelotas eu recebo um telefonema de um dirigente pelotense, dizendo que eles estariam vetando o nome do Eduardo. Solicitei que eles comunicassem ao Eduardo pessoalmente, acreditando que assim estaria resolvido o caso. Só que foi criada uma nova chapa, colocando o presidente da Associação Brusquense no lugar do Eduardo, e isso ficou parecendo que a coisa fora feita por nós, brusquenses. Acabei sendo eleito e desenvolvi o meu trabalho no sentido de fazer a aproximação com as demais regras, visando sempre uma união, coisa que estava abalada dentro da nossa Regra Brasileira. Em Pelotas o campeão foi Julio César Albuquerque Nogueira (RJ), Jomar Moura (BA) em segundo, Luiz Antonio Dias Guimarães (RJ) em terceiro e Leomar P. Barreto (ES) em quarto lugar.

O próximo campeonato seria realizado em Brusque e estaria em minhas mãos a sua realização.

Foi a minha derradeira participação efetiva em campeonatos.

Mas, isso fica para a próxima coluna.

Até, com o meu abraço.

Sambaquy.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

UM TORNEIO INTERESTADUAL NA BAHIA EM 1973.


Minha gente, como todos nós sabemos, campeonatos nacionais foram realizados em 1970, em Salvador, em 1971, em Recife,em 1972, em Caxias do Sul. Após a realização dessas três competições a dificuldade em realizar o quarto campeonato ficou evidenciada, pois eram muitas as queixas quanto à falta de recursos para os deslocamentos, os gastos da entidade promotora, as despesas que cada competidor teria de arcar, pois nos anos setenta não havia patrocínio algum. Quem se arriscasse a promover uma competição tinha a obrigação de alimentar, alojar e premiar os competidores e isso representava uma pequena fortuna.

A Bahia, por ser o berço da Regra Brasileira, pelo potencial que possuía, pois em cada bairro existia uma entidade forte disputando seus campeonatos internos, geridos pela Liga Baiana de Futebol de Mesa, continuava como sendo uma espécie de Confederação. Mas, as coisas por lá não estavam correndo muito tranqüilas. Oldemar Seixas, um dos maiores entusiastas do Brasil, e um dos pais da regra, tivera um desentendimento com alguns caciques e se afastara da Liga Baiana. Criou então um novo clube. E para a inauguração desse novo clube convidou os caxienses para um torneio de inauguração. Convite feito, convite aceito.

Em Caxias do Sul estávamos jogando muito e nosso campeonato estava quase no final. O presidente do Conselho Municipal de Desportos de Caxias, o Mário de Sá Mourão, que patrocinara o terceiro campeonato brasileiro ganhou um Botafogo do Dr. Orlando Nunes e estava jogando razoavelmente. Ao tomar conhecimento do convite foi o primeiro a se colocar à disposição para visitar a Boa Terra. O outro que teria de ir seria o então presidente, Sérgio Calegari, aquele que nunca tinha saído de Caxias e que em sua primeira saída quase se perdera no caminho para Canguçú. Os outros dois foram escolhidos a dedo: Airton Dalla Rosa e Adaljano Tadeu Cruz Barreto, que comigo formariam a equipe caxiense.

A primeira providência foi adquirir as passagens. O escritório da VARIG ficava na Julio de Castilhos, em frente à Praça Ruy Barbosa, onde hoje existe o calçadão. Escolhemos os lugares mais à frente e fizemos a compra. O duro seria sair de Caxias no inverno (mês de agosto) e ter de enfrentar um verão em Salvador. Mas valia a pena porque seria um reencontro com os bons amigos baianos. Para mim seria a quarta viagem à Bahia.

Saímos de Caxias dia 12 de agosto de 1973, com a temperatura beirando zero grau, rumo ao Salgado Filho, em Porto Alegre. Depois de deixarmos o automóvel em um estacionamento, rumamos para o aeroporto. Despachamos as malas e como chegamos ao meio da manhã e nosso vôo seria logo às 13 horas, fomos para o restaurante. A turma estava feliz, mas o Calegari apreensivo, pois seria o seu primeiro vôo. Depois de algumas cervejas, pastéis e sanduíches, o Calegari consegue a proeza de derramar seu copo cheio de cerveja e molhar a mesa todinha. Um garçom veio executar a limpeza, e, olhando para o Calegari perguntou: O senhor deve ser gremista...

