segunda-feira, 14 de outubro de 2013

O FUTEBOL AMADOR AJUDAVA E ATRAPALHAVA O FUTMESA EM CAXIAS

Em Caxias do Sul, o futebol de mesa iniciou a ser praticado em clubes. A sua divulgação era feita pela amizade que tínhamos com os radialistas e jornalistas locais. Mas, a maior divulgação esportiva era quando os clubes amadores eram enfocados. Isso nos levou a pensar em introduzir o futebol de mesa nos diversos clubes que disputavam o campeonato amador da cidade.
Começamos pelo Vasco da Gama. E foi um sucesso, pois quem ia fazer a cobertura do clube encontrava seus associados jogando botão. Isso despertou o interesse de outras agremiações. A primeira foi o Juventus, tradicional clube caxiense, talvez um dos mais antigos, pois iniciou com o nome Juvenil, que depois teve de ser trocado, pois havia um clube com esse nome ainda registrado. Lá, o Algacir Possenatto realizou os campeonatos internos. Depois dele, o Noroeste, pela rivalidade com o Vasco também conseguiu reunir botonistas e fundar seu departamento. Para lá migraram os irmãos Valiatti e o Maggi. Construíram mesas e fizeram uma enorme festa de inauguração.
Vasco, quando ainda era ali perto do Quartel dos Bombeiros
Resolveu a Liga Caxiense que a disputa do campeonato seria realizada na sede do Noroeste, pois o número de mesas era ideal. Foi então que a rivalidade do futebol começou a atrapalhar o futebol de mesa. Se já eram adversários no campo, tornaram-se adversários ferrenhos na mesa.
Lembro que estava em casa, num sábado à tarde, quando o Mário Ruaro De Meneghi (Vasco da Gama) me procurou, dizendo que não iria mais disputar o campeonato. Sem que eu necessitasse perguntar o porquê dessa decisão, relatou que, ao jogar contra o Paulo Valiatti, o mesmo quase destruiu os seus botões. O detalhe é que cada um de nós, pela dificuldade de comprar botões, pois só eram fabricados na Bahia, tínhamos apenas um time para nossos jogos. O Paulo não perdoava os botões do Mário e sempre que podia os estourava, jogando alguns deles no chão, pois ultrapassavam a madeira que circundava o campo. Mário estava revoltadíssimo.
Diante disso, já que sua decisão era irrevogável, tratei de dar uma lição no Paulo, pois nunca fui de me manifestar espalhafatosamente. Falei com o Algacir Possenatto (primo do Marcos Zeni) e solicitei que ele fabricasse um Flamengo (caxiense é claro) com alguns pedaços de acrílico, já que ele manifestava desejo de confeccionar botões. E isso foi feito, ficando um time bem diferente, com acrílico meio transparente, bom para jogar, mas feio como a necessidade.
No dia em que eu teria de enfrentar o Paulo Valiatti, coloquei esse time em campo, diante dos olhos arregalados do meu adversário, acostumado a ver o meu Flamengo vermelho, com duas faixas azuis e brancas na horizontal. Se tivesse chamado sua atenção com palavras, com certeza não teria tido tanto efeito como o que eu estava fazendo. Joguei bem e o venci por 3 x 2, frustrando seu desejo, já que estava usando de tudo para conseguir ser campeão. Se fosse para quebrar botões, que quebrasse os botões feios, pois o time que havia  sido feito pelo seu Aurélio não era para isso. Mas, o estrago fora feito e o pessoal do Vasco, em solidariedade ao Mário, retirou-se do campeonato, visto que o local era tradicionalmente adversário.
No Noroeste: Paulo Valiatti, Jairo Oliveira, Joel, Sérgio Silva, Vasquez e Sambaquy
Serviu também para nos empenharmos na conquista de um espaço que fosse nosso para realizar esses campeonatos, sem necessitar usar as dependências da AABB, Vasco, Noroeste, Juventus ou Guarany. Serviu para a mobilização, junto com a Mapro (Material de Propaganda) que trabalhava com acrílico, ajudar-nos e alugarmos uma sala enorme no Edifício Martinato.
Os campeonatos de clubes continuaram a ser disputados, mas sem visitação, evitando-se dessa maneira que a rivalidade influísse em nosso esporte. Aos poucos, porém, foram se esvaziando e acabando. Infelizmente, um fato lamentável de antagonismo esportivo fez com que uma idéia que se mostrou brilhante na prática, fracassou. Os campeonatos passaram a ser somente na sede da Liga Caxiense.

Até a semana que vem, se Deus assim permitir.

4 comentários:

  1. É isso aí, Sambaquy. Aqui mesmo não foi, não é e nem será diferente. Tivemos o mesmo problema quando jogávamos na dependência do Santa Cruz. Hoje, no Sport Club do Recife, devido às rivalidades, nenhum botonista poderá se fazer presente com camisas de outros clubes. Uma coisa é certa: não se pode associar clubes de futebol com futebol de botão. Vou mais além: O futebol de botão deveria ser um esporte individual, por excelência. No botãobol é assim. O resto é futmesa. Um abração pernambucano.

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    1. Amigo Abiud, em São Paulo os grandes clubes ajudam o futmesa de forma muito vibrante, pois Corinthians, Palmeiras, Juventus, dão salas para seus botonistas e quando representam o clube arcam com as despesas de viagem e hospedagem. No Rio de Janeiro parace que também funciona assim. Aqui no sul o Internacional e o Grêmio ajudaram até necessitarem da sala. Realmente há necessidade de organizar grupos e fundar clubes só de futmesa.
      Abração gaúcho/catarinense.

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  2. LH.ROZA
    Buenas Tchê !!! como diria o "POETA":
    Uma coisa é uma coisa ...outra coisa é outra coisa ... esse é antiga mas creio que continua atual.
    EU tive o privilegio de criar no Círculo Operário Pelotense, o Dptº de Futmesa. Visto ser uma entidade voltada para a FILANTROPIA, o que em muito veio contribuir para expandir os demais ESPORTES la já existentes.
    Pois bem, EU ainda considero esse feito como criar um filho, visto que ao longo dos tempos conquistamos diversos TÍTULOS, colocando o COP entre as grandes ASSOCIAÇÕES, em nivel estadual e nacional.
    Atualmente em Pelotas, no Clube Caixeral estão instaladas duas Associações, e no minimo não devam ser muito amistos os encontros.
    Mas fazer o que, se até as Secretarias de Esporte e/ou Lazer das CIDADES não ajudam, o negocio é continuar com as "VELHAS GARAGEM"
    Até +

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    1. Meu amigo Roza,
      Sei de sua luta no COP e do sucesso que perdura até hoje. Mas, em clubes de futebol, mesmo que sejam amadores há muita rivalidade. Conseguiram transferir para os botões as guerras que aconteciam nos campos de futebol. As rivalidades entre associações da mesma cidade sempre aconteceram e nunca irão desaparecer. Agora, as Secretarias de Esporte/Lazer recebendo um projeto bem elaborado, acredito que ajudarão sempre.

      O futebol de mesa vai existir sempre, em clubes, em associações e em garagens. O negócio é não deixar cair a peteca e carregar a garotada para os clubes, incentivando-os a continuarem a nossa luta.
      Abração.

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