segunda-feira, 15 de setembro de 2014

O SONHO É REAL: SOMOS CAMPEÕES

Logo (e) da antiga Liga Caxiense de Futebol de Mesa que em 2005 torna-se a AFM Caxias
Quando iniciamos a caminhada em torno do futebol de mesa, tínhamos um pequeno sonho: jogar contra pessoas de outra cidade. Na época, sabíamos que Porto Alegre, a nossa capital detinha a Federação Riograndense de Futebol de Mesa. E de lá, através das notíciais veiculadas na imprensa, conhecíamos os nomes de Lenine Macedo de Souza, Sérgio Duro, Claudio Saraiva, Renato Ramos, Paulo Borges, Gilberto Ghizi, o que fazia alimentar o desejo de intercâmbio. Isso foi conseguido quando fundamos a Liga Caxiense. Organizamos um Torneio de inauguração e trouxemos o botonistas porto-alegrenses para nos ensinar a malandragem que possuíam.
O sonho continuou, pois em contato com esses amigos tomamos conhecimento de outros centros, onde o futebol de mesa era praticado constantemente. Foi então que surgiu a Revista do Esporte com a reportagem que mudou o futebol de mesa brasileiro. Um baiano escreveu que a Bahia dava lições de futebol de botão. E para melhor ilustrar sua ousadia, colocou seu endereço no término da reportagem.
Choveram cartas para seu endereço das mais diversas regiões do país, inclusive a minha carta, pois achava uma ousadia dizer que davam lições, já que nós possuíamos a primeira Federação criada no país. Eram outros sonhadores que, como nós, desejavam conhecer e jogar contra adversários de outros lugares.
Na troca dessas correspondências que iniciaram em 1965, uma amizade solidificou-se para sempre. Oldemar Seixas tornou-se o irmão que não tive em minha família. Ao comemorar o nosso primeiro aniversário, em junho de 1966,organizamos o Torneio de 1º aniversário da Liga Caxiense de Futebol de Mesa. Convidamos o pessoal da Federação, gente de Rio Grande, Pelotas, São Leopoldo e, ousadamente, enviamos convite para Salvador na Bahia. Convite que foi aceito e que originou a ideia da criação da Regra Brasileira.
O sonho tomava maiores proporções. Já não pensávamos só em jogar contra outros adversários gaúchos. Agora, tínhamos baianos em nosso caminho. E, através deles, soubemos onde encontrar cariocas, pernambucanos, paraibanos, sergipanos que faziam grandes competições chamadas Nordestões. Era pensar em algo muito maior do que aquilo que havíamos sonhado no início de nossa caminhada. Mas faltava uma Regra que fosse aceita por todos, pois sonhar em jogar era possível, mas cada um tinha sua regra regional. Foi então que surgiu o movimento que criou a Regra Brasileira, cujos seis componentes de comum acordo apararam as arestas de duas principais regras disputadas no paÍs: a baiana e a gaúcha. Em janeiro de 1967, essa parte do sonho foi concluída e foi dada a largada para que o movimento se solidificasse e unisse brasileiros de todos os quadrantes do país.
Em 1970, três anos depois da criação da Regra Brasileira, iniciou-se a disputa de campeonatos brasileiros. Caxias do Sul foi o polo centralizador da Regra Brasileira no Rio Grande do Sul. Foi um trabalho gigantesco, pois a Federação Riograndense continuava sua caminhada e não nos aceitava. Afinal, ela era a mantenedora do esporte no estado: era a Federação que deveria gerir os destinos do futebol de mesa. Mesmo assim, contra tudo e contra todos, continuamos nossa luta. A Regra Gaúcha usava botões cavados, nós usávamos botões lisos e jogávamos em campos muito maiores em tamanho. Fomos perseverantes e conseguimos vencer, pois aos poucos a beleza e plasticidade da Regra Brasileira ganhou adeptos e foram se formando núcleos, aonde a Regra Brasileira ia sendo difundida. Só que os botonistas gaúchos e cariocas não viam com bons olhos os botões lisos. Aos poucos foram aparecendo botões cavados entre os padronizados. Primeiro os defensores e, finalmente, os atacantes. Criou-se, com isso, uma nova modalidade que passou a chamar-se livre, pois os botões poderiam ser lisos ou cavados. Vários campeões brasileiros jogavam com times mesclados. A partir de 1972, quando realizamos o campeonato Brasileiro em Caxias do Sul, Antônio Carlos Martins, do Rio de Janeiro, sagrou-se campeão; os botões cavados ganharam força entre os praticantes. A Regra era a mesma, mas eram duas maneiras diferentes de jogar. Enquanto os lisos deslizavam pelas mesas, os cavados conseguiam realizar coberturas espetaculares. Criava-se com os lisos, desfazia-se com os cavados. Chegou ao ponto que os mandatários resolveram adotar as duas maneiras de jogar, separando-os em categorias liso e livre (cavado).
Caxias do Sul foi a pioneira no Rio Grande do Sul. Parte do sonho estava realizada, faltava agora consagrar um campeão brasileiro. Por ter ficado exclusivamente na modalidade liso, ficamos a anos luz dos nordestinos que só jogavam dessa maneira. O restante do Rio Grande do Sul praticava a modalidade livre e começavam a aparecer campeões brasileiros em diversas agremiações do estado. Caxias participava e sempre participou de todos os campeonatos brasileiros. Em 1978, Marcos Fúlvio de Lucena Barbosa, jogando com lisos conseguiu sagrar-se vice-campeão brasileiro. Isso mostrou a muitos adeptos do cavado que seria possível laurear-se no cenário nacional e começam a aparecer núcleos em Porto Alegre, Rio Grande e Pelotas. Botonistas que haviam escrito seus nomes na categoria livre migravam para os lisos e, com isso, tornamo-nos fortes também nessa modalidade.
Mas, a pioneira ainda não conseguira escrever seu nome entre os que conseguiam o laurel máximo da modalidade. Falta o título de campeão brasileiro. E ele veio na modalidade que não era a usual em Caxias. A AFM Caxias do Sul adotou um núcleo paulista, onde vários gaúchos que se radicaram no centro do país e que jogavam com botões cavados, mas que não possuíam um clube e por essa razão não participavam de brasileiros, passaram a defender as cores caxienses. Em 2011, no Brasileiro de Recife, Cristian Baptista consegue trazer para a cidade o primeiro título de campeão brasileiro. Foi a realização de mais uma etapa do sonho inicial.
Cristian Baptista - Campeão Brasileiro Livre em 2011 - com a camisa da AFM e troféu nas mãos

