![]() |
Robson Bauer |
Conheci esse grande botonista por
ocasião dos festejos dos 45 anos da AFM. Pessoa de fino trato, afável,
respeitoso e correto, um desportista que mostrou sempre o seu valor nas mesas e
fora delas. Já nos encontramos diversas vezes nas realizações de competições de
futebol de mesa. A última vez foi em Salvador, quando, chegado do Aeroporto
subiu diretamente para a sala dos jogos, com a mala na mão, antes mesmo de registrar-se
no Hotel Sol Barra. A história desse grande botonista é quase idêntica a de
todos os demais.
Torneio 45 anos |
![]() |
Campeonato brasileiro 2012 junto de dois dos criadores da regra brasileira Sambaquy e Oldemar Seixas |
Inicia-se em Pelotas, com botões
de plástico, goleiros de caixa de fósforos, cheios de areia e enfeitados com as
cores dos clubes e com distintivos publicados por revistas. De Pelotas passa a
Santa Vitória do Palmar, já com botões puxadores de diversas cores, mas ainda
em cima de Estrelões. Nosso campeão era um tremendo negociante de botões, além
de fabricar em plásticos, usando tampas de fermento para moldá-los e depois
raspando nas calçadas até ralar as pontas dos dedos. Foi nessa época que um de
seus amigos ganhou de presente uma mesa de madeira, com goleiras fixas e
redinhas. Era o máximo para aquela garotada. Os Estrelões foram aposentados
sumariamente.
Em 1990, craque de futsal,
descobre que seus colegas Gute e Bebé jogavam futebol de mesa. Levado por eles
se encanta ao adentrar nas dependências da ASFM (Associação Santavitoriense de
Futebol de Mesa). Mesas enormes, botões uniformizados, sem riscos e ranhuras,
caixas sob medida para a sua guarda, bolinhas que não necessitavam ser viradas
para levantarem sobre os goleiros, tudo uma grande loucura! Soube que havia
fabricantes em Pelotas e solicitou ao seu pai que lhe trouxesse um time, pois
assim poderia participar dos campeonatos realizados. É presenteado com um time
padronizado. Seu pai trouxera de Pelotas um time branco e vermelho. Naquela
noite quase não consegue dormir, olhando para os botões empilhados na cabeceira
da cama.
Com eles participa ativamente,
assimilando a regra e os seus macetes. A ASFM realiza um torneio denominado
“Mergulhão” e, na ocasião, vários times são oferecidos à venda. Interessou-se
por um e antes de negociar solicitou a opinião abalizada dos mentores Guido
Garcia e Edison Rodrigues, os quais afirmaram que esse seria melhor do que o
que vinha usando. Com essa compra foi aprimorando seu estilo, com muitos
treinos e prestando atenção nas palavras do grande mestre Guido.
![]() |
Robson no tempo de jovem na ASFM / HPC |
Sua primeira participação fora
dos limites da ASFM se deu na cidade de Pelotas. Foi participar do torneio
“Circulão”. Nesse torneio, que marcou profundamente a sua vida, os vitorienses
trouxeram para sua galeria os três primeiros lugares: Guido seria o campeão,
Edison o segundo e ele, o terceiro colocado. Voltaram para Santa Vitória
sentindo-se campeões mundiais, tal a satisfação que tiveram.
Com outros rapazes de sua faixa
de idade, aprimorou seus treinamentos, cujos treinos começavam sérios, mas
acabavam em bagunça, geralmente quando o Guido e o Edison não estavam presentes.
O quarteto bagunceiro era formado por Morão (Moisés), Claiton, Cidio e Robson.
Assim conseguiu aprimorar sua técnica e elevou seu padrão para o que é hoje.
Quem quiser conhecer as diversas histórias desse quarteto terá de procurar os
Cromos do Gothe Gol, pois aqui faltaria espaço para reproduzi-las, sendo que
algumas delas são fantásticas. Aconselho a quem desejar dar risadas, que faça
essa procura e leia o cromo do Robson.
Seu grande incentivador foi
certamente essa figura maiúscula chamada Guido Garcia. Foi obra dele a mesa que
Robson levou para a sua casa, onde realizava grandes jogos com o seu irmão
Gelson e seu pai. Junto com Guido, participando em brasileiros, teve a
oportunidade de observar a plástica na modalidade lisos e se encantou. Ficava
extasiado, pois o jogo era praticado sem que houvesse as coberturas
tradicionais da modalidade livre. Em 1997, migrou para o liso, aconselhado por
seu pai que via nele a grande possibilidade de conquistas magníficas.
