segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

VIAGEM NO TEMPO – VOLTA AO PASSADO.


Na década de oitenta foi formada uma rede de troca de informações sobre o futebol de mesa brasileiro. Participavam Geraldo Cardoso Décourt, de São Paulo e praticante da regra de 12 toques, Getúlio Reis de Farias do Rio de Janeiro e Adauto Celso Sambaquy de Santa Catarina praticantes da Regra Brasileira – 1 toque e José Ricardo Caldas e Almeida de Brasília da regra de três toques. Mesmo com a grande diferença de idade entre eles, entendiam-se muito bem, organizando seus compêndios e procurando sempre engrandecer o esporte escolhido: futebol de mesa.


Hoje apenas dois estão entre nós. José Ricardo Caldas e Almeida, o mais jovem e esse articulista. E nós dois continuamos a conversar, hoje com muito mais facilidade, pois nossos bate-papos eletrônicos são feitos diariamente. E a grande surpresa que recebo do José Ricardo é o motivo da coluna que talvez se estenda por mais duas ou três semanas.

Eis a íntegra do compêndio de matérias relacionadas ao futebol de mesa de Caxias do Sul que foram coletadas pelo José Ricardo:

1963

Até 1963, o futebol de mesa sempre foi praticado às escondidas. Os próprios amigos nem sequer sabiam que seus gostos eram comuns no jogo de botões. Poucos tinham a ousadia de dizer que jogavam o futebol de mesa, e os que faziam eram sempre “gozados” pelos companheiros.

Entretanto, em 1963, um grupo de bancários, liderados por Marcos Pedro Amoretti Lisboa, organizou e realizou um campeonato bancário caxiense de futebol de mesa. Dez técnicos classificaram-se para disputar o turno final. O campeão foi o próprio Marcos Lisboa, representante do Banrisul, ficando em segundo lugar, empatados, Renato Miller e Delesson Pavão Orengo, também do Banrisul. Adauto Celso Sambaquy, único representante do Banco do Brasil classificado, ficou com a quarta colocação. As demais colocações foram estas: 5º Jovir Zambenedetti (Banrisul), 6º Antonio Carlos de Oliveira e Sylvio Puccinelli (ambos do Banrisul), 8º Justo Martins (Banrisul), 9º Carlos Bertelli (Banrisul) e 10º José Régis de Carvalho Prestes (Banco da Província).

Com o incentivo conseguido pelo desprendimento dos bancários, principalmente do Banco do Estado do Rio Grande do Sul, os elementos do Banco do Brasil organizaram e realizaram o seu primeiro campeonato, na AABB - Caxias do Sul. Depois de completadas as sete rodadas que compunha o turno final, dois nomes terminaram empatados no primeiro posto: Adauto Celso Sambaquy (G. E. Flamengo) e Paulo Luís Duarte Fabião (E. C. Pelotas). Foi necessário um jogo desempate e a partida terminou com a vitória do primeiro, por 2 x 1, ficando o título com Sambaquy, após brilhante campanha invicta. Ivan Mantovani ficou em terceiro lugar, Roberto Grazziotin em 4º, Sérgio Calegari em 5º, Nelson Mazzochi e Raymundo Vasques empatados na sexta colocação e Heitor Stumpf ficou com o oitavo posto. Os prêmios foram oferecidos por Claumann @ Cia Ltda.

Nesse mesmo ano – importantíssimo para o futebol de mesa em Caxias do Sul – foi realizado o Campeonato Caxiense em sua primeira edição. O campeão foi Marcos Lisboa, que conseguiu realizar magníficas apresentações. O vice-campeão foi Vanderlei Duarte, outro excelente jogador, ficando o terceiro lugar com Adauto Celso Sambaquy.

1964

Em 1964, novamente realizou-se o campeonato bancário e, confirmando a grande categoria, Marcos Lisboa, do Banrisul, sagrou-se bi-campeão, ao vencer todos os seus adversários. O campeonato foi realizado nas dependências do Recreio Guarany, apresentando nas demais colocações: 2º Sérgio Calegari (AABB), 3º Roberto Grazziotin (AABB) (, 4º Delesson Orengo (Banrisul), 5º Paulo Luís Duarte Fabião (AABB), 6º Adauto Celso Sambaquy (AABB) e Sylvio Puccinelli (Banrisul), 8º Pedro Massignani (Sulbanco), 9º Raymundo Vasques (AABB), 10º Ivan Mantovani (AABB) e 11º Francisco Rebstein (Agrimer). Francisco Pauletti (AABB), Justo Martins e Carlos Bertelli (Banrisul) e Giordano (Sulbanco) foram desclassificados por excesso de WO.

