Conheci-o em 1970, por ocasião do
Primeiro Campeonato Brasileiro de Futebol de Mesa. Simpático, educado,
prestimoso, sempre procurando estimular a nós, que éramos iniciantes na
modalidade então praticada no nordeste brasileiro, ensinando-nos a tocar o
botão com calma e visão. Todos nós, gaúchos, ficamos seus admiradores, pois se
sagraria o primeiro campeão brasileiro, vencendo o também baiano José Marcelo
que, como ele, representava Sergipe.
Nascia uma amizade, consolidada
ainda mais em 1979, no brasileiro realizado em Vitória, quando nos defrontamos
na mesa e ele saiu vencedor. Após a solenidade de encerramento, sentou-se
conosco e conversamos por algum tempo, quando ele manifestou o seu interesse
por residir no Rio Grande do Sul. Ao despedir-se, quase esquece o seu troféu de
vice- campeão. Alertado, disse em tom de consolo que ele ficaria em boas mãos,
abraçando-me mais uma vez.
Seu filho Flavinho enviou um
e-mail aos amigos, desnudando a imensa dor que sentia pela perda irreparável de
seu pai e amigo. Comentou sobre a foto que postou no FACEBOOK, mostrando um
Átila fragilizado pela doença e que culminou com uma enxurrada de depoimentos
emocionantes e de extrema consideração. Ao tomar conhecimento deles, Átila,
emocionado disse: “Puxa, que legal, como eles gostam de mim!”. Nem imaginava
esse amigo que, muitos, por não estarem cientes de seu problema, também
gostariam de manifestar seu reconhecimento por tudo o que ele fez em benefício
de nosso esporte. Eu fui um dos muitos que foram tomados de surpresa quando li
a notícia de seu passamento. Exatamente quando escrevera uma coluna falando
sobre a minha participação no brasileiro em Salvador e que se houvesse a
possibilidade de encontrá-lo, junto ao Inácio, seria maravilhoso.
Átila amava a Bahia, sua terra
natal, e o Rio Grande do Sul por ter tido uma bela e rica passagem em nosso
solo, onde ensinou o futebol de mesa e cultivou amizades eternas.
Vilno Araújo, baiano de
Alagoinhas, conheceu Átila na década de sessenta, quando ambos muito jovens e
praticantes do futebol de botões tiveram a oportunidade de conviver. Partiu de
Alagoinhas o convite que foi atendido pelo saudoso José Gomes, um dos maiores
baluartes do futebol de mesa brasileiro, criando um intercâmbio maravilhoso que
elevou a níveis inéditos o desempenho de ambos os clubes, denominados de ARAL
(Aracajú/Alagoinhas); o torneio entre eles durou por vários anos. Vilno
continua sua narrativa preciosa, dizendo que recebeu um presente divino que foi
ganhar a amizade de Átila e de seus familiares. Cita, ainda, o desempenho em
1979, no brasileiro em Vitória, quando disputou nas semifinais com Inácio e
perdeu nos pênaltis e, na outra, Martins (RJ) x Átila que conquistou a vaga.
Foi mais uma final sergipana em finais de campeonato brasileiro. Só que nessa
Átila ficou com o segundo lugar. Mas a sua alegria foi talvez maior do que a do
Inácio, pois estava demonstrando o seu caráter e amor ao estado que o acolheu como
filho.
Seus três filhos Alexis, Flavinho
e Alan foram apresentados ao futebol de mesa por ele e se tornaram tão importantes quanto o seu
amado pai. Formaram uma verdadeira família, abraçando o esporte que todos nós
amamos.
Jorge Campos, o baiano que está
monitorando as reservas para o brasileiro de Salvador disse que foi um
felizardo em poder conviver com Átila, durante os dois anos que morou em Aracajú. Que Átila,
sempre de bom humor, o apoiou e incentivou a voltar a jogar.
André Marques, em nome da diretoria
da CBFM manifesta a tristeza que se abateu sobre todos, mas manifesta a certeza
de que Átila está reforçando a grande fileira de botonistas no plano espiritual
e, certamente, ao chegar, já estará pedindo “Ao Gol”.
Nesse momento de dor, de ausência
e de saudade, lendo tudo o que foi escrito sobre esse amigo querido, e baseado
na mensagem emotiva e dolorida escrita por seu filho, fica-me a certeza de que
todos aqueles que estão em harmonia com sua consciência serão grandemente
abençoados. E Átila sempre esteve em harmonia com sua consciência.
Descanse em Paz meu amigo e irmão
Átila, e que a paz do Senhor fique sempre ao seu lado, pois, dessa forma, todos
aqueles a quem deixaste terão a certeza de que estarás feliz.
Até a semana que vem, se Deus
assim permitir.
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