segunda-feira, 15 de julho de 2013

ROBSON BAUER – UM CAMPEÃO EXCEPCIONAL

Robson Bauer
Conheci esse grande botonista por ocasião dos festejos dos 45 anos da AFM. Pessoa de fino trato, afável, respeitoso e correto, um desportista que mostrou sempre o seu valor nas mesas e fora delas. Já nos encontramos diversas vezes nas realizações de competições de futebol de mesa. A última vez foi em Salvador, quando, chegado do Aeroporto subiu diretamente para a sala dos jogos, com a mala na mão, antes mesmo de registrar-se no Hotel Sol Barra. A história desse grande botonista é quase idêntica a de todos os demais.

Torneio 45 anos
Campeonato brasileiro 2012 junto de dois dos criadores da regra brasileira Sambaquy e Oldemar Seixas
Inicia-se em Pelotas, com botões de plástico, goleiros de caixa de fósforos, cheios de areia e enfeitados com as cores dos clubes e com distintivos publicados por revistas. De Pelotas passa a Santa Vitória do Palmar, já com botões puxadores de diversas cores, mas ainda em cima de Estrelões. Nosso campeão era um tremendo negociante de botões, além de fabricar em plásticos, usando tampas de fermento para moldá-los e depois raspando nas calçadas até ralar as pontas dos dedos. Foi nessa época que um de seus amigos ganhou de presente uma mesa de madeira, com goleiras fixas e redinhas. Era o máximo para aquela garotada. Os Estrelões foram aposentados sumariamente.
Em 1990, craque de futsal, descobre que seus colegas Gute e Bebé jogavam futebol de mesa. Levado por eles se encanta ao adentrar nas dependências da ASFM (Associação Santavitoriense de Futebol de Mesa). Mesas enormes, botões uniformizados, sem riscos e ranhuras, caixas sob medida para a sua guarda, bolinhas que não necessitavam ser viradas para levantarem sobre os goleiros, tudo uma grande loucura! Soube que havia fabricantes em Pelotas e solicitou ao seu pai que lhe trouxesse um time, pois assim poderia participar dos campeonatos realizados. É presenteado com um time padronizado. Seu pai trouxera de Pelotas um time branco e vermelho. Naquela noite quase não consegue dormir, olhando para os botões empilhados na cabeceira da cama.
Com eles participa ativamente, assimilando a regra e os seus macetes. A ASFM realiza um torneio denominado “Mergulhão” e, na ocasião, vários times são oferecidos à venda. Interessou-se por um e antes de negociar solicitou a opinião abalizada dos mentores Guido Garcia e Edison Rodrigues, os quais afirmaram que esse seria melhor do que o que vinha usando. Com essa compra foi aprimorando seu estilo, com muitos treinos e prestando atenção nas palavras do grande mestre Guido.
Robson no tempo de jovem na ASFM / HPC
Sua primeira participação fora dos limites da ASFM se deu na cidade de Pelotas. Foi participar do torneio “Circulão”. Nesse torneio, que marcou profundamente a sua vida, os vitorienses trouxeram para sua galeria os três primeiros lugares: Guido seria o campeão, Edison o segundo e ele, o terceiro colocado. Voltaram para Santa Vitória sentindo-se campeões mundiais, tal a satisfação que tiveram.
