segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Caxias do Sul sediou o terceiro brasileiro de futebol de mesa. 1972.


Já haviam sido jogados dois campeonatos brasileiros, um em Salvador e outro em Recife. Eram campeonatos em que as disputas eram por equipes e individual. O campeonato por equipes não atraia tanto quanto o individual, pois, hoje em dia não se fala que a equipe da Bahia foi a primeira campeã em 1970 e a equipe Pernambucana, em 1971. Fala-se sim que Atila Lisa, de Sergipe e Roberto Dartanhã da Bahia foram os campeões brasileiros desses anos.

Havia também a dificuldade financeira, coisa muito comum entre os praticantes da modalidade, pois sem patrocínio algum, tinham de bancar suas viagens e estadias. Isso estava esvaziando o terceiro brasileiro, pois muita gente não suportaria uma viagem longa até o Rio Grande do Sul, em pleno inverno, para jogar botão.

Foi então que resolvemos mudar o sistema. De acordo com o presidente do Conselho Municipal de Desportos de Caxias, Mário de Sá Mourão, decidimos que as vagas seriam apenas duas para as grandes agremiações. Duas para a Bahia, duas para Pernambuco, duas para Sergipe, duas para Paraíba, duas para Alagoas , duas para o Rio de Janeiro e duas para Santa Catarina. Mas, como a Regra Brasileira estava começando a ganhar espaço no Rio Grande do Sul, abrimos vagas para as cidades que a praticavam. Seriam também duas vagas para cada cidade. Todas as cidades que adotaram a regra brasileira estiveram presentes no Ginásio de Esportes da AABB, gentilmente cedido pela sua diretoria.

Foram dois dias de disputas acirradas, com os caxienses Vanderlei Duarte e Marcos Fúlvio de Lucena Barbosa representando a Liga Caxiense de Futebol de Mesa.

A partida final do certame reuniu Antonio Carlos Martins, do Rio de Janeiro e Orlando Nunes, da Bahia. A vitória foi do representante carioca, que jogou muito bem e conseguiu minar a paciência e a calma do representante baiano.

A partir desse campeonato só foram realizados campeonatos individuais. Isso fazia com que as delegações fossem menores e ficassem com mais facilidade de locomoção. Mesmo assim, foram necessários quatro anos para a volta dos campeonatos brasileiros. Este quarto campeonato aconteceu em Jaguarão, aqui no Rio Grande do Sul. Novamente a Bahia estava no topo, com Giovani Pereira Moscovits em primeiro e Hozaná Sanches em segundo. Nesse evento foi fundada a Associação Brasileira de Futebol de Mesa, presidida por Jomar Antonio de Jesus Moura e tendo como conselheiros Marcos Antonio Zeni e Adauto Celso Sambaquy.

Em 1978, o Rio de Janeiro promoveu o quinto campeonato brasileiro, tendo na final o baiano Jomar Antonio de Jesus Moura logrado o título maior, ficando o caxiense Marcos Fúlvio de Lucena Barbosa com o vice campeonato. Caxias do Sul, que já havia colocado Jorge Alberto Compagnoni e Airton Dalla Rosa como terceiro e quarto lugares no primeiro campeonato, voltava a escrever seu nome na galeria dos melhores botonistas brasileiros.

No ano de 1979, Vitória, no Espírito Santo, debutante do futebol de mesa na Regra Brasileira, realizava o sexto campeonato brasileiro. José Inácio dos Santos, de Sergipe e Átila de Menezes Lisa, também de Sergipe conseguiram serem campeão e vice. Nesse campeonato, esse colunista chegou em sétimo, tendo sido eliminado nas semi finais pelo Átila, que marcou o gol com um zagueiro que jogou goleiro, bolinha para dentro do gol. Foi um jogo parelho, tendo chutado uma bola na trave e uma na quina do goleiro do Átila. Na única bola que ele teve chance, fez o gol que lhe concedeu o a oportunidade de ser finalista. Por pouco eu não cheguei lá.

Em 1980, Pelotas sediou pela primeira vez a competição. Julio Cesar Albuquerque Nogueira, do Rio de Janeiro, foi o campeão brilhante, tendo Jomar Antonio de Jesus Moura ficado com o vice-campeonato. Neste ano eu fui eleito o presidente da Associação Brasileira de Futebol de Mesa, a qual em poucos anos daria lugar à Confederação Brasileira de Futebol de Mesa.

Para que a Confederação Brasileira de Futebol de Mesa pudesse ser criada teve de haver a aproximação com as entidades de regras diferenciadas da Regra Brasileira. Estive diversas vezes em São Paulo, no Rio de Janeiro, em Curitiba e em Brasília, fazendo uma campanha de aproximação e conseguindo amigos maravilhosos que perduram até os dias atuais. Desse esforço preliminar houve um esforço conjunto que propiciou ao CND o reconhecimento do futebol de mesa como esporte e aceitação de três regras como válidas.

Semana que vem voltarei a conversar com vocês. Garanto que ainda há muita história a ser contada. Um abraço.

Sambaquy

2 comentários:

  1. É com grande satisfação que leio esta brilhante narrativa que relata os primordios de nosso esporte, e a conclusão é límpida e criatlina, homens como Sambaquy plantaram uma semente poderosa chamada organização, esta base até hoje é referencia para os passos que a FGFM e a CBFM executam. O Rio Grande do Sul como não poderia deixar de ser, deu na origem mostras de seu poder de organização e amor por este esportè.
    É um grande prazer estar em contato com este grande amigo de meu pai.
    Paulo Roberto Schemes

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  2. LH.ROZA-JOINVILLE-SC...
    Comentar sua participação na história do Futmesa nos faltaria qualificativos,certa vez fomos apresentados ainda em Pelotas,por tudo o que VC.fez por esse nosso apaixonante lazer. É uma grande satisfação manifestar nosso respeito a esse ícome do FUTMESA. Um forte braço

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