segunda-feira, 19 de agosto de 2013

FOLHEANDO VELHOS JORNAIS

A Folha da Tarde Esportiva, publicada em oito de fevereiro de 1969, trazia a reportagem de lavra de Guiomar Chies, com o título Futebol de Mesa leva o nome de Caxias para o norte do país. Seu texto era o seguinte: O futebol de mesa teve um início pitoresco em Caxias do Sul. Hoje em dia, é a cidade gaúcha onde esse esporte é mais aperfeiçoado e seus praticantes recebem correspondências de muitos locais, solicitando informes sobre esta atraente modalidade esportiva.
Como surgiu. O futebol de mesa surgiu em Caxias há muitos anos atrás. Adauto Sambaquy, um dos grandes entusiastas brasileiros recorda-se que, em 1947, já o praticava com uma particularidade: empregavam-se botões de roupa, lixados nas bordas, jogando-se escondido, nos porões das casas, a fim de fugir da gozação dos maiores e mesmo dos que viam nisto algo de ridículo. Já, em 1963, o movimento do futebol de mesa era grande e havia ganhado muitos adeptos. Os adultos já o praticavam. E foram dois clubes de estabelecimentos bancários que iniciaram as disputas oficiais, promovendo certames entre seus associados: Grêmio Banrisul e AABB. O primeiro intercâmbio ocorreu em junho de 1965, com técnicos de Porto Alegre. Em 1966, foi realizado um torneio com representantes da Bahia, Oldemar Seixas e Ademar Carvalho, vindos do maior centro praticante da modalidade. Em 1965, Caxias foi vice-campeã do Estado. Atualmente, centenas de pessoas o praticam na cidade, cujas idades variam entre os seis até o mais velho habitante da Pérola das Colônias.
Reportagem da Folha da Tarde Esportiva, que chegava à tarde em Caxias
Bahia e Caxias do Sul. O uso de botões comuns (puxadores) em Caxias do Sul caiu em desuso, passando a serem usados os chamados botões baianos, sendo o esporte praticado dentro do sistema daquele estado. Graças ao intercâmbio, em 1967, numa excursão ao Estado da Boa Terra, efetuada por caxienses chefiados por Adauto Sambaquy, levaram um anteprojeto das regras de futebol de mesa, sendo aceito com alegria e entusiasmo pelos conterrâneos de Ruy Barbosa. Atualmente, está sendo usada para júbilo e orgulho dos caxienses em todo o território nacional. A entidade caxiense era filiada à Federação Riograndense de Futebol de Mesa. Porém, como essa não se adaptou ao novo sistema, os integrantes da Liga de Caxias do Sul se desfiliaram e passaram a realizar intercâmbio mais acentuado com a Bahia e cidades que estivessem interessadas na implantação da modalidade dentro do novo método. O resultado até hoje é surpreendente. Somente agora é que, na capital, ao que nos consta, existe a prática do futebol de mesa baiano, graças aos componentes do Departamento do S. C. Internacional. Mas um fato causa impacto a quem presta atenção. A cobertura dos jornais baianos em relação ao futebol de mesa e, isto é interessante, o destaque quase diário que é dado ao esporte do botão com relação à Caxias do Sul. Inclusive resultados dos jogos aqui efetuados repercutem em Salvador. Nem o futebol profissional, o de campo, consegue dar tanta publicidade a Caxias do Sul, na Bahia, como futebol de mesa. Pode-se afirmar que Caxias e Bahia vivem abraçadas para o engrandecimento do esporte dos técnicos.
Confirmando essa última parte, que fala dos resultados divulgados na Bahia, possuímos um exemplar do Jornal A Tarde, de Salvador, de dezenove de agosto de 1973, que publicou a reportagem: Gaúchos viram o que a Bahia tem. Veja.
Jornal A TARDE de Salvador, que recebemos à bordo do avião da Varig. Nos sentimos o máximo...
Gaúchos viram o que a baiana tem... Torneio Bahia X RGS - 1973
Dizia a reportagem: Estarão retornando, dentro de algumas horas ao Rio Grande do Sul, os gaúchos Adauto Celso Sambaquy, Airton Dalla Rosa, Sérgio Calegari, Adaljano Tadeu Cruz Barreto e Mário de Sá Mourão, que nesta capital participaram do torneio Bahia- Rio Grande do Sul de Futebol de Mesa, em homenagem ao Sesquicentenário da Independência da Bahia. Os jogos foram disputados na sede da Associação Bahiana de Futebol de Mesa e pela Bahia tomaram parte Oldemar Seixas, José Ataíde, Luiz Alberto Magalhães, Geraldo Holtz e Guilherme José. Os baianos, melhor ambientados e jogando bem conseguiram a maioria das vitórias, num atestado que na “Boa Terra” ainda se pratica um excelente Futebol de Mesa. Além dos jogos na Associação Bahiana, os gaúchos, que na capital ficaram hospedados no Hotel São Bento, visitaram também a Liga da Pituba, onde seu presidente Otávio Dantas ofereceu um coquetel aos visitantes, premiando-os com o troféu simpatia. Na quinta feira, os caxienses realizaram vários amistosos na sede particular de Orlando Nunes, enfrentando entre outros: Valter Motta (que perdeu de 5 a 1 para Sambaquy), Vital Cavalcanti, Guilherme Freitas, Raimundo Gantois e muitos outros técnicos da Liga da Barra, tudo num ambiente de excelente camaradagem.
Todos estão com as camisas de seus clubes.

