A Liga Brusquense de Futebol de
Mesa foi criada em 04 de agosto de 1974. O movimento iniciou quando recebi, via
correio, uma medalha da Liga Brasil de Futebol de Mesa de Salvador (Bahia),
destacando-me como um dos dez mais do ano de 1973. Logo, os colegas bancários
quiseram detalhes, pois eu já integrava o time de futebol de salão, a razão de
tal homenagem. Expliquei que se tratava de futebol de mesa, ou melhor, futebol
de botões. O carioca Renato Antunes, flamenguista apaixonado, julgou que fosse
pebolim. Expliquei que não, que era o futebol com botões especiais, jogados em
cima de uma mesa. Muitos deles já o
conheciam e o praticavam. Numa cidade pequena, uma nova modalidade de diversão
é sempre bem vinda. Só que não havia mesa onde eu pudesse fazer uma demonstração.
Telefonei ao Marcos Zeni, então
presidente da União de Ligas de Futebol de Mesa do Rio Grande do Sul e
solicitei-lhe o envio de uma. Isso foi prontamente providenciado e logo eu
estava com uma mesa no apartamento que havia alugado. A segunda providência foi
a de escrever ao ex-cunhado do Oldemar Seixas, José Castro Sturaro, que
fabricava times bem mais em conta que o seu Aurélio e os entregava bem mais
depressa. Recebi diversos times e foram todos vendidos no mesmo dia. Com isso,
fiz nova encomenda. Conseguimos um local na sede da AABB, que ficava na frente
da praça principal de Brusque e levamos a mesa até lá, colocando-a em lugar de
destaque. Logo os brusquenses estavam fabricando mesas. Walmir Merísio,
marceneiro se encarregava de confeccioná-las e era usado o revestimento de pau
marfim. As mesas todas eram especiais para botões lisos.
Entusiasmados com a nova
modalidade, resolvemos criar a Liga Brusquense de Futebol de Mesa e, numa
reunião realizada na sede da AABB, seus sócios fundadores foram Renato Antunes,
Roberto Zen, Walmir Merísio, Sérgio Walendowsky, Valter Zen, Clóvis Zucco,
Irineu Rabitz, Célio Emílio Krieger, Gláusio Bueno Telles, Norberto Souza,
Ricardo Szpoganicz, Edson Cavalca, Gustavo Lauth, Márcio José Jorge e eu.
Com o crescimento do número de
participantes e a confecção de novas mesas, alugamos duas salas em um prédio na
Rua Ruy Barbosa, de frente para a agência da Varig.
Durante todo esse tempo pudemos
contar com o apoio de dois caxienses assíduos: Luiz Ernesto Pizzamiglio e Airton
Dalla Rosa. No final do ano, de surpresa, Marcos Zeni e Adaljano Tadeu Cruz
Barreto aparecem em Brusque, num sábado pela manhã, com a intenção de realizar
o segundo Torneio Proclamação da República. Fomos pegos de surpresa, pois nessa
época do ano, nos finais de semana, a cidade ficava vazia, devido à proximidade
com as praias. Consegui que o Renato Antunes, com seu Flamengo e eu
completássemos o quarteto que disputou a segunda edição desse tradicional
torneio caxiense que teve seu início no ano anterior. Eu lutava pelo
bicampeonato, mas tive de me contentar com o vice. Adaljano foi o melhor
botonista dessa feita e carregou para sua galeria o troféu de campeão,
escrevendo seu nome da história do torneio.
No ano de 1976, foi-nos
solicitada a desocupação das salas, uma vez que o prédio entraria em reformas. Sem ter um
local pré-determinado, foi-nos oferecida a sede do S. C. Paysandú. Na noite da
inauguração da sala do futebol de mesa, fomos brindados com a visita da
imprensa, pela presidência do clube e vários convidados. Com isso novos adeptos
iniciaram a prática do nosso esporte, dentre eles: Edson Appel, Edson Gartner,
Agostinho Boing, Eugênio Tarcisio Vieira, Décio Belli, Oscar Bernardi, Sérgio
Moresco, Luiz Carlos Moritz, Flávio Tomazzoni, José Jaime Correa, Fausto
Tomazzoni, José Moacir Merico, João Ari Merico, Fausto Tomazzoni, Marcos
Schmidt, Lazar Halfon, Carlos Kempt, Ermenegildo Leoni e Valdir Erbs.
