Na
semana anterior, elogiei a sequência de torneios e campeonatos realizados pela
AFM – Caxias do Sul. As dificuldades nos primeiros anos de nossa entidade já
eram iniciadas na formulação do campeonato. Para isso, tínhamos tabelas já
formuladas, tiradas de um livro escrito sobre o xadrez e que pertencia ao
Roberto Grazziotin. Depois disso, era só determinar os participantes, sortear o
número que caberia a cada um e partir para a máquina de datilografia,
elaborando a tabela. Todo o trabalho manual.
Com
a tabela pronta e entregue ao responsável, começavam os jogos. Os resultados
das partidas eram marcados na própria tabela. Além disso, necessitava-se
atualizar a tabela de pontos (ganhos e perdidos), goleadores; serviço também
feito à mão.
Era
um trabalho hercúleo que demandava muita obstinação, entusiasmo e algumas dores
de cabeça. Para tanto, usávamos súmulas para os jogos, pois o serviço sempre
tinha de ser feito e conferido por um ou mais companheiros. Conseguíamos, desta
forma, realizar uma competição quase perfeita, já que sempre havia alguém
descontente ou mesmo insatisfeito, por não conseguir lograr êxito em seu
objetivo.
Lembro
do trabalho que tivemos no terceiro e no oitavo campeonatos brasileiros,
realizados em Caxias do Sul e em Brusque (SC), onde estive na frente do comitê
de organização. Tudo era feito datilograficamente, razão pela qual, hoje em dia,
encontramos dificuldades em conseguir reunir os resultados, pois foram poucas
as cópias das tabelas e muitas se perderam nas mãos de pessoas que deixaram o
esporte ou simplesmente as perderam.
No
campeonato realizado em Brusque, num trabalho conjunto com vários botonistas,
editamos um boletim chamado “Botão Catarinense” que trazia datilografados os
resultados dos jogos, desde o início até a finalíssima, entre Hosaná Sanches
(Bahia) e Antonio Hernane D’Ávila (Sergipe), com a vitória do primeiro. Há
exemplares desse boletim arquivados na AFM Caxias. Duvido que alguém tenha
guardado, apesar de havermos entregado, a todos os participantes do campeonato,
exemplares que possam atestar a veracidade daquilo que foi oferecido aos
botonistas brasileiros.
Nesse
mesmo campeonato, construímos uma tabela de tamanho grandioso, onde todos os
jogos eram anotados e ficavam à vista de todos. Os nomes dos botonistas e os
números para os placares eram feitos de papel autocolante, o que possibilitou a
tabela ser completada até o jogo final. Há uma foto em que estou atualizando os
jogos. Era um trabalho enorme e que nos deixava realizados ao final.
Hoje
em dia, o computador suprimiu toda essa mão de obra. Facilitou e possibilitou o
aumento de competições, pois são poucos os que devem se colocar à disposição da
comissão organizadora, atualizando com presteza os resultados, à medida que
acontecem. Outro elemento importante é o cronômetro, que fica visível a todos.
Nos primeiros tempos, era um modelo tipo despertador, com uma chave que ia
voltando até alertar o final do tempo de jogo. Os cronômetros atuais são mais
sofisticados e fáceis de manejar.
A tabela de classificação e a de jogos hj são computadorizadas na AFM Caxias |
Ao fundo junto a mesa diretora da competição fica o projetor que passa as rodadas e durante as partidas o tempo de jogo bem visível a todo salão |
A preocupação
em organizar uma competição na atualidade é muito menor que a do tempo em que
iniciávamos essas disputas.
Apresentarei
o modelo de súmulas que utilizávamos na Associação Brusquense, as quais eram
feitas em quatro vias, assinadas pelos dois digladiantes e o árbitro. A
primeira via ficava em poder da Associação, a segunda ao vencedor, a terceira
ao perdedor e a quarta ficava no bloco, caso houvesse problema de extravio da
primeira via. Isso funcionou até 1986, quando houve uma parada nas competições.
Guardávamos
tudo em armários de aço na sede social da ABRFM, mas com o abandono das
competições, a sede foi invadida e muita coisa desapareceu de seu interior.
Havíamos organizado uma espécie de museu com quadros compostos de diversos
tipos de botões e um quadro com as fotografias de todos os fundadores da
entidade, além de um outro em homenagem ao associado Marcos Cruz (Vasco da
Gama) que falecera em um acidente de moto. Nesse quadro, com a fotografia desse
amigo, colocamos a camisa cruzmaltina que usava e o seu time. Tudo isso foi
roubado, infelizmente.
Acredito
que muita coisa antiga, dos primeiros anos da AFM (então Liga Caxiense de
Futebol de Mesa) também desapareceu. Lembro que tínhamos um quadro com as
fotografias de todos os botonistas que estavam disputando o campeonato de 1973,
o qual ficou exposto em uma loja de esportes, na Avenida Júlio de Castilhos por
um tempo determinado. Quando houve a primeira parada, em 1976, em visita aos
amigos Luiz Ernesto Pizzamiglio e Airton Dalla Rosa, que na ocasião trabalhavam
na empresa Scavino, Bertuzzi & Cia. Ltda., eles me mostraram que haviam
guardado tal quadro em uma das salas da empresa, junto com os outros, como o
que recebemos pela participação no 2º Campeonato Brasileiro, em Recife, fotos
como participantes do 1º Brasileiro, em Salvador e que são vistas em uma foto
da época.
São
partes da história que se perderam pelo abandono das atividades botonísticas
por um pequeno período de tempo. Ainda bem que foi apenas ocasional, já que, na atualidade, a AFM Caxias está forte e
firme em seu propósito de elevar o futebol de mesa ao nível que merece.
Imagino
o que ainda estará reservado a todos nós com a velocidade que a eletrônica avança.
Quem sabe possamos acompanhar campeonatos de grande relevância no momento em
que estiver sendo disputado. Espero poder estar aqui para assistir a isso.
Até
a semana que vem, se Deus assim permitir.
É isso aí, amigão Sambaquy. Preservar a memória talvez seja a coisa mais dificil. Manter em ordem um arquivo dá uma trabalheira daquelas. Desde os anos 60 disputei competições, mas os dados se apagaram, restando apenas algumas medalhas e troféus. A partir de 1999, procuro manter em ordem, todo o acervo do botãobol (competições, resultados etc). O computador me ajudou um bocado, mas ainda preservo alguns procedimentos de antigamente (serve para exercitar o cérebro). Lendo sua crônica, voltei ao passado e me senti gratificado. Valeu. Abração pernambucano.
ResponderExcluirAmigo Abiud, todo o esforço vale a pena. Hoje, recordar aqueles tempos de dificuldades me dá uma saudade. A gente fazia tudo isso por amor ao esporte.Jamais conseguiremos escrev er a história completa de nosso esporte. Um amigo José Ricardo, de Brasília, há vários anos está tentando escrever um livro contando sobre todas as regras, mas esbarra nas dificuldades e conseguir dados e estatisticas. Infelizmente, muitas vezes não soubemos guardar documentos que hoje seriam de validade imensa.
ExcluirUm abração gaúcho/catarinense.
Oi Sambaquy e leitores do blog: o blog da Acra futmesa passou também para o facebook. A página é Acra futmesa by Marcio Neves curtindo a página vocês recebem as informações novas da página no seu feed de notícias. Criei a página agora em janeiro, está a disposição de vocês para quando quiserem ler. Um abraço para Sambaquy e os leitores do blog
ResponderExcluirObrigado meu querido amigo.Tenho certeza que muitos irão procurar a sua página. Um grande abraço.
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