domingo, 16 de setembro de 2012

POR FAVOR, NÃO JOGUEM LENHA NA FOGUEIRA!


Na Coluna escrita em 09 de maio de 2011, abordei o assunto que me afastou do futebol de mesa por mais de vinte anos. Não vou tornar a repetir as razões que se acumularam em minha vida, mas, apenas a título de alerta, reescreverei parte dessa crônica, depois de tomar conhecimento da “batalha” acontecida em Cascavel.
Sobre essa “batalha”, o que sei está escrito em diversos blogs que tratam do nosso esporte. E acreditem isso não me agradou nem um pouco. Afinal, quando me pronunciei no encerramento do XXIX Centro Sul, na cidade de Caxias, disse que muito mais importante que empilhar troféus em prateleiras, seria empilhar amigos no coração. E parece que não fui escutado por pessoas que merecem todo o meu respeito.
Devo dizer que o grande motivo que me levou a parar, refere-se a uma partida disputada no Campeonato Brasileiro, realizado na cidade de Pelotas, no ano de 1980. Jogava contra um campeão brasileiro, o que por si só já indicava um jogo dificílimo. Primeiro tempo termina empatado em zero. A tática de meu adversário, no segundo tempo, muda radicalmente e sob a complacência de um árbitro gaúcho e meu primo, minou completamente o meu emocional. Usou de todos os estratagemas para me deixar nervoso, conseguindo tirar o meu foco daquilo que almejava. Quando ia chutar contra seu gol, vinha para a minha posição, olhava, voltava e arrumava o goleiro, voltando para a minha posição de arremate e retornando para mais uma arrumada em seu arqueiro, fazendo isso inúmeras vezes. Cada jogada dessas durava muito mais do que permitido na regra. Chegava  a ultrapassar um minuto. Confesso que perdi a paciência e passei a fazer tudo errado. Cedi dois toques, fiz faltas propositais e até gol contra. Naquele dia, eu perdi um jogo e um amigo. Com o tempo, analisando, acredito que deveria ter sido mais ponderado e aceitado a provocação, fazendo a mesma coisa. Mas, isso não é do meu feitio e me afastei das disputas. Como havia sido eleito presidente da Associação Brasileira de Futebol de Mesa, cumpri meu mandato voltado à aproximação com as demais regras, que acabou frutificando e colhendo a concretização da Confederação Brasileira.
Eu acredito nas palavras do Dr. Maia, que afirmou com categoria em seu comentário: Cabe ao árbitro conduzir o jogo da forma mais “ordeira” possível.
Por essa razão, quando, no ano seguinte foi realizada a partida final do Campeonato Brasileiro, dessa vez em Brusque, onde eu permaneci na organização, mandei colocar a mesa desse jogo ao lado da arquibancada e não permiti a presença de ninguém perto dos digladiastes. Quem quisesse assistir que o fizesse nas arquibancadas.
Infelizmente, no ano seguinte, em Itapetinga (BA), a partida final acabou sendo jogada com um clima de hostilidade a um dos botonistas. Que o amigo Miguel de Oliveira se manifeste, caso não tenha sido assim como relatei, sendo que, depois de uma reunião no Rio de Janeiro, foram declarados os dois finalistas como campeões brasileiros de 1982.
Depois de tantos anos, retorno e com tristeza vejo que ainda persistem atitudes egoísticas que denigrem o nosso esporte. Reforço, novamente, as minhas palavras ditas em Caxias e preservadas no Google para quem quiser delas recordar-se: Mais vale a amizade conquistada do que milhares de troféus guardados em prateleiras, empoeirando-se com o tempo. O amigo é um presente de Deus e devemos acolhê-lo com carinho e dedicação, pois acaba tornando-se nosso irmão e conosco trilhará a mesma estrada, pois gosta daquilo que gostamos.
Fico triste em ver dois expoentes se ofendendo, perdendo a chance de se tornarem campeões, já que foram penalizados e afastados do campeonato, mostrando o seu lado irracional, pois alimentam o lado ruim que cada um de nós possui escondido em nosso íntimo.
Faço votos que seja um episódio facilmente apagado da mente e do coração de cada um de nós, pois, a despeito de toda a brilhante organização que os abnegados botonistas da AFUMECA realizaram, tornou-se uma nódoa a ofuscar em parte o espetacular campeonato, talvez o melhor de todos já realizados.
Futebol de Mesa é um esporte de cavalheiros e assim deve continuar a ser. Nele, não há o contato físico como as demais modalidades de futebol, há sim o contato psíquico, o que muitas vezes atrapalha o bom relacionamento entre os botonistas. Peço a Deus que ilumine o pensamento desses amigos e que aquilo que aconteceu possa ser deixado de lado, pois esquecido será difícil, depois de tudo ser escrito em blogs. Palavras ditas e atitudes facilmente são esquecidas, mas as escritas permanecem para sempre.
Até a semana que vem, se Deus permitir.
Sambaquy