Realizamos o 1º Centro Sul
Brasileiro (chamado na ocasião de Sul-Brasileiro) no ano de 1979 e, em 1981, o
7º Campeonato Brasileiro. As duas competições foram realizadas com muita
competência e sem problema algum.
Com o retorno do S. C. Paysandú
às disputas do futebol profissional, a sala nos foi solicitada. Então a
terceira mudança da sede, dessa vez para o Hotel Brusque, de propriedade do
associado João Ari Merico. O hotel situa-se na barranca do Rio Itajaí Açú. O
local era a parte baixa, onde em um passado distante fora um local de jogos de
cartas. Tivemos de calçar, pois o chão era de barro e as mesas não ficariam
firmes. Conseguimos, com a Cerâmica Aurora da vizinha cidade de Canelinha, as
lajotas e construímos o piso de todo o porão. Ao lado do hotel havia uma
entrada e podíamos nos deslocar e colocar nossos carros ao lado das salas.
Ao elegermos para presidente o
associado Oscar Bernardi, não imaginávamos o grande salto que estava para ser
dado. Oscar, um industrial conceituado em Brusque, particular amigo do
presidente da Câmara de Vereadores, Cesar Gevaerd, entra com um projeto
solicitando uma área para a construção de nossa sede. E, para nossa surpresa,
essa nos é concedida, também nas margens do Rio Itajai Açú, no bairro Guarany.
Emitimos e vendemos títulos patrimoniais entre os associados e amigos que
frequentavam a sede. Dentre eles, dois amigos diletos: Luiz Ernesto Pizzamiglio
e Airton Dalla Rosa participaram, comprando seus títulos. Pessoas do comércio e
indústria também fizeram coro ao nosso esforço e adquiriam títulos. E, sendo
época de eleição, graças à influência do presidente da Câmara, o governo do
Estado complementou generosamente e pudemos levantar a nossa sede. A sua
inauguração foi festiva, com a presença do representante do Governador Jorge
Bornhausen, o chefe da Casa Civil, Dr. Enio Branco, o presidente da Citur e
ex-prefeito de Brusque: Cyro Gevaerd, Padre Pedro Palosky, Cesar Gevaerd,
presidente da Câmara de Vereadores, Deputado Estadual Julio Cesar. Toda a
cerimônia foi transmitida pela Rádio Araguaia. Um grande churrasco seguiu-se às
solenidades.
Foi realizado um grande Torneio de
Inauguração da sede, sendo que o quarteto jubilado foi o seguinte: Campeão:
Edson Appel (Ponte Preta), Vice Campeão: Airton Dalla Rosa (Cruzeiro), 3º
colocado: Luiz Ernesto Pizzamiglio (Santa Cruz) e 4º Colocado: Adauto Celso
Sambaquy (Internacional).
Nós havíamos patrocinado em
janeiro o 7º campeonato brasileiro, num clima de muita descontração e
desportividade, tendo vencido Hosaná Sanches, da Bahia, seguido por Antonio
Hernani D’Ávila, de Sergipe.
No ano seguinte, o campeonato
seria realizado em Itapetinga (BA). O convite, ao invés de chegar às mãos do
presidente da Associação, foi endereçado ao associado Edson Appel, que
considerou como convite especial a si próprio. Como não tivemos conhecimento de
vagas, não houve mobilização alguma por parte do restante do pessoal. Na
ocasião, Edson entrou em contato comigo para saber se iria, mas, devido a
compromissos com o Banco, não teria condições de ausentar-me e lhe entreguei
uma mensagem para ser lida por ocasião da Assembléia. Só depois fomos saber que
havia convite para duas vagas e o Edson e seu motorista representaram a
Associação Brusquense. Foi uma revolução dentro da entidade. O pessoal ficou
desgostoso e foi, aos poucos, abandonando as disputas. Logo em seguida, todos
nós tomamos conhecimento dos acontecimentos havidos na partida final, entre o
baiano Jomar Moura e o gaúcho Miguel de Oliveira. As publicações de
informativos de futebol de mesa perguntavam: - Quem é o campeão brasileiro de
1981? Jomar Moura se autoproclamava campeão, ele que assumira a presidência da
Associação Brasileira, substituindo-me.