Na AABB, mais uma vez dois técnicos chegaram à última rodada ocupando o primeiro posto: Adauto Celso Sambaquy e Roberto Grazziotin. Na partida extra, Sambaquy venceu pelo clássico marcador de 3 x 1. Desta maneira, Sambaquy conquistou o bicampeonato. Roberto Grazziotin foi o 2º, Paulo Luís Duarte Fabião o 3º, Raymundo Vasques o 4º e Sérgio Calegari o 5º.

No campeonato municipal, Marcos Lisboa sagrou-se bicampeão.

1965

No dia 12 de junho de 1965, nas dependências do Diretório Acadêmico “Amaro Cavalcanti”, da Faculdade de Ciências Econômicas de Caxias do Sul, um grupo de desportistas fundou a Liga Caxiense de Futebol de Mesa, cuja primeira diretoria foi então eleita e ficou assim constituída: Presidente: Adauto Celso Sambaquy, Vice-Presidente: Antonio Carlos Oliveiras, 1º Secretário: Saul Henrique Vanelli, 2º Secretário: Deodatto Maggi, 1º Tesoureiro: Delesson Pavão Orengo e 2º Tesoureiro: Sérgio Calegari.

No dia seguinte, para comemorar a criação da Liga, foi organizado o primeiro torneio intermunicipal do Estado. Apresentaram-se grandes nomes do futebol de mesa gaúcho e brasileiro, tais como, entre outros, Lenine Macedo de Souza (fundador da Federação Riograndense de Futebol de Mesa), Carlos Saraiva (Campeão gaúcho), Renato Ramos (presidente da FRFM), Antonio Azevedo, Sérgio Duro e Gilberto Ghizzi, todos de Porto Alegre. Representando Caxias do Sul estiveram em ação Marcos Lisboa (campeão local), Vanderlei Duarte, Sérgio Calegari, Deodatto Maggi, Raymundo Vasques e Adauto Sambaquy. Venceu o torneio o técnico Carlos Saraiva, do Internacional, seguido por Antonio Azevedo, do Cometa e Marcos Lisboa, da Liga Caxiense.

1965 também foi o ano das mudanças nos campeonatos em Caxias do Sul.

Quebrando a série de vitórias de Marcos Lisboa, Vicente Sacco Netto, da AABB sagrou-se campeão bancário, competindo contra onze técnicos (6 da AABB, 3 do Banco do Comércio, 1 do Banrisul e 1 do Sulbanco). No primeiro turno, Série A, tivemos como campeão Sambaquy, seguido por Sacco, Grazziotin e Puccinelli. Na série B, Marcos Lisboa, Vasques, Calegari e Fabião. No turno final, Vicente Sacco Netto realizou uma campanha notável, conseguindo chegar em primeiro lugar, seguido por Puccinelli, da AABB, e Lisboa, do Banrisul. Depois chegaram mais dois técnicos da AABB: Grazziotin e Sambaquy.

Depois de dois anos em poder de Adauto Celso Sambaquy, o cetro abebeano de futebol de mesa passou para Roberto Grazziotin, com o Pradense F. C.. A seguir, colocaram-se: 2º Adauto Celso Sambaquy, 3º Sérgio Calegari, 4º Raymundo A. R. Vasquez, 5º Paulo L. D. Fabião, 6º Sylvio Puccinelli, 7º Sérgio Guimarães da Silva, 8º Paulo Serafini, 9º Rubem Bergmann e 10º Jorge Brambilla. Na categoria infanto-juvenil, o campeonato da AABB teve a presença de dez técnicos, de 8 aos 14 anos, e apresentou esta classificação: 1º José Grippa, 2º Raymundo Vasques Filho, 3º Marciano Almeida, 4º Delmar Perizzollo, 5º Ricardo Bergmann, 6º José Brambilla, 7º Newton Rosa, 8º Kaizô Beltrão, 9º Carlos Tedesco e 10º Eduardo Tedesco.

