segunda-feira, 27 de outubro de 2014

ARBITRAGEM NO FUTEBOL DE MESA.

Jogar futebol de mesa é o que todo botonista deseja ardentemente. Agora, ser escalado para arbitrar uma partida é coisa para pensar. São poucos os que se dispõem a apitar um jogo, principalmente se esse jogo for daqueles encardidos, com dois expoentes lutando por um caneco.
Trato deste assunto depois de ler a crônica escrita pelo Flávio Liza, na qual aborda o conhecimento da Regra por todos os botonistas. Uma das contestações foi feita pelo Augusto, afirmando que nunca leu a regra, mas que seus jogos jamais são complicados e sempre há paz ao final de suas partidas.
Penso diferente dele, pois o posicionamento do árbitro em um jogo pode determinar um final feliz ou criar uma grande confusão que acaba envolvendo muita gente.
Apitei a final do segundo campeonato brasileiro, realizada em Recife, entre Roberto Dartanhã e Cézar Aureliano Zama. Uma partida excepcional, onde não havia senões e nem erros, pois foi decidida por uma infelicidade do Cezar Zama, numa jogada fácil, mas que por um problema qualquer o seu botão travou e não atingiu a bolinha. Dartanhã não perdoou e marcou o único gol do jogo.
Nesse mesmo campeonato tive contra mim uma falta técnica aplicada por um árbitro nordestino, simplesmente por ter errado uma jogada e ter reclamado de mim mesmo sem, contudo me dirigir ao meu adversário. Aquilo me incomodou bastante.
A minha parada com o futebol de mesa, já relatada em coluna anterior, foi devido a um jogo pelo Campeonato Brasileiro realizado em 1980, em Pelotas. Jogava contra um grande botonista baiano e estava vencendo por 1 x 0, quando o referido adversário começou a minar minha resistência. Criava a jogada e me preparava para bater, mandando-o colocar seu goleiro. Ele colocava, vinha para a minha direção e olhava meu botão, olhava seu goleiro, voltava para sua posição de defesa e tocava no goleiro novamente. Ia e voltava, fazendo isso diversas vezes. Dizia que estava pronto. Eu colocava a paleta em cima do botão para chutar e ele interrompia afirmando: espera que vou recolocar o goleiro. Fazia tudo novamente. Chegava a ficar mais de um minuto nessa lenga-lenga. Eu olhava para o árbitro que ria da coisa. Chegou um ponto que não aguentei mais e entreguei, literalmente, o jogo. Disse-lhe que estava agindo mal, mas ele estava imbuído em vencer. Conseguiu empatar. Eu acabei me desequilibrando e perdendo a calma. As coisas foram piorando e não dando certo e eu acabei fazendo uma porção de bobagens: dois toques, gol contra. Para mim terminou a minha participação de forma competitiva em campeonatos brasileiros, naquele jogo.
Após o ocorrido, eu parei de jogar campeonatos brasileiros. Organizei um em Brusque e depois disso nunca mais joguei. Essa parada durou quase trinta anos. E isso por falta de conhecimento por parte de um árbitro, que tinha a obrigação de alertar meu adversário sobre o tempo que poderia usar para sua jogada. Não o fez, talvez, por nunca ter lido a Regra Brasileira.
Voltei a jogar depois desse episódio, por insistência do pessoal de Caxias, no Centro Sul, realizado na cidade em 2011. Joguei três partidas, perdendo duas e vencendo uma. Depois disso fui inscrito no Brasileiro realizado em Salvador, em 2012, onde consegui jogar duas partidas e perdê-las, tendo entregado o terceiro jogo ao Carlos Alberto, de Recife, por não reunir mais condições físicas para continuar jogando.
Fui escalado para arbitrar um jogo pouco antes desta terceira partida numa sala com um calor tremendo.  Avisei aos dois adversários da minha desatualização da regra e que eles me ajudassem. Graças a Deus não houve problema algum e conseguimos terminar o jogo com tranquilidade. Só que, para quem não está treinado, ficar ao redor de uma mesa, marcando o jogo, deixou-me sem condições para a última partida. Não teria chance nenhuma e procurei o Carlos Alberto e lhe comuniquei a minha decisão, pedindo que me desculpasse pelo abandono.
Realmente arbitrar jogos de futebol de mesa é bem mais desgastante do que jogar. E para que não exista problema, a regra deverá ser conhecida totalmente.
Por essa razão eu apoio o que o Flávio Liza escreveu. Deveremos conhecer a regra para podermos ter certeza de nossas decisões. Com isso, evitaríamos situações desagradáveis como as que ocorreram em campeonatos brasileiros e que, até os dias atuais, são motivo de piadas entre os botonistas.

