segunda-feira, 1 de setembro de 2014

UMA RAZÃO PARA MUDANÇA: TIMES PADRONIZADOS NAS CORES DOS CLUBES

Como todo gaúcho, meus primeiros times eram super coloridos. Um botão de cada cor, com uma, duas e até três camadas, em cores que nada representavam o meu time defendido em campo. Como já afirmei, anteriormente, tinha Grêmio cheio de botões vermelhos, verdes e amarelos e Internacional com botões azuis, pretos ou roxos.
Botões que iniciaram a caminhada
Primeiros times formados, na década de quarenta
A maior dificuldade era para quem assistia aos jogos. Muitas vezes, em jogos pelo campeonato da AABB, quando recebíamos a visita de inúmeros colegas, pairava a dúvida sobre o botão que efetuaria a jogada, pois a mínima diferença que os distinguia era a numeração, geralmente produzida por números recortados de calendários. Muitas vezes, o mesmo era utilizado pelos dois adversários, o que ocasionava a grande dificuldade de entender o jogo.
Eu sempre admirei times padronizados, pois havia recebido de presente, de um tio que residia em Porto Alegre, um Corinthians de baquelite, todo branco, com o distintivo impresso na parte superior. Já, naquele tempo, eu achava possível formar times de cores idênticas e eu mesmo formei o meu primeiro G. E. Flamengo, com botões azuis, com uma camada vermelha e outra branca. Um desses exemplares está guardado no quadro de campeões caxienses, quando consegui me sagrar com o laurel máximo da cidade. Coloquei o botão para mostrar a minha conquista e está lá até hoje. Depois tive um time fabricado pelo meu irmão Vicente Sacco Netto, que era vermelho na parte de cima e branco em baixo.
Mas, como todo o gaúcho, jogava com um time miscelânea, no qual havia botões roxos, verdes, azuis, pretos, amarelos e vermelhos. E era um time cobiçado por muitos botonistas caxienses, tanto que no último campeonato realizado na regra gaúcha, o Deodatto Maggi fez uma oferta imperdível por ele. Daria o valor idêntico a um time fabricado na Bahia. Vendi o time na hora e continuei o campeonato com o time padronizado: vermelho e branco. E, para ilustrar melhor a narrativa, venci o jogo contra o Deodatto, ele jogando com os meus antigos botões.
Com a chegada dos baianos e com a demonstração que fizeram da regra utilizada até então, na Boa Terra, muitos foram os que migraram para a nova maneira de praticar o futebol de mesa. Acredito mesmo que esse foi um fator importante para a aceitação da Regra Brasileira, que acabara de sair do forno, entregue a todos os recantos do nosso estado.
Agora, a partida de futebol de mesa na AABB e nos demais clubes de Caxias era facilmente entendida por quem estava assistindo aos jogos. E com isso, muitos foram aderindo ao futebol de mesa. Queriam representar o seu time do coração e poder ostentar aquelas fichas marcadas com o distintivo que mais lhe agradava. Foi uma febre que alavancou o movimento do futebol de mesa em seus primeiros anos.
Juventude, Flamengo, Internacional, Grêmio, Vitoriense, Vasco, Fluminense, São Paulo, Palmeiras, Corinthians, Cruzeiro, Cruzeiro Novo (uma moeda que surgiu nos anos sessenta e que serviu de motivo para a criação do time), Corinthians, Botafogo, Ponte Preta, Santos, Santa Cruz foram sendo desenhados e encomendados ao senhor José Aurélio, na Bahia. Os times demoravam a chegar, mas, já na primeira semana estavam nas mesas que agora se multiplicavam na cidade de Caxias.
Entretanto, os times multicoloridos continuaram na prática do futebol de mesa, tanto na regra Gaúcha como na Unificada e na Regra Toque-Toque. Essa usada na FIB (Federação Ipanema de Botão) de Porto Alegre, e as outras duas espalhadas por diversas agremiações do Rio Grande do Sul.
Regra Toque toque, da Federação Ipanema F.M. - Porto Alegre
Regra Toque toque - FIB de Porto Alegre
Regra Toque toque  - time postado para foto
Atualmente, com a facilidade de se conseguir emblemas autocolantes fica um pouco mais definido o time, deixando os assistentes mais atentos às jogadas. Mas, o futebol de mesa é algo que consegue fazer com que todos os seus praticantes se motivem e consigam transferir para os seus botões a sua emotividade. E, em todos os recantos onde havia uma mesa, poderemos escutar gritos frenéticos de gol em vibrações que chegam a beirar à loucura. Por vezes, é extravasamento que o botonista guarda em sua labuta e que, naquele momento, podem ser liberados com vigor e exuberância.
Botões da Regra 12 Toques padronizados
Botões Inter de Paulo Jiquia, na Regra Pernambucana

INTER (RS) BOTÕES REGRA PERNAMBUCANA.
Por essa razão, o futebol de mesa é alguma coisa indescritível para quem não o conhece.
Meu time do Internacional que atuei em 2012 no Brasileiro da Bahia
Em ação... Tentando jogar em Salvador
Em Porto Alegre 23.03.14

Até a semana que vem, se Deus assim permitir.