Já o campeonato da cidade, começou com a realização do Torneio Inicio no Mês de agosto, e que apresentou os seguintes campeões: Terceira Categoria (de 8 até 13 anos incompletos): Raymundo Vasques Filho (AABB), Segunda Categoria (13 anos completos até 18 incompletos): Airton Dalla Rosa (Recreio Guarany) e Primeira Categoria (maiores de 18 anos): Marcos Lisboa (Banrisul). Digna de nota a participação de Antonio Carlos Oliveiras, que veio de Porto Alegre somente para disputar o torneio.

No campeonato principal estas foram às colocações:

Terceira Categoria: 1º Gelson Sachett, 2º Raymundo Vasques Filho, 3º José Grippa, 4º Jorge Compagnoni, 5º Newton Rosa, 6º Helio Ramos, 7º Marciano Almeida, 8º Ricardo Bergmann, 9º Ricardo Almeida e 10º Antonio Tessari.

Segunda Categoria: 1º José Raul de Castilhos, 2º Airton Dalla Rosa, 3º Júlio Mário Queiróz, 4º Paulo Gazola, 5º Jorge Lisboa, 6º Luiz Alberto Gazola, 7º Álvaro Lisboa, 8º Cláudio Junchen, 9º Douglas Gonçalves, 10º Tadeu Corso, 11º Luiz Carlos Freitas, 12º João Mário Queiróz, 13º Hermínio Bassanesi, 14º Sergio Dalla Rosa e 15º Carlos Signorini.

Primeira categoria: 1º Deodatto Maggi (Santos), 2º Vanderlei Duarte (Karibe), 3º Marcos Lisboa (Flamengo), 4º Marcos Antonio Zeni (Juventude), 5º Sérgio Silva (Grêmio), 6º Saul Vanelli (Motorizado), 7º Carlos Valiatti (Valiatti), 8º Adauto Celso Sambaquy (Vasco da Gama) e 9º Delesson Orengo (Botafogo). Outros concorrentes: Sérgio Calegari, Justo Martins, Carlos Agostinelli, Enodir Luz e Adão Siqueira.

Na semana que vem mostraremos o movimento dos anos 1966 em diante.

Até lá, se Deus quiser.

Sambaquy.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

MEU PRIMEIRO G. E. FLAMENGO


Ao disputar o meu primeiro campeonato na AABB, meu time era o quadro campeão de 1947, cuja fotografia do time do G. E. Flamengo eu havia ganhado.

Tinha muito orgulho daquele time, pois conhecia todos os jogadores e era amigo de alguns deles. O goleiro era o Ary Hoffmann, nascido no natal de 1926 em São Francisco de Paula. Ele chegou a jogar no Juventude em 1943, em 1944 no Grêmio Leopoldense, vindo posteriormente para o Flamengo. Ganhou dois títulos citadinos. Os zagueiros eram o Ariosto Azambuja, um vacariano que começou a jogar pelo E. C. Brasil, daquela cidade, e Ary Detânico, oriundo do Pombal (da várzea), e que também possuía dois títulos da cidade.

O lateral direito era o Manuel Duarte (Dadá, apelido igual ao meu) que era porto-alegrense e veio do S. C. Internacional. O centro médio era o cerebral Mário Machado, natural de Cachoeira do Sul e havia jogado no G. A. Eberle, um jogador que conseguia jogar macio e sempre estava com a bola. O lateral esquerdo era Armando Mano, também de São Francisco de Paula e começou sua carreira jogando pelo Riograndense, da várzea de Porto Alegre. Em 1945 atuou no S. C. Internacional e de lá, veio para o Flamengo.

O ponteiro direito era o Flávio Vieira (Chicão), tio do meu amigo Rudy Vieira. Chicão começou a jogar no Az de Ouro, em 1945 e 1946 jogou no Juventude e de lá para o Flamengo. Nestor Ruggeri (Alemãozinho) era o ponteiro esquerdo e nasceu em Novo Hamburgo, começando a sua carreira no E. C. Floriano, atuando pelo Juventude de 1943 a 1946, vindo em 1947 para o clube grená. Wilson Paulo Escobar (Zizinho) era com Machado o cérebro do time. Nasceu em Porto Alegre e começou jogando no São Lourenço, da várzea, depois jogou pelo Internacional vindo finalmente para Caxias, defender o Flamengo. Sady Costamilan era o ponteiro esquerdo e caxiense, como seu irmão Lady Costamilan, meio campo, começaram no G. A. Eberle, em 1943, passando para o Pombal em 1945 e desde 1947, no tricolor caxiense. Rodrigues Paim (Pavãozinho) era o reserva da ponta direita, Walter Penha, que também começou no S. C. Internacional era reserva da defesa. Com ele o Higino Detânico, irmão do Ary, que também jogava no meio campo.

