Após a realização do segundo
Campeonato Brasileiro na cidade de Recife (Pernambuco), em agosto de 1971, a afluência de
botonistas ao terceiro campeonato ficou bastante reduzida. As despesas em
deslocamentos eram imensas. Naquele tempo, as passagens aéreas eram quase
proibitivas para a grande maioria dos botonistas. Além delas, havia também
despesas de hospedagem, alimentação e outros gastos que seriam efetuados no
tempo em que estivessem fora de casa.
Na tentativa de resolver parte
disso tudo, a Liga Caxiense de Futebol de Mesa, encarregada de organizar e
promover o terceiro encontro botonístico brasileiro resolveu optar por um
campeonato diferenciado. Chamou de Taça Brasil e, com isso, evitou o campeonato
por equipes, fazendo com que somente fosse realizado o individual. Seriam
apenas dois botonistas de cada Estado. Aproveitando para promover a Regra
Brasileira no Rio Grande do Sul, convidando uma dupla de cada cidade que
sabíamos praticar a nossa Regra. Mesmo assim, as defecções foram grandes.
Estiveram presentes: Bahia, Sergipe, Alagoas, Rio de Janeiro, Minas Gerais,
Santa Catarina e várias duplas do Rio Grande do Sul.
A Liga Caxiense contou com a
colaboração valiosa do Conselho Municipal de Desportos que, na figura de seu
presidente Mário de Sá Mourão não mediu esforços no sentido de realizar uma
competição que ficasse marcada na memória de todos os que a ela comparecessem.
O Conselho Municipal patrocinou todos os troféus, hospedagem e alimentação,
além de ônibus para os deslocamentos dos participantes. Além disso, monitoraram
os órgãos de imprensa, ofertando material para a divulgação, que teve o seu
início em 15 de abril no Jornal “O Pioneiro” e sequência em 13 de maio no
“Correio Riograndense”, 15 de julho também no “Correio Riograndense” e 29 de
julho com o encerramento e a divulgação dos números finais da competição no
Jornal “O Pioneiro”.
Outro trabalho realizado foi a
divulgação através de fotografias e jornais para todas as Associações que
estariam participando, tendo inclusive um jornal de Belo Horizonte estampado a
fotografia oficial da Competição em sua página de esportes, convocando os
botonistas locais para participarem do evento. Até um festival do Chope,
promovido pela Associação Caxias de Futebol, antecessora da S. E. R. Caxias do
Sul serviu para promover a festa que iríamos realizar. No desenho da ilustração
aparecem, no canto esquerdo, as caricaturas do Marcos Barbosa e minha,
ostentando um cartaz que estampava estar chegando a Copa do Brasil de Futebol
de Mesa.
Além dessas providências,
realizamos por convocação um jantar com a imprensa esportiva de Caxias do Sul,
nas dependências da AABB, onde foi explicada a razão da realização do
campeonato brasileiro que promoveria a cidade em todo o país. Muitos
jornalistas e até o Vice-prefeito aproveitaram para bater uma bolinha,
relembrando os tempos em que praticavam o futebol de mesa com botões. O Vice Prefeito
Mansueto de Castro Serafini Filho era meu ferrenho adversário quando iniciei a
minha vida botonística. Morávamos perto e jogamos muitas vezes. Com isso,
diariamente as Rádios locais davam notícias sobre o andamento das inscrições,
anunciando as adesões e fazendo reportagens com os participantes que chegavam à
cidade. Os sergipanos foram os primeiros a chegar e foram entrevistados,
reclamando do frio que o mês de julho, na serra gaúcha, martirizava aqueles que
vinham da linha do Equador.
O Rio Grande do Sul e Santa
Catarina pagaram o preço muito alto por estarem afastados dos centros em que a
Regra Brasileira era praticada com mais assiduidade. As partidas finais
reuniram os representantes cariocas e baianos que ficaram com as quatro maiores
premiações. Antonio Carlos Martins, do Rio de Janeiro, carregou o Troféu
Victório Três, como campeão. Orlando Nunes, da Bahia, foi premiado com o Troféu
Câmara de Vereadores de Caxias do Sul, ficando com o vice-campeonato. Fernando,
do Rio de Janeiro abiscoitou o Troféu Mansueto de Castro Serafini Filho e, à
Jomar Moura, coube o Troféu Liga Caxiense de Futebol de Mesa. Mas, a surpresa
maior estaria reservada ao final, pois todos os participantes receberam um
troféu denominado Conselho Municipal de Desportos de Caxias do Sul. Aos
árbitros e representantes da imprensa foi ofertada uma medalha comemorativa ao
evento.