6 comentários:

  1. Meu caro Sambaquy. Eis aí uma das muitas razões que fizeram com que nós da APFM, apesar de no início termos tentado reunir botonistas de várias regras num mesmo espaço, desistíssemos da idéia. Também, quando observávamos torneios envolvendo clubes e federações, vimos muitos atos desagradáveis, antiéticos para não dizer desonestos. Daí, chegamos à conclusão: vamos jogar somente com os amigos e aqueles que quiserem se aproximar e comungar conosco na prática de um botão limpo, belo, organizado. Mesmo no botãobol, fomos obrigados a fazer uma depuração e hoje estamos felizes pois, mesmo sem a visibilidade, tornamos os nossos sábados simplesmente maravilhosos, rodeados de amigos verdadeiros. Engolir sapos é uma das mais abjetas coisas da vida. Conselho: junte-se aos amigos leais e sinceros e volte à prática do futebol de botão. Não deixe que eles vençam. Abração pernambucano.

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    1. Amigo Abiud,
      Eu ainda acredito que dá para reverter esse tipo de situação tão delicada. Afinal nós todos somos civilizados e gostamos daquilo que praticamos. Desde 2007, sempre que posso e tenho um tempo livre, estou praticando com o pessoal daqui de Santa Catarina, na regra de 12 toques. Mas, já não consigo ser competitivo, sendo apenas um figurante.
      Abração gaúcho/catarinense.

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  2. Meu amigo Sambaquy, escrevi um post em homenagem á todos os botonistas mas com o pensamento o tempo todo na sua LUTA.
    Abração
    BRASILEIRO.
    Rogérinho

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    1. Meu querido amigo Rogerinho,
      Fico feliz em saber que houve repercussão na coluna dessa semana, pois fatos isolados não devem persistir. Afinal, nosso esporte é um esporte que tem a obrigação de reunir amigos que acabam se tornando irmãos.
      Agradeço seu posto em homenagem aos botonistas e espero que tais fatos não mais se reproduzam nas futuras competições, pois o objetivo maior de todas elas é reunir amigos ao redor de uma mesa.
      Abração.

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  3. LH.ROZA...
    Meu amigo "AC.SAMBAQUY".
    Desculpe se já tenha lhe repassado esse texto, mas por ter participado da competição em CASCAVEL, onde conquistamos o 4º Lugar entre os SÊNIOR(es), possamos amenizar os acontecimento.

    "O Verdadeiro Mestre na arte do Futebol de Mesa faz pouca distinção entre a competição e o seu lazer.
    Ele dicilmente sabe distinguir uma coisa da outra. Ele simplesmente persegue a excelência em todos os seus lances, deixando para os outros a decisão de saber se ele está competindo ou se divertindo.
    Ele acha que está sempre fazendo as duas coisas simultaneamente."

    Volto dizer que a organização, foi nota 1000, desde a recepção,na distribuição de agua em forma gratuita, pois fazia muito calor, a preocupação com os presentes em diminuir suas despezas em alimentações, EU nunca tinha visto esse tipo de gentilezas, por todo esse tempo que temos participado de grandes eventos.

    Por fim, também acho que uma "VITORIA", vale muito menos que as "AMIZADES" conquistadas ao longo dos tempos.

    Até +

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    1. Meu querido xavante ROZA,
      Tenho certeza que o esforço do Rangel & Cia. foi exitoso e mesmo sem estar presente, pelas maniofestações lidas foram só elogios. Seu quarto lugar na competição valorizou a minha vitória, apesar do gol contra, no XXIX Centro Sul. Não estou tão fora de moda quanto pensava. Sobre o comentário que postas, dizendo que o verdadeiro Mestre de nosso esporte não faz distinção entre competição e lazer é veradeiro, mas há algo que deve permanecer para sempre entre botonistas: o respeito pelo adversário que é a pessoa que está do outro lado da mesa. Sem ele não haveriam disputas e ninguém conseguiria sagrar-se campeão. Respeito é a forma mais educada de manter uma amizade.
      Parabéns por mais esse troféu para a sua maravilhosa galeria. estás cada dia mais fera nas mesas. Joga tudo o que aparecer pela frente...

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