Ainda contava com o Natalino Viecelli (Passarinho), natural de Campos Novos e que jogou no Tupy, da várzea e de lá se transferiu para o Flamengo.

O bonito de tudo isso é que a gente conhecia todos os jogadores, encontrando-os pela cidade. E assim foi por muito tempo. O Ary Hofmann tinha uma frota de ônibus, que faziam a linha para São Francisco de Paula, e morava perto do campo do Fluminense, local onde se encontra a atual Prefeitura Municipal. O Ary Detânico era taxista. O Chicão era padeiro, e dos bons. O Sady e o Lady trabalhavam na Prefeitura, que ficava ao lado do colégio onde eu estudava. O Alemãozinho era motorista de caminhão. O Higino Detânico era policial rodoviário, e, o Penha, sapateiro, que muitas vezes consertou meus sapatos e chuteiras. O Passarinho era uma figura espetacular e muitas vezes nos encontrávamos na sede do Vasco da Gama, ainda na Moreira César, quando íamos jogar futebol de mesa.

Eu conseguia transferir para os botões a minha admiração por aqueles jogadores amadores, que defendiam o meu clube do coração. Acredito que foi uma época em que podíamos sentir a emoção de ser treinadores de gente que víamos jogar todos os domingos.

Escrevo hoje sobre o meu primeiro time de botão, pois recebi de um amigo de Brasília, amante do futebol de mesa: José Ricardo Caldas e Almeida, uma consulta feita, via Internet no Jornal Vida Esportiva de 1949, que circulava na cidade de Caxias do Sul, dados sobre os jogadores que pertenciam ao clube que me colocou no futebol de mesa, pois foi com ele que iniciei a minha caminhada em 1963. Com isso, fiz uma verdadeira viagem no tempo e voltei a morar na rua Alfredo Chaves, número 816. Percorri as ruas que iam até o campo do Fluminense, ladeando a chácara da Família Eberle, para assistir um Fla x Flu regional, tipicamente gauchesco, sem a pompa do Fla x Flu carioca, mas de igual emotividade. Depois descia a rua e ia até o campo do Juventude, tendo de passar por uma pinguela para chegar até a entrada toda de madeira. Quantas vezes íamos até o Mato Sartori, pulávamos a cerca de trás, e, sorrateiros assistíamos partidas maravilhosas.

Depois desse Flamengo, eu modernizei outras equipes. Sempre com jogadores tricolores. Quando venci o campeonato de 1969, meu goleador era o Jarinha, e a equipe tinha a seguinte escalação; Bagatini, André, Sergio, Roberto e Paulinho, Enio Chaves e Gaspar, Sidnei, Caio, Jarinha e Tecchio. Como reservas o Zé Roberto, Trava e o Taquari. Baita timão que enfrentava qualquer um e acabou campeão caxiense.

Essas são coisas que podemos sonhar, por que o futebol de mesa nos permite. Lembro ainda que quando o Paulinho foi contratado pelo Internacional de Lages (SC), veio jogar em Brusque. Com ele estavam o Iura e o Loivo, craques renomados que defenderam o Grêmio Porto Alegrense. Conversando com eles o Paulinho fez questão de dizer que era o meu lateral esquerdo. Depois do jogo fomos todos tomar umas geladinhas, no bar da frente do estádio do Carlos Renaux.

Bons tempos e bons amigos que só o futebol de mesa consegue conservar.

Até a semana que vem.

Sambaquy.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

HOJE COMEMORAMOS O DIA DO BOTONISTA E O CENTENÁRIO DO DÉCOURT.


Há cem anos, nesse dia, nascia em Campinas (São Paulo), aquele que foi o desbravador do futebol de mesa em solo brasileiro. Não foi o seu inventor, coisa que ainda permanece escondida na poeira dos tempos, mas foi o primeiro que saiu do anonimato para tentar mostrar o futebol celotex como um esporte a ser desenvolvido.

