Nos dias atuais, é uma maravilha
olhar a beleza e perfeição da confecção dos botões, utilizados para alimentar o
ego de seus proprietários. Quando pensamos que conseguimos ver o máximo, somos
surpreendidos com outras criações que acabam superando cada vez mais as
expectativas.
Nem sempre foi assim. Iniciamos
com botões de roupa, passamos para os puxadores e só fomos descobrir os
padronizados, quando foi iniciada nossa caminhada junto com os amigos baianos.
No entanto, em São Paulo, havia
uma empresa que os fabricava usando acetato, passando, posteriormente, ao
celulóide, peças macias, próprias para jogar a regra paulista da época que
permitia o controle do botão a cada palhetada.
Eram os times da Brianezi, cujos botões eram lixados à mão, com a
finalidade de obter a altura variável, de acordo com a função tática que o
jogador teria na equipe. Zagueiros mais altos, atacantes mais baixos. Vencer ou
perder dependia da habilidade do botonista, mas ter o melhor time necessitaria
sempre ter bom patrocinador em casa. A Brianezi dominou o mercado paulista nos
anos 80 e 90, mas acabou deixando de fabricar os famosos botões. Seu criador
foi Paulo Brianezi, já falecido. Seu filho, Lucio Brianezi, diretor da empresa,
foi entrevistado e deu importantes informações, com as quais a revista Trivela
nos brindou para que a história registre.
Paulo Brianezi tinha uma loja e,
como gostava muito de botão, começou a fabricar times nos fundos do
estabelecimento. Isso acontecia nos anos sessenta. Em 1973, ele registrou a
fábrica de botões e a tocou até morrer, em 1978. Após isso, seu filho assumiu
os negócios até os dias atuais. A produção parou em dezembro de 2001.
O problema começou a surgir por
pressão de vários escritórios de advocacia, cujos integrantes falavam com o
pessoal dos clubes, tentando impedir que fossem fabricados os botões. Diziam
que era pirataria. E, com isso, exigiam valores cada vez maiores. Acredita-se
que nem os clubes sabiam o quanto os advogados pediam em nome deles. Para se
ter ideia da ganância, o valor pedido para fabricar um dos cinco grandes de São
Paulo, era maior que o do faturamento da empresa. Assim, pararam de fabricar
times brasileiros. As empresas que os faziam, em plástico, com produção muito
maior e com a confecção de outros artigos, pagavam os direitos exigidos.
Isso prejudicou muito o
desenvolvimento da empresa, pois a paixão era mesmo pelos times nacionais.
Afinal, fazer botão não era pirataria, pois não concorria com artigo oficial
licenciado pelo clube. Seria muito pelo contrário, mais uma promoção ao clube,
pois divulgaria a imagem em todos os campeonatos disputados.
Um dia, a empresa foi visitada
por um advogado, com um mandato de busca e apreensão, querendo ver se estavam
fabricando botões do Palmeiras. Não achou nada entre as peças fabricadas e
então resolveu negociar com a empresa, propondo um acordo. Paulo descobriu que
um dos sócios desse escritório era diretor do Palmeiras e aficionado por
futebol de botão. Ele propôs que voltassem a fabricar botões do Palmeiras e, em
troca, o clube levaria 7% do faturamento com a venda desses times. O acordo foi
aceito e produzido um botão do Palmeiras, imitando a camisa de jogo e o nome do
patrocinador da época. Continuaram a fabricar por um ano e pararam. Tinham o
acordo com o Palmeiras, mas os outros clubes não aderiram. Isso desestimulou a
fabricação dos botões Brianezi, pois quem comprava o time do Palmeiras, queria
comprar o Corinthians, o São Paulo, o Santos para jogar contra.
Com isso, Paulo, em dezembro de
2001, depois de tanta briga, de tantos advogados ameaçando-o, resolveu parar
com o botão. O que realmente é uma pena, pois os times Brianezi, hoje em dia,
são vendidos como relíquias, a preços muito acima do que quando estavam no
mercado, nas décadas de 1980/1990.
Nessa época, iniciava-se a
fabricação de botões em acrílico. Lembro de ter levado a São Paulo os meus
times de acrílico, fabricados pelo José Aurélio, na Bahia. Houve interesse
imediato e as encomendas começaram a surgir, pedindo os botões apropriados para
a regra paulista. Muitas pessoas começaram a fabricar botões e, em pouco tempo,
as encomendas para a Bahia cessaram, e os pedidos ficavam em São Paulo mesmo.
Um dos primeiros fabricantes de São Paulo foi o Lourival Lima, de quem acabei
comprando três times. Nesse tempo, os times vinham somente com as cores dos
clubes. Havia a necessidade de se criar a arte em casa mesmo. A Revista Placar
produzia escudinhos de times, e eles eram aproveitados para ilustrar os times
de acrílico.
A evolução foi acontecendo aos
poucos e, hoje em dia, encontramos verdadeiras obras de arte em cada novo
campeonato de que participamos. Acredito que será difícil superar a arte
produzida nos tempos atuais, pois já foram utilizados todos os tipos de
ornamentação imagináveis. Mas, o ser humano é criativo e, por isso, não posso
afirmar que não terei surpresas maravilhosas daqui a algum tempo.
Mas, a evolução do botão comum
aos craques, de acrílico atual, é a mesma explicada por Darwin na evolução do
homem.