Em 1997 e 1998, nas cidades de
Aracajú (SE) e Rio e Janeiro (RJ) sagra-se campeão brasileiro na categoria
livre.
![]() |
Robson e o Mestre Guido |
Mas, com sua aprovação para a
Faculdade, diante da carga de estudos e com apertos financeiros, sua paixão
pelo futebol de mesa fica adormecida pelo espaço de dez anos. Após sua formatura,
migrou por diversas cidades, até se estabelecer em Lajeado. Em 2010, ao
tomar conhecimento da realização dos Jogos Abertos de Caxias, promovido pela
AFM Caxias do Sul, enviou um recado, o qual foi prontamente respondido pelo
Daniel Pizzamiglio, afirmando que ele seria muito bem vindo. Foi acolhido e
pôde realizar o desejo de seu pai, jogando somente a modalidade recomendada.
Infelizmente, nem tudo foi alegria nesse ano, pois seu querido pai sucumbiu
diante da doença que o acometia há dois anos. Foi uma perda irreparável para
ele e para todos de sua família.
Seu início foi arrebatador na
AFM, pois consegue vencer o Torneio Inicial e o estadual por equipes, jogando
pela sua Santa Vitória do Palmar.
Equipe campeã do estadual de lisos 2011 (Vinicius - Guido - Robson -Umberto) |
Em 2011, sagra-se Campeão
Caxiense, sendo o 17º nome a figurar no seleto grupo de campeões municipais.
Além disso, no XXIX Centro Sul, realizado e promovido pela AFM, fica com o
honroso vice-campeonato. Em 2012, torna-se campeão do Torneio de Inverno,
promovido pela AFM e Campeão do Centro Sul, realizado em Vitória. No ano
seguinte, consegue vencer e jubilar-se como campeão no tradicional Torneio
Primus, na AFM e, voltando ao botão cavado, mostra que quem foi rei, nunca
perde a majestade, vencendo de forma categórica o Lagoão, promovido pelo Grêmio
Esportivo Lourenciano.
![]() |
Campeão Centro Sul 2012 |
![]() |
Campeão do Lagoão 2013 |
Esse exemplo de campeão não fica
restrito somente a ele, pois está promovendo, em sua residência, campeonatos
para crianças, motivando seu filho Renan a lhe seguir os passos vitoriosos.
Parabéns a esse amigo vencedor,
sua esposa Luciana e ao nosso futuro campeão Renan.
![]() |
Robson ao lado de seus novos amigos da AFM Caxias - sua nova família |
![]() |
Mario Vargas(Campeão Centro Sul 2011) / Adauto Sambaquy / Robson Bauer (vice em 2011 e campeão em 2012 do Centro Sul) Nesta foto momento antes da decisão de 2011 em Caxias do Sul |
Até a semana que vem, se Deus
assim permitir.
Meu caro Sambaquy. As histórias dos verdadeiros botonistas se assemelham, mas são extraordinárias. O que se observa é que há a necessidade de se apaixonar pelo esporte para ir mais longe e assim poder fazer história. Aqui, no gueto do botãobol, não conseguimos expandir nossa modalidade, talvez pela grande dificuldade de adaptar locais para a sua execução. O botãobol é lindo, maravilhoso, sendo o verdadeiro futebol-de-botão-arte, sem falsa modéstia. Isso não impede de admirar as brilhantes performances de botonistas em todos os quadrantes desse Brasil. Um forte abraço pernambucano.
ResponderExcluirAmigo Abiud,
ExcluirHistórias de botonistas são parecidas, mas se constituem em caminhadas individuais com muita coragem e amor pelo que fazem. Robson é um rapaz que merece toda a consideração e respeito por tudo que tem produzido no futebol de mesa. Vem de uma escola maravilhosa de botonistas e está produzindo frutos, pois iniciou seu filho no futebol de mesa. Sei que ainda colherá muitos frutos em sua caminhada e a minha homenagem é pequena diante de seus feitos.
Abração gaúcho/catarinense.
Parabéns amigo Sambaquy por esta homenagem.
ResponderExcluirO Robson além de ser um grande desportista é daquelas pessoas que quando falamos pela primeira vez, parece que já conhecemos há muito tempo.