Foi ele quem imprimiu o primeiro livro com regras para o jogo de botões. Isso em 1930, quando ainda era um menino com seus dezenove anos de idade. Isso foi realizado no Rio de Janeiro, pois o menino percorria as redações dos jornais da época, como A Noite, A Ordem, Diário da Noite, A Batalha, O Globo, Rio Esportivo, Diário de Noticias, e as revistas A Noite Ilustrada e o Suplemento de O Cruzeiro, levando noticias sobre os campeonatos cariocas de futebol celotex. Com o tempo consegue amizade com Thomaz Mazzoni e José de Moura e consegue colocar noticias na Gazeta de São Paulo (que ainda não era a Gazeta Esportiva).

Sempre defendeu que o esporte era para crianças de oito a oitenta anos, e nunca uma diversão infantil. Defendia a idéia que essa história de esporte de criança foi criada por antigos praticantes, que por diversas razões deixam de praticá-lo em clubes e continuam a jogar com seus filhos e até seus netos.

Em 1957, quando voltou a praticar de maneira quase ininterrupta, foi motivada por uma partida de futebol de mesa transmitida ao vivo pela TV Record, reunindo o campeão mundial de Box, Eder Jofre e o Deputado Federal Herbert Levy. Ficou entusiasmado e dias após, encontrando Eder Jofre, foi informado que no Grêmio Dramático Luso Brasileiro estavam disputando campeonatos. Foi para lá inscrever-se, sagrando-se vice-campeão paulista, em campeonato promovido pela Federação Paulista.

Em 1980 encontrou-se com um antigo botonista carioca que havia sido um dos primeiro compradores do livro de regras de futebol celotex. Esse botonista chamava-se Getúlio Reis de Faria e jogava na Regra Brasileira. Para que pudessem jogar em idênticas condições, enviei ao Décourt um time liso da Esquadra Azurra. O encontro dos dois veteranos botonistas chamou-se JUBILEU DE OURO NO BOTONISMO. Afinal, desde 1930, Getúlio desejava conhecer Décourt e cinqüenta anos depois conseguia esse feito. Isso serve para avaliar o valor que Décourt tinha para os botonistas brasileiros.

Por onde passou sempre defendeu suas idéias, realizando campeonatos de futebol de botões, com ou sem incentivo. Em Porto Alegre, pelos idos de 1950, quando trabalhava com seguros, realizou com o patrocínio do Correio do Povo, um campeonato de futebol de mesa. Fica uma sugestão aos historiadores de nosso esporte para que procurem nos jornais da época, pois foi amplamente noticiado. Sei disso porque meu avô comprava o jornal e quem ia buscá-lo na banca era eu. Sempre lia as noticias esportivas. Quem sabe alguém consegue reconstruir essa façanha, até então inédita em nosso estado.

Apesar de ter conhecido o futebol de botões no Rio de Janeiro, foi em São Paulo onde desenvolveu seus maiores esforços, sempre no sentido do crescimento desse esporte tão querido. Constituiu clubes, formatou informativo, escreveu e divulgou aquilo que amava, muitas vezes em prejuízo próprio, mas movido por uma chama amorosa que durou até seu último dia de vida.

Faleceu em 27 de maio de 1998, deixando uma enorme lacuna entre nós.

Para homenageá-lo, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, decretou a data de 14 de fevereiro como sendo o Dia do Botonista.

Por essa razão, meus amigos botonistas, devemos considerar esse ano como sendo o centenário da figura maior do futebol de mesa nacional. Comemoremos o dia e o centenário de nosso amigo querido, que lá do alto deve estar formando seu clube de futebol celotex, reunindo todos os que nos precederam na grande viagem que todos nós faremos um dia.

Até a semana que vem.

Sambaquy.





segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

NOSSOS ADVERSÁRIOS MAIS CONSTANTES. QUEM SÃO ELES?


Meus amigos, em muitas vezes fiquei pensando como eram difíceis meus jogos contra o São Paulo. Desde que iniciei no futebol de mesa o meu adversário mais temido é sempre o São Paulo. Não sei se isso é uma perseguição, mas, para mim sempre ficaram marcadas as partidas contra os defensores do São Paulo. Começou com o Renato Toni, depois da descoberta do futebol de mesa, e continuou com o Gilberto Oliveira, Marcos Fúlvio de Lucena Barbosa, Nelson Carvalho, que na Bahia sempre apresentava o Sarapatel, como arma fora do comum para chutar no meu gol, Norival Factum, também da Bahia e Vicente Sacco Netto, meu cumpadre, mas invencível competidor. Depois de minha mudança para Santa Catarina, encontrei mais um São Paulo, na pessoa de Roberto Zen, que sempre era uma pedra em meu caminho.

