segunda-feira, 3 de outubro de 2011

MINHA PRIMEIRA PARTIDA DE FUTEBOL DE MESA EM CAMPEONATOS BRASILEIROS.


Não é necessário dizer que ela foi jogada durante o primeiro campeonato brasileiro realizado em Salvador, na Bahia.  Partimos de Caxias rumo ao Rio de Janeiro, onde fizemos uma visita ao inesquecível amigo Getúlio Reis de Faria. No dia 4 de janeiro de 1970 realizamos uma partida amistosa e consegui vencer o Getúlio por 2 x0. No dia seguinte reiniciamos a nossa viagem rumo à linda Salvador. Fomos recepcionados pelos amigos baianos e jogamos na sede dos doutores Próculo e Kleber. A sede era a sala de espera entre os dois consultórios, visto que ambos eram dentistas e tinham em comum uma sala de bom tamanho. Ao encerrarem o expediente, cerravam a porta e colocavam a mesa para os jogos. Joguei na noite de 6 de janeiro contra o Andaraí, de Antonio Carlos Martins e o venci por 1 x 0. Após enfrentei o Dr. Próculo e ficamos num 0 x 0. No dia seguinte voltamos a nos preparar para a grande efeméride que seria realizada no dia 10.
Nesse dia 7 joguei quatro partidas, sempre procurando aprender com os grandes botonistas baianos que não iriam participar do Campeonato, pois não haviam se classificado. O primeiro adversário foi o incrível Cesar Aureliano Zama. Um botonista incrível que conseguia desarmar a nossa defesa rapidamente. Perdi por 3 x 1. Voltei a jogar contra o Dr. Próculo e novamente fui derrotado, desta vez por 1 x 0. Voltei a jogar dessa vez contra outra fera, várias vezes campeão baiano e o primeiro campeão do Nordestão. Webber Seixas, um dos mais completos jogadores de unha que vi jogar. Aprendi muito com sua malícia e seu jogo bem concatenado. Outra derrota e dessa vez por 4 x 1. O desafiei a me enfrentar novamente e fui mais feliz dessa feita, pois o nosso jogo terminou empatado em um gol.
Após, desfrutamos daquelas praias maravilhosas. Passeamos por locais históricos e visitamos museus maravilhosos. Estávamos num processo de aliviar a mente para não deixar o nervosismo tomar conta de cada um de nós, uma vez que era a nossa primeira experiência “a valer” contra adversários que desconhecíamos completamente. Até então havíamos jogado contra adversários que não estavam classificados para o brasileiro. Os baianos escondiam o jogo completamente, pois nenhum dos classificados mostrou sua cara a nós. Conversávamos, brincávamos, mas nada de jogar conosco. Não imaginávamos o que nos esperava. Além deles havia os sergipanos, os pernambucanos, o paraibano e os cariocas. Desses últimos só conhecíamos o Antonio Carlos Martins que freqüentava a casa de Getúlio, na Vila Izabel, no Rio de Janeiro.
No dia anterior, dia 9 de janeiro de 1970, foi realizado o Congresso de Abertura do Campeonato, no mesmo local onde os jogos seriam realizados. Os grandes líderes da época estavam reunidos e pudemos abraçar Ivan Lima (Pernambuco), João Paulo Mury (Rio de Janeiro), José Gomes (Sergipe), Nivaldo Pereira (Paraíba) e Ademar Carvalho (presidente da Associação Baiana de Futebol de Mesa). Através deles conhecemos os demais praticantes que foram sendo apresentados.

Dia 10 de janeiro de 1970 – data que deve ser eternizada por todos os botonistas – pois foi quando se iniciaram os campeonatos que uniram os praticantes do norte ao sul do Brasil.
Sorteada a mesa, meu adversário era José Inácio dos Santos, de Sergipe. Um tremendo jogador de botão, com uma técnica invejável, provada em 1979 quando, em Vitória (ES) tornou-se campeão brasileiro. O nosso jogo teve um início nervoso de minha parte. Afinal, era esse o meu sonho desde que fundamos a Liga Caxiense de Futebol de Mesa. Estava, naquele instante, representando o meu estado natal em uma disputa a nível nacional. Foi um jogo, após acalmar, de grandes lances, com reais oportunidades para ambos os adversários. O resultado final acusou um empate em um tento. Meu gol foi marcado por Paulo Cesar Carpeggiani, número 10.
Para mim, essa partida foi a mais emocionante de todas. Fizemos um jogo limpo e ficamos ambos satisfeitos com o resultado final.
Depois joguei contra Marcelo Tavares, representante de Pernambuco e venci por 2 x 1, com gols dos botões 9 e 10. Meu terceiro jogo foi um desastre, pois meu adversário era nada mais, nada menos do que o campeão baiano Milton Silva, o Miltinho. Levei uma sonora goleada de 7 x 1, tendo o meu único gol sido marcado pelo botão número 7. Apesar dessa goleada, fiquei satisfeito, pois o Miltinho chutou nove bolas em meu gol, durante todo o jogo. Tinha uma pontaria mortífera. Meu último jogo foi contra Adélcio Albuquerque, do Rio de Janeiro. Uma vitória que redimiu um pouco a goleada sofrida. Venci por 4 x 1, com gols dos botões 10, 10, 9 e 8.
Como eu jogava o campeonato por equipes, ficamos em quarto lugar, pois Bahia, Pernambuco e Sergipe, por terem muito mais tempo jogando entre si, conseguiram nos ultrapassar. Atrás de nós ficaram Rio de Janeiro e Paraíba.
 Dois dias após ainda joguei mais algumas partidas, sempre no intuito de aprender um pouco mais, visto que tínhamos apenas três anos jogando nessa regra e dentro de casa. Nunca havíamos saído de nossas fronteiras. Os jogos que realizei foram contra José Santana, vencendo por 1 x 0, Webber Seixas, com derrota por 2 x 0 e Laureano Correa, também com derrota por 2 x 1. Todos eles eram grandes botonistas da Associação Baiana de Futebol de Mesa.
A foto que ilustra essa coluna é do meu primeiro jogo oficial em Campeonato Brasileiro, tirada em 10 de janeiro de 1970, com José Inácio e o juiz baiano. Muita saudade dessa epopéia botonistica de minha vida. Mas, confesso, faria tudo novamente se pudesse voltar no tempo.
Até a semana que vem.
Sambaquy.


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