domingo, 30 de setembro de 2012

VISITAS RECEBIDAS QUANDO INICIÁVAMOS A DIVULGAÇÃO DA REGRA BRASILEIRA.

Janeiro de 1967. De oito a vinte e dois de janeiro desse ano, o Gilberto Ghizi e eu estivemos “morando” na Bahia. Nas minhas anotações, foram vinte cinco partidas jogadas em diversas mesas de Salvador, Santo Amaro da Purificação e Mataripe. Nomes famosos daquela época dividiram a mesa comigo e me ensinaram a fazer deslizar os botões lisos em jogadas, para mim bastante difíceis, mas feitas com uma simplicidade enorme por eles. Oldemar Seixas, Ademar Carvalho, Jomar Maia, Roberto Dartanhã, Geraldo Lemus, Norival Factum, Fernando Contreiras, Armando Passos, Mariano Salmeron Neto, Amauri Alves, Álvaro César, Dr. Elias Morgado, Luiz Raimundo, Marcio Gomes, Geraldo Holtz, Carlos Alberto, Dr. Jaime, José Mascarenhas, Milton Silva, Webber Seixas, Nelson Carvalho, Edson, Ubaldo foram adversários que valorizaram a minha estadia naquele paraíso terrestre.
A volta nos reservava uma tarefa grandiosa que era a de difundir um pouco daquilo que havia sido ensinado pelos pacientes botonistas baianos. E iniciamos demonstrando aos caxienses: Sérgio Calegari, Raimundo Vasques, Vicente Sacco Netto, Silvio Puccinelli, Rubens Constantino Schumacher, Rubem Bergmann, Boby Ghizzoni, Mário Ruaro Demeneghi, Nelson Ruaro Demeneghi, Flávio Chaves, Deodatto Maggi, Nelson Mazzochi, Dirceu Vanazzi, Roberto Grazziotin, Paulo Luís Duarte Fabião, Rudy Vieira, Augusto Peletti, Sergio Silva, Airton Dalla Rosa, Aldemiro Ernesto Ulian, Carlos Valiatti, Jonas Rizzi, Paulo Valiatti e, em seguida, em diversos clubes que se interessavam em manter departamentos de futebol de mesa.
Mas, a missão era a de mostrar ao Rio Grande do Sul essa nova modalidade. E a primeira visita que recebemos foi a de J. Alberto Chiachio, da cidade de Arroio Grande. No ano anterior ele já havia estado em Caxias, disputando o campeonato estadual, realizado no Colégio do Carmo, ainda na Regra Gaúcha. E fora um dos que votara favoravelmente no anteprojeto apresentado pelo Ghizi, então presidente da Federação Riograndense de Futebol de Mesa. Sua visita aconteceu em 11 de junho de 1967, quando foi mostrada a maneira de jogar, entregue alguns livros com a nova regra e um time para a prática na nova modalidade.
O restante do ano de 1967 foi mais de divulgação, sempre no sentido de anunciar a modalidade que Caxias do Sul adotara.
O ano de 1968 iniciou sem maiores novidades, sendo que cada um dos botonistas caxienses era encarregado de divulgar a Regra Brasileira. Vicente Sacco Netto é transferido para a cidade de Canguçú e lá inicia a prática, fundando na AABB um departamento de futebol de mesa. Em 13 de abril de 1968, em visita, jogamos um torneio, onde conheci R. Goulart (funcionário do Banco do Brasil) e o advogado Breno Mussi. A Regra Brasileira estava sendo disseminada no sul do estado e isso era muito bom e nos deixava feliz.
Em junho, voltamos a Canguçú, dessa feita com mais seis botonistas caxienses, ajudando a fortalecer o movimento que estava ganhando corpo na cidade.
Em setembro desse ano, recebemos a visita do grande divulgador da regra, o baiano Oldemar Seixas.
No ano seguinte, em 1969, mais precisamente no mês de fevereiro, recebemos a visita de Miguel Silva, botonista da Liga Baiana. Este, ao retornar para reforçar suas finanças, acabou vendendo alguns times de sua propriedade. Eu adquiri um time branco de paladon, com o qual me sagrei campeão caxiense daquele ano.
Em março, no dia 8, recebemos a visita de Carlos A. Domingues, da cidade de Lagoa Vermelha, interessado em conhecer a Regra Brasileira.
Em maio, mais precisamente no dia 5, recebemos a visita do gremista Valdir Szeckir, que hoje disputa seus campeonatos na Liga Inglesa. Nesse dia, na AABB, realizamos duas partidas e ele mostrou que conhecia do riscado.
Em junho, a visita foi de um colorado J. Pedro Cavalli, da cidade de Veranópolis. Lembro ainda que, nesse dia, o Inter jogava contra o Grêmio Esportivo Flamengo e após jogarmos uma partida na AABB, fomos para a Baixada Rubra assistir ao embate.
Em novembro, dia 20, quem esteve nos visitando foi o radialista Ivan Lima, de Pernambuco, que se preparava para o primeiro Campeonato Brasileiro a realizar-se em janeiro, na cidade de Salvador. Realizamos um Torneio, com a presença de Jorge Compagnoni, Airton Dalla Rosa, Ivan Lima e eu. O vencedor do Torneio foi Jorge Compagnoni que recebeu um dos troféus mais bonitos que nos foram ofertados pela nossa patrocinadora: Mapro.
Em janeiro de 1970, em função da ocorrência do primeiro Campeonato brasileiro, começamos a receber convites para apresentar o moderno futebol de mesa em diversas cidades do estado. Cachoeira do Sul, Flores da Cunha, Garibaldi, Vacaria e Giruá, onde conseguimos um grande divulgador, Raul Machado Ferraz de Campos.
Depois disso, o movimento ganhou forças e caminhava sozinho. Frentes era criadas em Pelotas, Rio Grande que, junto com Canguçu, faziam o sul do estado fervilhar.
Fui procurar essas visitas em minhas anotações, em virtude de encontrar o nome do Valdir entre os botonistas da Liga Inglesa. Ao comparar os nomes com a relação de meus adversários, verifiquei que já o conhecia desde 1969. Como esse mundo é pequeno, e o fato de ele estar disputando campeonatos na Regra Brasileira me deixou feliz, pois valeu o esforço de demonstrar a regra que estava apenas iniciando em nosso estado.

