domingo, 27 de novembro de 2011

UM NOME ESTÁ ESCRITO NA HISTÓRIA DO FUTEBOL DE MESA BRASILEIRO.

Nós esperamos quarenta e seis anos para escrever o nome de nossa amada Associação de Futebol de Mesa de Caxias do Sul nos anais da história do botonismo nacional.

Desde 1970, quando foi realizado o primeiro Campeonato Brasileiro da modalidade, sempre estivemos presentes nos eventos realizados. Na maioria dessas participações, estávamos no meio das tabelas de classificações. Foram raros os momentos em que conseguimos registrar um botonista caxiense entre os laureados. Em 1970, no individual, o Airton Dalla Rosa ficou com o quarto lugar. Nossa equipe, formada por Walmor Medeiros, Ângelo Slomp e Adauto Celso Sambaquy também conseguiu um quarto lugar. Oito anos depois, no Rio de Janeiro, Marcos Fúlvio de Lucena Barbosa consegue o vice-campeonato.

Depois disso, passou um longo período sem que conseguíssemos escrever nomes em conquistas nacionais. Estava escrito, entretanto que, em Recife, local onde estivemos em 1971, mudasse definitivamente essa história, de sermos apenas participantes.

Preparamos-nos com cuidados e abrimos as portas à categoria livre. Formamos equipes motivadas que participaram, nos últimos anos, de inúmeras competições, visando tornar-nos melhores. O trailer foi passado em junho, quando realizamos o 29º Centro Sul Brasileiro, no qual, o Mário Vargas, para a alegria geral de todos, conquistou, de forma brilhante, o troféu maior. Era apenas o início daquilo que culminaria em terras pernambucanas.

Partimos para as batalhas e começamos a triunfar com a nova geração. Na foto dos premiados da categoria júnior, dois representantes de nossa AFM estavam presentes: Gustavo (Pica-Pau) e Hemerson. Segundos e quartos lugares estavam em mãos de nossa Associação.

Na categoria sênior, nosso Daniel Crosa se situa entre os oito melhores do país.

No máster, Luiz Ernesto Pizzamiglio e Marcos Antonio Zeni se defrontaram com feras da época de ouro baiana. Acredito que seja a categoria mais difícil de ser jogada, pela excelência de seus botonistas. Fizeram bonito.

No liso, o nosso melhor ranqueado foi Daniel Maciel, que figurou entre os oito melhores do Brasil, coisa muito importante, pois a luta é de cachorro grande. Sei bem da alegria de estar entre os oito, pois em 1979, representando a Associação Brusquense, fiquei em sétimo lugar.

Na categoria recém incorporada à nossa AFM, os cavados, a grande conquista, a alegria maior da turma caxiense: Christian Batista é campeão brasileiro pela segunda vez, dessa feita representando as cores da AFM Caxias do Sul. Quanta honra para todos nós, já que essa será uma foto que exibiremos com orgulho para todo o sempre, pois o primeiro será sempre o primeiro.

Até aqui, eu já havia escrito na coluna anterior. Faltavam as disputas por equipes.

Nossas equipes foram formadas pelos botonistas: Chambinho, Cícero e Christian na categoria livre e Daniel Maciel, Mário e Carraro nos lisos. Disputas entre os melhores botonistas de todo o nosso país. Equipes formadas com a nata de suas Associações, com aquilo de melhor que se poderia dispor na atualidade.

Chambinho, Cícero e Christian chegam às finais e só são superados pelos grandes botonistas da Associação Riograndina, a papa títulos gaúchos desde a separação das categorias. Ficam com o lindo troféu de vice-campeões brasileiros da modalidade. Outra conquista inédita para a nossa Associação.

Daniel Maciel, Mário e Carraro têm uma luta muito mais difícil, pois estão em território onde os lisos têm ampla predominância histórica nacional. São suplantados por duas forças baianas que herdaram dos antigos botonistas, a técnica invejável de deslizar seus botões em superfícies super lisas. Acra, de Alagoinhas e Associação Santo Amaro, de Santo Amaro da Purificação, conseguem fazer a grande final, ficando nossos craques com a terceira posição nacional, derrubando os demais estados nordestinos presentes. Para mim, essa foi uma grande vitória, pois os primeiros campeonatos brasileiros eram disputados por estados e não por entidades esportivas. Por isso, quando conquistamos o quarto lugar em 1970, ficamos atrás da Bahia, Sergipe e Pernambuco. Hoje, são várias as Associações de um estado que disputam o campeonato brasileiro, tendo em vista que duas delas, baianas, disputaram o título. Não fosse isso, quem sabe nossos meninos estivessem disputando o título brasileiro

Resumindo, a nossa delegação teve a despesa no aeroporto, pois trouxeram inúmeros troféus em sua bagagem, produzindo o excesso de peso, o que fez o nosso jovem presidente Rogério Prezzi chorar de alegria.

