segunda-feira, 11 de outubro de 2010

UMA VOLTA SEM MUITA CONVICÇÃO.


Bem, como diz o ditado: água mole em pedra dura, tanto bate até que fura. Os convites eram semanais. Todo o final de semana o telefone avisava que haveriam jogos na casa do Oswaldo. Até que no dia 1º de agosto de 2007, para não ser indelicado eu fui até lá. Estavam o Bartô (o Bartolomeu, o porto-alegrense que havia me descoberto aqui em Balneário) e o dono da casa, o Oswaldo. Eu havia recebido alguns times de amigos de São Paulo. Só que estavam em desacordo com a evolução do futebol de mesa usado na regra de 12 toques.Eram menores que os atuais. Mesmo assim fui praticando e voltando aos poucos sentindo a emoção de estar dominando meus craques. Meus adversários eram feras que estavam jogando há bem mais tempo, inclusive treinando regularmente sempre que possível.

Sem pressa fui voltando a jogar. As feras que praticavam o futebol de mesa, na regra de 12 toques eram incríveis. Ivo Castro era insuperável, Marcelo Índio era um estrategista, Joel, Oswaldo e Bartolomeu, junto com Guilherme Mello (gaúcho e gremista), Fernando Castro, Renan, Marcelo Heusi, Rubens Olinger eram as presenças constantes na então Atlântico Sul Futebol de Mesa, que sucedeu a Beira Mar, pois a alusão ao nome ligava ao famigerado bandido/traficante brasileiro. Foi então que apareceu um gaúcho marrento chamado Luiz R. Arruda, que jogava na regra Gaúcha. Pediram que eu fosse o adversário nessa primeira partida, a qual foi a única que consegui ganhar dele.

Logo, logo estava jogando como se fosse praticante há muitos anos da regra. Joga com a Seleção Brasileira, e seu goleador é o Zé. Lembrou-me o Boby Guizzoni, pois passa a partida inteira narrando o jogo, e quando marca um gol é um espetáculo, pois grita: é do Zé, é do Zé, é do Zé... Isso sempre me ajudou com a convicção que os gaúchos sabem jogar futebol de mesa por intuição, pois acostumam-se a qualquer regra com facilidade.

Em janeiro de 2008, com a colaboração da Prefeitura de Itajaí, já que estávamos jogando naquela cidade, em uma sede maravilhosa, alugada em um clube de snooker, realizamos os Jogos de Verão, com a participação de várias entidades brasileiras. As cidades catarinenses que atenderam ao chamamento do Atlântico Sul foram: Blumenau, Gaspar, Joinville, São Bento do Sul, Brusque e Itajai. Representantes do Rio Grande do Sul (Willian) e São Paulo (Izo e Michilin) traziam sua experiência e mostravam como se deveria jogar nessa regra tão disputada. Nessa ocasião aparecia na sede um rapaz, gremista fanático, professor, chamado Maurício, também gaúcho de nascimento e que jogava muito futebol de mesa. Começavam também a jogar constantemente, Jeferson, André Pinheiro, Thiago. Foi um torneio bem interessante e mostrou a força que o Atlântico Sul estava adquirindo. Surge também o Sidney, um corintiano de quatro costados que passa a jogar constantemente e se tornar um grande nome entre os itajaienses.

Em maio de 2008 tive mais uma parada com o futebol de mesa. Minha filha, com oito meses de gestação, acabou perdendo seu primeiro filho. Seria um menino e eu já havia comprado um time para meu neto. Pela forma do acontecido não tive condições de voltar a jogar por muito tempo. Os amigos, que jogavam comigo, me confortavam da melhor maneira possível, mas a dor era muito grande e não conseguia encontrar forças para me divertir.

A maneira de fazer voltar foi realizarem um campeonato com o meu nome. Já haviam realizado em 2007 e voltavam a fazer em 2008. Com isso me fizeram comparecer para entregar os troféus aos vencedores. Já estávamos em novembro de 2008, quando estive entre eles para essa homenagem. Concederam-me um troféu como homenagem.

Depois disso tive esporádicas passagens entre eles. Em fevereiro de 2009, voltando somente em outubro do mesmo ano.

Em 2010, agora amparados pelo Marcilio Dias, tradicional clube de futebol de Santa Catarina, conseguiram me fazer retornar ao clube. Participei em março da primeira rodada do primeiro turno da série B, Foi desastrosa a participação, com quatro derrotas e um empate. Em abril, os jogos foram mais equilibrados, com três vitórias e duas derrotas. Em maio, as coisas começaram a tomar rumo: cinco vitórias e uma derrota. Em agosto, quatro vitórias e uma derrota que me deram o vice-campeonato e o meu primeiro troféu conquistado na mesa, após 26 anos sem jogar para valer.

Em junho, o segundo clube de futebol de mesa da cidade, o Itajai Futebol de Mesa, realizou nas dependências do Pavilhão da Marejada, o campeonato Brasileiro por equipes, reunindo mais de 200 praticantes. O pessoal do Marcilio me fez participar da equipe, mais como um talismã do que um jogador, pois estou muito longe dos bons tempos em que podia enfrentar qualquer adversário. Joguei duas partidas, contra representantes do C. R. Flamengo, do Rio de Janeiro, e perdi as duas. O que mais me alegrou foi reencontrar amigos de longa data e poder abraçá-los novamente. Estavam por lá o José Jorge Farah Neto(Presidente da Confederação Brasileira de Futebol de Mesa), o Huratian Muradian eterno presidente do Clube Maria Zélia. Só isso valeu muito para mim, pois considero o futebol de mesa pelas amizades conquistadas. Encontrei o Élvio José de Souza, o Paulo Michilin, e tantos outros personagens que fazem nosso esporte ser o que é na atualidade.

Estava preparando o meu coração para participar das festividades dos 45 anos da minha amada AFM Caxias do Sul. Sabia que a coisa iria pegar em Caxias e para isso tinha de estar forte e com o coração em dia para poder agüentar o tranco. Afinal, era comemorado quarenta e cinco anos de nossa atitude corajosa de criar uma entidade para coordenar o futebol de mesa de minha cidade natal.

Mas, isso fica para a semana que vem.

Por agora, meu abraço a todos vocês que gostam das histórias do futebol de mesa.

Sambaquy.

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