Até mesmo o Alex Degani deve ter
um adversário que engrossa o caldo contra ele. Pois bem, o meu sempre foi o
Roberto Grazziotin. Iniciamos juntos no ano de 1963, disputando os campeonatos
Bancário, Caxiense e da AABB. Ao todo, jogamos “oficialmente” dezessete vezes.
Na regra Gaúcha o predomínio sempre foi dele, mas na Brasileira deu-se o
reverso da medalha. No computo geral tenho sete vitórias, quatro empates e seis
derrotas.
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Grazziotin Jovem |
No primeiro campeonato bancário o
Grazziotin não obteve classificação, mas no certame da AABB ele começou a
mostrar as garras. Fui campeão com uma única derrota: 2 x 0 para o Pradense no
primeiro turno. No segundo turno um empate em 1 x 1. No caxiense de 1963 ele
não conseguiu classificação.
No ano seguinte (1964), o
Grazziotin foi o 3º colocado no campeonato bancário, tendo me vencido por 2 x
1. Já no campeonato da AABB ficamos empatados ao término do campeonato, o que
necessitou uma nova partida. Dessa vez a vitória foi minha por 3 x 1, e, com
ela consegui o bi-campeonato da entidade. Grazziotin seria o vice campeão. No
caxiense, nova vitória sobre o meu adversário, dessa vez por 2 x 0.
Em 1965, eu lutava pelo tri
campeonato da AABB, mas, com quatro derrotas (Vasques, Calegari, Fabião e
Grazziotin) tive de me contentar com o troféu de vice. Na ultima rodada, com o
Grazziotin já campeão, joguei bastante e o venci por 4 x 1. Mas não adiantou
muito, pois o troféu maior já era sua
propriedade. No bancário conseguimos ficar em quinto lugar, juntos. No caxiense
ele não teve classificação.
No ano seguinte, ficou sem
classificação no certame caxiense. Não conseguia ter bom desempenho quando
jogava fora da AABB, por isso nunca se classificava bem nos certames da cidade.
Também teve pífio desempenho no certame da AABB. Mesmo assim, nas quatro
partidas realizadas em 1966, duas partidas pelo bancário e duas pela AABB. Uma
vitória e uma derrota em cada certame.
No advento da Regra Brasileira,
que foi adotada em 1967, jogamos em 26 de março e empatamos em 3 x 3.
Após a mudança do tipo de botões,
da mesa maior, ele resolveu dedicar-se mais ao Aero Club de Caxias e ficou por
algum tempo sem jogar. Voltou somente em maio de 1973, com o seu temível Pradense.
Jogamos no dia 18, vitória do G. E. Flamengo por 1 x 0. No mês de junho, no dia
4, novo empate em 0 x 0. Voltamos a jogar em 10 de setembro, com nova vitória
do tricolor caxiense, dessa feita por 2 x 0. Nosso ultimo jogo foi realizado em
24 de novembro de 1973, com novo empate em 0 x0.
Realmente o Grazziotin sempre foi
um osso duro de roer. Defendia o seu Pradense, verde e branco de sua terra
natal: Antonio Prado, com a fleuma de um verdadeiro filho daquele torrão gaúcho.
A escalação de seu time sempre foi motivo de gozação, assim como o era o centro
avante do Vasques, chamado de CARDEAL. O eterno gozador Vicente Sacco dizia que
o Vasques dava banho de geléia real no centro avante, antes dos jogos.
Mas, a escalação do Pradense era
a seguinte: ROSPO, POLENTA E OZELETTI,
MINESTRON, IMBAMBIO E SALTA PLANTE, VIN DE CHIODO, FURBO, CUDEGHIN, FORMAIO
GRATÁ E MAL DE PANSA, o que traduzido para o nosso idioma daria, mais ou
menos o seguinte: SAPO, POLENTA E PASSARINHO, SOPÃO, ABOBADO E PULA
PLANTA (Macaco), VINHO DO PREGO (que fechava o orifício da pipa, para fazer a
prova), ESPERTO, EMBUTIDO DE PORCO (carne, pele, cabeça e temperos), QUEIJO
RALADO E DOR DE BARRIGA.
Acredito que essas lembranças
serão eternizadas, pois foram muitas as ocasiões em que jogávamos brincando, e,
assim solidificávamos a nossa amizade que veio dos bancos escolares. Grazziotin
e eu estudamos juntos na Escola Normal Duque de Caxias, e terminamos nosso
curso de 1954. Desde então, a cada comemoração organizada pelas meninas, nos
encontramos e podemos recordar esses momentos felizes que passamos, num tempo
muito mais seguro do que o atual. Apesar das dificuldades da época, pois
tínhamos de comprar os troféus, ora na Metalúrgica Triches, ora na Metalúrgica
Eberle (esses eram mais caros, apesar de serem mais bonitos), mandar gravar com
o Helio Mambrini e passarmos alguns meses namorando-os, para conseguir guardar
em nossas galerias. Não havia, naquele tempo, campeonatos disseminados como na
atualidade. Mas, graças a Deus, os amigos são guardados até hoje em nosso
coração. E Roberto foi um desses amigos que jamais se alterou em momento algum.
Sempre foi calmo de dedicado, um perfeito cavalheiro.
Até a semana que vem, se Deus
assim permitir.
É isso aí, amigão Sambaquy. Lembranças dos tempos que não voltam mais. O que vale mesmo é que temos muitas histórias para contar e que, no mínimo, servirão de exemplo para aqueles que nunca terão a felicidade de vivenciá-las, pois não integravam ainda o espaço cósmico, onde estávamos inseridos. Parabéns e continue com essas narrativas. Belas lembranças...
ResponderExcluirLH.ROZA
ResponderExcluirmEU amigo "AC.SAMBAQUY"...
Como me arrependo de não ter guardado os "planteis" e as "fotos" de tantas competições em que participa,ao longo dos tempos...
Em especial, aquele em Santana do Livramento, nas dependências do INSS, onde quem estava organizando era o próprio CUSTÓDIO...
Pois ficariam marcadas na HISTÓRIA do nosso lazer...o FUTMESA...
Até +