segunda-feira, 16 de maio de 2011

RUBEM BERGMANN: UM NOME A SER REVERENCIADO PARA TODO SEMPRE.




No distante ano de 1940, Rubem Bergmann, o nosso querido CHICÃO, com 21 anos, solteiro, funcionário público, natural de Caxias do Sul, já acumulava três títulos citadinos de futebol de campo. Era zagueiro do E. C. Juventude, seu clube de coração para toda a eternidade.

Chicão é aprovado no concurso do Banco do Brasil e torna-se bancário. Sempre atuou em Caxias e tornou-se uma lenda nas hostes bancárias. Casou e os filhos apareceram em sua vida.

Quando assumimos na função de escriturário, na agência de Caxias, o Chicão era um dos grandes chefes. Era uma pessoa tranqüila, mas dificilmente nós, funcionários recém admitidos, conseguíamos arrancar suas palavras. Era bem resguardado e pouco acessível.

Em 1963, ano em que assumi minha carreira, iniciamos a pratica do futebol de mesa na AABB. Era na Regra Gaúcha, pois havia uma mesa oficial e dois times feitos de resina plástica. Cada um de nós tinha o seu próprio time e raramente usávamos os botões de plástico que foram vendidos pelo Lenine Macedo de Souza.

Um dia, para surpresa geral, Chicão apanha um dos times e coloca na mesa. Queria aprender a jogar futebol de botões. Foi quando se quebrou o gelo e conhecemos o outro lado de sua personalidade. A principio sofria goleadas de todos os praticantes. Mas, aos poucos, foi pegando o jeitinho e com facilidade foi aprendendo a manobrar seus botões.

Pouco tempo depois, adotamos a Regra Brasileira e cada um dos botonistas foi escolhendo um time e solicitando a mim, que fazia as encomendas ao José Aurélio, na Bahia. Com o Chicão não foi diferente, um dia ele aparece com um desenho de um time do Juventude, verde garrafa na parte de cima e branco por baixo. A chegada dos botões foi festejada pelo Chicão, que agora representava o Juventude em competições oficiais. Não tinha as manhas dos botonistas e adotou o Vicente Sacco Netto como o seu preparador físico. Não raro os botões estavam em poder do Vicente para lixar, passar parafina e fazer deslizar nas mesas. A escalação era a mesma que fora campeã, no seu tempo: Benito, Longhi, Galopeto, Bolaxinha, Bolaxa, Frigeri, Raul, Bortinha, Renato, Garbin, Remo e ele próprio. Em uma ocasião, questionado pelo seu filho sobre os nomes, foi detalhando um a um de seus antigos colegas, para no final, receber de seu filho a indagação que gerou muitas risadas de todos nós: Pai, esse seu time parece um cemitério, só tem caras mortos...

O Chicão tinha a chave da sede no edifício Martinato. A razão é que sempre, aos domingos, ele reunia a família para um almoço e como sobremesa, levava seu genro, o Celso Triches, que jogava com o Fluminense, e ficavam batendo bola à tarde inteira. Era um companheirão tremendo, estava sempre pronto para o que fosse necessário, desde carregar mesas, até apitar jogos.

Em 1968, quando o Dirceu Vanazzi, junto com seu cunhado Dario Turra resolveram abrir o departamento de futebol de mesa no Pombal, convidaram ao Chicão e a mim para uma exibição, cujo ponto alto seria um Fla x Ju. Até então, já havíamos jogado quatorze vezes e a única partida que eu não venci, foi um empate em zero a zero. Após as conversas de apresentação, quando lá estavam os grandes craques que militavam o clube, e entre eles os irmãos Costamilan (Sady e Lady) que faziam parte do meu time. Aproveitei e os apresentei aos legítimos craques, de quem havia herdado os nomes, procurando enaltecer as suas qualidades. Não sei se foi essa emoção, pois sempre fui fã declarado dos dois, ou a certeza de que faria um bonito espetáculo, pois o Chicão era freguês do Flamenguinho, ou alguma obra do destino, pois foi o dia em que deu tudo errado. O Chicão foi soberbo, acertava tudo e saiu na frente, logo chegando a dois a zero. No finzinho do jogo, consegui um gol, com um chute do Zizinho que entrou por cima do Benito.

Além da gozação que sofri naquele dia, tive de escutar o Lady dizer ao Sady: Só quem resolvia mesmo no time era o negão, referindo-se ao Zizinho. Depois disso umas boas risadas.

Logo após ter sido transferido para Brusque, soube da morte do Chicão. Um AVC fatal o tirou de nosso convívio. Foi uma perda terrível para a nossa Liga, pois o importante para o Chicão era jogar, não importando o resultado. Era um adversário que sabia apreciar um gol bem construído e aplaudir. Foi um verdadeiro amigo que estava sempre pronto a ajudar aos botonistas que faziam parte de suas amizades.

Com certeza, agora faz parte do time que joga com Décourt, Claudio Schemes, De Boer, Della Torre, Ângelo Slomp, Deodatto Maggi, Almir Manfredini, Marcos Lisboa e tantos outros que passaram pelas mesas e que se encontram no Plano Espiritual.

A AFM o homenageou denominando um de seus estádios com o seu nome.

Ao Chicão a nossa saudade eterna.

Até a semana que vem.

Sambaquy.

2 comentários:

  1. Adauto, tu és uma enciclopédia do futebol de mesa....parabéns e obrigado por relatar suas histórias. Parabéns por sua humildade e lógico pelo trabalho,
    Glauco Alan

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  2. Como sempre, bela matéria Adauto!
    Um grande abraço!

    Rangel

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