O mesmo grupo paulista, com a incorporação do Daniel Maciel, com as cores de Caxias consegue o título brasileiro por equipes, o qual seria nosso primeiro campeonato brasileiro por equipes. 
1º título nacional de equipes foi na modalidade livre em Cascavel - PR
Na categoria júnior, nosso menino prodígio GUSTAVO LIMA (PICA PAU) conseguiu dois campeonatos brasileiros, um em Salvador (2012) e outro  em Caiobá -PR (2013). Caxias já pode sentir-se orgulhosa de suas conquistas.
Pica-Pau 2012 - Campeão Junior Liso
Pica-pau (1º da dir.) no pódio de Caiobá com o troféu de campeão
Mas, estava guardada mais uma surpresa agradável nesse 41º Campeonato realizado com brilhantismo incomum na terra do Dirney Bottino Custódio: Santana do Livramento. Esse campeonato, realizado na categoria livre, traria uma conquista maravilhosa para nossa cidade. A equipe caxiense formada por Robson Bauer, Daniel Maciel, Fernando Alves e Vinicius Nunes atropelou seus adversários e conseguiu o bicampeonato na modalidade cavados. Por não ser a modalidade usual de nossos campeonatos e torneios, foi algo indescritível essa conquista. Robson já havia sido bicampeão brasileiro livre, Vinicius e Nando vieram do livre para o liso, mas Daniel Maciel sempre foi jogador da modalidade liso. Mas, quem quer faz, não manda fazer e o meu filhão foi lá e convenceu, trazendo para a sua amada AFM Caxias do Sul mais esse título. Agora, para que o sonho seja completo, quem sabe no ano do cinquentenário não tenhamos um campeão brasileiro na modalidade que sempre foi jogada em nossas mesas.

O desafio está lançado. Queremos o brasileiro liso para enfeitar as prateleiras de nossa Associação que, em junho de 2015, estará completando cinquenta anos de idade, com muitas conquistas e formando grandes amigos.