Até a semana que vem, se Deus assim permitir.

4 comentários:

  1. Meu caro Sambaquy. A arbitragem será sempre o grande problema no futebol de botões. Sobre isso, em janeiro de 2010, na Marreta, eu postei uma matéria nesse sentido. É como no futebol, onde todo mundo quer ganhar e nem todos têm fair-play necessário para assimilar possiveis e provaveis erros de arbitragem. Muitas vezes, agi como você, me rebelando em campo, entregando o jogo, arretado da vida com a postura do árbitro e até mesmo do adversário, notadamente, quando sabe que o árbitro está enganado e mesmo assim não interfere para que haja a mudança de posicionamento. Hoje, no botãobol, as arbitragens são ainda bastante contestadas e é preciso muita paciência para serenar os ânimos. Mesmo com todo o rigor do regulamento da competição, mesmo assim as contestações muitas vezes geram situações constrangedoras. Nessa hora, é preciso de muito equilíbrio e isso alguns mais veteranos já conseguiram e assim apagam o fogo. O bom de tudo é que após a tempestade, vem a bonança e tudo volta ao que era dantes no reino do botãobol. Viva o botão, com forte abraço bem pernambucano, bem pai d'égua!

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  2. Meu amigo Abiud, o tema é muito delicado e exige como bem falaste, muito jogo de cintura. Em muitas ocasiões, enquanto estava atuante, corrigi a decisão do juiz, informando o erro, em meu desfavor. Mas, nem todos os meus adversários agiam assim. Na final do Centro Sul, em Caxias do Sul, vi uma cena maravilhosa e guardo na memória sempre que abordo o assunto. Robson Bauer acusou uma irregularidade praticada por ele e não observada pelo árbitro. E, veja bem, era a final de um torneio sob a tutela da CBFM e da FGFM. Atitude de um desportista íntegro. Acompanho as reclamações contra árbitros que a Marreta relata semanalmente. No final tudo dá certo, mas o problema é na hora, pois o clima fica sempre pesado. Um grande abraço e parabéns por ter vencido as eleições. Tomara que ela acerte de agora em diante. Abração gaúcho amigo dos nordestinos.

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  3. LH,ROZA...
    Mais uma vez voltamos postar um texto, que talvez venha despertar o interesse de se voltar discutir esse interminável assunto: "ARBITRAGEM NO FUTEBOL DE MESA"
    LOS AMANTES DEL FÚTEBOL BOTONES
    El futebol botones requiere habilidade e inteligência para conseguir lãs mejores estratégias y control emocional igual que al fútbol, es um juego de azar y también imprevisibile em el que no siempre gana el mejor...
    Para muchos "BOTONEROS" la passión es la mesma que a que sienten por el fútbol !!!
    Em outras postagens, já lhe contei alguns incidentes ocorridos em alguns jogos que participei, culminando com o meu afastamento numa "Associação" muito conhecida e respeitada em nível nacional.
    Realmente é muito desgastante, pois "VC." se prepara: financeiramente, emocionalmente, e as vezes deixando a "FAMÍLIA" em segundo plano, para "NUM LANCE" por tudo a perder.
    É inadmissível que se "VC" c, JUÍZ com onhece a REGRA para jogar, como não tenha competência para aplica-la quando estiver exercendo a função de ARBITRO, e/ou JUÍZ como queiram. aplicar o termo nessa complicada lÍngua portuguesa.
    Volto repetir que as AMIZADES nesse nosso lazer, tem muito mais VALOR do que algumas VITÓRIAS por mais limpas que sejam.
    Mas fazer o que ??? Talvez caberia aos DIRIGENTES rever seus conceitos e tentar aprimorar o desempenho de seus ASSOCIADOS, respeitando os adversários para também serem respeitados e admirados.
    Ficamos esperando a próxima COLUNA...
    Um forte abraço ...

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    Respostas
    1. Roza, eu acredito que será sempre difícil arbitrar futebol de mesa. Além da dificuldade pela velocidade dos botões, muitas vezes existem interesses escusos em beneficiar ou prejudicar algum desafeto. É lógico que isso não acontece com 99% dos botonistas, mas acontece e isso marca negativamente muita gente. Cada um de nós tem uma história triste nesse sentido e lembrar sempre reabre a ferida que deverá ser cicatrizada com o tempo. Para mim as amizades verdadeira valem a pena toda a contrariedade que existiu. Mas, saliento, as verdadeiras, pois nessa minha jornada no futebol de mesa encontrei algumas que não merecem ser mencionadas.
      Até a próxima semana, meu amigo.

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