Essa será uma gestão da AFM Caxias do Sul que marcará, com letras de ouro, a sua passagem nos anais da história de Associação tão grandiosa, surgida em 1965, num esforço de alguns abnegados jogadores de botão. Ela jamais parou de crescer e haveremos de colher muitos frutos, pois contamos com uma plêiade de botonistas de valor inestimável e grandioso.

Parabéns a todos os associados e simpatizantes dessa agremiação que faz amigos ao longo de sua história.

Até a semana que vem, se Deus assim permitir.

Sambaquy

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

RECIFE – A VENEZA BRASILEIRA SENTIU A FORÇA GAÚCHA.


Meus queridos amigos botonistas, hoje eu e enaltecerei o meu lado gaúcho nessa competição nacional. Estive acompanhando, através dos blogs, o 38º campeonato brasileiro de futebol de mesa, realizado nessa cidade que eu amo de paixão. Confesso que tinha os meus preferidos para a conquista dos troféus maiores, mas, no conjunto da obra, posso dizer que estou realizado. Queria escrever, aqui, que Cristian Batista seria campeão livre, Daniel Maciel no liso, Daniel Crosa no sênior, Pizzamiglio no máster e o meu querido Pica-Pau nos juniores. Para todos nós, caxienses, pertencentes à agremiação, os quais, há mais tempo se dedicam a praticar e divulgar o futebol de mesa no Rio Grande amado, seria a glória.
No livre, o Cristian Batista levanta o seu bi-campeonato e mostra a força da AFM ao mundo. Parabéns, Cristian por esse feito maravilhoso que engrandecerá a galeria de triunfos que a nossa entidade colheu ao longo dos anos. Esse é de fato um feito notável, pois durante todo o ano seremos campeões brasileiros na modalidade livre. Ninguém nos tira esse gostinho maravilhoso.
No liso, o meu filho de coração, Daniel Maciel está entre os oito melhores do Brasil. Sei bem da alegria de estar ranqueado entre os oito melhores do país, pois lá estive, em 1979, depois do brasileiro disputado em Vitória (ES). Está chegando a hora de você conseguir o seu cetro maior e, com calma e evoluindo sempre chegarás a consegui-lo. Parabéns aos demais que honraram a camisa gloriosa do nosso Rio Grande.
No sênior, o Daniel Crosa que também conseguiu ficar entre os oito melhores do país, o que nos assegurou mais alguns pontos vantajosos nesse campeonato. Acompanhei e torci muito pelo seu sucesso, meu amigo, engenheiro de mesas. Chegará o seu dia também.
Na categoria máster, o meu querido Luiz Ernesto Pizzamiglio mostrou força e, há muito tempo, está entre os melhores desse país. Dessa vez não deu, mas continue, pois, juntamente, com o debutante Zeni, chegarão ainda ao mais alto posto. Tenho certeza disso.
A minha alegria maior ficou com a garotada. Aí começa a grande conquista que vamos conseguindo, pois Caxias do Sul conseguiu colocar três, entre os quatro laureados na fotografia dos campeões. Fico feliz com Mateus, da AABB, que premia o esforço do Enio Durante, que consegue ter o melhor botonista do país em suas fileiras. Mais feliz ainda com a conquista desse pequeno gigante Gustavo, mais conhecido por Pica-Pau. Acompanho as conquistas desse menino e sei que estamos preparando, para o mundo, um grande botonista. Fiquei emocionado ao ver a foto dele no colo do André, segurando o seu troféu de vice-campeão brasileiro. Pica-Pau, ser vice-campeão no seu primeiro brasileiro mostra o quanto você ainda conseguirá conquistar em sua vida que se inicia agora nesse esporte.
Esse crescimento na categoria que será o nosso futuro mostra o quanto o futebol de mesa é levado a sério no nosso estado. Logo, logo, estaremos torcendo por eles em todas as categorias, com a grande virtude de que estão começando onde nós terminamos. Para eles, não há este abismo enorme que vemos entre o nosso futebol de mesa e o futebol de mesa nordestino. Eles estão conquistando lá, tal como a seleção de 1958 fez na Suécia, os trunfos vitoriosos que nos impedem de conseguir. Para eles, que estão começando, a igualdade jamais fará criar barreiras em seus sonhos. Meus parabéns a essa garotada que está mostrando o trabalho sério e honesto feito no Rio Grande do Sul.
Para mim, a verdadeira conquista, independente do campeonato por equipes é essa. Sou de uma geração onde as delegações para os brasileiros eram compostas de cinco pessoas.  No primeiro brasileiro de 1970, estávamos em vinte e seis participantes. Hoje em dia, esse número é o da menor delegação que participará das disputas. São centenas de pessoas em busca de uma conquista que escreverá seus nomes na história de nosso esporte. Poucos conseguem pela grande qualidade que encontramos nas mesas. Por isso, estar entre os oito já é uma vitória. Representar bem sua agremiação é algo que não tem preço, pois o nome dela ficará escrito nos corações daqueles que nos enfrentarem.
No momento em que escrevo essa coluna,  está sendo jogado o torneio por equipes. Amanhã, saberei quem foi o campeão. Torço para que os gaúchos consigam ser vencedores nas duas categorias em disputa. Mas, que as disputas sejam leais e que a sorte privilegie a quem merecer, pois todos nós somos irmãos e filhos de um único Deus.
Com alegria me despeço de todos, desejando que mais um troféu chegue para a minha amada AFM Caxias do Sul.
Sambaquy.