Torneio Salvador Bahia – 1973
A Associação Bahiana quem tem como Presidente de Honra: José Ataíde e como Presidente: Oldemar Seixas, contou com a colaboração do Hotel São Bento, na hospedagem, e a Casa Esportiva que ofertou os troféus do torneio. Com a vinda dos gaúchos, ficaram ainda mais fortes os laços de amizade que unem os desportistas dos dois estados, tendo o Futebol de Mesa, mais uma vez servido para aproximar ainda mais os baianos dos gaúchos, pioneiros da Regra Brasileira.
Adauto Sambaquy vem lutando no sul do Brasil, para divulgar o moderno Futebol de Mesa que já está sendo disputado nas cidades de Cachoeira do Sul, Giruá, Arroio Grande, Passo Fundo, Pelotas, Rio Grande, Canguçú, Santana do Livramento, Bagé e até no exterior, nas cidades de Pozadas, na Argentina e Encarnacion, no Paraguai.
Na sequência da reportagem, dá os resultados da Liga Bahiana, Liga do Barbalho e Liga Brasil.
O inédito nisso tudo é que recebemos o jornal a bordo do avião da Varig que nos traria ao Rio Grande, de regresso. O pessoal que lia o jornal, dentro do avião, saudava-nos com alegria. Foi o nosso momento de glória, pois nas mesas não ganhamos nada.
Nós trocamos as camisas de nossos times pela da Liga Caxiense de Futebol de Mesa
Por essa razão é que eu sempre defendi o apoio da mídia ao futebol de mesa. Seríamos muito maiores do que já somos se houvesse mais pessoas que mostrassem aos leitores o que é o futebol de mesa, a grande paixão dos brasileiros. Nossos blogs são lidos por botonistas, mas os jornais e revistas são manuseados por milhares de pessoas e isso contribui para o conhecimento de todos. 
Em Caxias, na época em que estávamos implantando a Regra Brasileira, com essas reportagens que saiam seguidamente nos jornais locais, a Rádio Difusora Caxiense abriu um horário para que apresentássemos nossas idéias, e por algum tempo o Paulo Valiatti e eu nos revezamos, dando os resultados da rodada, falando de jogos e convidando as pessoas a nos visitarem. Despertamos o interesse em muitos botonistas que estavam parados e que voltaram a praticar o seu esporte favorito. Lendo esses recortes de jornais, a saudade me faz viajar no tempo e voltar àquela época glamorosa em nossas vidas.

Até a semana que vem, se Deus assim permitir.

2 comentários:

  1. Que beleza, meu caro Sambaquy. Fico cada vez mais feliz em contar com sua amizade, você que é a própria história do futebol de mesa do Rio Grande do Sul. O mundo do botão seria outro, se houvessem mais Sambaquys por esse Brasil afora. Você, amigão, merece todas as honras dos botonistas espalhados por esse mundo de meu Deus. Continue com essas belas crônicas, mantendo assim viva a chama do jogo de botão. Abração pernambucano.

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  2. Meu amigo Abiud,
    Acredito que você também é responsável por nosso esporte estar até hoje deliciando as pessoas que o praticam. Pelo que tenho acompanhado na Marreta, de sua lavra, vejo o quanto conseguimos fazer pelo esporte que amamos. Nossos exemplos devem sr seguidos por esses botonistas atuais, os quais receberam de presente algo que foi muito trabalhado para chegar aos dias atuais. Divido contigo essa honra, pois nós, graças a Deus, temos histórias para contar.
    Abração gaúcho/catarinense.

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