segunda-feira, 30 de maio de 2011

SANTA VITÓRIA DO PALMAR – TERRA DE GRANDES LÍDERES.


Minha gente querida existem cidades que podem ser consideradas referenciais no nosso esporte. Uma delas está chamando a atenção de todos nós, após a conquista em Caxias do Sul, do Campeonato Estadual por Equipes: Santa Vitória do Palmar.

Pois, foi nessa cidade que nasceu uma pessoa muito importante nessa modificação do futebol de mesa, de diversão para esporte reconhecido nacional e internacionalmente.

Já havia escrito em crônicas anteriores que ao assumir meu cargo no Banco do Brasil, na cidade de Caxias do Sul, recebi uma revista que era editada pela AABB. Lendo-a atentamente, deparei-me com a informação de que existia um departamento de futebol de mesa, e, sua responsabilidade entregue a Raymundo Antonio Rotta Vasques. Procurei-o, apresentando-me e dizendo que era praticante do futebol de botões. Ele foi muito solicito e marcamos um encontro no sábado, na sede da AABB, para uma partida. Depois dela, nunca mais paramos de jogar, de promover o esporte, de realizar importantes competições a nível estadual e nacional.

Vasques sempre foi uma pessoa sensacional. Redator perfeito, inteligente e prestativo. São dele muitas das histórias que corriam soltas pela agência. Na troca da regra gaúcha pela regra brasileira, a bolinha era um botãozinho denominado olho de peixe. Não havia ainda sido criada a bolinha de polietileno. Como esse botãozinho era muito raro, o Vasques conseguiu encontrar na Loja Pratavieira, algumas caixas. Mandou embrulhar todas elas. A balconista, intrigada com aquela compra perguntou-lhe o que iria fazer com tantos botões, recebendo como resposta: A minha esposa está fazendo uma bandeira do Brasil com esse tipo de botões e é por isso que vou levar todos. Ficamos todos nós supridos dos botões olho de peixe, tendo inclusive fornecido aos baianos, que já encontravam dificuldades em encontrá-los, algumas centenas deles.

Outra história que fez todos darem boas risadas foi levantada pelo Vicente Sacco Netto, que atribuía ao bom desempenho do centro avante Cardeal, do Vitoriense, clube que Vasques defendia no futebol de mesa, a banhos por imersão em geléia real.

Vasques e Calegari foram grandes divulgadores e assumiram o departamento juvenil/infantil da AABB, fazendo com que inúmeros meninos da cidade praticassem futebol de mesa. Um desses meninos era o filho do Vasques, o Raymundinho, que jogava com o Grêmio Porto-alegrense.

Pela estatística de meus jogos, nós nos encontramos por cinqüenta e duas vezes. E sempre foram jogos em que procurávamos jogar o futebol de mesa de cavalheiros. Árbitro era apenas uma figura decorativa em nossos jogos. O Vasques sempre foi um cavalheiro na mesa de botão.

Houve um campeonato em que ele não conseguia jogar direito e estava na eminência de ficar na lanterninha da competição, o que de fato aconteceu. Para premiá-lo, instituímos a entrega, por ocasião da premiação aos vencedores, de uma lanterninha. Isso acabou tornando-se uma obrigação nos campeonatos da AABB. E a grande alegria dele foi entregá-la, no ano seguinte, ao Homero Kraemer de Abreu.

Afinal, as cores verde e preta, do Vitoriense, deveriam ser resguardadas dessas situações difíceis.

Após a minha saída de Caxias, em 1973, só tive contato com ele uma vez, quando em Curitiba, telefonou-me dizendo que estava com vontade de dar uma chegadinha em Brusque para derrotar o seu eterno adversário. Infelizmente não apareceu e o tempo continuou passando, cada vez mais célere.

Fui surpreendido há pouco tempo com um e-mail recebido do Daniel Maciel, então presidente da AFM Caxias do Sul, informando que a filha do meu amigo Vasques queria entrar em contato comigo. Apressei-me a contatar com a Any, que conheci pequeninha em Caxias e ela me informou que o meu amigo está residindo em Florianópolis. Disse que ele estava bem e que quando fosse até a capital desse uma chegadinha na casa dele, para rememorarmos os nossos tempos de lutas em prol do futebol de mesa. Continuamos a conversar seguidamente e ela tem lido as crônicas que escrevo para a AFM. Acredito que vai gostar de saber da importância que seu pai teve na história do futebol de mesa brasileiro, pois se não fosse ele o diretor do departamento de futebol de mesa, quando eu iniciava a minha carreira, talvez continuássemos a jogar escondido em porões ou garagens. A Any me enviou uma coleção de fotos do Vasques a qual será impressa junto com essa crônica. Os mais antigos terão a oportunidade de relembrar dessa figura querida, que desde 1963 representa Santa Vitória do Palmar, com seu Vitoriense, nos gramados de madeira.

Por isso, hoje eu homenageio essa valorosa terra, terra de botonistas autênticos, cavalheiros no amplo sentido da palavra e que tem, em competições nacionais, honrado o nome desse torrão sulista, com conquistas que foram sonhadas quando demos nossos primeiros passos no sentido de divulgar o futebol de mesa.

Vasques, aqui vai o meu grande abraço.

Até a semana que vem se Deus assim permitir.

Sambaquy.

2 comentários:

  1. Que bela história Sambaquy, sempre muito bom ler o que o amigo escreve.
    Em nome de Santa Vitória, agradeço esta menção a nossa terra querida.

    Abraços !!!

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  2. Sambaquy, fiquei emocionada com a homenagem oferecida ao pai e sua terra.
    Esse cuidado e compromisso que tens com os detalhes e tua memória para pormenores e "causos" é fantástica. Afinal, destes cases em especial já se passaram uns 40 anos (ou +), o que mostra que o tempo não precisa necessáriamente embotar as emoções positivas e que os bons parceiros e amigos são mesmo para sempre.
    Foste muito querido em buscar lembranças de histórias vividas em comum com teus colegas da época e parabéns pela memória e por ainda partilhar com teus leitores tudo isso.
    Possuis um raro talento para trazer à memória as situações e pessoas que fizeram história e trazê-las para o momento, fazendo-nos viver cada situação-e ainda regadas com humor- ri muito dos botõezinhos olho de peixe!.
    Mais que tudo, além de informar e apresentar fatos, inseres as pessoas que estavam no contexto de forma gentil e amorosa de modo a valorizá-las, lembrando de sua importância e qualidades.
    Passo para o pai teu abraço, certa que ele se sentirá muito honrado assim como estou. Muito obrigada!
    Abraços!

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