Valdir é o de Laranja nas duas Fotos acima durante jogos da Liga Inglesa em Porto Alegre 

Acredito que semeamos em terra fértil e hoje podemos colher os frutos de nosso esforço.
Até a semana que vem, se Deus assim permitir.
Paz e bem, parodiando o amigo Rangel.
Sambaquy

domingo, 23 de setembro de 2012

PÉROLAS DO TORNEIO DE 238 ANOS DE PORTO ALEGRE EMCaC 2010.

Campeões 2012 da taça Cidade de Porto Alegre
Cristiano (Liso) e Vitor (Cavado)
Meus amigos botonistas, eu acredito que o incentivo inicial para escrever sobre a minha vida no futebol de mesa partiu de uma pessoa especial, a qual passou por Caxias meteoricamente, mas que marcou com a sua simpatia todos aqueles que tiveram a felicidade de conhecê-lo. Falo de Cristiano Gularte. Não tive a felicidade de conhecê-lo quando das festividades dos 45 anos da entidade que ajudei a fundar, pois já havia sido transferido para São Leopoldo.
Mantinha O seu blog, denominado Manchester United by Cristiano Gularte, era mantido e atualizado por ele, assim como o da AFM. Repassando seus escritos, encontrei comentários feitos na terça feira, dia 23 de março de 2010. Ele fala que, numa visão pessoal, comentaria alguns fatos do último final de semana, quando ele consegue tornar-se campeão desse Torneio em comemoração ao aniversário dessa bela capital dos gaúchos. Os jogos foram realizados nas dependências do Círculo Militar.
Inicia seus comentários dizendo que entrou “pela porta dos fundos”, pois Caxias tinha apenas três vagas, destinadas ao Carraro, Mário e Alexandre Prezzi. Maciel, com sua diplomacia conseguiu uma vaguinha e encaixou nosso amigo, que dá a dica: entrada pelos fundos também dá título...
Comentou o gol que o Rodrigo Borba marcou no Barcelona do Mário. Afirma que o Valdez estará sentando no banco do clube barcelonista, depois de ter levado um frango em decisão de vaga. Fala no Carraro e arremata,  Mestre Carraro. Aplicou um chocolate no Yago, a grande promessa do futebol de mesa do Círculo Militar. Acabou consolando o menino, afirmando que quando estava iniciando, em 2009, o Mário aplicou-lhe um 8 x 0. Se não fosse catimbeiro, no tocante a arrumar o goleiro, com certeza o placar teria sido bem maior. Que isso não tirasse o ânimo, pois se num dia perdemos, no dia seguinte poderemos vencer.
Comentou a participação do Alexandre, que saiu ganhando do Marcelo Vinhas, mas sucumbiu diante do poderio do então presidente da Federação. Sobre o fabricante de botões, Nei Barbieri foi um dos que mais lhe deu trabalho, mas para sua felicidade estava num dia ruim nos arremates, pois se acertasse, ele não teria chegado às finais. Faz um agradecimento ao Rogério, por haver emprestado a calça de seu abrigo, para que ele pudesse estar com fardamento completo. E alerta que a calça foi quem lhe deu sorte. Fala sobre o Victor Mecking e seus arremates precisos, sua simpatia, cavalheirismo na mesa, lamentando apenas ser torcedor do Pelotas. Todo xavante não suporta os auri-ceruleos. Leio muito o Roza, de Joinville, que pensa da mesma maneira.