4 comentários:

  1. Meu caro Sambaquy. Eu, como adepto do botãobol, sou totalmente a favor dos times multicoloridos. São os mais belos, na minha opinião. Tenho muitos times d e botões de uma única cor, mas não sinto o mesmo entusiasmo. Gosto de identificar meus botões, um a um, pelo cores e pela mescla do colorido. Tenho mais de 1000 botões das mais diferentes matizes, todos de botãobol e reconheço um a um pelo nome de batismo. Além disso, no botãobol é obrigatório o escudinho na parte superior do botão, daí não haver dificuldade de reconhecimento, lembrando que as partidas oficiais de botãobol são todas arbitradas. Quandp mostramos nossos botões aos leigos que nos visitam e confrontamos com os botões avantajados das outras regras, eles na grande maioria apontam os botões do botãobol como os mais belos e interessantes devido ao tamanho, percebendo a dificuldade de movimentá-los. Se surpreendem também com a bola esférica de borracha, alguns chegando a afirmar que nós, botãobolistas, temos mãos de cirurgião. É por essas e outras, amigão, que eu propago aos quatro ventos que o botaõbol (regra pernambucana) é a rainha das regras. Dos botões mostrados nessa sua bela coluna sou suspeito em afirmar que os botões de botãobol, com o escudo glorioso colorado na superfície, se apresentam como os mais belos e invejados. Abração pernambucano, cheio de cabotinismo.

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  2. Amigo Abiud, eu conheço muitos amigos que jogam a Regra Gaúcha que também, como você, conhecem seus botões um a um. E são de várias cores e matizes. Hoje em dia existem os escudinhos e isso se tornou importante. Como eu falei, no início não existia nem Decadry para numerar os botões. Era mesmo recortado de folhinhas e colado no botão. Para a Regra Brasileira a padronização dos botões foi fundamental. Nos campeonatos realizados encontramos mais de 200 participantes de dez estados, unidos na mesma forma de jogar. Acredito que a Regra Pernambucana deva ser difícil pelo tamanho diminuto dos botões, pela bolinha de borracha, e isso faça dela a Rainha das Regras. Só lamento é a não renovação de seus participantes. Quando vocês pararem de jogar acaba essa bela regra. Insisto que vocês devem pensar em renovar seus quadros, pois assim se perpetuará a Rainha das Regras.
    Um abração colorado.

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  3. LH.ROZA....
    Estava aqui,procurando mais um "qualificativo" para essas suas surreais narrativas, mas infelizmente não o não encontrei.
    Desculpe não estar postando nossos comentários, visto estar envolvido em campanha eleitoral, fazer o que, o "aposentado aqui" tem que arrumar algum para o leitinho dlo "véio".
    Mas voltando ao que interessa, a matéria esta ótima, e ao longo da leitura nos fez voltar aos velhos tempos onde surrupiavas os botões dos casações das minhas queridos AVÓS.
    Realmente os plantéis padronizados vieram dar uma harmonia, mas ao mesmo tempo os custos foram sendo estrapulados, o que possa ter impossibilitado para alguns botonistas acompanharem a evolução dos "artezões".
    Bem dado o adiantado da hora, deixamos um forte .abraço....

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    1. Grande cabo eleitoral Roza, penso que todos nós roubamos muitos botões para os nossos primeiros times. Minha vitima era o meu avô, que morava conosco. Depois disso vieram os puxadores e a compra era realizada conforme nossas possibilidades, não importando a cor do botão. Com a padronização a cosa ganhou corpo e deixou de ser o esporte de meninos para se tornar o futebol de mesa de marmanjos. Quanto aos custos, é claro que a medida que vamos ganhando consistência no jogo, queremos o supra sumo e isso custa caro. Nos primeiros anos eu encomendava botões na Bahia a um artesão que fazia times em quantidade, sem a beleza dos botões do seu Aurélio. E esses times eram bem baratos. A maioria eu doava para quem não tivesse chance de comprar.
      Abração e sucesso em sua campanha "eleitoreira".... (vais acabar como secretário de deputado.....

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