segunda-feira, 30 de agosto de 2010

1973 – O GRANDE ANO DA REGRA BRASILEIRA NO RIO GRANDE DO SUL.


Apesar de haver sido iniciada a pratica da Regra Brasileira, no Rio Grande do Sul, em 1967, o ano de 1973 foi quando a mesma tomou o impulso que a fez solidificar-se no território sulista.

Entre 1967 e 1973, a Liga Caxiense de Futebol de Mesa realizou diversas demonstrações de nossa maneira de jogar, em diversas cidades do estado. Ao mesmo tempo, recebíamos visitas de interessados em praticar e divulgar o esporte. J.A. Chiachio de Arroio Grande, R.Goulart, Breno Mussi e J. Nascimento de Canguçú, Carlos A. Domingues de Lagoa Vermelha, Valdir Szeckir de Porto Alegre, J.Pedro Cavalli de Veranópolis, Fausto Borges de São Leopoldo, Raul Machado Ferraz de Campos de Giruá, foram alguns que estiveram em terras caxienses jogando na Regra Brasileira. Nesse período, visitamos diversas cidades que desejavam conhecer o moderno futebol de mesa brasileiro: Canguçú (duas vezes), Cachoeira do Sul, Flores da Cunha, Porto Alegre e Pelotas foram algumas que receberam elementos da Liga Caxiense.

Há um fato curioso sobre a nossa segunda viagem a Canguçú. Estávamos jogando a nossa rodada no Recreio Guarany, num sábado, dia 14 de junho de 1969, quando tivemos a idéia de sugerir uma visita a nosso amigo e irmão Vicente Sacco Netto que havia sido transferido para aquela cidade. Terminamos os nossos jogos e reunimos o pessoal que estava disposto a enfrentar essa aventura. Já era noite. Com dois motoristas e seus fusquinhas (Sambaquy e Calegari), reunimos o Airton, o Paulo Valiatti, o Boby Ghizzoni, o Oswaldo e o José Machado que era então o presidente da Liga.Realmente foi uma aventura pois o Calegari nunca havia saído da cidade, não conhecendo estrada alguma. Viajamos a noite inteira e, exatamente às seis da manhã de domingo parávamos à frente da casa do Vicente. Tiramos o nosso amigo da cama, e ele teve de patrocinar o café da manhã para todos nós, que estávamos morrendo de fome. A seguir, ele reuniu os praticantes da cidade e fomos jogar o segundo torneio Canguçú x Caxias do Sul. O primeiro foi vencido por esse colunista e o segundo pelo Boby Ghizzoni, com seu Internacional, cujo goleador era o Bráulio. Era um espetáculo ver quando ele marcava gol, pois o Boby dava duas voltas ao redor da mesa soltando foguetes com a boca e gritando gol de Bráulio......Braulioooooooooo.

A tardinha, depois de havermos nos alimentado, iniciamos o retorno. Noite escura e eu vinha sempre à frente, pois o Calegari nada conhecia. Em determinado ponto falei ao Boby que vinha ao meu lado: -O Calegari não está mais nos seguindo.... O Boby disse: -Quem sabe ele já passou por nós? -Não pode. Ele não conhece a estrada. Voltei com o carro e nada de encontrar o pessoal. Andei alguns quilômetros e retornei rumo a Porto Alegre. E nada do Calegari. Chegamos em Caxias e eu entreguei cada um em sua casa, fui para casa descansar e no outro dia fui trabalhar. Mas o Calegari não apareceu. A mãe do Paulo Valiatti queria saber do filho, o Oswaldo deu uma desculpa na Exatoria sobre a ausência do Machado. E assim passamos o dia em aflição. À tarde, depois do expediente do Banco reuni o Boby, o Oswaldo e o Airton e fomos até Galópolis, na esperança de encontrar o pessoal. Estávamos com o coração nas mãos, quando, aparece o fusquinha azul do Calegari. Saimos para o meio da estrada e o Calegari quase nos atropela. Então veio a explicação. O carro quebrou e eles não quiseram ficar na estrada, empurrando o carro por uma estradinha que dava para um vilarejo. Dormiram no carro e no dia seguinte conseguiram um mecânico que consertou o carro e voltaram para casa. Felizmente o Machado conhecia bem a estrada e serviu de guia ao Calegari, pois, caso contrário, estaríamos procurando por eles até hoje. Naquela noite eu dormi tranqüilo, mas afastei de minha cabeça essas idéias malucas de viagens inesperadas.

Voltamos ao ano de 1973.

Nesse ano estávamos situados na Avenida Julio de Castilhos, número 1614 – conjunto 81/82 – oitavo andar, do Edifício Martinato. Lá recebíamos nossos visitantes e disputávamos o nosso campeonato mais aguerrido até então. Em maio desse ano recebemos um botonista cabeludo, conversador, boa praça, companheirão que jogava com o Vasco da Gama. Seu nome: Luiz Ernesto Pizzamiglio, que após alguns meses tornar-se-ia um famoso e imbatível adversário, conseguindo, por isso, o título de Deca-campeão caxiense. Dificilmente alguém conseguirá superar esse feito. Em agosto, fomos convidados para a inauguração do novo clube de futebol de mesa, presidido por Oldemar Seixas, em Salvador (Bahia). Seguiram, via Varig, Adaljano Tadeu Cruz Barreto, Airton Dalla Rosa, Sérgio Calegari, Mário de Sá Mourão e Adauto Celso Sambaquy. De 13 a 17 de agosto ficamos na Boa Terra mostrando nossa técnica e aprendendo com grandes mestres a arte de catimbar no futebol de mesa.

Nosso campeonato seguia a todo vapor e tínhamos diversos candidatos ao cetro máximo.

O ano estava findando e novembro nos trazia grandes novidades: A primeira foi a realização do primeiro Torneio Proclamação da República, patrocinado desde aquela época até os dias atuais pelo fundador: Marcos Antonio Zeni. Fui o feliz primeiro campeão desse ambicionado torneio, cujo troféu é guardado com imenso carinho em minha galeria. Mas, novembro era um mês que ficaria na história do futebol de mesa gaúcho. Em Canguçú, no Clube Harmonia, foi realizado o primeiro campeonato estadual de futebol de mesa na Regra Brasileira. E a Liga Caxiense esteve presente. Nessa ocasião foi, por sugestão nossa, criada a União das Ligas de Futebol de Mesa do Rio Grande do Sul, embrião da FGFM. Por indicação do botonista Talai Djalma Silister essa entidade teria sua sede em Caxias do Sul, para a glória de nossa Liga, sendo eleito seu presidente o nosso Marcos Antonio Zeni.

Em 30 de novembro de 1973, deixei a cidade de Caxias definitivamente, transferido que fora para Brusque (SC). Com isso a minha participação no campeonato ficou bastante prejudicada, pois realizava meus jogos de quinze em quinze dias, sendo que deveria efetuar diversas partidas atrasadas, tentando colocar em dia os meus compromissos. No final fiquei em terceiro lugar. Suado, mas valioso como todas as demais colocações que consegui em minha carreira.

Na semana que vem tem mais um pouco de história.

Até lá, e, paz profunda a todos vocês.

Sambaquy

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