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Decourt e José Ricardo
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Caríssimo amigo Sambaquy,
Tive uma surpresa muito grande ao
receber um e-mail do Vander, de Belo Horizonte, com um recado seu, querendo
parabenizar a iniciativa de homenagear grandes desportistas que nos deixaram,
colocando seus nomes nas taças que estarão sendo disputadas durante o ano de
2008 (inclusive, ganhei a primeira!). Dizia o recado que também gostaria de
voltar a manter contato comigo, depois de estarmos separados por quase trinta
anos. Aqui eu me assustei: faz tudo isso? Acho que não. Como não tinha certeza,
mas mantenho o péssimo habito de guardar tudo relacionado ao nosso futebol de
mesa, fui atrás das pastas onde deixo algumas correspondências que julguei mais
importantes, tais como aquelas que trocávamos ao mesmo tempo sem a ajuda da
internet (o que hoje é uma moleza!) entre eu, você, Décourt e Getúlio. Para
situar o amigo no tempo e no espaço, as nossas primeiras correspondências datam
de agosto de 1980. Tirando essas, quando ainda estávamos na ativa do futebol de
mesa, trocamos algumas poucas cartas em junho/julho de 1991, quando você afirma
que há muito tempo está afastado do movimento e tem uma frase marcante: “eu
ABANDONEI o futebol de mesa há vários anos e não quero mais retornar”. Por aqui
tive um período parado, uma parte de 2001, 2002 a 2004, voltando a jogar
regularmente em 2005 e 2006 e fiquei mais oito meses parado no ano passado, por
algumas chateações peculiares do futebol de mesa. Mas, a minha sorte é que aqui
em Brasília temos um bom grupo de amigos, uma verdadeira família, pois, mesmo
parado, sempre estive em contato com eles, nem que fosse para tomar uma
cervejinha ou fazer um churrasco no clube. Nesse ano, pretendemos organizar um
Brasileiro por aqui, e a vontade de jogar aumentou novamente. Mas, sei bem, não
tenho mais a juventude ao meu lado e percebo claramente como fica cada vez mais
difícil participar de longos campeonatos. Jogo quatro partidas e chamo a
ambulância com balão de oxigênio. Brincadeiras à parte, fiz 50 anos no ano passado, estou indo para 51
agora em março, e os reflexos numa mesa são claramente mais retardados. Mas,
enquanto a mão permitir vou dando as minhas palhetadas.
Eu, desde julho do ano passado
estou aposentado do Banco do Brasil. Não venho fazendo nada de mais. Todos os
dias deixo minhas duas filhas menores na escola, vou para o Parque da Cidade,
faço um misto de caminhada/corrida, volto para casa< às vezes tem alguma
coisa para fazer, outras não. Nessas oportunidades, sento na frente do
computador e continuo dando asas à imaginação de um dia escrever um livro
contando toda a história do futebol de mesa. Quando achei que a internet ia
tornar esse sonho realidade, devido à facilidade e rapidez no entendimento,
percebi também rapidamente que muita gente do futebol de mesa parece que tem
alergia a escrever, a contar as coisas que aconteceram em suas cidades. Fiquei
impressionado com a quantidade de gente que entrei em contato (até da regra
gaúcha), explicando meu objetivo e, todos eles, sem exceção, acharam a idéia
maravilhosa, que já estávamos precisando disso há muito tempo e que iam me
ajudar com material histórico. Ainda bem que eu esperei sentado, pois
pouquíssimos mandaram alguma coisa. A maioria indica Fulano, que diz que
Beltrano é quem tem a história. Quando vou falar com Beltrano, ele diz que
Sicrano é que é a memória do futebol de mesa. Persistente, eu ia atrás desse
último e, não raramente me decepcionava, pois ele nada tinha. Só muita conversa
e, se tem uma coisa que esse pessoal faz é conversar. Só para você ter uma
idéia, nem com o nosso pessoal da regra de três toques eu consegui tudo que era
possível. Já escrevi para quase todo mundo e estou perdendo as esperanças de
encontra tudo o que eu queria. Tem aparecido alguma coisa em sites
especializados em futebol de mesa. Mas, ainda assim, podiam ser mais completos,
cuidando do seu passado e pensando no seu futuro. Muitas vezes fazem sites que
têm vida curta.
Após, entra em assuntos
familiares e encerra a conversa.