Agradeceu ao Marcelo Vinhas por tê-lo trazido de Pelotas a Porto Alegre. `Para agradecer, enaltece a figura do Vinhas, chamando-o de colecionador de títulos, um “lorde” na mesa e fora dela. (Que maravilha se todos fossem iguais a você...) Continua sua narrativa, obcecado no Vinhas, dizendo que tal qual o Vanderlei Duarte, são homens de gelo jogando. Que não é de gritar quando marca seus gols e se grita, como viu em alguns vídeos, até o grito é educado e respeitoso ao adversário.
A seguir fala da galera dos cavados, elogiando os jogos que assistiu, dizendo que tem muita gente boa dando espetáculo nas mesas.
Voltando aos lisos, salienta o parceiro Breno, outro cavalheiro a ser enaltecido. Rodrigo Borba, que poderia contar a história do urubu de meia. Mas, ficou só nisso, não entrou em detalhes. E o Guido, uma pessoa gentil e educada, que cativa a todos com sua simplicidade e brilho próprio. Elogia suas réguas, as quais, em suas mãos, fazem milagres. E o Robson Bauer, cria do Guido, provenientes de Santa Vitória do Palmar com todo o carisma do povo do sul do país. Elogia a educação na mesa frente ao oponente, ao árbitro, à organização, falando dessas duas peças valiosas que temos a felicidade de ter em nossa Federação.
Elogia aqueles “senhores grisalhos” em torno das mesas, disputando seus jogos como se meninos ainda continuassem a ser. Alguns eram da AFUMEPA, a entidade pioneira da Regra Brasileira na capital dos gaúchos.
Salienta que ao voltar à AFM, seus adversários Walter, Mário, Rogério, Zeni ficam provocando-o, querendo carimbar a faixa de campeão, que é uma honra jogar com o campeão e entram em campo contra ele como se fosse a final da Libertadores da América. Entretanto, não vai mudar sua forma de jogar, seguindo com a sua retranquinha básica, com seu joguinho que dá para o gasto e assim vai levando a vida.
Finaliza, dizendo que já escreveu demais e vai parar, pois a maioria dos leitores já deve estar cheia de tanto ler suas histórias. Envia um forte abraço a todos e pede: nunca deixem de prestigiar o futebol de mesa em suas associações. Levem seus filhos, incentivando-os a praticarem o nosso esporte, pois a prática do futebol de mesa é tão sadia que vale a pena o esforço junto a nossos “ninhos”.
Trouxe essa crônica, escrita há mais de dois anos, pois são comentários feitos dessa maneira que gostamos de escutar, de ler e observar entre os praticantes do futebol de mesa. É uma maneira de sentir que a amizade prevaleceu em todos os momentos daquele Torneio de Aniversário de nossa capital. O futebol de mesa é mágico e tem a enorme capacidade de nos transformar em irmãos, voltados para a mesma idéia de competir com lealdade e lisura e, vencendo ou não, retornar aos nossos lares com o coração fervilhando de felicidade, como está o coração do amigão Mário Schemes com o nascimento de seu neto Bernardo, no dia 19 de setembro, em Camboriú.
Daqui envio meus votos de felicidade ao Bernardo e que o primeiro presente do vovô seja um time colorado, pois eu já mandei fazer um para o meu neto Vitor. Quem sabe daqui a alguns anos nós possamos nos realizar vendo os dois jogarem em algum campeonato brasileiro.
Meus amigos, parafraseando o Rangel, PAZ E BEM.
Até a semana que vem, se Deus assim permitir.
Sambaquy

domingo, 16 de setembro de 2012

POR FAVOR, NÃO JOGUEM LENHA NA FOGUEIRA!


