A minha matéria preferida na
escola sempre foi História. Mas, eu ficava apenas restrito ao que os livros
traziam. Ficava empolgado, mas não procurava enriquecer aquilo que lia, devido
à idade, onde o tempo era destinado à diversão, aos jogos de futebol, às festas,
aos bailes e ao futebol de botões.
O tempo me ensinou a ser mais
minucioso, a não me contentar apenas com a versão daquilo que estava lendo. A
grande diferença em minha vida foi a de quando me encantei pela Inconfidência
Mineira, pois recebi de um irmão maçom um livro espírita que narrava toda a
trama, numa psicografia de Tomás Antônio Gonzaga. Ao ler essa história maravilhosa
fui procurar outras obras. Cada acontecimento era abordado por vários autores e
cheguei a formar uma história bem diferente daquela que me foi passada nos
bancos escolares. Quanta coisa importante foi omitida ou simplesmente
modificada ao bel prazer de quem contou a história. Impressionante saber que a
delação foi feita por uma escrava, e Joaquim Silvério dos Reis foi apenas um
instrumento do Governador das Minas Gerais, para justificar-se diante da Rainha
D. Maria I, pois a palavra de um escravo (mesmo que fosse alforriado, valia
tanto quanto o latido de um cachorro). Consegui uma visão diferenciada sobre
tudo o que se passou naquele movimento libertador, do castigo aos insurretos
que jamais puderam retornar ao Brasil e do sacrifício do grande herói José
Joaquim da Silva Xavier, o Tiradentes.
Talvez, por essa influência,
tenha atendido ao pedido do Daniel Maciel, quando na presidência da AFM Caxias
do Sul, para escrever algumas histórias do passado do futebol de mesa, vividos
por mim e pelos amigos que comigo lutaram para fazer dele um esporte reconhecido.
Escrevi, até a data de hoje, 213
colunas publicadas no blog da mesma AFM. Contei a minha versão de tudo o que
aconteceu naquele tempo, tumultuado por alguns, ajudado por outros, mas sempre
num crescente em prol do futebol de mesa como esporte. Acredito que modifiquei
pensamentos que duravam desde os anos sessenta, quando era só escutada uma
parte da história. A outra teve de ser escrita para mudar ideias errôneas que
persistiam.
![]() |
Obereci Campeão |
Ao ler a postagem de José Obereci
de Carvalho, colocada no facebook no dia 1º de Outubro, em homenagem ao Dia
Internacional do Idoso, não me contive e lhe escrevi um comentário com as
seguintes palavras: “Grande Obereci, no mês em que completo 78 anos, uma
homenagem dessas é muito bem vinda. Nós, os idosos, devemos ser exemplo aos
mais novos. E você tem sido um exemplo a ser seguido pelas suas conquistas
primorosas. Parabéns. Continue sempre a lutar pelo futebol de mesa”.
Escrevi pelo grande respeito que
tenho, não só pelo Obereci, mas também pelo Foschiera, Enio Seibert, Miguel
Orci, Edu Caxias, Domênico Romano (Mimo) e tantos outros que muito têm feito
pelo nosso esporte, apesar de saber que jogam em regra diferente da que
pratiquei. Mas, para mim são grandes botonistas e pessoas de valor inestimável
na história do futebol de mesa brasileiro.
![]() |
Obereci e Fosca dois
ícones brasileiros do futebol de mesa.
|
No dia 2 de outubro, fui premiado
com a resposta postada pelo Obereci. Foi um presente de aniversário que vou
guardar para sempre em meu coração, pois, através de suas palavras pude
aquilatar o quanto foi importante historiar sobre as lutas do futebol de mesa,
deixando bem claro que sempre lutamos, limpamente, no sentido de conseguir
ampliar os horizontes botonisticos para fora das fronteiras do nosso amado Rio
Grande do Sul.
As palavras do Obereci, que faço
questão de dividir com os meus leitores foram estas: “Prezado Adauto Celso Sambaquy.
Para mim é uma honra ter como amigo uma lenda viva do Futebol de Mesa. Uma
figura marcante na história do nosso esporte. Fui iniciado na Regra Gaúcha, nos
anos 60, em Santa Maria, mas com muito poucas informações sobre o Futebol de
Mesa, como um todo. Mas talvez pela dificuldade de comunicação na época. Não
tínhamos essa maravilha que é a Internet. Depois de formado, em 1970, fiquei
praticamente 30 anos sem jogar Futebol de Mesa. Trabalho, filhos, morei onde
não jogavam, impediram de praticar. Somente no final dos anos 90, quando voltei
para Porto Alegre comecei a jogar novamente Estou dizendo isso para entenderes
o que vou comentar. Quando voltei a jogar é que conheci na AFUMEPA a Regra
Brasileira (modalidade 1 toque/ disco). No grupo da Regra
Gaúcha, onde também jogava, escutava muitas histórias de críticas sobre uma
reunião realizada na Bahia em 1967, de traição, etc, etc... que você conhece
muito bem. Somente há pouco tempo, através das tuas crônicas conheci a
verdadeira história e pude comprová-la na prática. Gostaria de te parabenizar
por ter sido um dos responsáveis pela criação de uma Regra Fantástica. A
reunião de 1967 foi um grande sucesso! A história comprova isso. Mais de 40
anos de Campeonatos Brasileiros realizados. Parabéns! Você será sempre lembrado
com um dos pais dessa Regra excelente”.