Com outros rapazes de sua faixa de idade, aprimorou seus treinamentos, cujos treinos começavam sérios, mas acabavam em bagunça, geralmente quando o Guido e o Edison não estavam presentes. O quarteto bagunceiro era formado por Morão (Moisés), Claiton, Cidio e Robson. Assim conseguiu aprimorar sua técnica e elevou seu padrão para o que é hoje. Quem quiser conhecer as diversas histórias desse quarteto terá de procurar os Cromos do Gothe Gol, pois aqui faltaria espaço para reproduzi-las, sendo que algumas delas são fantásticas. Aconselho a quem desejar dar risadas, que faça essa procura e leia o cromo do Robson.
Seu grande incentivador foi certamente essa figura maiúscula chamada Guido Garcia. Foi obra dele a mesa que Robson levou para a sua casa, onde realizava grandes jogos com o seu irmão Gelson e seu pai. Junto com Guido, participando em brasileiros, teve a oportunidade de observar a plástica na modalidade lisos e se encantou. Ficava extasiado, pois o jogo era praticado sem que houvesse as coberturas tradicionais da modalidade livre. Em 1997, migrou para o liso, aconselhado por seu pai que via nele a grande possibilidade de conquistas magníficas.
Em 1997 e 1998, nas cidades de Aracajú (SE) e Rio e Janeiro (RJ) sagra-se campeão brasileiro na categoria livre.
Robson e o Mestre Guido
Mas, com sua aprovação para a Faculdade, diante da carga de estudos e com apertos financeiros, sua paixão pelo futebol de mesa fica adormecida pelo espaço de dez anos. Após sua formatura, migrou por diversas cidades, até se estabelecer em Lajeado. Em 2010, ao tomar conhecimento da realização dos Jogos Abertos de Caxias, promovido pela AFM Caxias do Sul, enviou um recado, o qual foi prontamente respondido pelo Daniel Pizzamiglio, afirmando que ele seria muito bem vindo. Foi acolhido e pôde realizar o desejo de seu pai, jogando somente a modalidade recomendada. Infelizmente, nem tudo foi alegria nesse ano, pois seu querido pai sucumbiu diante da doença que o acometia há dois anos. Foi uma perda irreparável para ele e para todos de sua família.
Seu início foi arrebatador na AFM, pois consegue vencer o Torneio Inicial e o estadual por equipes, jogando pela sua Santa Vitória do Palmar.
Equipe campeã do estadual de lisos 2011 (Vinicius - Guido - Robson -Umberto)
Em 2011, sagra-se Campeão Caxiense, sendo o 17º nome a figurar no seleto grupo de campeões municipais. Além disso, no XXIX Centro Sul, realizado e promovido pela AFM, fica com o honroso vice-campeonato. Em 2012, torna-se campeão do Torneio de Inverno, promovido pela AFM e Campeão do Centro Sul, realizado em Vitória. No ano seguinte, consegue vencer e jubilar-se como campeão no tradicional Torneio Primus, na AFM e, voltando ao botão cavado, mostra que quem foi rei, nunca perde a majestade, vencendo de forma categórica o Lagoão, promovido pelo Grêmio Esportivo Lourenciano.
Campeão Centro Sul 2012
Campeão do Lagoão 2013
Esse exemplo de campeão não fica restrito somente a ele, pois está promovendo, em sua residência, campeonatos para crianças, motivando seu filho Renan a lhe seguir os passos vitoriosos.
Parabéns a esse amigo vencedor, sua esposa Luciana e ao nosso futuro campeão Renan.
Robson ao lado de seus novos amigos da AFM Caxias - sua nova família
Mario Vargas(Campeão Centro Sul 2011) / Adauto Sambaquy / Robson Bauer (vice em 2011 e campeão em 2012 do Centro Sul)
Nesta foto momento antes da decisão de 2011 em Caxias do Sul


