segunda-feira, 18 de outubro de 2010

OS QUARENTA E CINCO ANOS DA AFM – CAXIAS DO SUL.


No inicio desse ano eu recebi a agradável visita do presidente da AFM, juntamente com a sua família, e que trazia um convite amável, para prestigiar as festividades dos 45 anos de fundação da então Liga Caxiense de Futebol de Mesa. Foi um convite todo especial, pois não foi por telefone, por carta ou mesmo por e-mail. Foi pessoal, cara-a-cara. Fiquei muito feliz, pois sempre tive um apreço muito grande pelo Daniel Maciel, e, essa era a sua segunda visita em meu lar. Com ele, os seus familiares e sua amada Flavinha. Não podia dizer que não poderia, diante de tanta gentileza.

O ano foi passando vagarosamente. Como falei na coluna anterior, com algumas passagens entre os praticantes de Itajaí. Até que, no inicio de junho foi promovido em Itajaí o campeonato brasileiro por equipes, na regra de doze toques. Insistiram pela minha participação. Foi um treinamento para o que estava reservado para mim em Caxias. Na abertura do campeonato, o presidente da Confederação Brasileira, Jorge Farah, solicitou que fosse dada uma salva de palmas ao “velhinho aqui”, por tudo quanto havia feito em prol de nosso esporte. Depois, me chamou para uma foto que ficará para a história de sua gestão.

Eu já estava ficando ansioso, pois estava recebendo a programação das festividades e pela bondade desses grandes amigos, a citação de meu nome ganhava destaque sem que para isso fosse o merecedor, pois muita gente batalhou ombro a ombro comigo.

Meu afilhado Rogério enviava e-mails, perguntando quem eram os fundadores, e quais ainda estavam vivos. Não imaginava que ele e o Nelsinho estavam programando a cerimônia que iria complementar o grande torneio. No dia 14 de junho fui até a cidade de Brusque, onde sempre comprei minhas passagens aéreas. Na Brucatur, adquiri pelo vôo da Gol uma passagem que me dava o direito de passear de Florianópolis até São Paulo (Congonhas) e de lá até Caxias do Sul. Sai com chuva de Balneário e encontrei um dia lindo em São Paulo. Mas, em Caxias tudo é diferente e confesso que senti medo quando estávamos chegando, pois ficamos dentro de nuvens até poder enxergar a pista. Estava chegando. Agora a coisa iria pegar fogo mesmo.

Depois de apanhar minha mala, encontro o presidente Daniel, me esperando. A programação estava recém sendo iniciada. Primeira parada: Comprar o abrigo da AFM para o visitante. As emoções estavam apenas começando. Após uma passagem rápida pela sede onde seriam os jogos, o almoço tradicional da cidade que melhor prepara o galeto em todo o país. Depois voltamos ao Vasco da Gama para conhecer as dependências. Maravilhosas salas com várias mesas dispostas para acolher os aficcionados que estariam disputando os quatro belíssimos troféus.

O coração estava começando a bater mais descompassada mente. Então começam a chegar às pessoas que eu conhecia por fotos e de uma passagem rápida pela antiga sede. Cada um era mais um amigo a se incorporar no saguão de meu coração. Algumas horas depois o Daniel, sempre solicito, me levou até Ana Rech, residência de meu genro e minha filha. Descansei um pouco, e, lá estava o Daniel para me levar ao encontro das demais feras que me esperavam na sede. Como é agradável abraçar velhos amigos, pessoas que fizeram parte de minha vida e que estavam ali me esperando: Marcos Zeni, Luiz Ernesto Pizzamiglio (que viajaria no dia seguinte para Maceió), Ednei Torresini, Rogério Prezzi, Alexandre Prezzi, Daniel Pizzamiglio, Luciano Carraro, Fernando Casara, Daniel Crosa, Mário Jr., Walter, Rodrigo, enfim a nata do futebol de mesa da Caxias. Bati uma bolinha com dois expoentes e senti o quanto havia perdido no toque, na força, na sensibilidade. Estava parado há muito tempo e não teria chance alguma. Seria apenas um assistente do Torneio. Foi então que nos carregaram para o estúdio da Rádio Caxias. Mais entrevistas, com um programa de grande audiência. O futebol de mesa havia ganho espaços preciosos em minha terra natal. Ao final da reportagem um telefonema de um colega de Banco do Brasil: Osni Freitas de Oliveira. Na saída nova confraternização e fomos levar o Pizzamiglio para casa, pois no dia seguinte estaria atravessando o país para visitar sua filha.