domingo, 13 de novembro de 2011

NUNCA HOUVE CAMPEÕES IGUAIS AOS DE 1958.

Meus amigos botonistas, hoje eu entrarei na área do saudosismo. 
Tenho um motivo muito grande para essa divagação, pois o primeiro time de futebol de mesa liso, que veio da Bahia para o Rio Grande do Sul, encontra-se em minha galeria, desde o longínquo ano de 1966. É uma seleção brasileira que, de cara, foi batizada como a seleção de 1958: Gilmar, Djalma Santos (que me perdoe o De Sordi), Bellini, Orlando e Nilton Santos, Zito e Didi, Garrincha, Vavá, Pelé e Zagallo. Tenho ainda um reserva que chamei de Dino Sani.

Com ela iniciei minha campanha pela regra brasileira em terras gaúchas. Quando nos dirigimos à Bahia para a confecção da regra, ela estava a bordo e foi com ela que perdi muito, até aprender um pouco da manha que os lisos escondem. Tive duas vitórias e ambas contra adversários que também jogavam com seleções brasileiras. Um foi Mariano Salmeron Netto, engenheiro de Mataripe, quando visitamos o clube dos engenheiros e jogamos diversas partidas, e outra foi contra uma fera baiana de Santo Amaro, Amauri Alves. Gilberto Ghizi; nas primeiras derrotas voltou ao seu time de puxadores, mas não adiantava muito, pois os baianos faziam milagres e, jogando com a unha, conseguiam realizar coberturas e cavadas impressionantes.

Ao retornar, essa seleção estava sempre nos campos de madeira, desfilando a sua beleza e o pouco que o treinador havia captado com as feras baianas.

A diferença daqueles botões para os atuais é que a quina era apropriada para quem jogasse com a unha. Era mais arredondada e, para quem usasse paleta, geralmente os botões deslizavam antes de fixarmos definitivamente para o chute. Com isso, muitas jogadas eram desperdiçadas. Os times que foram encomendados, após descobrirmos esse problema, vinham com a quina mais viva, retendo a paleta por mais tempo. Nós estávamos engatinhando nos segredos dos botões, da regra, de tudo enfim.

Por que, então, resolvi batizar a seleção de Campeão Mundial de 1958? Nessa ocasião já portávamos o bi-campeonato, com a conquista realizada em Santiago do Chile.

A razão é muito simples. Havíamos fracassado, em 1950, no Maracanã. Em 1954, apanhamos no campo e fora dele na Suíça. Em 1958, ainda na flor da idade, acompanhei a caminhada dessa seleção rumo à Suécia.