Até a semana que vem, se Deus assim permitir.

10 comentários:

  1. Meu caro Sambaquy. As histórias dos verdadeiros botonistas se assemelham, mas são extraordinárias. O que se observa é que há a necessidade de se apaixonar pelo esporte para ir mais longe e assim poder fazer história. Aqui, no gueto do botãobol, não conseguimos expandir nossa modalidade, talvez pela grande dificuldade de adaptar locais para a sua execução. O botãobol é lindo, maravilhoso, sendo o verdadeiro futebol-de-botão-arte, sem falsa modéstia. Isso não impede de admirar as brilhantes performances de botonistas em todos os quadrantes desse Brasil. Um forte abraço pernambucano.

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    1. Amigo Abiud,
      Histórias de botonistas são parecidas, mas se constituem em caminhadas individuais com muita coragem e amor pelo que fazem. Robson é um rapaz que merece toda a consideração e respeito por tudo que tem produzido no futebol de mesa. Vem de uma escola maravilhosa de botonistas e está produzindo frutos, pois iniciou seu filho no futebol de mesa. Sei que ainda colherá muitos frutos em sua caminhada e a minha homenagem é pequena diante de seus feitos.
      Abração gaúcho/catarinense.

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  2. Parabéns amigo Sambaquy por esta homenagem.
    O Robson além de ser um grande desportista é daquelas pessoas que quando falamos pela primeira vez, parece que já conhecemos há muito tempo.
    Joga muito e mantém a humildade de um grande Campeão, motivo pelo qual é muito respeitado e sempre tem a nossa torcida.
    Enfim, trata-se daquelas pessoas que todo pai gostaria para genro (rsrsrs).

    Grande abraço,

    Carlos Kuhn

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    1. Meu amigo Kuhn,
      Também penso assim. Caráter fantastico e uma pessoa humilde quando trata com os demais. Ele vem de uma escola formadora de grandes craques, comandada pelo grande Guido Garcia.
      Grande abraço para você, meu idolo gremista.

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  3. Meu Deus......nao encontro palavras.....realmente vc é uma pessoa diferenciada, pois fazer esse tipo de homenagem é para poucos. Não sei se sou merecedor de tudo isso, mas agradeço muito, primeiramente em tê-lo conhecido onde nos tornamos amigos, mas preciso agradecer por esta ENORME homenagem.
    Acho que teve ajuda de alguém por aí que já imagino quem foi, pois está muito rica em detalhes e trata-se de outra pessoa maravilhosa. Enfim.....repito, não sei se faço jus a tamanha homenagem, mas agradeço de coração. Obrigado a todos e espero reencontrá-lo em breve !!!!
    P.S. Desculpe o português e a falta de concordância, mas balança muito a gente.

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    1. Meu amigo Robson. Só posso dizer que és merecedor de todas as homenagens possíveis, pois és um exemplo para todos os que tem o privilégio de te conhecer. Além de ser um campeão nato, tens a candura de agradecer uma singela homenagem. Realmente, depois de ter essa coluna publicada, quem está se sentindo jubilado sou eu, pois consegui emocionar o meu amigo. E, tenho a certeza, muitos outros botonistas estarão felizes em ler sobre você. Cada palavra é apenas uma minúscula oportunidade de mostrar um dos maiores botonistas de nosso país. Um abraço, meu amigo Robson.

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  4. É difícil falar de uma pessoa como o Robson sem cometer o risco de ser injusto por esquecer algo. Um botonista excepecional - nas duas modalidades - humilde, educado, amigo... enfim... um grande caráter! E o Sambaquy consegue sintetizar tudo em poucas linhas. Com certeza pesquisou pois são muitos detalhes, realmente. O Robson é um filho do coração e isso diz tudo do que penso a seu respeito. Obrigado, Adauto, por essa linda e justa homenagem ao Robson!

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    1. Meu grande amigo Guido, o famoso Sargento Garcia. Quero que saibas que a grande motivação em escrever sobre o futebol de mesa aconteceu consigo, quando publicavas aquelas maravilhosas colunas no blog do Circulo Militar, de Porto Alegre. Senti que, com sua bondade, estavas eternizando nomes de alguns botonistas famosos e me inspirei em ajudá-lo a não deixar que, num futuro distante pudessem ser esquecidos. E Robson é cria sua, segue seus passos vencedores e isso me deixa feliz, pois posso dizer ao mundo que privo da amizade desses dois icones do futebol de mesa brasileiro.
      Um abraço meu querido amigo.

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  5. LH.ROZA
    Como é reconfortante abrir o Notebbok, e ir direto procurar as novidades nessa "COLUNA", fazendo com que nos prenda aos mínimos detalhes, o que à faz mais intrigante pela riqueza de esclarecimentos as vezes esquecidos.
    Bem dizer algo mais do ROBSON, talvez até possa me perder ou repetir o que já tenha sido dito.
    Quando ainda participava do Dptº.de Futmesa do COP, lá em Pelotas, tivemos a grata supresa de ver alí suas primeiras grandes conquistas e iniciarmos uma amizade, nunca suplantada pela emoção de uma vitória nas mesas, mas passando admira-lo como pessoa.
    Um abraço aos amigos SAMBAQUY e GUIDO por nos proporcionarem mais uma bela pagina da HISTÓRIA desse nosso lazer....
    ROBSON ..como diz o DANI "TAMO JUNTO"...

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    1. Meu amigo Roza. Como foi dito, a primeira grande conquista fora de casa foi no COP, em PELOTAS, sob a sua batuta. As histórias de grandes botonistas são sempre assim, mescladas por acontecimentos que nos fazem viajar no tempo, em busca de lembranças agradáveis e imorredouras.
      Um abração.

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