Então parei para pensar: - Devo ter jogado muitas partidas contra os adversários são paulinos.

Com isso, imaginei sempre, em meus desvaneios que o adversário que mais tinha enfrentado era sempre o São Paulo. Como sempre fui organizado em minhas partidas, fui apelar para a minha estatística e fiquei surpreso com os resultados.

Pelos inúmeros adversários enfrentados, o maior número de defensores enfrentados foi uma surpresa que tive de engolir: Dois times dividiam entre si o número de adversários enfrentados, pois o Grêmio e o Palmeiras tiveram dezoito treinadores que colocaram seus times na mesa contra o meu time.

O Corinthians teve quinze defensores que me enfrentaram, Fluminense e Santos com quatorze também estão muito à frente do São Paulo.

Depois vieram os defensores do Vasco da Gama e do Cruzeiro que com doze técnicos, sempre estiveram no outro lado das mesas. Com onze o Flamengo, clube de maior torcida do Brasil, mas que não vinga no futebol de mesa. O Botafogo com dez, Juventude com oito, Bahia e São Paulo com sete defensores foram os meus adversários.

Como eu estava enganado. Talvez pela dificuldade que existia contra os são-paulinos, achava que eram a maioria de meus adversários, mas ledo engano. Perdi campeonatos por causa de clubes que enfrentei poucas vezes, muitos com títulos sem qualquer força esportiva, tais como: Itabaiana, Brejo Sujo, Porto, Floripa. Literatura, Irapuru, Sirius, Galícia, Moto Clube, Milan, Joinville, Vascão, Penharol, Vitoriense, Pradense, Motorizado, Independiente, América, Zebra, Carlos Renaux, Juventus, Pombal, Internationale, Armour, Continental e Guanabara que ocultavam um grande técnico que me superava no jogo disputado.

Por isso eu acredito que o futebol de mesa seja a correspondência do futebol que é jogado nos gramados, pois quem tem a melhor técnica e está mais preparado, consegue êxito no final do tempo programado para o embate.

Hoje eu não tenho mais aquela ânsia de ganhar troféus para ostentar a glória de haver conseguido ser o melhor, mas, em compensação sinto a saudade de partidas memoráveis que joguei e que guardo em minha memória, pois foram momentos em que a minha vida toda esteve transferida para o botão que impulsionei em direção a bolinha que deveria entrar no gol adversário.

Por isso eu sempre defendi a conservação de todos os troféus que ganhamos em nossa jornada esportiva. Hoje, com 74 anos completos, paro em frente de um troféu e examino o quanto foi difícil conquistá-lo. Todos eles tem uma história, que se confunde com a minha própria história.

Quando recebi a visita do presidente do Atlântico Sul Futebol de Mesa, nascido em 1962, mostrei-lhe meu primeiro troféu, ganho em 1963 em uma conquista na AABB. Ele ficou estarrecido e ao mesmo tempo mostrou respeito às minhas conquistas. Talvez, quando conquistei, por duas vezes o vice-campeonato da série B do campeonato do Marcilio Dias, em Itajaí, foi ele quem mais vibrou dizendo a todos que havia conquistado, depois de mais de vinte e seis anos, um troféu na mesa , e não como homenagem. Foi emocionante e acredito que até minha esposa não acreditou muito na minha conquista, uma vez que eu jogo pouco e treino raramente, mas, quem foi botonista sempre será um botonista.

Por isso, meus amigos, creiam-me, em cada trajetória desenvolvida em um campeonato, ou mesmo em um torneio há uma história sendo escrita. E nelas, cada um de vocês é o personagem principal. Portanto, valorizem seus adversários e principalmente as suas conquistas, pois cada uma delas encerra uma história que faz parte da história de sua vida.

No final, nada levaremos, mas enquanto pudermos aproveitar e mostrar nossas conquistas, incentivando nossos descendentes ao nosso esporte, devemos usufruir de tudo aquilo que conquistamos em disputas honrosas nas mesas de nosso país.

Um abraço de quem já venceu muito.

Até a semana que vem se Deus quiser.

Sambaquy.