Foi necessária uma reunião no Rio
de Janeiro, na Escola Martins, para que se definisse e proclamássemos os dois como campeões daquele ano, visto que
a partida terminara empatada e fora jogada em clima de desigualdade, em virtude
de a torcida baiana calar-se nas jogadas de seu representante e, quando o
representante gaúcho ia jogar, a gritaria e ofensas reboavam pela sala. Sem
clima para haver uma disputa em situação normal, Miguel negou-se a continuar naquele
ambiente hostil. Nessa reunião, infelizmente, conheci pessoas que passaram a
ser sombras escuras em minha vida. Não existem, pois mostraram o seu lado
negativo e sua falta de bom senso. Prevaleceu a nossa vontade e os dois foram
proclamados campeões, apesar de, no Blog da Federação Baiana, até hoje, figurar
somente o nome de seu representante como campeão.
No retorno a Brusque, pois fomos
todos via Varig (Oscar Bernardi, Sérgio Moresco, Roberto Zen e eu)
oficializamos a nossa desvinculação da Associação Brasileira de Futebol de Mesa
e, aos poucos, todos perderam a vontade, o estímulo para a prática do esporte.
Eu mesmo parei e fiquei afastado até o ano de 2007, quando o pessoal da regra
de 12 toques me resgatou e reanimou o meu amor por esse esporte que faz parte
de minha vida.
Os meninos, que jogavam os
campeonatos juvenis, continuaram por algum tempo disputando campeonatos, mas
acabaram parando também. A sede social, levantada com muito esforço ficou
abandonada e, segundo informações, está ocupada por uma torcida organizada do
Brusque F. C.. Infelizmente, a única sede própria, com capacidade para sete
mesas, ficou no ostracismo e abandonada, quando poderia estar sendo utilizada
para desenvolver, em solo catarinense, mais um núcleo forte do futebol de mesa
na Regra Brasileira.
Fatos e Fotos:
Foto de nossa sede na Rua
Ruy Barbosa, em Brusque.
2º Proclamação da Republica, realizado em Brusque, no ano de 1974. Sambaquy x Marcos Zeni |
2º Torneio Proclamação da
Republica - Brusque (SC)
|
7º Campeonato Brasileiro
em 1981 - Brusque (SC)
|
Inauguração da sede no S.
C. Paysandu, em Brusque. Explicava aos presentes
as razões da prática do futebol de mesa. |
Até a semana que vem, se Deus
assim permitir.
Sambaquy
É isso aí, meu caro Sambaquy. Na rica história do futebol de botão há muitos casos parecidíssimos. Admira-me muito o seu pionerismo. De minha parte, sempre fui um amante inveterado do futebol de botão, mas nunca me esforcei em levá-lo adiante. Daí, ficarmos presos aos grupos de amigos, onde o jogo das vaidades é muito menos significativo, evitando, com isso, amargar decepções. Mas a vida é assim mesmo e você meu grande amigão fez e fará história, com muita honra. Siga em frente! Parabéns. Abração pernambucano.
ResponderExcluirMeu amigo Abiud,
ExcluirMuito jovem eu tive um sonho. Era ver a realização de um grande campeonato, primeiro à nível estadual e posteriormente nacional. Consegui realizar os dois e agora fico espantado com essa realização sendo mundial. Acredito que tudo valeu a pena. Não importa a regra utilizada, o que importa é que aquele antigo sonho se tornou realidade.
Acredito que pela empolgação do Botãobol, vocês deveriam criar um departamento juvenil e com isso perpetuar essa maneira tão empolgante de jogar. Pensem nisso com carinho, pois obsrvando as fotos dos campeonatos só vejo meus contemporâneos, com excessão do Hugo Alexandre, que aparenta ser bem mais novo.
Ainda quero estar por ai para bater uma bolinha, sem pretensão alguma de conseguir bons resultados. Abraço gaúcho/catarinense.