Joga muito e mantém a humildade de um grande Campeão, motivo pelo qual é muito respeitado e sempre tem a nossa torcida.
Enfim, trata-se daquelas pessoas que todo pai gostaria para genro (rsrsrs).
Grande abraço,
Carlos Kuhn
Meu amigo Kuhn,
ExcluirTambém penso assim. Caráter fantastico e uma pessoa humilde quando trata com os demais. Ele vem de uma escola formadora de grandes craques, comandada pelo grande Guido Garcia.
Grande abraço para você, meu idolo gremista.
Meu Deus......nao encontro palavras.....realmente vc é uma pessoa diferenciada, pois fazer esse tipo de homenagem é para poucos. Não sei se sou merecedor de tudo isso, mas agradeço muito, primeiramente em tê-lo conhecido onde nos tornamos amigos, mas preciso agradecer por esta ENORME homenagem.
ResponderExcluirAcho que teve ajuda de alguém por aí que já imagino quem foi, pois está muito rica em detalhes e trata-se de outra pessoa maravilhosa. Enfim.....repito, não sei se faço jus a tamanha homenagem, mas agradeço de coração. Obrigado a todos e espero reencontrá-lo em breve !!!!
P.S. Desculpe o português e a falta de concordância, mas balança muito a gente.
Meu amigo Robson. Só posso dizer que és merecedor de todas as homenagens possíveis, pois és um exemplo para todos os que tem o privilégio de te conhecer. Além de ser um campeão nato, tens a candura de agradecer uma singela homenagem. Realmente, depois de ter essa coluna publicada, quem está se sentindo jubilado sou eu, pois consegui emocionar o meu amigo. E, tenho a certeza, muitos outros botonistas estarão felizes em ler sobre você. Cada palavra é apenas uma minúscula oportunidade de mostrar um dos maiores botonistas de nosso país. Um abraço, meu amigo Robson.
ExcluirÉ difícil falar de uma pessoa como o Robson sem cometer o risco de ser injusto por esquecer algo. Um botonista excepecional - nas duas modalidades - humilde, educado, amigo... enfim... um grande caráter! E o Sambaquy consegue sintetizar tudo em poucas linhas. Com certeza pesquisou pois são muitos detalhes, realmente. O Robson é um filho do coração e isso diz tudo do que penso a seu respeito. Obrigado, Adauto, por essa linda e justa homenagem ao Robson!
ResponderExcluirMeu grande amigo Guido, o famoso Sargento Garcia. Quero que saibas que a grande motivação em escrever sobre o futebol de mesa aconteceu consigo, quando publicavas aquelas maravilhosas colunas no blog do Circulo Militar, de Porto Alegre. Senti que, com sua bondade, estavas eternizando nomes de alguns botonistas famosos e me inspirei em ajudá-lo a não deixar que, num futuro distante pudessem ser esquecidos. E Robson é cria sua, segue seus passos vencedores e isso me deixa feliz, pois posso dizer ao mundo que privo da amizade desses dois icones do futebol de mesa brasileiro.
ExcluirUm abraço meu querido amigo.
LH.ROZA
ResponderExcluirComo é reconfortante abrir o Notebbok, e ir direto procurar as novidades nessa "COLUNA", fazendo com que nos prenda aos mínimos detalhes, o que à faz mais intrigante pela riqueza de esclarecimentos as vezes esquecidos.
Bem dizer algo mais do ROBSON, talvez até possa me perder ou repetir o que já tenha sido dito.
Quando ainda participava do Dptº.de Futmesa do COP, lá em Pelotas, tivemos a grata supresa de ver alí suas primeiras grandes conquistas e iniciarmos uma amizade, nunca suplantada pela emoção de uma vitória nas mesas, mas passando admira-lo como pessoa.
Um abraço aos amigos SAMBAQUY e GUIDO por nos proporcionarem mais uma bela pagina da HISTÓRIA desse nosso lazer....
ROBSON ..como diz o DANI "TAMO JUNTO"...
Meu amigo Roza. Como foi dito, a primeira grande conquista fora de casa foi no COP, em PELOTAS, sob a sua batuta. As histórias de grandes botonistas são sempre assim, mescladas por acontecimentos que nos fazem viajar no tempo, em busca de lembranças agradáveis e imorredouras.
ExcluirUm abração.