Lenine fundou a Federação
Riograndense de Futebol de Mesa, apoiando a Regra Gaúcha e organizou as
competições que passaram a ter cunho oficial.
E não ficou somente na sua obra,
pois foi a São Paulo e ajudou a criar a Federação Paulista em 1962 e, depois, a
Belo Horizonte, incentivando a criação da Federação Mineira, alguns dias após a
conquista paulista. Sobre a Federação Mineira não tenho conhecimento de
providências em organizar campeonatos, pois as notícias escassearam, mas a
paulista realizava grandes confraternizações que se chamavam Integrações, já
que eram jogos de clubes contra clubes, fazendo com que cinco ou mais
integrantes se deslocassem de sua sede para enfrentar adversários em outros
bairros e até em cidades distantes.
A falta de intercâmbio,
entretanto, foi fator determinante para o enfraquecimento das três entidades. A
Riograndense praticava a regra gaúcha, enquanto que os paulistas e mineiros
jogavam a regra de doze toques e a de três toques respectivamente, com bolinha
esférica, primeiro de linha e depois de feltro. Por serem modalidades
diferentes, não houve química que pudesse aproximar os botonistas desses três
estados, pioneiros em organização.
Com o tempo, a Federação Paulista
foi diminuindo sua atividade, chegando a adormecer completamente. Nesse
período, houve a criação da Regra Brasileira, com a união de gaúchos e baianos.
Na Bahia não havia uma Federação, pois quem regia os destinos do futebol de
mesa por lá era a Liga Baiana de Futebol de Mesa. A aproximação de dois estados
fortes no esporte fez com que os horizontes do futebol de mesa fossem ampliados.
O Nordeste aderiu à Regra Brasileira imediatamente. Rio Grande do Sul ficou
dividido, com a Liga Caxiense aderindo à Regra Brasileira e a Federação
Riograndense promovendo a Regra Gaúcha. Mas, a Regra Brasileira havia chegado
para vencer e surgem pontos de envolvimento em diversas cidades do Brasil. No
Rio de Janeiro, Getúlio Reis de Faria adere à Regra e surgem nomes de grande
relevância para a sua divulgação entre os cariocas. Antônio Carlos Martins,
diretor dos Cursos Martins foi um deles. Em Cataguazes, Minas Gerais, surgiu um
engenheiro chamado André Carvalho Tartaglia, que passou a praticar a Regra
Brasileira.
Surgem os campeonatos
brasileiros, a partir de 1970. Em 1976,
por ocasião do quarto campeonato, realizado em Jaguarão, os adeptos da Regra
Brasileira fundam a Associação Brasileira de Futebol de Mesa, que regeria os
destinos dos botonistas adeptos desta modalidade. Com isso surgem vários
líderes, sempre na tentativa de organizar de maneira grandiosa o nosso esporte.
Em 1981, fomos eleitos para
assumir a presidência da Associação Brasileira. A entidade já caminhava com
várias lideranças em diversos pontos e isso fazia com que se solidificasse o
trabalho inicial. Faltava uma aproximação entre os diversos grupos, o que foi
feito durante o ano em que dirigi a entidade. Aproximei-me dos paulistas e
brasilienses, pois vários deles editavam boletins mensais com notícias de suas
atividades. Ao receber alguns deles, pude fazer contato com seus editores, e a
troca de correspondência aumentou a curiosidade de ambos os lados. No mês de dezembro de 1980, de 16 a 18, estive
participando de um Curso pelo Banco do Brasil em Brasília. Lá fui recepcionado
por José Ricardo Caldas e Almeida, seu irmão Antônio Carlos e o polêmico Sérgio
Antunes Netto.
José Ricardo, campeão com troféu, Antônio Carlos e Eduardo. (os três são irmãos) |
Trocamos ideias sobre os movimentos e os convidei para
participarem do campeonato brasileiro que realizaríamos em Brusque. Em
fevereiro de 1981, aproveitando um Curso realizado pelo Banco do Brasil, fiquei
na capital paulista de 5 a 26, o que me proporcionou a enorme oportunidade de
conhecer grandes nomes do botonismo nacional. Conheci Geraldo Cardoso Décourt,
o homem que, em 1930, teve a ousadia de editar um livreto com regras de
foot-ball celotex. O primeiro livreto de regras editado em nosso país. Com ele conheci
Antônio Maria Della Torre, o homem que primava pela organização, pelo trabalho
em aglutinar os botonistas, criar premiações maravilhosas e fabricar botões de
vidrilha (tampas de relógio). Era uma quantidade imensa de nomes famosos que
desfilavam em minha frente: Antônio De Franco, Huratian Muradiam, Geraldo
Atienza, Domingos Varo Neto, José Mesquita, Sérgio Soto, uma galera que se
entregava de corpo e alma ao esporte da taubinha, como diz meu amigo Mário
Fernando Carvalho Ribeiro.
Celotex - Geraldo Décourt |
Decourt (e) - Della Torre(c) - Sambaquy (d) |
Assim, todos nós verificamos que
os interesses eram comuns. Queríamos jogar botão e era isso que interessava,
não importando a regra. A aproximação foi saudável e abriu o caminho para o
reconhecimento de nosso esporte pelo CND alguns anos depois.