Na Coluna escrita em 09 de maio de 2011, abordei o assunto que me afastou do futebol de mesa por mais de vinte anos. Não vou tornar a repetir as razões que se acumularam em minha vida, mas, apenas a título de alerta, reescreverei parte dessa crônica, depois de tomar conhecimento da “batalha” acontecida em Cascavel.
Sobre essa “batalha”, o que sei está escrito em diversos blogs que tratam do nosso esporte. E acreditem isso não me agradou nem um pouco. Afinal, quando me pronunciei no encerramento do XXIX Centro Sul, na cidade de Caxias, disse que muito mais importante que empilhar troféus em prateleiras, seria empilhar amigos no coração. E parece que não fui escutado por pessoas que merecem todo o meu respeito.
Devo dizer que o grande motivo que me levou a parar, refere-se a uma partida disputada no Campeonato Brasileiro, realizado na cidade de Pelotas, no ano de 1980. Jogava contra um campeão brasileiro, o que por si só já indicava um jogo dificílimo. Primeiro tempo termina empatado em zero. A tática de meu adversário, no segundo tempo, muda radicalmente e sob a complacência de um árbitro gaúcho e meu primo, minou completamente o meu emocional. Usou de todos os estratagemas para me deixar nervoso, conseguindo tirar o meu foco daquilo que almejava. Quando ia chutar contra seu gol, vinha para a minha posição, olhava, voltava e arrumava o goleiro, voltando para a minha posição de arremate e retornando para mais uma arrumada em seu arqueiro, fazendo isso inúmeras vezes. Cada jogada dessas durava muito mais do que permitido na regra. Chegava  a ultrapassar um minuto. Confesso que perdi a paciência e passei a fazer tudo errado. Cedi dois toques, fiz faltas propositais e até gol contra. Naquele dia, eu perdi um jogo e um amigo. Com o tempo, analisando, acredito que deveria ter sido mais ponderado e aceitado a provocação, fazendo a mesma coisa. Mas, isso não é do meu feitio e me afastei das disputas. Como havia sido eleito presidente da Associação Brasileira de Futebol de Mesa, cumpri meu mandato voltado à aproximação com as demais regras, que acabou frutificando e colhendo a concretização da Confederação Brasileira.
Eu acredito nas palavras do Dr. Maia, que afirmou com categoria em seu comentário: Cabe ao árbitro conduzir o jogo da forma mais “ordeira” possível.
Por essa razão, quando, no ano seguinte foi realizada a partida final do Campeonato Brasileiro, dessa vez em Brusque, onde eu permaneci na organização, mandei colocar a mesa desse jogo ao lado da arquibancada e não permiti a presença de ninguém perto dos digladiastes. Quem quisesse assistir que o fizesse nas arquibancadas.
Infelizmente, no ano seguinte, em Itapetinga (BA), a partida final acabou sendo jogada com um clima de hostilidade a um dos botonistas. Que o amigo Miguel de Oliveira se manifeste, caso não tenha sido assim como relatei, sendo que, depois de uma reunião no Rio de Janeiro, foram declarados os dois finalistas como campeões brasileiros de 1982.
Depois de tantos anos, retorno e com tristeza vejo que ainda persistem atitudes egoísticas que denigrem o nosso esporte. Reforço, novamente, as minhas palavras ditas em Caxias e preservadas no Google para quem quiser delas recordar-se: Mais vale a amizade conquistada do que milhares de troféus guardados em prateleiras, empoeirando-se com o tempo. O amigo é um presente de Deus e devemos acolhê-lo com carinho e dedicação, pois acaba tornando-se nosso irmão e conosco trilhará a mesma estrada, pois gosta daquilo que gostamos.
Fico triste em ver dois expoentes se ofendendo, perdendo a chance de se tornarem campeões, já que foram penalizados e afastados do campeonato, mostrando o seu lado irracional, pois alimentam o lado ruim que cada um de nós possui escondido em nosso íntimo.
Faço votos que seja um episódio facilmente apagado da mente e do coração de cada um de nós, pois, a despeito de toda a brilhante organização que os abnegados botonistas da AFUMECA realizaram, tornou-se uma nódoa a ofuscar em parte o espetacular campeonato, talvez o melhor de todos já realizados.
Futebol de Mesa é um esporte de cavalheiros e assim deve continuar a ser. Nele, não há o contato físico como as demais modalidades de futebol, há sim o contato psíquico, o que muitas vezes atrapalha o bom relacionamento entre os botonistas. Peço a Deus que ilumine o pensamento desses amigos e que aquilo que aconteceu possa ser deixado de lado, pois esquecido será difícil, depois de tudo ser escrito em blogs. Palavras ditas e atitudes facilmente são esquecidas, mas as escritas permanecem para sempre.
Até a semana que vem, se Deus permitir.
Sambaquy

domingo, 9 de setembro de 2012

O FUTEBOL DE MESA CAXIENSE ESTÁ DE LUTO.