O sucesso foi imenso e recebemos
visitas de interessados de diversos locais do Rio Grande do Sul. Pessoas de
Uruguaiana, Veranópolis, Bento Gonçalves, Flores da Cunha, Santa Maria e
Lajeado visitaram o Ginásio da AABB para assistir aos emocionantes jogos
realizados.
À noite, após o encerramento do
Campeonato Brasileiro, apelidado de Copa do Brasil, todos estiveram reunidos no
salão de festas da AABB, onde compareceram o Senhor Prefeito Municipal Victório
Trez, o Vice Prefeito Senhor Mansueto de Castro Serafini Filho, o Presidente da
Câmara de Vereadores Senhor Ilson Kayser, o Presidente do Conselho Municipal de
Desportos Senhor Mário de Sá Mourão, o Diretor do Conselho Municipal, Senhor
Joel Bastos de Souza, o Senhor Odilo Tirelli, Gerente do Banco do Brasil, o
Senhor Lauro Finco, Presidente da AABB, num jantar maravilhoso, sendo então
procedida a solenidade de entrega de troféus a todos os participantes.
Entrega ao campeão feito pelo Prefeito Vitório Trêz |
Fica a sugestão a todos que
promovem competições nacionais; municiem os órgãos de imprensa com material
relativo ao evento. Recebemos, naquela ocasião, muitos jornais de diversas
localidades, dando conhecimento da divulgação do evento, sendo muito produtivo
para alavancarmos o movimento no sul do país.
Até a semana que vem, se Deus
assim permitir.
É isso aí, meu caro Sambaquy. O botão, em Pernambuco, somente se projetou nacionalmente através de Ivan Lima, que se utilizou do rádio para sua divulgação, daí tanto sucesso. Depois disso, caiu-se na mesmice, pois, aqui se pratica o botão nas mais diversas regras, sem integração. No passado (décadas de 50 e 60), o botão era praticado na regra leva-leva com bolas esféricas (cortiça e contas de colar), limitando-se a pequenos núcleos. Em suma, apesar de tudo, a regra baiana (brasileira) é ainda a que propicia mais intercâmbios. O botãobol e a regra "Fogo-Teibêi" são acontecimentos isolados. A Regra 12 toques (paulista) também tem boa integração com outros centros (São Paulo, Paraná e Alagoas). E assim o botão segue seu curso. Se mais não é feito, deve-se às dificuldades financeiras, pois sempre achei que o jogo de botão é caro para se bancar. A imprensa, por sua vez, nos olha como pessoas abestadas, agindo como crianças. Abração e continua firme com a história do futebol de mesa.
ResponderExcluirMeu caro Abiud,
ExcluirFelizmente, por aqui a coisa é um pouco diferente, pois a imprensa começa a abrir suas portas ao futebol de mesa. Principalmente em Caxias, onde o FUNDEL é a entidade governamental que apoia o nosso esporte e isso abre portas para as grandes realiações. Mas, o mais preocupante é a sapecada que o SACI aplicou no Timbú pelo campeonato pernambucano. Vingou a derrota do time do Dunga diante do Náutico.
Abração gaúcho/catarinense e colorado (apesar da empatite constante).
LH.ROZA
ResponderExcluirAmigo "AC.SAMBAQUY"...
Muito bem abordo essa sua preocupação com as dificuldades encontradas pelos botonista.
Pois antes de sentir as emoções de vir participar de uma competição,entramos nos calculos do: deslocamente-alimentação-hospedagem e para muitos os valores assustam.
Mas por outro lado,experiencia própria, é dificil conseguir entrar na "MÍDIA",ficamos sempre na dependência de alguem que conheça esse nosso LAZER.
+ 1 X ler s/culna...é 1 satisfação
Até +
LHR.
ResponderExcluirDesculpe o "digitador" ...
digo Muito bem abordado ... hahaha !!!
Rozinha,
ExcluirHoje está mais fácil haver o deslocamento, pois passagens aéreas são trocadas por pontos acumulados nos diversos cartões. É certo que existem despesas de hotel e alimentação, mas,dá para encarar. Naquele tempo as passagens tinham de ser compradas a dinheiro e custavam caríssimo.
Quanto à mídia, acredito que aos poucos vamos conseguindo avançar. Já somos mostrados em programas esportivos na televisão. Isso é muito salutar para nosso esporte.
Obrigado por ler a coluna sempre.