Em São Paulo, Antônio Maria Della
Torre consegue organizar e reorganizar a Federação Paulista que estava
adormecida. Até então eram regidos por uma organização chamada COFI (Comitê
Organizador e Fiscalizador das Integrações), administrado pelo próprio Della
Torre. A aproximação da Associação Brasileira com a Federação Paulista e a Confederação
Brasileira (extraoficial, criada em Brasília, para amparar a Regra de Três
Toques) fizeram com que as lideranças pudessem chegar ao Major Tubino,
presidente do C.N.D. e apresentarem a ele o movimento que unia milhares de
brasileiros ao redor de mesas, praticando um esporte que era por ele (CND)
considerado apenas um lazer. Essa foi a razão de serem reconhecidas três regras
de futebol de mesa, pois uma só seria impossível. As três reuniam a grande
maioria de botonistas em atividade no país e para premiá-los veio o
reconhecimento da entidade.
A Confederação Brasileira, que
era usada por Rio de Janeiro, Brasília e Minas Gerais, acabou sendo transferida
para a oficial, que foi criada em comum acordo com os botonistas que lideraram
o movimento de reconhecimento. Com isso, criam-se as Federações estaduais que
estão, na atualidade, comemorando seus trinta anos de idade. As mais antigas
ainda funcionando somam mais de cinquenta anos de idade. A Federação pioneira
foi extinta dando lugar à Federação Gaúcha de Futebol de Mesa, que funcionava
como Associação de Ligas Gaúchas para a prática da Regra Brasileira.
Infelizmente, ainda há discordâncias
e, em Pernambuco, duas Federações de Futebol de Mesa dividem os participantes
daquele estado.
A alegria de ver o funcionamento
dessas Federações faz com que reconheçamos que o esforço inicial foi coroado de
pleno êxito. Que possamos comemorar com cada Federação estadual e com a nossa
Confederação cada campeonato brasileiro realizado, seja na regra de Um Toque,
Três Toques, Doze Toques, Dadinho ou Sectorbal, modalidades reconhecidas e que
já nos fizeram participar de campeonatos mundiais, coisa que há poucos anos
passados seria impossível de ser sonhada.
Botunice |
Dois representantes de Brasília (Distrito Federal) em Brusque |
Roberto_e_Mury dirigentes
cariocas. Mury era presidente da CBFM não oficial.
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Tarcizio,Antonio e Zé
Ricardo dirigentes brasilienses.
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Até a semana que vem, se Deus
assim permitir.
Meu amigão Sambaquy. Lendo mais um maravilhoso relato sobre a história do futebol de botões, me preocupa e muito sobre o futuro desse esporte. Os verdadeiros apaixonados, abnegados, que tanto fizeram para a perpetuação do futebol de botão, a cada ano que se passa, vão diminuindo, viajando para outros planos da vida. Não sei se os mais jovens (não tão jovens, assim) terão o mesmo fôlego ou a mesma capacidade para continuar a navegar nos mares nem sempre tranquilos. Por viver isolado no meu gueto do botãobol, mas observando o que se passa aqui no Recife, acredito que teremos muitas dificuldades para mantermos vivos o futebol de botão,seja na regra de 1 toque, seja na regra de 12 toques. Os líderes estão cada vez mais escassos. É uma pena! Abração pernambucano.
ResponderExcluirMeu amigo Abiud. Sua preocupação também é minha. Por isso a motivação sempre insistente em divulgar o futebol de mesa à juventude que está chegando. Felizmente aqui no sul já há uma gama de meninos que seguramente farão a roda girar, quando nós tivermos partido. E isso eu afirmo com confiança pois os meninos do meu tempo são os que hoje estão encabeçando as diversas agremiações e a federação estadual. Acredito que o mesmo se dará em Pernambuco, pois tenho acompanhado o trabalho do Sérgio Travassos e se ele não "cansar", vai fazer com que apareçam meninos para continuar o trabalho que foi iniciado (Regra de 1 toque) em 1970, quando o estado participou do primeiro brasileiro e no ano seguinte organizou o segundo. Se continuam jogando até hoje é por que houve uma divulgação e pessoas que se dedicaram ao futebol de mesa.
ExcluirGostaria de ver o botãobol com renovação, pois eu acredito que seja uma maneira muito especial de futebol de mesa.
Abração gaúcho colorado.
LH.ROZA
ResponderExcluirBoa Noite meu AMIGO !!!
Desculpe (o atraso) por não ter passado antes nas leituras de sua consagrada COLUNA... Essa minha participação na campanha política tem me deixado avariado. Mas fique tranquilo que estamos sem aguardando a próxima, pois em cada leitura é uma verdadeira AULA...
Devido ao horário (00:17Hs.) estamos nos recolhendo, deixando um forte abraço....
Outro abraço meu amigo. Pelo menos sei que você leu a coluna.. Tenho acompanhado via facebook a sua campanha de panfletagem pela região norte do estado. Boa sorte em seu trabalho. Abração.
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