Dia seguinte, cedo o Rogério e o Alexandre foram me buscar. Com eles o meu abrigo e camisa da AFM. No caminho, uma passada na casa de um ícone do futebol de mesa: Airton Dalla Rosa. As emoções estavam se acumulando. Ao chegar, mais surpresas. Gente importante estava nos aguardando: André Marques, Diretor Técnico da Confederação Brasileira, Robson Bauer, Carlos Kuhn, o famoso Breno, o grande Sérgio Oliveira, velho conhecido de nosso tempo de integrações Brusque x Afumepa, o parceiro Vanderlei Duarte, Enio Durante, e as agradáveis presenças de Delesson Pavão Orengo (um dos fundadores), Mario Ruaro de Meneghi, Mário de Sá Mourão, Uldemiro Ernesto Ulian, que com o Nelsinho Prezzi nos fizeram fazer uma viagem pelo tempo passado e reviver momentos muito felizes.

A pressão estava sendo acumulada. No sábado eu estive quase o tempo todo fornecendo elementos para as pessoas que queriam saber da longevidade da agremiação. Como os compêndios de futebol de mesa que eu havia doado à AFM estavam à mão, ficou sempre muito fácil mostrar a longa caminhada realizada. O secretário de Esportes e Lazer, Sr. Felipe Gremelmaier, grande patrocinador do Torneio, destacou duas pessoas maravilhosas para o representarem nas solenidades: Prof. Leda Tavares Marramarco e Prof. Rosmari Della Vecchia que ficaram o tempo todo do torneio embelezando o ambiente.

As partidas eram desenvolvidas e a grande final reuniu dois grandes botonistas: Carlos Kuhn e André Marques. Foram eles que chegaram, como poderiam ter sido vários outros, pois o nível dos jogos foi extraordinário.

A festa chega ao seu momento culminante. Em primeiro lugar a entrega dos premios aos vencedores. Maravilhosa a manifestação de todos os presentes, com aplausos e ovações para enaltecer as vitórias. Aos vencedores, as glórias sempre. A seguir, o Mestre de Cerimônias, Nelson Prezzi fez a leitura do histórico dos 45 anos da AFM, que nasceu Liga Caxiense.

Homenagens são feitas àqueles que elevaram o nome da Associação ao ponto mais alto, tanto em nível nacional como estadual. A emoção já beirava em cada rosto, afinal estavam acendendo uma chama que nunca fora apagada e que agora refulgia com intensidade.

Daniel Maciel usa a palavra como presidente da AFM, agradecendo e emocionado divide com todos, a glória do momento impar que Deus concedeu a esse grupo de jovens.

A representante Rosi do Secretário Municipal de Esportes e Lazer usa da palavra reafirmando a confiança que foi depositada nesse grupo e dizendo que serão parceiros em muitas outras oportunidades.

Então, para finalizar, aquele que primeiro usou a palavra, há quarenta e cinco anos passados foi convidado a renovar sua fé no esporte que nos uniu para sempre. Confesso que não sei o que consegui dizer, pois a emoção foi tomando conta de minha cabeça. A memória, graças a Deus ainda é boa e consegui relatar os atos e fatos de nossa jornada. Ressaltei o trabalho de todos os que estiveram defendendo as cores de nosso estandarte. Assinalei cada ponto de afirmação que existiu entre cada um de nós. Mas, ao olhar as pessoas mencionadas, sentia que nós não iríamos conseguir manter a calma. O Airton e o Vanderlei esboçavam marcas visíveis de emoção. Terminei agradecendo a todos pela honra de que me distinguiram com um maravilhoso cartão de prata, o qual está em local de destaque em minha galeria. Foi então que os dois: Airton e Vanderlei se abraçaram comigo e choramos por tudo que passamos, para um dia conseguir ter a alegria de ver triunfar a AFM Caxias do Sul, como triunfou.