E o importante é que a arte
atingiu todos os cantos de nosso país, e a grande maioria
dos botonistas tem seus times padronizados, desfilando nas mesas. E isso sempre
foi agradável aos olhos de quem assiste a uma partida de futebol de mesa.
Confiram algumas imagens de Botões em várias épocas:
Assim Tudo Começou |
Botões de Resina |
Algumas artes de hoje em dia
Modelo da Regra Pernambucana
Modelos da Regra Brasileira
E para guardar nosso Botões hoje existem lindos ônibus como este meu feito pelo Mestre Guido Garcia
Até a semana que vem, se Deus
assim permitir.
Sambaquy
Meu caro Sambaquy. Mais uma vez você dá um banho contando a evolução do botão. Acrescento apenas que a variedade de botões da regra pernambucana (botãobol) é fabulosa (chifres, acrílico, resina, madeira, quenga de côco, capa, casco de tartaruga e relíquias de galalite). É isso aí, Gaúcho, vá em frente! Abração pernambucano. Abiud
ResponderExcluirMeu caro Abiud,
ResponderExcluirEu tenho uma coleção de fotos de times pernambucanos, mas quiz homenagear a você, colocando o Nautico. Os de chifre (que deram origem ao campeonato Chifronésio,recentemente terminado) devem ser caros e os de cor escura, os mais valiosos. De casco de tartaruga eu nunca vi, mas de madeira eu conheci um time, usado na década de trinta,quando estive visitando o meu amigo Getúlio Reis de Faria. Ele jogava com um time de madeira no inicio de sua atividade botonistica. Hoje está no museu. Não sabia que vocês ainda o usavam em jogos.
Quem sabe escreves uma coluna contando as maravilhas dos botões da regra pernambucana e nós mostramos aqui para os leitores. Afinal a paixão é a mesma: jogar botão em uma mesa, vibrando como se marcassemos o gol que nos daria a Copa do Mundo.
Um abração gaúcho/catarinense.
Meu caro Sambaquy. Muito obrigado pela homenagem. Como já relatei algumas vezes, eu tenho mais de 1000 botões, formando mais de 100 times, todos do botãobol (regra pernambucana). É uma verdadeira loucura, porém, é isso que me faz cada vez mais feliz. Mais uma vez grato e uma última informação: estive sábado com Armando Pordeus e falamos muito de você. Não sentiu a orelha arder? Abração pernambucano.
ExcluirLH.ROZA...
ResponderExcluirMeu amgo AC.SABAQUY...
Nos sentimos honrrado em ter contribuido com as tantas "fotos",que tenho lhe repassado das minhas diversas criações, todas elas feitas pelo "mestre" MANOEL TG. lá da cidade de Rio Grande-RS.
Pois desde os tempos dos botões de "osso", chegando aos modelos atuais, perdi a conta de quantos planteis tenho feitos e/ou trocado com essa gurizada contemporânea...
Em fim o que importa, é mantermos viva a chama de lazer,o FUTMESA, em que as AMIZADES prevalencem as VITORIAS...
Roza,
ExcluirNem me fale em times dados, pois se fosse contar quantos times eu já doei a botonistas que não tinham condições de comprá-los. Ganhei muitos, mas doava em maior número. Lembro, em Brusque, dos dois filhos do massagista do Brusque FC, que foram até a minha casa, com outros meninos que haviam encomendado times na Bahia. Eles olhavam embevecidos os botões dos amigos, mas não tinham condições de comprar. Então apanhei dois times que tinha sobrando e entreguei a eles. Os dois choraram de alegria, pois iriam disputar campeonatos dali em diante.
E assim fiz com muitas pessoas, todo o meu tempo de caminhada botonistica.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirCaro Sambaquy
ResponderExcluirBela matéria sobre os antigos botões e sua evolução, me levou ao tempo em que eu me afundava dentro das gavetas da antiga "LOJA SALDANHA" aqui em Caxias do Sul em busca de grandes craques para fazer meus times.... Quem por aqui não se lembra delas....."...grandes gavetas de sonhos......"
Walter,
ExcluirEu também comprei muito botão no Saldanha. Era uma comodidade para quem, antes disso tinha de ir a Porto Alegre, na Vila Scharlau, rua Paulino Teixeira 51, e comprar alguns botões, pois tinha de economisar para a passagem de volta.
Bons tempos que não voltam mais. Ainda tenho alguns dos antigos puxadores...
Sambaquy ainda tenho alguns guardados também, esses nossos bons "puxadores" dos tempos de criança. Agradeço desde já a foto do RIO GRANDE nesta tua coluna dedicada a evolução do "botão" para jogar.... E é certo que se pudéssemos durar mil anos, veríamos a evolução levar os nossos antigos puxadores, a serem ligados/controlados diretamente pelo nosso cérebro, fazendo certo as grandes jogadas que hoje com nossas mãos as vezes erramos. Puxa que futuro será que terão estes "botões"????
ExcluirAté mais ... meu também parceiro de mesa.....
amigo vc conhece alguma fabrica de vidrilhas pra futebol de mesa quero comprar em grande quantidade, com um preço melhor
ResponderExcluiramigo vc conhece alguma fabrica de vidrilhas pra futebol de mesa quero comprar em grande quantidade, com um preço melhor
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