Pouco se acreditava nesse grupo e, antes de saírem do país, foram vaiados no Maracanã. Reclamavam que era uma temeridade levar um menino que para viajar teve de ter autorização paterna, pois estava com dezessete anos de idade. Além disso, o clima na Confederação andava tenso. Carlito Rocha, o eterno presidente do Botafogo, adversário de João Havelange à presidência da CBD, na hora da eleição aprontou a maior bagunça e quase foi às vias de fato. Em 17 de janeiro de 1958, elegia-se Jean-Marie Faustin Godefroid de Havelange que contou com quase todas as federações. Só votaram contra ele as Federações do Amazonas, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Faltava o técnico, pois eram vários os nomes sugeridos, João Saldanha, Silvio Pirilo, Oswaldo Brandão, Zezé Moreira, Aimoré Moreira, Martin Francisco e Gentil Cardoso. Mas, ninguém se entendia na CBD. Foi então que o vice da CBD Paulo Machado de Carvalho indicou o nome de Vicente Feola. Isso fez aumentar a ira dos cariocas, pois a chefia da Seleção e seu técnico seriam paulistas. Fervilhavam os jornais com reclamações e crônicas contra tudo e contra todos.

Como gaúchos, acompanhávamos pela Rádio Guaíba o desenrolar dos fatos. A viagem, os amistosos sem muito êxito, a chegada à Suécia.

Lá funcionou o grande líder Paulo Machado de Carvalho. Foi o pai de todos na seleção.
E os jogos foram transcorrendo; Brasil 3 x 0 Áustria, Brasil 0 x 0 Inglaterra, com a formação idealizada por Feola. Na partida decisiva da primeira fase, os jogadores se reuniram e pediram mudanças. Eles estavam imbuídos de vencer e não iriam protelar mais esse título que estivera em nossas mãos em 1950. Garrincha e Pelé foram escalados. Vavá já entrara contra a Inglaterra. E o que se viu contra a poderosa Rússia do imbatível Yachin? O verdadeiro futebol brasileiro em campo. Garrincha, de cara, mostrou a seu marcador como se sambava por aqui. Em poucos minutos já tínhamos derrotado o poderio russo. Brasil 2 x 0 Rússia.

Na outra chave, a França estava detonando com Fontaine, sendo o grande artilheiro.

Nas quartas de finais, iríamos enfrentar o País de Gales. Um time enjoado, retrancado, com grandalhões espalhados pelo campo inteiro. Foi então que o gênio de um menino de dezessete anos apareceu e marcou um dos gols mais lindos feitos em mundiais. Brasil 1 x 0 País de Gales.

As semifinais reuniriam os dois melhores times da competição: Brasil e França. Dava gosto escutar pela Guaíba os lances emocionantes. O Brasil encontrara seu verdadeiro futebol e massacrava a França. Final Brasil 5 x 2 França. Estávamos na final mais uma vez.

Dia 29 de junho de 1958, no Estádio Rasunda, em Estocolmo, Brasil e Suécia entram em campo para a partida final. E o Brasil vestia azul, pois a Suécia, dona da casa, tinha o direito de usar a amarelinha. E, logo de cara, Suécia abre o marcador. Então, a figura grandiosa de Didi entra em nosso gol, pega a bola e caminha até o meio de campo, acalmando a todos os companheiros. Ali nós começamos a ganhar o jogo. Vavá marcaria duas vezes, Pelé, também, duas vezes e, Zagalo,  completariam o placar. Brasil 5 x 2 Suécia. Brasil, Campeão do Mundo pela primeira vez. E, quebrando todos os protocolos existentes, pela primeira vez um país ganhava a Copa fora de seu continente.  Eles que saíram daqui vaiados, voltaram cobertos de glória. Abriram o caminho para as demais conquistas, pois a primeira será sempre a mais difícil de todas e, ainda mais, dentro do continente europeu.

Por isso, meus queridos amigos botonistas, para mim essa foi e será sempre a melhor seleção brasileira de todos os tempos. Não enchiam os olhos de ninguém jogando bonito, não eram milionários, muitos sequer tinham carro, seus salários eram pequenos, nunca combinaram valores por vitórias ou empates. Jogaram por amor à camisa, jogaram para resgatar a honra que havíamos perdido em 1950, quando, mesmo com empate seríamos campeões e deixamos escapar. Por isso será sempre, para mim, a seleção brasileira inesquecível.