Tenho certeza que se fosse necessário, contando com essas pessoas que viveram comigo essa aventura, faríamos tudo de novo, pois a alegria e a emoção de ver algo que criamos permanecer ativa e incólume durante quase meio século não tem preço.

Agora é esperar pelos cinqüenta anos. Se Deus me permitir, quero estar lá novamente, pois se o coração não resistir, morrerei feliz entre amigos e pessoas que eu amo e praticando aquilo que eu sempre adorei praticar, o futebol de mesa.

Por hoje já me emocionei demais.

Até a semana que vem.

Sambaquy.

4 comentários:

  1. Sambaquy meu amigo,
    Parabéns pelas tuas palavras. Pela coluna que insistes em tão bem escrever. Ao lê-la vamos entrando em uma atmosfera de emoção. Percebemos o quão forte é teu amor por este nosso esporte. Com certeza meu amigo, escreveste teu nome na história do futebol de mesa nacional. As homenagens que há ti são oferecidas são pouco pelo esforço que despendeste para o que hoje temos. Obrigado por tudo. Por dividires com todos nós as tuas histórias. Por lutares, ao lado de outros tantos ícones deste esporte, pela criação da regra brasileira. Que continues sendo esta enciclopédia do futebol de mesa.
    Fica o meu muito obrigado e o meu abraço, a um cara que não conheço pessoalmente, mas pelos feitos e pelas mensagens que trocamos, com certeza é alguém especial neste nosso mundo das mesas.
    Fica com Deus meu amigo.
    Até mais ver...
    Cristiano Gularte
    São Leopoldo - RS
    AFM Caxias do Sul

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  2. Legal poder conhecer um pouco mais sobre este esporte tão pouco divulgado, mas tão fascinante!
    Ainda melhor, é conhecer através dos depoimentos de campeões e amantes do FM. Tenho muito orgulho de ser sobrinho do Adauto!
    Abraços!

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  3. Da-lhe Tio Adalto, não conhecia esse curriculom botonístico, impressionante, parabéns. Gustavo Sambaquy Floripa.

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  4. Sambaquy,

    É com saudades e grande alegria que entro em contato com esta celebridade do Futebol de Mesa. Quando iniciamos a jogar nesta regra, levados por meu pai, logo de inicio conhecemos pessoas que balizaram nossa atitudes e pensamentos sobre algo que para nós sempre foi latente. O amor pelo Futebol de Mesa é algo incondicional e inquestionável. Oriundos da regra Gaúcha, onde jogavamos botão, evoluímos para o Futebol, de Mesa, assim o vejo com muito respeito pela Regra Gaúcha que muito nos deu na formação, na criação de grupo de amigos em volta das mesas que se iniciaram na casa de meu pai. Mas esta longevidade como a da AFM somente a Regra Brasileira através de sua organização de seus líderes que sedimentaram uma base sólida e da renovação torna possível com a visibilidade de um país inteiro, não limitando suas ações as fronteiras de nosso Estado. Voce SAMBA, como meu pai o chamava, é e sempre será referencia e sinônimo de Futebol de Mesa, como já narrastes com muita propriedade e emoção em sua coluna o início desta história chamada "nossa vidas" pois o Futebol de Mesa "é a nossa vida" és um líder a ser reverenciado a quem devemos nosso respeito, admiração e gratidão pela semente que plantastes neste estadoe que hoje já colhe frutos como os da minha família onde tres gerações, já preparando a quarta, praticam com amor e convicção este esporte fas parte atuante em nossa vidas. A ti Adauto Celso Sambaquy, em meu nome, e com certeza no de meu pai também nosso agradecimento pelo efeito dominó positivo que voce proporcionou em nossa família. Quem sabe em breve poderei encontra-lo e abraça-lo.

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