Janeiro
de 1967. De oito a vinte e dois de janeiro desse ano, o Gilberto Ghizi e eu
estivemos “morando” na Bahia. Nas minhas anotações, foram vinte cinco partidas
jogadas em diversas mesas de Salvador, Santo Amaro da Purificação e Mataripe.
Nomes famosos daquela época dividiram a mesa comigo e me ensinaram a fazer deslizar
os botões lisos em jogadas, para mim bastante difíceis, mas feitas com uma
simplicidade enorme por eles. Oldemar Seixas, Ademar Carvalho, Jomar Maia,
Roberto Dartanhã, Geraldo Lemus, Norival Factum, Fernando Contreiras, Armando
Passos, Mariano Salmeron Neto, Amauri Alves, Álvaro César, Dr. Elias Morgado,
Luiz Raimundo, Marcio Gomes, Geraldo Holtz, Carlos Alberto, Dr. Jaime, José
Mascarenhas, Milton Silva, Webber Seixas, Nelson Carvalho, Edson, Ubaldo foram
adversários que valorizaram a minha estadia naquele paraíso terrestre.
A
volta nos reservava uma tarefa grandiosa que era a de difundir um pouco daquilo
que havia sido ensinado pelos pacientes botonistas baianos. E iniciamos
demonstrando aos caxienses: Sérgio Calegari, Raimundo Vasques, Vicente Sacco
Netto, Silvio Puccinelli, Rubens Constantino Schumacher, Rubem Bergmann, Boby
Ghizzoni, Mário Ruaro Demeneghi, Nelson Ruaro Demeneghi, Flávio Chaves,
Deodatto Maggi, Nelson Mazzochi, Dirceu Vanazzi, Roberto Grazziotin, Paulo Luís
Duarte Fabião, Rudy Vieira, Augusto Peletti, Sergio Silva, Airton Dalla Rosa,
Aldemiro Ernesto Ulian, Carlos Valiatti, Jonas Rizzi, Paulo Valiatti e, em
seguida, em diversos clubes que se interessavam em manter departamentos de
futebol de mesa.
Mas,
a missão era a de mostrar ao Rio Grande do Sul essa nova modalidade. E a
primeira visita que recebemos foi a de J. Alberto Chiachio, da cidade de Arroio
Grande. No ano anterior ele já havia estado em Caxias, disputando o campeonato
estadual, realizado no Colégio do Carmo, ainda na Regra Gaúcha. E fora um dos
que votara favoravelmente no anteprojeto apresentado pelo Ghizi, então
presidente da Federação Riograndense de Futebol de Mesa. Sua visita aconteceu
em 11 de junho de 1967, quando foi mostrada a maneira de jogar, entregue alguns
livros com a nova regra e um time para a prática na nova modalidade.
O
restante do ano de 1967 foi mais de divulgação, sempre no sentido de anunciar a
modalidade que Caxias do Sul adotara.
O
ano de 1968 iniciou sem maiores novidades, sendo que cada um dos botonistas
caxienses era encarregado de divulgar a Regra Brasileira. Vicente Sacco Netto é
transferido para a cidade de Canguçú e lá inicia a prática, fundando na AABB um
departamento de futebol de mesa. Em 13 de abril de 1968, em visita, jogamos um
torneio, onde conheci R. Goulart (funcionário do Banco do Brasil) e o advogado
Breno Mussi. A Regra Brasileira estava sendo disseminada no sul do estado e
isso era muito bom e nos deixava feliz.
Em
junho, voltamos a Canguçú, dessa feita com mais seis botonistas caxienses,
ajudando a fortalecer o movimento que estava ganhando corpo na cidade.
Em
setembro desse ano, recebemos a visita do grande divulgador da regra, o baiano
Oldemar Seixas.
No
ano seguinte, em 1969, mais precisamente no mês de fevereiro, recebemos a visita
de Miguel Silva, botonista da Liga Baiana. Este, ao retornar para reforçar suas
finanças, acabou vendendo alguns times de sua propriedade. Eu adquiri um time
branco de paladon, com o qual me sagrei campeão caxiense daquele ano.
Em
março, no dia 8, recebemos a visita de Carlos A. Domingues, da cidade de Lagoa
Vermelha, interessado em conhecer a Regra Brasileira.
Em
maio, mais precisamente no dia 5, recebemos a visita do gremista Valdir
Szeckir, que hoje disputa seus campeonatos na Liga Inglesa. Nesse dia, na AABB,
realizamos duas partidas e ele mostrou que conhecia do riscado.
Em
junho, a visita foi de um colorado J. Pedro Cavalli, da cidade de Veranópolis.
