segunda-feira, 17 de outubro de 2011

... PAZ NA TERRA AOS HOMENS DE BOA VONTADE...

Como seria bom se só existissem, aqui em nosso Planeta, homens de boa vontade. Com certeza, a nossa vida seria muito melhor e bem mais rica.
Hoje, desfrutamos de estradas que nos levam aos mais distantes recantos de nosso país. Temos uma rede aeronáutica que em pouco tempo nos faz engolir distâncias. Nem sempre foi assim, pois houve aqueles que tiveram a iniciativa de abrir terrenos e formar estradas e pessoas que, juntas, pensaram em dar comodidade em deslocamentos, criando empresas de aviação. Esses tiveram o trabalho duro e brutal, muitas vezes com risco de suas vidas para, hoje, termos as facilidades que encontramos.
No nosso esporte, que por muito tempo foi considerado diversão, hobby, entretenimento também foi necessário um trabalho gigantesco. Reuniões foram realizadas. Viagens feitas e uma concordância de abrir mãos de muitos privilégios, como o de dizer que a minha regra é a melhor de todas. Teve de haver humildade e gestos fraternos para que a união se manifestasse e o C. N. D. nos distinguisse com a categoria de esporte. A nossa participação na regulamentação disso tudo foi de 1/3, cabendo os outros 2/3 aos dirigentes das regras de três e doze toques.
Essa é razão, pela qual, fico estarrecido com as notícias que recebi de meu amigo Ítalo, sendo impedido de usar o uniforme de sua agremiação num torneio a ser realizado em uma regra que ombreou conosco nesse trabalho que tanto benefício está trazendo às Associações de Futebol  de Mesa de todo o Brasil.
Os regimentos internos de cada associação devem ser atualizados, impedindo, dessa forma, que se cometam atos ofensivos a quem, duramente, acompanhou os dirigentes da Associação Brasileira de Futebol de Mesa no trabalho de convencer os poderosos da entidade maior do esporte a nos incluírem como esporte.
Não estou pedindo que abram suas portas e coloquem mesas diferentes das suas. Não estou pedindo que joguem uma regra diferente da que estão praticando. Estou apenas pedindo que respeitem as escolhas de quem não joga como nós jogamos. Cada um sente a beleza do futebol de mesa que pratica e o vive intensamente da forma como escolheu. Tentar menosprezar outra modalidade é o mesmo que ridicularizar o seu esporte preferido.
Dentro de nossa modalidade temos divergências: lisos e cavados. Eu nunca joguei cavado, mas defendo até a morte a sobrevivência dele, pois a nossa história é rica em conquistas maravilhosas por parte de excelentes botonistas que, muitas vezes, com enormes dificuldades levantaram troféus em nome do nosso estado natal. Não há um melhor do que o outro, o que existe é a adaptação a uma modalidade de jogar.
O Ítalo, quando esteve residindo em Brusque (SC) e desejando jogar, encontrou o pessoal que pratica futebol de mesa na regra de doze toques. Eles jogam em Itajaí (SC) e defendem as cores do Marcílio Dias. Ele foi acolhido com muito carinho por todos os botonistas catarinenses e gostou daquilo que viu. E, gostando da modalidade, encontrou pessoas que a praticam na vizinha cidade de Rio Grande. Se não houvesse ficado um pouco daquilo de bom que ele encontrou na regra de doze toques, ao voltar para a sua cidade, retornaria à sua Regra Brasileira e riscaria a página escrita em Santa Catarina. O que é importante é que cada regra tem a sua beleza, a sua plástica, a sua elasticidade, os seus segredos e, por isso, torna-se uma paixão em nosso coração.
Ai mesmo no Rio Grande já são várias as agremiações que jogam a regra gaúcha e a regra brasileira. E vivem em paz, em harmonia e gostam daquilo que fazem.
Poderíamos viver em paz e em boa vontade e praticar o nosso esporte sem desfazer o de nosso vizinho que é diferente do nosso, mas é o que ele sabe fazer e gosta de fazê-lo.
Rezo para isso acontecer, pois só assim estaremos valorizando o trabalho daqueles que, com sacrifício, suores, dissabores, conseguiram essa vitória que saboreamos hoje e que encontramos prontinha, sem ter de lutar por ela. Lembrem-se disso antes de discriminar outra modalidade de futebol de mesa. Nós não somos donos da verdade e nossa participação nessa verdade é igual em partes, a dos botonistas amigos, que jogam os três e os doze toques.
O respeito é bom e deve ser conservado sempre, para que todos possamos ser homens de boa vontade...
Até a semana que vem, se Deus permitir.
Sambaquy.

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