Huberto Rohden, um dos maiores escritores espirituais que já li, escreveu:
“Lembra-te de mim, Senhor, quando entrares no teu reino...
Em verdade te digo, ainda hoje estarás comigo no paraíso...
Diálogo mais estranho nunca se travou no mundo do que este, de cruz a cruz, entre dois moribundos.
Lembra-te de mim. – quem pede apenas uma gotinha de amor no meio dum inferno de dores não é um homem mau, pois o homem mau maldiz os seus sofrimentos e os autores dos mesmos. O homem mesquinho pede libertação dos tormentos ou aceleração da morte. O ladrão na cruz pede apenas uma lembrança, um pouco de amor... Pede uma migalha daquilo cuja falta o tornara celerado, perverso, cruel ... um pouco de amor.”
Usei o texto acima para expressar o meu sofrimento pela notícia que recebi simultaneamente do meu querido afilhado Rogério (Presidente da AFM Caxias do Sul) e do Enio René Durante, através de um e-mail, comunicando-me o falecimento do amigo de longa data VANDERLEI DUARTE.
Confesso que a notícia me abalou profundamente, pois conheci Vanderlei menino, no ano de 1962, ou seja, há mais de cinquenta anos. Sempre foi uma pessoa de personalidade forte, quase intransigente em seus pontos de vista. Lutador abnegado, mas por dentro dessa casca dura habitava um coração generoso e gentil. Jamais foi adulador, mas reconhecia os valores de seus amigos. Por muito tempo fui seu confidente, visto que diante de qualquer dificuldade usava seu celular para aconselhar-se com seu velho amigo. Lembro-me que, há dois anos, no aeroporto de Guararapes, esperando para embarcar de retorno recebi um telefonema dele, solicitando que eu entrasse em contato com um antigo colega bancário que estava adoentado. Era durão, turrão, mas tinha um coração pleno de bondade.
Graças a ele, a sua infatigável vontade e amor pelo futebol de mesa, a Regra Brasileira pode manter-se com a sua originalidade, jogando sempre em Caxias na modalidade liso. E graças à sua imensa força, ela pode reerguer-se das cinzas, tal qual uma fênix e projetar-se nacionalmente, fornecendo botonistas que ocupam até a presidência da Federação Gaúcha.
Como relatei, conheci o Vanderlei quando ele estava com 18 anos de idade. Na ocasião, eu trabalhava em uma empresa comercial de Caxias e do escritório podia verificar o que acontecia no balcão. Vi um rapazote conversando com os balconistas e falando em futebol de botão. Como sempre fui apaixonado por esse esporte, levantei-me e me aproximei, perguntando onde é que ele jogava suas partidas. Foi o marco inicial de uma profunda amizade, pois todos os dias o Vanderlei passava por lá, com novidades ou com presentes. Um desses presentes foi um goleiro que havia sido meu, nas cores azuis e amarelas e que estava com ele. Deu-me de presente o que me deixou feliz, pois era uma peça antiga que voltava ao grupo de botões que eu guardava desde então, os meus puxadores.
Depois disso, com o entusiasmo dele, passamos a levá-lo a jogar conosco. Primeiramente, no Recreio Guarany e, depois, na AABB. Ao fundarmos a Liga Caxiense de Futebol de Mesa, o Vanderlei estava junto conosco. Após a fundação, ele desapareceu por um tempo. Foi servir o Exército Nacional e depois estudar engenharia. Ficamos algum tempo afastados, mas no início dos anos setenta ele estava de volta. E voltava com toda a gana que sempre teve. Já havíamos mudado para a Regra Brasileira, a qual ele incorporou-se imediatamente. Em 1972, quando realizamos o Campeonato Brasileiro, em Caxias do Sul, ele e Marcos Barbosa foram os nossos representantes. Jogava muito o nosso amigo. E preservava a modalidade de botões lisos, jamais permitindo que se usassem as mesas para botões cavados. Era fiel e foi muito importante essa sua luta, pois hoje os lisistas gaúchos devem agradecer a ele por estarem desfrutando dessa extraordinária maneira de praticar o futebol de mesa.
Entretanto, sua forte personalidade o fazia centralizar ao seu redor todas as atividades do futebol de mesa. Não era de dar chances ao surgimento de novas lideranças e manteve isso por muito tempo, até que conflitando com uma grande parte de associados, afastou-se do grupo, unindo-se ao antigo reduto que o viu nascer para o futebol de mesa: AABB.
Uma de suas últimas atitudes como presidente da AFM foi a de distinguir-me com o título de Sócio Honorário da entidade que ele tanto ajudou a se agigantar em 14 de dezembro de 2006. Sua assinatura passa a ser agora uma doce recordação desse amigo/irmão que partiu para o reino do Pai Celestial.
Após ter recebido o diploma de Sócio Honorário, senti que a sua participação na AFM ia rareando e tomava conhecimento de muitos assuntos quando ele ligava, querendo desabafar e eu sempre procurava aconselhá-lo a deixar que a garotada aprendesse com os erros a conduzir a entidade com a seriedade necessária. Isso, aparentemente o acalmava, mas eu sabia que fatalmente ele retornaria ao assunto, pois não era nato nele aceitar, passivamente, mudanças em seu modo de agir e pensar.
Quando da realização das festividades de comemoração dos quarenta e cinco anos da entidade, usando a palavra, descrevendo os primeiros anos de dificuldades imensas e olhando à minha frente dois pioneiros com olhos marejados, fui sentindo um tremendo nó na garganta e ao conseguir terminar, os dois me abraçaram e choramos juntos como crianças. Vanderlei e Airton sabiam bem o que eu havia dito, pois viveram desde os primeiros passos dessa imensa caminhada. Essa será a última lembrança que terei desse amigo querido, o qual findou a sua jornada entre nós. Suas lágrimas emocionadas molhando meu ombro.
Vanderlei vá em paz. Que os anjos do Senhor o acolham em seus braços e o façam chegar aos pés do Altíssimo, onde, por certo vais encontrar vários companheiros que já partiram. Diga-lhes que nunca os esquecemos e que um dia, quando nosso Pai Maior determinar, estaremos todos juntos. Quem sabe, já não exista por lá uma entidade para nos congregar em torno de uma mesa, fazendo aquilo que todos nós sempre amamos fazer.
GALERIA DE IMAGENS DE NOSSO ETERNO VANDERLEI DUARTE NA LCFM/AFM CAXIAS:
Vanderlei foi um dos 2 representantes da cidade na Taça Brasil realizada em Caxias
César, Claudio Schemes ladeiam Vanderlei Duarte durante a edição do Estadual de Liso 2006 - Vanderlei foi homenageado por ambos em seu discurso. Para muitos que não sabem Vanderlei abdicou de sua vaga para ficar apenas na organização do evento,