E os meus botões, guardados com carinho, desde 1966, representam cada um desses grandiosos craques que nos deram alegria, pelas ondas da Rádio Guaíba, de Porto Alegre.

Hoje já me emocionei demais, até a semana que vem, se Deus permitir.

Sambaquy.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

FUTEBOL DE MESA: O ESPORTE DOS ADULTOS.


Como costumo fazer, lendo os diversos blogs sobre nosso esporte, fiquei curioso com o título que o Ricardo Meni, de Jaboticabal (SP), utilizou para o seu artigo no FUTMESA BRASIL:
“Por que “gente grande” é fascinada pelo futebol de botão?
Como todos os seus artigos são muito bem elaborados, esse não foi diferente e são abordadas, nele, as justificativas que levam pessoas com cabelinhos grisalhos, com filhos e netos, a se dedicar ao mesmo esporte que praticava em seus tenros dias.
Eu penso, em adesão a ele, que há uma mística que percorre, juntamente, com o sangue, o nosso corpo e alimenta o nosso espírito. É algo indescritível que ninguém jamais será capaz de explicar, pois transcende à explicação. Amamos o futebol de mesa e nele voltamos a ser os mesmos meninos que fomos há muito tempo. E, conosco, estão as pessoas que entraram em nossa vida por uma razão de convivência e continuam trilhando a mesma estrada.
Portanto, esse fascínio pelo futebol de mesa não é só nosso. Tenho um amigo/irmão em Canoas, advogado atuante, poeta, escritor, que demonstra esse mesmo amor em poesia, descrevendo suas conquistas em versos ritmados e perfeitos. Somos da mesma época e ambos, com cabelos brancos, ainda nos debruçamos nas mesas, tentando fazer o melhor para ser aquinhoado com o troféu em disputa.
Será pela glória essa luta? Não sei. Acredito que, nessa fase da vida, a maior conquista está nas amizades conquistadas, que mantemos desde nossos primeiros chutes, pelos novos amigos que surgem, com vontades idênticas à nossa. Os amigos que nos viram dar os primeiros chutes e que continuam conosco são irmãos, pois o tempo consolidou e evoluiu de amizade para irmandade. Quantos meninos começaram a jogar comigo e hoje são avós? Já perdi a conta, mas, para eles, eu continuo sendo aquele mesmo moleque que, ganhando ou perdendo, saía feliz do encontro.
 Muitos, entretanto, já nos deixaram, semeando saudade em nosso coração. Restam-nos as fotografias de tempos memoráveis, em que juntos, fascinávamo-nos, como se dirigíssemos dois grandes clubes que disputam o campeonato brasileiro, ou o inglês, ou o italiano e alemão. Em nossas mãos estavam os craques que embalavam nossos sonhos. E quando, por sorte, caía em nosso poder um troféu, a felicidade estava completa. Era mais um para colocar na estante que construíamos com pedaços de madeira em nossos quartos.
O futebol de mesa deixou o futebol de botões no passado. Tornou-se grandioso e até se profissionalizou parcialmente. Sim, visto que os grandes clubes brasileiros custeiam as despesas de seus atletas, com a obrigação de levantarem troféus e destinarem ao clube. E, nisso, paulistas e cariocas estão dando de cem a zero nos outros estados. E não há limite de idade nesses clubes, pois são organizados campeonatos nas diversas fases da vida. São diversos campeonatos disputados dentro de uma associação e que premiam todos os seus participantes. Mas, o mais divertido de todos, é o máster. São todos os disputantes portadores de cabelos brancos que jogam pelo amor ao futebol de mesa e que se divertem jogando. E, em cada encontro desses, mais amizades são formadas. Pessoas que conhecemos de nome, que surgem à nossa frente como se saíssem de um livro de história e que nos conhecem da mesma forma. E nasce mais uma amizade, uma amizade madura e cheia de boa vontade e carinho, pois não temos mais aquela ansiedade de vencer tudo e todos. Hoje, o que mais queremos é ter amigos e amigos que gostem daquilo que gostamos.
Talvez, seja isso, Ricardo Meni, a fascinação que a “gente grande” tem pelo futebol de botões.
Até a semana que vem, se Deus permitir.
Sambaquy.