Por acaso haverá um presente
melhor do que este? Receber estas palavras de uma pessoa que, junto com o
Eduardo Machado Fernandes prepara um livro sobre a história da Regra Gaúcha,
uma história rica e maravilhosa que abriu as portas para a Regra Brasileira.
Sim, pois foi um trabalho conjunto, que tirou o melhor da Gaúcha e da Baiana
para que se tivesse uma regra que fosse aceita nacionalmente. E este anteprojeto
foi apresentado a todos os participantes do Campeonato Estadual, realizado em
Caxias do Sul, em 1966, pelo próprio Presidente da Federação Riograndense de
Futebol de Mesa, Gilberto Ghizi. E, por todos aprovado, sem restrições. E lá
estavam Paulo Borges, Sérgio Duro, Claudio Saraiva e tantos outros membros
participantes da Federação Riograndense. Talvez, pelas grandes dificuldades que
havia, na época, julgassem que ficaria apenas na troca de correspondências
entre os interessados. Mas, não ficou só nisso, pois o Ghizi e eu embarcamos e
atravessamos o país na esperança de realizarmos um sonho que hoje é realidade.
Com a Regra na mão, a realidade
se tornou traição e fomos enxovalhados pelas mesmas pessoas que, dias antes, no
Seminário Diocesano de Caxias do Sul, haviam aprovado a ideia da criação de uma
Regra que possibilitasse a realização de Campeonatos Brasileiros. Persistimos e
vencemos, e a Regra está forte, com aprovação de inúmeros estados da nação,
juntando a cada campeonato centenas de botonistas de todos os recantos do país.
Obrigado meu amigo Obereci por
esse reconhecimento. Foi maravilhoso ler suas palavras e sentir que estivemos
certos em perseguir um sonho que não era só meu, mas de todos os botonistas
desse nosso país.
Muito feliz com tudo isso, até a
semana que vem, se Deus assim permitir.
É isso aí, grande amigão Sambaquy. Sei da tua felicidade cada vez que ficas reconhecido como um dos pioneiros da regra brasileira. Todo esse resultado te deixará marcado para sempre na história do futebol de botão. É simplesmente fantástico e maravilhoso ver um sonho se transformar em realidade. Não há palavras para descrever um fato como esse. Creio que essa luta sem quartel deve ter servido de exemplo para que outros botonistas jamais esmorecessem em seus ideais de perpetuar o futebol de botão. Valeu, grande guerreiro, pela aula de história. Abração pernambucano.
ResponderExcluirAmigo Abiud, para mim foi muito importante pois eu iniciei minha trajetória botonistica na Regra Gaúcha. Com o tempo conhecemos a Regra Baiana e então realizamos um estudo, visto que as duas eram de um toque e conseguimos consolidar a Regra Brasileira. No entanto, no Rio Grande do Sul, por interesses comerciais do fundador da antiga Federação, fomos taxados de traidores. O presidente da Federação, que foi comigo para Bahia, foi retirado do cargo sendo expulso. Sofremos muito, mas eu perseverei e consegui introduzir a Regra Brasileira no Rio Grande do Sul inteiro. Um reconhecimento desses, vindo de um baluarte da Regra Gaúcha teria de m fazer feliz e dado um pouco de justiça à guerra travada nos anos sessenta. Um jornal de Porto Alegre chegou a publicar, na sessão de esportes, uma matéria dizendo no título: Estourou uma guerra de botões entre Porto Alegre e Caxias... Podes ver como estavam os ânimos naquele tempo. Um abração colorado gaúcho sempre.
ExcluirLH.ROZA...
ResponderExcluirO que mais possamos acrescentar ??? Meus já quase esgotados qualificativos "AC.SAMBAQUY". Realmente a cada "COLUNA", fica evidenciado que a verdadeira história do FUTMESA sempre foi ocultado por alguns, sejam por arrogâncias ou se acharem mais importantes.
Mas em fim, o que nos importa é saber que a nova geração se espelha em sua "OBRA", acreditando outros mais possam vir dar continuidade.
Ficamos no aguardo da próxima, deixado o já tradicional ABRAÇO.
amigo Roza, eu acredito que havia interesses comerciais envolvidos naquela época. Não podemos tirar o mérito do pessoal que tocava a Regra Gaúcha, pelo pioneirismo de criar a primeira Federação de futebol de mesa do Brasil. Infelizmente eles não souberam entender o sonho que acabou se tornando uma realidade que envolve o Brasil de norte a sul, de leste a oeste. Já são 40 campeonatos brasileiros realizados e isso só demonstra que estávamos certos. O bom é que o reconhecimento acaba chegando por intermédio de pessoas de alto valor, que souberam separar o joio do trigo. Vamos pensar numa nova coluna para não deixar você na mão. Abração e boa sorte para o Santos contra o Botafogo.
ExcluirLH.ROZA
ResponderExcluirVamos por partes: Se o SANTOS vencer o Botafogo, respeitosamente estaremos enviando um "e-mail" para outro grande "Amigo-botonista", não confundir om Botonista-amigo, o CARLOS ALBERTO KUHN...Pois creio que seus dois únicos defeitos são ser Gremista e Botafoguense.
Então vou ficar ligado via Internet, no site do BRASILENSE ,aguardando a classificação do meu GE.BRASIL para a Série "C", visto que com um simples empate estaremos lá.
Até +