Na festa de 45 anos de LCFM/AFM Caxias ao lado de dois grandes amigos e fundadores da entidade Marcos Zeni e Adauto Sambaquy

Daniel Pizza,Sergio, Maciel e Vanderlei vencedores da 4ª Copa Primus em 2008

Fim de ano e festa de encerramento na Casa Prezzi, Vanderlei era presença garantida

Como Presidente entregou muitos troféus em nossa sede, como neste momento entregando o prêmio ao atual presidente da FGFM Daniel Maciel no Torneio da Festa da Uva

E rolou muita emoção ao final da edição 2006 do Estadual de Liso. Nosso presidente Vanderlei ao lado do vice-campeão Daniel Pizzamiglio

Alexandre Prezzi premia Vanderlei

Equipe AFM Caxias do integração Grêmio X AFM

Equipe AFM Caxias do integração Grêmio X AFM - a equipe vencedora

Nesta mesma integração Vanderlei ficou como melhor de Caxias, mas na final foi derrotado pelo nosso amigo Breno que na época jogava pelo Tricolor (time do coração dos dois)

Vanderlei Durte - Futebol de Mesa de Caxias do Sul  lhe deve muito por todo teu esforço para a manutenção deste esporte que amamos.

A Família AFM Caxias sempre será grato e nunca esquecerá este Botonista que nos deixa para fazer mesas (as melhores do estado) agora lá no céu. 

Vá em paz e que Deus te receba como mereces.
Até a semana que vem, se Deus assim permitir.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

AS RAZÕES QUE FIZERAM BRUSQUE PARAR COM O FUTEBOL DE MESA.