A gargalhada rolou solta, pois o Calegari jogava com o Grêmio e meio gordinho, as listras da camisa faziam uma curva acentuada mostrando a sua barriguinha. Após esse pequeno incidente e nos preparando para embarcar restava pagar a conta. Foi então que surgiu a brincadeira que mostrou uma vez mais a ingenuidade do Caligula. Passei o meu cartão e disse solenemente que essa despesa seria minha, mas a do avião seria por conta do presidente da Liga. Embarcamos, com escala em São Paulo e no Rio de Janeiro, para então chegar a Salvador. Naquela época ainda serviam garrafinhas de uísque, Campari e cerveja, com o almoço e os demais lanches e nós não nos fizemos de rogados. Pedíamos tudo que tínhamos direito e o Calegari ficava somando nos dedos em quanto ficaria a sua despesa. Ele ficou a viagem toda só na água mineral e quanto muito num copinho de suco de laranja. Ao chegarmos a Salvador, antes de desembarcar ele chamou a aeromoça e perguntou em quanto ficara a nossa despesa, pois queria pagar a conta. Como ela dissesse a ele que aquilo tudo fazia parte do serviço de bordo, ele ficou com uma cara de bobo enquanto todos nós nos desmanchávamos de tanto rir. Nessa altura todos nós estávamos com paletós, sobretudos, jaquetas, na mão, pois o calor, mesmo sendo noite, era insuportável.

Na Bahia estavam à nossa espera e fomos colocados em um hotel, tipo pensão, que o Oldemar havia contratado em troca de publicidade em seu programa Bahia Campeão dos Campeões.

Na manhã seguinte, o Jomar Moura nos apanhou para mostrar Salvador. Seguiu pela orla e perto do meio dia falou que iríamos até a oficina do José de Souza Pinto, o fundador e eterno presidente, presidente de honra da entidade baiana. O Zé Pinto era um baianinho pequeno, com menos de 1,60 de altura, magrinho, metido a macho como ele só. Ao chegarmos ao local de trabalho do Zé, eu me escondi em uma das portas laterais, enquanto o Jomar gritava: ZÉ PINTO VENHA CÁ, VENHA VER OS GAÚCHOS QUE QUEREM LHE CONHECER.....

O Zé Pinto saiu pela porta, sem me ver e olhando para a turma, perguntou: E SAMBAQUY, SAMBAQUY NÃO VEIO? COMO É QUE PODE?

Foi então que eu me aproximei por trás e o peguei no colo, dizendo: ESTOU AQUI MEU VELHINHO PREFERIDO.... venha comigo que vou apresentar os meus conterrâneos.

Descemos a escada e o primeiro a ser apresentado foi o Airton. O Zé disse: esse é o Delarosa?Campeão, depois foi a vez do Adaljano, do presidente Calegari e por último o Sá Mourão. O Sá Mourão, desde a nossa saída de Caxias estava aprontando todas. Alegrava o grupo de uma maneira única. O Zé estende a mão para cumprimentar o Sá Mourão, quando esse segura à cabeça do Zé e tasca-lhe um beijo na face. Foi a gota d´água para marcar o dia. O Zé vira-se para mim, parecendo um galinho garnisé, coloca as duas mãos na cintura e pergunta: - SAMBAQUY, O QUE VOCÊ TROUXE AI????????????????????? Todos nós rimos e cada vez que eu me lembro dessa cena dou risadas sozinho.

Após conversar bastante com o Zé, fomos almoçar no Buraco do Tião. Um restaurante de praia, onde o peixe era servido em terrinas individuais de barro e era tão quente que a gente suava só de estar perto delas, e para combater tanto calor a cerveja era geladíssima. Na metade do almoço chega o Oldemar, depois de ter apresentado seu programa radiofônico. O Sá Mourão, depois da experiência com o Zé, fez a mesma coisa no Oldemar. Este quase caiu da cadeira e só dizia: O que eu vou dizer em casa, sendo beijado em público por outro homem....

