domingo, 9 de dezembro de 2012

RESCALDO DO BRASILEIRO


Li e concordo com o que o Pedrinho Hallal escreveu sobre o rescaldo do brasileiro de Salvador.
Entretanto, acrescentaria um detalhe que para mim se torna importante ser observado. A aclimatação de nossos botonistas ao calor infernal que há durante o ano inteiro na região nordeste do país.
Vejam que os times brasileiros de futebol, quando devem jogar na Colômbia, Venezuela, Peru e Equador, ou se deslocam com alguma antecedência para se ambientarem ao fator altitude, quando a bola rola com mais velocidade, quando a respiração se torna mais pesada, quando as pernas não obedecem ao comando do cérebro ou, então, chegam em cima da hora. Mesmo com todos esses cuidados, geralmente na metade do segundo tempo estão apenas se arrastando em campo e, caso do Grêmio contra o time O Milionários, sofrendo gols no final da partida.
A mesma coisa aconteceu com os nossos botonistas que sofreram com o calor demasiado, já que estão acostumados ao nosso clima. E tudo isso em uma sala fechada, sem a mordomia do ar condicionado que funcionou nos primeiros dias e, devido ao resfriamento do ambiente, provocou condensação de vapor e formação de gotículas de água que prejudicavam as mesas. Com isso, o ar condicionado foi desligado e o calor se tornou um grande inimigo de todos nós. Para os nordestinos, acostumados com o calor, nenhuma diferença.
Para ilustrar, em meu primeiro jogo contra Jair, da Bahia, ainda com ar condicionado funcionando, o mesmo jogou com uma camisa de lã por baixo da camisa da Federação Baiana. Para ele estava frio, ao passo que eu suava por todos os meus poros.

E nossos botonistas chegaram horas antes do início do campeonato. Lembro ainda de que, durante o certame por equipes, encontrei o Robson Bauer, ainda de mala em punho subia as escadas da sala de jogos, ansioso para assisti-los e mesmo para tentar treinar em uma das mesas que estavam à disposição. Com exceção de quem chegou alguns dias antes do início, (três ou quatro botonistas) todos os demais chegaram quase na hora de colocarem seus times em campo.
As mesas, feitas com madeira nobre podem até ser um diferencial, mas temos mesas maravilhosas em Caxias, as quais não ficam devendo nada para as da Bahia.
Acredito que na realização do próximo Brasileiro, dessa vez no Paraná, alguma coisa mudará nesse sentido, pois o clima é mais próximo do nosso e, para eles, se houver uma queda de temperatura, terão as mesmas dificuldades que encontramos em sua terra.
Jogando no sul, por cinco vezes os baianos conseguiram lograr êxito, a saber: em 1976, em Jaguarão, o Giovani Pereira Moscovits foi o vencedor. Depois dele, em 1981, em Brusque (SC), Hozaná Sanches; 1996, em Pelotas, Diógenes Motta; 2001, em Porto Alegre, Rogério N. Horta e em 2004, em Florianópolis, foi a vez de Edenílson Tosta Santos laurear-se campeão. As demais conquistas baianas foram em terras nordestinas, assim como todos os demais campeonatos levantados por sergipanos, pernambucanos e potiguares. Isso sem falar nos cariocas, pois também são acostumados com o calor.
Acredito que teremos de, caso pensemos em conquistar o título máximo do botonismo brasileiro, fazer uma temporada de férias no nordeste e nos acostumarmos com o calor para que nos dias de jogos sintamos menos dificuldade em relação à temperatura.
Quando estivemos em Salvador, em 1967, no trabalho de construir a Regra Brasileira, nossa permanência foi do dia 7 até o dia 22 de janeiro. Os melhores jogos foram após a primeira semana de permanência na Boa Terra. Nos últimos dias, não sentíamos mais o calor abrasador, pois acostumamos com ele. Quem sabe seja essa a solução que todos nós procuramos e que, se tivermos condições, poderá ser a nossa válvula de escape para conseguir atingir o nosso ideal. Botonistas de grande valor nós possuímos e nada ficam devendo aos nordestinos. Eu ainda acredito que poderemos alcançar êxito, realizando algo parecido com a idéia que estou expondo a todos vocês.
Se alguém contestar, dizendo que tivemos um campeão brasileiro já nessa edição, devo informar aos meus leitores que o DNA do nosso querido Pica Pau é baiano também, pois seu pai é de Alagoinhas. E quem tem DNA baiano já joga futebol de mesa no berço.

Até a semana que vem se Deus assim permitir.

Um comentário:

  1. Meu caro Sambaquy. Vocês, gaúchos, devem ter sofrido um bocado com esse nosso calor nordestino. Imagino a torradeira. Como a "bola" é um disco, talvez fosse mais interessante que o evento fosse realizado em recinto aberto, tipo galpão ou mesmo um ginásio, mesmo assim ainda seria um tanto quanto amargo. Um período de adaptação seria interessante, mas o problema poderia ser evitado mesmo, se o campeonato fosse realizado nos meses de junho e julho (temperaturas mais amenas). Fica a sugestão para os próximos. Um abração pernambucano bem caloroso.

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