A Liga Brusquense de Futebol de Mesa foi criada em 04 de agosto de 1974. O movimento iniciou quando recebi, via correio, uma medalha da Liga Brasil de Futebol de Mesa de Salvador (Bahia), destacando-me como um dos dez mais do ano de 1973. Logo, os colegas bancários quiseram detalhes, pois eu já integrava o time de futebol de salão, a razão de tal homenagem. Expliquei que se tratava de futebol de mesa, ou melhor, futebol de botões. O carioca Renato Antunes, flamenguista apaixonado, julgou que fosse pebolim. Expliquei que não, que era o futebol com botões especiais, jogados em cima de uma mesa. Muitos deles já  o conheciam e o praticavam. Numa cidade pequena, uma nova modalidade de diversão é sempre bem vinda. Só que não havia mesa onde eu pudesse fazer uma demonstração.
Telefonei ao Marcos Zeni, então presidente da União de Ligas de Futebol de Mesa do Rio Grande do Sul e solicitei-lhe o envio de uma. Isso foi prontamente providenciado e logo eu estava com uma mesa no apartamento que havia alugado. A segunda providência foi a de escrever ao ex-cunhado do Oldemar Seixas, José Castro Sturaro, que fabricava times bem mais em conta que o seu Aurélio e os entregava bem mais depressa. Recebi diversos times e foram todos vendidos no mesmo dia. Com isso, fiz nova encomenda. Conseguimos um local na sede da AABB, que ficava na frente da praça principal de Brusque e levamos a mesa até lá, colocando-a em lugar de destaque. Logo os brusquenses estavam fabricando mesas. Walmir Merísio, marceneiro se encarregava de confeccioná-las e era usado o revestimento de pau marfim. As mesas todas eram especiais para botões lisos.
Entusiasmados com a nova modalidade, resolvemos criar a Liga Brusquense de Futebol de Mesa e, numa reunião realizada na sede da AABB, seus sócios fundadores foram Renato Antunes, Roberto Zen, Walmir Merísio, Sérgio Walendowsky, Valter Zen, Clóvis Zucco, Irineu Rabitz, Célio Emílio Krieger, Gláusio Bueno Telles, Norberto Souza, Ricardo Szpoganicz, Edson Cavalca, Gustavo Lauth, Márcio José Jorge e eu.
Com o crescimento do número de participantes e a confecção de novas mesas, alugamos duas salas em um prédio na Rua Ruy Barbosa, de frente para a agência da Varig.
Durante todo esse tempo pudemos contar com o apoio de dois caxienses assíduos: Luiz Ernesto Pizzamiglio e Airton Dalla Rosa. No final do ano, de surpresa, Marcos Zeni e Adaljano Tadeu Cruz Barreto aparecem em Brusque, num sábado pela manhã, com a intenção de realizar o segundo Torneio Proclamação da República. Fomos pegos de surpresa, pois nessa época do ano, nos finais de semana, a cidade ficava vazia, devido à proximidade com as praias. Consegui que o Renato Antunes, com seu Flamengo e eu completássemos o quarteto que disputou a segunda edição desse tradicional torneio caxiense que teve seu início no ano anterior. Eu lutava pelo bicampeonato, mas tive de me contentar com o vice. Adaljano foi o melhor botonista dessa feita e carregou para sua galeria o troféu de campeão, escrevendo seu nome da história do torneio.
No ano de 1976, foi-nos solicitada a desocupação das salas, uma vez que o prédio entraria em reformas. Sem ter um local pré-determinado, foi-nos oferecida a sede do S. C. Paysandú. Na noite da inauguração da sala do futebol de mesa, fomos brindados com a visita da imprensa, pela presidência do clube e vários convidados. Com isso novos adeptos iniciaram a prática do nosso esporte, dentre eles: Edson Appel, Edson Gartner, Agostinho Boing, Eugênio Tarcisio Vieira, Décio Belli, Oscar Bernardi, Sérgio Moresco, Luiz Carlos Moritz, Flávio Tomazzoni, José Jaime Correa, Fausto Tomazzoni, José Moacir Merico, João Ari Merico, Fausto Tomazzoni, Marcos Schmidt, Lazar Halfon, Carlos Kempt, Ermenegildo Leoni e Valdir Erbs.
Realizamos o 1º Centro Sul Brasileiro (chamado na ocasião de Sul-Brasileiro) no ano de 1979 e, em 1981, o 7º Campeonato Brasileiro. As duas competições foram realizadas com muita competência e sem problema algum.
Com o retorno do S. C. Paysandú às disputas do futebol profissional, a sala nos foi solicitada. Então a terceira mudança da sede, dessa vez para o Hotel Brusque, de propriedade do associado João Ari Merico. O hotel situa-se na barranca do Rio Itajaí Açú. O local era a parte baixa, onde em um passado distante fora um local de jogos de cartas. Tivemos de calçar, pois o chão era de barro e as mesas não ficariam firmes. Conseguimos, com a Cerâmica Aurora da vizinha cidade de Canelinha, as lajotas e construímos o piso de todo o porão. Ao lado do hotel havia uma entrada e podíamos nos deslocar e colocar nossos carros ao lado das salas.