Até a semana que vem, se Deus assim permitir.

5 comentários:

  1. É isso aí, amigão Sambaquy. Se tivéssemos uma Academia Brasileira de Botão você seria imortal.´Como é belo ver todo esse esforço inicial se tornar realidade. Está provado mais uma vez que o segredo do sucesso é vencer desafios, com perseverança, sem medo, procurando sempre somar e multiplicar. Vocês, gaúchos e os baianos estão de parabéns, pois são os responsáveis pelo engrandecimento do futebol de botões.
    Nós, aqui no Recife, apesar dos esforços de alguns, ficam com briguinhas e picuinhas, numa fogueira de vaidades, sem tamanho.
    Quanto ao botãobol, como não temos seguidores em outras regiões do Brasil, permanecemos no nosso "gueto", isolados do mundo, mas sempre acompanhando todos os passos do futebol de botão no país. Viva o botão!

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    1. Meu amigo Abiud, a luta foi muito grande. Não sei se nos dias atuais eu teria condições e força para fazer tudo novamente. Mas nós conseguimos vencer e promover grandes competições que reúnem cerca de 200 pessoas disputando campeonatos brasileiros. Agora, em Santana do Livramento, na fronteira com Uruguai foi realizado o melhor de todos, com direito a festas e encontros que narrados pelos participantes foi maravilhoso.
      O problema maior que Pernambuco enfrenta é ter duas Federações de Futebol de Mesa. Aqui, enquanto a pioneira esteve em funcionamento, respeitamos a sua condição e nos reunimos em uma Liga. Só depois que ela encerrou suas atividades é que transformamos em Federação. Houve respeito e isso sempre foi muito bonito.
      Pena o botãobol não ter mais seguidores, pois os campeonatos de vocês são disputadíssimos. Ainda vou ter um dia na minha vida para estar assistindo uma das rodadas emocionantes desse campeonato. Me aguarde. Abração gaúcho.

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  2. LH.ROZA...
    Meu "ÍCONE"...Acusamos o recebimento de sua postagem no Facebook. Não quero tapar o sol com a peneira, mas dado aos meus afazeres jundo ao Comite do candidato à Deputado Estadual,(deixo de nomeá-lo por motivos óbvios)chegamos em casa muito desgastado devido a "melhor idade". Mas depois dessa puchada de orelha, vamos procurar achar um tempinho. Só para me desculpar, até as "fotos" tiradas durante a competição la na FRONTEIRA DA AMIZADE, não estou achando tempo para repassar ao pessoal com os quais tivemos o previlágio de bater uma
    bolinha. Fique tranquilo, que voltaremos compartilhar suas "históricas" narrativas.
    Deixo um forte abraço ao AMIGO.....

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  3. Meu amigo Roza,
    As suas opiniões são sempre bem vindas. Agora, que tarefa mais inglória trabalhar para politico. Já fiz campanha, mas nunca mais me envolvo com isso. Quanto à idade, estás na melhor delas, visto que foste uma figura marcante em Livramento, até concedendo entrevistas à TV. Isso sem falar no assédio de seus milhares de amigos. Agora que você voltou fico mais tranquilo. Um grande abraço e sucesso na campanha. Espero que seu candidato cumpra rigorosamente com o que prometeu.

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  4. LH.ROZA...
    Realmente nossa participação foi gloriosa, revivemos fortes emoções..., o reencontro como o meu velho amigo JA.OCHOA 0 x 0, a mais empolgando partida de todos os tempos com o THOMAZ 0 x 1 com golaço do Nº 13 no 2º tempo, atleta que em dupla com o Nº 15 ambos com 5 graus, incomodam muita GENTE que se dizem intenderem de tudo. E para descredito dos mais SECADORES, veio a interminável disputa dos PENALT(s) onde o Nº 3 ZAGUEIRO dos quatro costados, hoje seria o CIRILO do atual plantel do GE.BRASIL, visto que contrariando as instruções do TREINADOR eis que trocou de canto e botou mansamente o DISCO ha 1 fio de cabelo atraz da linha muito demarcatória....e depois FOI PRA GALERA....
    Teria muito mais para postar, mas deixamos para outra oportunidade, no memento estamos sabore.ando uma GELADINHA .
    Até a próxima deixando um forte abraço

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