À noite no Hotel/Pensão o Sá Mourão esperava o Calegari dormir para acordá-lo. Quando o Caligula acordava e perguntava o que havia, ele, simplesmente dizia: com a cara de santo: O Adaljano queria te acordar e eu não deixei.....

Na manhã seguinte iríamos para a praia. Todos tinham trajes de banho, menos o Calegari. Então passamos em uma Loja que vendia trajes de banho e pedimos uma sunga. Escolhemos a mais apertada e o Calegari foi enfiado nela. Foi hilário, pois o Calegari, gordinho sobrava e a sunga dele deu origem ao fio dental da atualidade....

À noite fomos jogar. Cada um de nós estava com a camisa do clube que representava na Liga. Adaljano (Santos), Airton (Cruzeiro), Sá Mourão (Botafogo), Calegari (Grêmio) e eu (Flamengo de Caxias). Eles nos olharam, como pensando: Esses caras não tem um uniforme na Liga deles? Foi então que colocamos as camisas da Liga, que haviam sido providencias pelo Sá Mourão. E o Sá Mourão ainda distribuiu camisas de Caxias do Sul para os integrantes da Associação Baiana. Estávamos acostumados com as nossas mesas e as que deveríamos jogar eram especiais para quem joga com a unha. Não conseguíamos deixar nossos botões na mesa, pois todos jogávamos com palheta (ficha, pois naquele tempo não existiam réguas) e a força fazia os botões deslizarem demasiadamente. Resultado acabamos sendo goleados, pois o pessoal que estava junto com o Oldemar era de primeira linha, a saber: José Ataíde (famoso locutor esportivo de Salvador) Dr. Gantois, Dr.Orlando Nunes, Vital Albuquerque, Dr. Valter Motta, Geraldo Holtz (que havia sido campeão baiano diversas vezes) Guilherme José e Luiz Alberto Magalhães que indiscutivelmente era um dos principais botonistas que eu já vi jogar. Perfeito no jogo e o primeiro a criar arte em seus botões. Em todos os seus botões, cujo nome do time era Milionários, estava estampado a marca Adidas. O resultado foi que os baianos ficaram com o troféu.

De 13 a 18 de agosto, além dessa participação interestadual, fizemos várias visitas a clubes baianos. Liga da Pituba, Liga de Brotas, Liga do Barbalho, onde éramos sempre bem recepcionados. Na Pituba, na residência do Dr. Gantois rolou solto o uísque e canapés. Na despedida, o Sá Mourão, com a maior cara de pau, pegando um litro de whisky, quase cheio, perguntou ao anfitrião: - Era para nós tomarmos todos esse whisky? Sim, respondeu educadamente nosso hospedeiro. Então eu vou levar para nós terminarmos no hotel..... e colocou o litro dentro da bolsa que carregava consigo.

No dia 18, terminava a nossa estadia em Salvador e retornamos para Porto Alegre. No avião, para nossa surpresa, foi distribuído o Jornal A Tarde, de Salvador e, na sessão de esportes, em meia página as nossas fotografias com a reportagem: GAÚCHOS VIRAM O QUE A BAHIA TEM...

Ficamos felizes com aquilo e fomos reconhecidos por aqueles que sentavam perto de nós. Saímos de Salvador, bronzeados, em mangas de camisa, esquecidos que nos esperava o frio do Rio Grande do Sul. Ao chegarmos a Porto Alegre, perto do meio dia, tivemos a sorte de não estar muito frio, o que depois de apanharmos nossas malas procurar dentro delas os abrigos para o restante da viagem.

De tudo o que passamos nessa viagem o que mais me alegrou foi à oportunidade que demos ao Calegari de ter saído, pela primeira vez de nossa cidade e conhecido Salvador, ter passado pelo Rio de Janeiro e São Paulo. Tenho certeza que esses momentos ficaram marcados em sua vida para sempre, ele que havia sido um dos fundadores da Liga Caxiense de Futebol de Mesa.

E com isso estava aproximando-se a minha despedida da Liga Caxiense, pois no final de novembro eu seria transferido para Brusque, em Santa Catarina.

Na semana que vem tem mais uma história para vocês.

Sambaquy.