Ao elegermos para presidente o associado Oscar Bernardi, não imaginávamos o grande salto que estava para ser dado. Oscar, um industrial conceituado em Brusque, particular amigo do presidente da Câmara de Vereadores, Cesar Gevaerd, entra com um projeto solicitando uma área para a construção de nossa sede. E, para nossa surpresa, essa nos é concedida, também nas margens do Rio Itajai Açú, no bairro Guarany. Emitimos e vendemos títulos patrimoniais entre os associados e amigos que frequentavam a sede. Dentre eles, dois amigos diletos: Luiz Ernesto Pizzamiglio e Airton Dalla Rosa participaram, comprando seus títulos. Pessoas do comércio e indústria também fizeram coro ao nosso esforço e adquiriam títulos. E, sendo época de eleição, graças à influência do presidente da Câmara, o governo do Estado complementou generosamente e pudemos levantar a nossa sede. A sua inauguração foi festiva, com a presença do representante do Governador Jorge Bornhausen, o chefe da Casa Civil, Dr. Enio Branco, o presidente da Citur e ex-prefeito de Brusque: Cyro Gevaerd, Padre Pedro Palosky, Cesar Gevaerd, presidente da Câmara de Vereadores, Deputado Estadual Julio Cesar. Toda a cerimônia foi transmitida pela Rádio Araguaia. Um grande churrasco seguiu-se às solenidades.
Foi realizado um grande Torneio de Inauguração da sede, sendo que o quarteto jubilado foi o seguinte: Campeão: Edson Appel (Ponte Preta), Vice Campeão: Airton Dalla Rosa (Cruzeiro), 3º colocado: Luiz Ernesto Pizzamiglio (Santa Cruz) e 4º Colocado: Adauto Celso Sambaquy (Internacional).
Nós havíamos patrocinado em janeiro o 7º campeonato brasileiro, num clima de muita descontração e desportividade, tendo vencido Hosaná Sanches, da Bahia, seguido por Antonio Hernani D’Ávila, de Sergipe.
No ano seguinte, o campeonato seria realizado em Itapetinga (BA). O convite, ao invés de chegar às mãos do presidente da Associação, foi endereçado ao associado Edson Appel, que considerou como convite especial a si próprio. Como não tivemos conhecimento de vagas, não houve mobilização alguma por parte do restante do pessoal. Na ocasião, Edson entrou em contato comigo para saber se iria, mas, devido a compromissos com o Banco, não teria condições de ausentar-me e lhe entreguei uma mensagem para ser lida por ocasião da Assembléia. Só depois fomos saber que havia convite para duas vagas e o Edson e seu motorista representaram a Associação Brusquense. Foi uma revolução dentro da entidade. O pessoal ficou desgostoso e foi, aos poucos, abandonando as disputas. Logo em seguida, todos nós tomamos conhecimento dos acontecimentos havidos na partida final, entre o baiano Jomar Moura e o gaúcho Miguel de Oliveira. As publicações de informativos de futebol de mesa perguntavam: - Quem é o campeão brasileiro de 1981? Jomar Moura se autoproclamava campeão, ele que assumira a presidência da Associação Brasileira, substituindo-me.
Foi necessária uma reunião no Rio de Janeiro, na Escola Martins, para que se definisse e proclamássemos  os dois como campeões daquele ano, visto que a partida terminara empatada e fora jogada em clima de desigualdade, em virtude de a torcida baiana calar-se nas jogadas de seu representante e, quando o representante gaúcho ia jogar, a gritaria e ofensas reboavam pela sala. Sem clima para haver uma disputa em situação normal, Miguel negou-se a continuar naquele ambiente hostil. Nessa reunião, infelizmente, conheci pessoas que passaram a ser sombras escuras em minha vida. Não existem, pois mostraram o seu lado negativo e sua falta de bom senso. Prevaleceu a nossa vontade e os dois foram proclamados campeões, apesar de, no Blog da Federação Baiana, até hoje, figurar somente o nome de seu representante como campeão.
No retorno a Brusque, pois fomos todos via Varig (Oscar Bernardi, Sérgio Moresco, Roberto Zen e eu) oficializamos a nossa desvinculação da Associação Brasileira de Futebol de Mesa e, aos poucos, todos perderam a vontade, o estímulo para a prática do esporte. Eu mesmo parei e fiquei afastado até o ano de 2007, quando o pessoal da regra de 12 toques me resgatou e reanimou o meu amor por esse esporte que faz parte de minha vida.
Os meninos, que jogavam os campeonatos juvenis, continuaram por algum tempo disputando campeonatos, mas acabaram parando também. A sede social, levantada com muito esforço ficou abandonada e, segundo informações, está ocupada por uma torcida organizada do Brusque F. C.. Infelizmente, a única sede própria, com capacidade para sete mesas, ficou no ostracismo e abandonada, quando poderia estar sendo utilizada para desenvolver, em solo catarinense, mais um núcleo forte do futebol de mesa na Regra Brasileira.

Fatos e Fotos:
Foto de nossa sede na Rua Ruy Barbosa, em Brusque.
2º Proclamação da Republica, realizado em Brusque, no ano de 1974.
Sambaquy x Marcos Zeni

2º Torneio Proclamação da Republica - Brusque (SC)
7º Campeonato Brasileiro em 1981 - Brusque (SC)
Inauguração da sede no S. C. Paysandu, em Brusque. Explicava aos presentes
as razões da prática do futebol de mesa.
Até a semana que vem, se Deus assim permitir.
Sambaquy