Lembro ainda que, nesse dia, o Inter jogava contra o Grêmio Esportivo Flamengo
e após jogarmos uma partida na AABB, fomos para a Baixada Rubra assistir ao
embate.
Em
novembro, dia 20, quem esteve nos visitando foi o radialista Ivan Lima, de Pernambuco, que se preparava
para o primeiro Campeonato Brasileiro a realizar-se em janeiro, na cidade de
Salvador. Realizamos um Torneio, com a presença de Jorge Compagnoni, Airton
Dalla Rosa, Ivan Lima e eu. O vencedor do Torneio foi Jorge Compagnoni que
recebeu um dos troféus mais bonitos que nos foram ofertados pela nossa
patrocinadora: Mapro.
Em janeiro de 1970, em
função da ocorrência do primeiro Campeonato brasileiro, começamos a receber
convites para apresentar o moderno futebol de mesa em diversas cidades do
estado. Cachoeira do Sul, Flores da Cunha, Garibaldi, Vacaria e Giruá, onde
conseguimos um grande divulgador, Raul Machado Ferraz de Campos.
Depois disso, o
movimento ganhou forças e caminhava sozinho. Frentes era criadas em Pelotas,
Rio Grande que, junto com Canguçu, faziam o sul do estado fervilhar.
Fui procurar essas
visitas em minhas anotações, em virtude de encontrar o nome do Valdir entre os
botonistas da Liga Inglesa. Ao comparar os nomes com a relação de meus
adversários, verifiquei que já o conhecia desde 1969. Como esse mundo é
pequeno, e o fato de ele estar disputando campeonatos na Regra Brasileira me
deixou feliz, pois valeu o esforço de demonstrar a regra que estava apenas
iniciando em nosso estado.
Valdir é o de Laranja nas duas Fotos acima durante jogos da Liga Inglesa em Porto Alegre |
Acredito que semeamos em
terra fértil e hoje podemos colher os frutos de nosso esforço.
Até a semana que vem, se
Deus assim permitir.
Paz e bem, parodiando o
amigo Rangel.
Sambaquy
Meu caro Sambaquy. Acabei de ler e reler sua crônica e me emociona o seu pioneirismo. Aqui em Pernambuco quem mais se aproxima do seu perfil empreendedor é o Armando Pordeus, porém, esbarra em inúmeros obstáculos, quase intransponíveis. No meu caso, apenas gosto de jogar botão, mas sem muitas ambições. Meu trabalho é interno, na organização das competições restritas à APFM e nada mais. Hoje, próximo do ocaso da vida, não me sinto com disposição em ir mais além. O botão segue seu ritmo a passos cada vez mais lento, cada um com sua regra e quase não há renovação. Muito diferente ai do seu Rio Grande, rico em histórias. É maravilhoso. Nossas histórias estão ligadas aos quintais, terraços e garagens das casas dos amigos. Abração pernambucano.
ResponderExcluirMeu amigo Abiud,
ResponderExcluirHoje eu só escrevo, pois estou completando 76 anos daqui a oito dias. Não tenho mais a vitalidade de antes e quero registrar esses momentos fabulosos que vivi e em que conquistei inúmeros amigos fiéis até os dias atuais. Acredito que o Rio Grande do Sul terias histórias que poderiam transformar-se em uma enciclopédia do futebol de mesa. São muitas frentes de batalha e em cada agremiação a efervecência é vibrante e entusiasma a todos.
Entretanto, nós, os idosos do futebol de mesa temos a nossa importância e valor e por isso tudo o que for escrito permanecerá por muito tempo. Penso que você também deveria transformar suas experiências em algo para o futuro. Pense bem nisso.
Meu abraço gaúcho/catarinense a esse baluarte.
Caro amigo Sambaquy, que maravilha esse reencontro proporcionado pela INTERnet, até nisso somos bons,(hehehe) essa é só para provocar Los Hermanos AZUIS, tchê por uma grande falha não tenho o teu e-mail podes me passar até para te colocar em contato com O VALDIRZÃO, no aguardo, abração
ResponderExcluirRogérinho
Rogerinho,
ExcluirAnota ai: asambaquy@terra.com.br.
Será sempre uma alegria manter contato com pessoas que fizeram parte de minha vida botonistica. Esses encontros são sensacionais. Hoje lendo o cromo do Aldyr me veio à memória o Torneio dos 70 anos do Inter, realizado no Gigantinho. Perdi para a grande revelação pelotense e a nossa foto apareceu nas páginas da Folha da Tarde Esportiva.
Nós fazemos parte da história desse esporte. Todos nós.