segunda-feira, 23 de maio de 2011

...E EIS QUE SURGE A ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE FUTEBOL DE MESA...



Após a criação da Regra Brasileira, em 1967, havia uma enorme vontade de se promover o sonhado Campeonato Brasileiro. Afinal, fora para isso que envidáramos os esforços no sentido de unir os nordestinos aos sulistas.

A iniciativa partiu de quem estava à frente no tempo. A Liga Baiana, sob a presidência de Ademar Carvalho, num arroubo de coragem, determina que o ano de 1970 fosse o marco inicial na vida dos botonistas nacionais. Conseguem o local e os convites são enviados aos interessados. É sabido que quando vieram ao sul, para participar do Torneio de aniversário da Liga Caxiense, os baianos fizeram várias paradas: Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre. Resultou disso a curiosidade dos cariocas, que ainda usavam botões sem padronização. Os paulistas não aderiram em momento algum à Regra Brasileira. Por essa razão, ao receberem o convite, os cariocas aceitaram imediatamente. Os restantes seriam os estados do nordeste: Pernambuco, Paraíba, Sergipe e Alagoas, que juntamente com a Bahia, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul dariam o primeiro passo dessa caminhada que se prolonga anualmente.

Quem patrocinava o campeonato, determinava o modelo da competição. O primeiro foi desenrolado de duas maneiras: individual e em equipes. E foi um campeonato bem desenvolvido, que apesar da vitória individual de dois sergipanos, estabeleceu uma competição entre os estados de Pernambuco e da Bahia. Eles que se enfrentavam nos nordestões, já tinham sua rivalidade acentuada, agravando-se ainda mais nesse primeiro brasileiro.

O grande líder pernambucano era Ivan Lima. Radialista e com um programa de televisão na TV Rádio Clube de Recife, Ivan logo assumiu a responsabilidade da realização do segundo campeonato, nos mesmos moldes desse primeiro. Esse campeonato foi realizado em agosto de 1971, nas dependências do Ginásio de Esportes Geraldo Magalhães, o Geraldão. Sua arquitetura era imponente e nele haviam dependências para as delegações serem alojadas. Foi um campeonato em que os pernambucanos tiraram dos baianos o título de campeão por equipes. Estavam realizados os amigos pernambucanos com essa conquista, apesar de individualmente, os baianos ficarem com o campeonato e o vice, nas pessoas de Roberto Dartanhã Costa Mello e Aureliano Cezar Zama.

Dois campeonatos concluídos, e os dois no nordeste do país, fez com que sentíssemos que poderíamos realizar o terceiro aqui no Rio Grande do Sul. Como havia reclamações sobre os elevados custos de deslocamentos, imaginamos uma maneira diferente em nosso campeonato. Seria somente individual, como os anteriores também realizaram, evitando que mais três pessoas se deslocassem de seus estados, numa época onde a inflação estava arrasando a econômica. Foi aceito por todos os demais estados, e, visando incrementar o futebol de mesa na Regra Brasileira, convidamos uma dupla de cada cidade gaucha, onde se jogava a regra. Novamente, quem patrocinou o campeonato é quem determinava o modelo a ser praticado. Faltava uma entidade que regulasse, que patrocinasse, que estivesse coordenando a competição. Nossa competição foi realizada no ano de 1972. E ninguém se ofereceu para ser sede do que seria o quarto campeonato.

Passaram-se quatro anos e dava a impressão que o movimento estaria fadado ao fracasso, quando, novamente o Rio Grande do Sul foi o palco do ressurgimento. A bela cidade de Jaguarão, no sul do estado, quase na fronteira com o Uruguai prontifica-se sob a batuta de José Nunes Orcelli e realiza o reencontro dos botonistas brasileiros.

Ao termino desse campeonato, surge à entidade que doravante seria a promotora oficial das competições da modalidade. Chamou-se Associação Brasileira de Futebol de Mesa.

A ata de fundação da entidade, devidamente assinada por todos os presentes dizia em seu corpo:

“Aos vinte e cinco dias do mês de janeiro de mil novecentos e setenta e seis, nas dependências da Sociedade Harmonia Jaguarão, em Jaguarão (RS), ao término do IV CAMPEONATO BRASILEIRO DE FUTEBOL DE MESA, presentes as delegações de ALAGOAS, BAHIA, PARANÁ, SANTA CATARINA, SERGIPE E RIOGRANDE DO SUL, os abaixo assinados fundaram a ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE FUTEBOL DE MESA, cujos estatutos foram anteriormente aprovados e são anexos a presente e cuja primeira diretoria, eleita pelo Congresso
do IV Campeonato de Futebol de Mesa, fica assim constituída:

Presidente: JOMAR ANTONIO DE JESUS MOURA (BAHIA)

1º Vice Presidente: OLDEMAR DÓRIA SEIXAS (BAHIA)

2º Vice Presidente: JOSÉ NUNES ORCELLI (RIO GRANDE DO SUL)

3º Vice Presidente: GETÚLIO REIS DE FARIA (RIO DE JANEIRO)

4º Vice Presidente: IVAN LIMA (PERNAMBUCO)

5º Vice Presidente: MANOEL NERIVALDO LOPES (PARAIBA)

Diretor Administrativo: ADEMAR DIAS DE CARVALHO (BAHIA)

Diretor Financeiro: ROBERTO DARTANHÃ COSTA MELLO (BAHIA)

Diretor Técnico: NELSON MENEZES DE CARVALHO (BAHIA)

Conselheiros: ADAUTO CELSO SAMBAQUY (SANTA CATARINA)
MARCOS ANTONIO ZENI (RIO GRANDE DO SUL)
PAULO CARVALHO (PERNAMBUCO)

Suplentes: ZOPHESAMIN CAMPOS DE LIMA (ALAGOAS)
JOSÉ GOMES DE ALMEIDA (SERGIPE)
VANDERLEI R. AVILA (RIO GRANDE DO SUL)

E, para constar, eu, VANDERLEI AVILA, secretário do Congresso, lavrei o presente que vai por mim, e pelos demais fundadores, subscrita

Seguem-se as assinaturas de personalidades do mundo do futebol de mesa, muitos dos quais não estão mais entre nós.

Essa entidade passou a organizar e reger os campeonatos da modalidade e, nos anos oitenta, ajudou na criação da Confederação Brasileira de Futebol de Mesa, juntamente com as entidades das regras de três e doze toques.

Por isso, meus amigos, a importância de termos sido os pioneiros no sentido de organização, de regulamentação e aproximação com as demais entidades, conseguindo com isso a tão sonhada regulamentação de nosso esporte.

Essa é mais uma página da história do futebol de mesa nacional. Que se guardem os exemplos daqueles que lutaram para que os sonhos se tornassem realidades.

Até a semana que vem se Deus assim o permitir.

Sambaquy.

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