segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

MEU PRIMEIRO G. E. FLAMENGO


Ao disputar o meu primeiro campeonato na AABB, meu time era o quadro campeão de 1947, cuja fotografia do time do G. E. Flamengo eu havia ganhado.

Tinha muito orgulho daquele time, pois conhecia todos os jogadores e era amigo de alguns deles. O goleiro era o Ary Hoffmann, nascido no natal de 1926 em São Francisco de Paula. Ele chegou a jogar no Juventude em 1943, em 1944 no Grêmio Leopoldense, vindo posteriormente para o Flamengo. Ganhou dois títulos citadinos. Os zagueiros eram o Ariosto Azambuja, um vacariano que começou a jogar pelo E. C. Brasil, daquela cidade, e Ary Detânico, oriundo do Pombal (da várzea), e que também possuía dois títulos da cidade.

O lateral direito era o Manuel Duarte (Dadá, apelido igual ao meu) que era porto-alegrense e veio do S. C. Internacional. O centro médio era o cerebral Mário Machado, natural de Cachoeira do Sul e havia jogado no G. A. Eberle, um jogador que conseguia jogar macio e sempre estava com a bola. O lateral esquerdo era Armando Mano, também de São Francisco de Paula e começou sua carreira jogando pelo Riograndense, da várzea de Porto Alegre. Em 1945 atuou no S. C. Internacional e de lá, veio para o Flamengo.

O ponteiro direito era o Flávio Vieira (Chicão), tio do meu amigo Rudy Vieira. Chicão começou a jogar no Az de Ouro, em 1945 e 1946 jogou no Juventude e de lá para o Flamengo. Nestor Ruggeri (Alemãozinho) era o ponteiro esquerdo e nasceu em Novo Hamburgo, começando a sua carreira no E. C. Floriano, atuando pelo Juventude de 1943 a 1946, vindo em 1947 para o clube grená. Wilson Paulo Escobar (Zizinho) era com Machado o cérebro do time. Nasceu em Porto Alegre e começou jogando no São Lourenço, da várzea, depois jogou pelo Internacional vindo finalmente para Caxias, defender o Flamengo. Sady Costamilan era o ponteiro esquerdo e caxiense, como seu irmão Lady Costamilan, meio campo, começaram no G. A. Eberle, em 1943, passando para o Pombal em 1945 e desde 1947, no tricolor caxiense. Rodrigues Paim (Pavãozinho) era o reserva da ponta direita, Walter Penha, que também começou no S. C. Internacional era reserva da defesa. Com ele o Higino Detânico, irmão do Ary, que também jogava no meio campo.

Ainda contava com o Natalino Viecelli (Passarinho), natural de Campos Novos e que jogou no Tupy, da várzea e de lá se transferiu para o Flamengo.

O bonito de tudo isso é que a gente conhecia todos os jogadores, encontrando-os pela cidade. E assim foi por muito tempo. O Ary Hofmann tinha uma frota de ônibus, que faziam a linha para São Francisco de Paula, e morava perto do campo do Fluminense, local onde se encontra a atual Prefeitura Municipal. O Ary Detânico era taxista. O Chicão era padeiro, e dos bons. O Sady e o Lady trabalhavam na Prefeitura, que ficava ao lado do colégio onde eu estudava. O Alemãozinho era motorista de caminhão. O Higino Detânico era policial rodoviário, e, o Penha, sapateiro, que muitas vezes consertou meus sapatos e chuteiras. O Passarinho era uma figura espetacular e muitas vezes nos encontrávamos na sede do Vasco da Gama, ainda na Moreira César, quando íamos jogar futebol de mesa.

Eu conseguia transferir para os botões a minha admiração por aqueles jogadores amadores, que defendiam o meu clube do coração. Acredito que foi uma época em que podíamos sentir a emoção de ser treinadores de gente que víamos jogar todos os domingos.

Escrevo hoje sobre o meu primeiro time de botão, pois recebi de um amigo de Brasília, amante do futebol de mesa: José Ricardo Caldas e Almeida, uma consulta feita, via Internet no Jornal Vida Esportiva de 1949, que circulava na cidade de Caxias do Sul, dados sobre os jogadores que pertenciam ao clube que me colocou no futebol de mesa, pois foi com ele que iniciei a minha caminhada em 1963. Com isso, fiz uma verdadeira viagem no tempo e voltei a morar na rua Alfredo Chaves, número 816. Percorri as ruas que iam até o campo do Fluminense, ladeando a chácara da Família Eberle, para assistir um Fla x Flu regional, tipicamente gauchesco, sem a pompa do Fla x Flu carioca, mas de igual emotividade. Depois descia a rua e ia até o campo do Juventude, tendo de passar por uma pinguela para chegar até a entrada toda de madeira. Quantas vezes íamos até o Mato Sartori, pulávamos a cerca de trás, e, sorrateiros assistíamos partidas maravilhosas.

Depois desse Flamengo, eu modernizei outras equipes. Sempre com jogadores tricolores. Quando venci o campeonato de 1969, meu goleador era o Jarinha, e a equipe tinha a seguinte escalação; Bagatini, André, Sergio, Roberto e Paulinho, Enio Chaves e Gaspar, Sidnei, Caio, Jarinha e Tecchio. Como reservas o Zé Roberto, Trava e o Taquari. Baita timão que enfrentava qualquer um e acabou campeão caxiense.

Essas são coisas que podemos sonhar, por que o futebol de mesa nos permite. Lembro ainda que quando o Paulinho foi contratado pelo Internacional de Lages (SC), veio jogar em Brusque. Com ele estavam o Iura e o Loivo, craques renomados que defenderam o Grêmio Porto Alegrense. Conversando com eles o Paulinho fez questão de dizer que era o meu lateral esquerdo. Depois do jogo fomos todos tomar umas geladinhas, no bar da frente do estádio do Carlos Renaux.

Bons tempos e bons amigos que só o futebol de mesa consegue conservar.

Até a semana que vem.

Sambaquy.

Nenhum comentário:

Postar um comentário