A resposta:
Caro amigo/irmão José Ricardo
Quanta saudade! Calculei pelo
tempo em que me afastei (em 1982) que deveriam fazer mais ou menos uns trinta
anos, ou quase, que não nos comunicávamos mais. Você sempre foi um referencial
para mim. Aliás, Décourt, Della Torre, Getúlio, Sérgio Netto, Antonio Carlos e
você eram as pessoas que eu sempre admirei jogando com a bolinha redonda. Iniciarei
a minha narrativa pelo final, pelo abandono do futebol de mesa. Quando fizemos
o campeonato brasileiro em Brusque, no qual você esteve presente, eu procurei
uma aproximação com o pessoal de São Paulo, Rio e Brasília. Na época, viajei
algumas vezes a São Paulo, Rio e até aí, em sua cidade. Acredito que o embrião
do reconhecimento surgiu dessa aproximação, coisa que anteriormente seria
impossível, devido às agressões verbais e atitudes de diversos caciques. Sempre
apreciei o futebol de mesa como uma maneira de angariar amigos. No episódio de
minha eleição à presidência da Associação Brasileira de Futebol de Mesa, por
determinação de alguns caciques baianos e gaúchos, foi impugnado o nome do
Eduardo Tonon Narciso da Rocha. Nossos nomes haviam sido lançados por ocasião
do 1º Centro Sul, realizado em Brusque, em 1979. Falei que aceitaria outro
vice, desde que convencessem o Eduardo a renunciar. Prometeram que assim seria,
só que nada foi feito. Mesmo assim, assumi e levei meu mandato até o final, com
a aproximação dos demais movimentos existentes. Isso, aliado ao campeonato
Brasileiro, realizado em Itapetinga (BA), deu-me a certeza de que o que eu
desejava para o futebol de mesa não estava acontecendo. Parei de jogar, e com a
minha parada o movimento em Brusque enfraqueceu e acabou parando também. Apesar
de possuir uma sede própria, fruto de um trabalho de grupo, o futebol de mesa
na cidade acabou. O meu acervo, composto de sete volumes encadernados, contendo
recortes de jornais, revistas, fotografias, que contavam a história do nosso
esporte de 1963 até o ano 2000, pois apesar de haver parado com o futebol de
mesa, acompanhava o noticiário e guardava as notícias que apareciam, está
depositado na sede da AFM Caxias do Sul. Além deles, os informativos K entre
Nós, Botunice Informa, Algo Mais, Jornal de Taubaté, Técnicos e Botões, Botonistar,
Urudancam, Informativo de Jacareí, todos espiralados também foram entregues à
AFM. Foi então que eu descobri através Futebol de Mesa News, que estava sendo
criada uma Associação em Balneário Camboriú para a prática do futebol de mesa.
Já havia sido procurado por um gaúcho, que desejava voltar a jogar, mas havia
confessado a ele que não tinha ânimo para tal. Então, resolvi fazer a ligação
do gaúcho com o pessoal que jogaria a regra de 12 toques aqui na cidade. Para
minha surpresa, o presidente do Atlântico Sul veio me visitar, afirmando que
seria um papo de alguns minutos. Conversamos sobre futebol de mesa e não vimos as
horas passarem. Ele saiu de meu apartamento depois de grande tempo de conversa,
mas convidando para assistir um torneio em sua casa. Fui até lá, no final de
semana, sem compromisso, mas, para quem foi inoculado com o vírus do botão, ao
ver os craques de acrílico deslizando pela mesa, não aguentei e voltei a
praticar, mesmo que sem o entusiasmo e a força de antes.
Depois disso, tenho participado,
mais com a presença de alguém que lutou para que isso se tornasse um esporte
popular, aberto ao público, praticado por pessoas de todas as idades, sem
aspirar ganhar troféus, pois esses são direitos daqueles que treinam com afinco
e jogam com competitividade.
Recomendo a quem ler essa coluna
e quiser colaborar com José Ricardo Caldas e Almeida, mandando notícias sobre
campeonatos de suas cidades, que o faça, pois algum dia teremos a satisfação de
ter a mais completa obra sobre o futebol de mesa, desde sua origem até os dias
atuais. O endereço do José Ricardo é jrca1975@gmail.com.
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Eduardo, José Ricardo e Paulo Cesar Farias
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Pessoal de Brasilia. Zé Ricardo é o do centro
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Até a semana que vem, se Deus
assim permitir.
Sambaquy
Meu caro Sambaquy. Você lembra os pioneiros que conquistaram o Velho Oeste Americano, com garra, perseverança e coragem. Observo que quando chega à idade um tanto avançada (+ 50 anos), os botonistas aí do Sul se acham velhos e decadentes, daí parecem perder o tesão. No botãobol, não há essa distinção. Eu, aos 73 anos, continuo dando trabalho e muito aos poucos mais jovens, com uma clara diferença: nos jogos amistosos, eu me poupo, para dar o máximo nos jogos oficiais. É por essas e outros que me dói quando vejo alguém dizer que abandonou o botão. É triste! Quanto às picuinhas, elas vão sempre existir, mas quem ama de fato o botão, tira de letra. No fundo, aqueles que criticam não gostam de jogar e sim de ganhar, em todos os sentidos. Abração pernambucano.
ResponderExcluirAmigo Abiud. Você acertou em cheio quando afirmou que os que criticam, que criam problemas, que fazem as confusões não gostam de ganhar e sim GANHAR, em todos os sentidos. Quando retornei ao futebol de mesa, firmei um própósito de me divertir e deixar de lado as conquistas, pois estava imbuido de uma idéia que estou colocando em prática: relatar o movimento que participei e deixá-lo escrito para que jamais seja esquecido. E com isso já escrevi quase 200 colunas que são lançadas aqui na AFM, no Gothe Gol e no extinto Futmesa Brasil. Gostaria que você enviasse ao José Ricardo aquele trabalho magnifico sobre o Botãobol, que me presenteou, pois deve figurar na obra que ele pretende realizar sobre esse esporte tão apaixonante.
ExcluirUm grande abraço gaúcho/catarinense.
Ao escrever sobre os que criam confusão, ao invés de ganhar e sim GANHAR, o correto é jogar. Desculpem a nossa falha.
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