Li e concordo com o que o
Pedrinho Hallal escreveu sobre o rescaldo do brasileiro de Salvador.
Entretanto, acrescentaria um
detalhe que para mim se torna importante ser observado. A aclimatação de nossos
botonistas ao calor infernal que há durante o ano inteiro na região nordeste do
país.
Vejam que os times brasileiros de
futebol, quando devem jogar na Colômbia, Venezuela, Peru e Equador, ou se
deslocam com alguma antecedência para se ambientarem ao fator altitude, quando
a bola rola com mais velocidade, quando a respiração se torna mais pesada,
quando as pernas não obedecem ao comando do cérebro ou, então, chegam em cima
da hora. Mesmo com todos esses cuidados, geralmente na metade do segundo tempo
estão apenas se arrastando em campo e, caso do Grêmio contra o time O
Milionários, sofrendo gols no final da partida.
A mesma coisa aconteceu com os
nossos botonistas que sofreram com o calor demasiado, já que estão acostumados
ao nosso clima. E tudo isso em uma sala fechada, sem a mordomia do ar
condicionado que funcionou nos primeiros dias e, devido ao resfriamento do
ambiente, provocou condensação de vapor e formação de gotículas de água que
prejudicavam as mesas. Com isso, o ar condicionado foi desligado e o calor se
tornou um grande inimigo de todos nós. Para os nordestinos, acostumados com o
calor, nenhuma diferença.
Para ilustrar, em meu primeiro
jogo contra Jair, da Bahia, ainda com ar condicionado funcionando, o mesmo
jogou com uma camisa de lã por baixo da camisa da Federação Baiana. Para ele
estava frio, ao passo que eu suava por todos os meus poros.
E nossos botonistas chegaram
horas antes do início do campeonato. Lembro ainda de que, durante o certame por
equipes, encontrei o Robson Bauer, ainda de mala em punho subia as escadas da
sala de jogos, ansioso para assisti-los e mesmo para tentar treinar em uma das
mesas que estavam à disposição. Com exceção de quem chegou alguns dias antes do
início, (três ou quatro botonistas) todos os demais chegaram quase na hora de
colocarem seus times em campo.
As mesas, feitas com madeira
nobre podem até ser um diferencial, mas temos mesas maravilhosas em Caxias, as
quais não ficam devendo nada para as da Bahia.
Acredito que na realização do
próximo Brasileiro, dessa vez no Paraná, alguma coisa mudará nesse sentido,
pois o clima é mais próximo do nosso e, para eles, se houver uma queda de
temperatura, terão as mesmas dificuldades que encontramos em sua terra.
Jogando no sul, por cinco vezes
os baianos conseguiram lograr êxito, a saber: em 1976, em Jaguarão, o Giovani
Pereira Moscovits foi o vencedor. Depois dele, em 1981, em Brusque (SC), Hozaná
Sanches; 1996, em Pelotas, Diógenes Motta; 2001, em Porto Alegre , Rogério
N. Horta e em 2004, em Florianópolis, foi a vez de Edenílson Tosta Santos
laurear-se campeão. As demais conquistas baianas foram em terras nordestinas,
assim como todos os demais campeonatos levantados por sergipanos, pernambucanos
e potiguares. Isso sem falar nos cariocas, pois também são acostumados com o
calor.
Acredito que teremos de, caso
pensemos em conquistar o título máximo do botonismo brasileiro, fazer uma
temporada de férias no nordeste e nos acostumarmos com o calor para que nos
dias de jogos sintamos menos dificuldade em relação à temperatura.
Quando estivemos em Salvador, em
1967, no trabalho de construir a Regra Brasileira, nossa permanência foi do dia
7 até o dia 22 de janeiro. Os melhores jogos foram após a primeira semana de
permanência na Boa Terra. Nos últimos dias, não sentíamos mais o calor
abrasador, pois acostumamos com ele. Quem sabe seja essa a solução que todos
nós procuramos e que, se tivermos condições, poderá ser a nossa válvula de
escape para conseguir atingir o nosso ideal. Botonistas de grande valor nós
possuímos e nada ficam devendo aos nordestinos. Eu ainda acredito que poderemos
alcançar êxito, realizando algo parecido com a idéia que estou expondo a todos
vocês.
Se alguém contestar, dizendo que
tivemos um campeão brasileiro já nessa edição, devo informar aos meus leitores
que o DNA do nosso querido Pica Pau é baiano também, pois seu pai é de
Alagoinhas. E quem tem DNA baiano já joga futebol de mesa no berço.
Até a semana que vem se Deus
assim permitir.
Meu caro Sambaquy. Vocês, gaúchos, devem ter sofrido um bocado com esse nosso calor nordestino. Imagino a torradeira. Como a "bola" é um disco, talvez fosse mais interessante que o evento fosse realizado em recinto aberto, tipo galpão ou mesmo um ginásio, mesmo assim ainda seria um tanto quanto amargo. Um período de adaptação seria interessante, mas o problema poderia ser evitado mesmo, se o campeonato fosse realizado nos meses de junho e julho (temperaturas mais amenas). Fica a sugestão para os próximos. Um abração pernambucano bem caloroso.
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