segunda-feira, 27 de junho de 2011

VANDERLEI DUARTE MERECE A NOSSA GRATIDÃO.


Foto: Zeni, Sambaquy e Vanderlei na passagem dos 45 anos de LCFM.
Foto: Vanderlei no centro emocionado depois de receber a homenagem da AFM/Caxias.

Hoje vou falar de uma pessoa que muito fez pelo futebol de mesa caxiense e gaúcho. Conheci-o em 1962, quando trabalhava na empresa Claumann & Cia.Ltda. Eu estava na função de contador e ocupava o escritório, de onde conseguia visualizar o balcão comercial da empresa. Certo dia apareceu um guri falante, que conversava em voz alta com os balconistas. Em determinado ponto passou a falar de futebol de botões. O assunto levantou o meu interesse, pois conservava meus botões guardados e tinha até uma mesa não oficial em casa. Passei a participar da conversa e dizendo que gostava do futebol de botões a conversa ficou restrita a mim. Dias após, para minha surpresa, ele aparece com um goleiro utilizado na regra gaúcha, e que, por coincidência havia sido meu, desde o tempo em que jogava com Enio Chaulet, em cima do Café Bilhar que existia na frente da antiga Caixa Econômica Federal. E foi logo me presenteando com o goleiro. Era um milímetro menor do que estava sendo utilizado na regra gaúcha, mas o seu valor histórico era imenso. Ficou comigo até o dia em que vendi todo time para o Deodatto Maggi.

Pouco tempo depois, assumi no Banco do Brasil e o movimento ganhou corpo. Vanderlei passou a disputar o campeonato caxiense da modalidade, já no ano de 1963.

Como estudante, deslocou-se de Caxias e ficou alguns anos fora. Esteve presente de 1963 até 1968, mas não conseguiu chegar ao lugar mais alto do pódio. No seu retorno, procurou e reintegrou-se ao grupo que jogava. Seu primeiro título foi no ano de 1971, quando em sua equipe desfilavam nomes de meninas, sendo que seu goleador era o número 9- Sheila. O Vanderlei dotado de um gênio forte, não gostava de ser contrariado. E procurava ser sempre diferente dos demais. Em 1972, amparados pelo Conselho Municipal de Esportes, promovemos o terceiro Campeonato Brasileiro. Faríamos modificações e ficou acertado que seriam duas vagas para a cidade. Vanderlei havia sido o campeão do ano anterior e o outro escolhido foi o Marcos Fúlvio Barbosa que se ombreava em qualidade com ele. Por determinação do presidente do CMD, visto ter sido a época em que se fundiram os departamentos de futebol de Juventude e Flamengo, criando a Associação Caxias do Sul de Futebol, não deveria haver qualquer alusão a nenhum dos clubes da cidade. Nem Juventude, Flamengo ou A. Caxias. Colocados a par da situação, nossos representantes aceitaram. No dia em que se iniciava a disputa, o presidente do CMD me procura, já no ginásio da AABB, dizendo que estava tirando o patrocínio da competição, pois o Vanderlei estava com um goleiro com o emblema de um dos clubes citados. Apressamo-nos a demover o Vanderlei de usar aquela peça. Conseguimos, mas ele jamais perdoou o presidente do CMD, acusando-o de prejudicar seu desempenho. Era a manifestação de seu gênio forte e intransigente. Não admitia ser contrariado. Vanderlei foi campeão novamente em 1997 e 1998.

De 1972 até 1976 a Liga funcionou ininterruptamente. Depois, só retorna em 1985 e funciona por mais dois anos. Para por dez anos e então a grande obra de Vanderlei se faz sentir. Em 1997, ressurge tal qual a fênix, para nunca mais sofrer paralisações.

Esse foi o grande débito que o futebol de mesa caxiense tem para com Vanderlei. Sua força de vontade, sua tenacidade, aliadas à sua teimosia e geniosidade fizeram ressurgir o gigante adormecido para a grande obra atual. Devemos isso a ele. Lembro da sede na rua Garibaldi, que ele cuidava como se fosse sua própria casa. Responsabilizava-se por aluguéis, fabricava mesas, chamava as pessoas, insistia com elas e teve em Luiz Ernesto Pizzamiglio e Airton Dalla Rosa aliados valiosos a lhe auxiliarem na reconstrução.

Outro débito imenso que temos com ele é a fidelidade ao liso. Enquanto o Rio Grande do Sul levantava campeonatos brasileiros no livre, Vanderlei permanecia fiel ao liso, que sempre foi praticado em nossa sede. Aliás, devo confessar que se houvesse um Vanderlei em Brusque, quem sabe ainda estaríamos jogando futebol de mesa naquela cidade. Lá, com a introdução do livre (cavados) disputando com os lisos, o desestímulo afetou e acabaram debandando todos os seus participantes. Hoje, para alegria de todos nós, os lisos estão ganhando espaço em todo o Rio Grande do Sul, e, figuras tradicionais do livre estão migrando para a categoria que deu início à Regra Brasileira.

Lembro que, em visita à sede da rua Garibaldi, Vanderlei me confidenciou: - Vais conhecer um guri que está começando. Quando esse guri assimilar todos os segredos, será imbatível. Vou te apresentar a essa figura que vai dar muitas alegrias a todos nós. Naquela tarde, ele me apresentou ao Daniel Maciel, fazendo com que jogássemos uma partida: ele iniciando e eu findando minha trajetória botonistica. Para meu orgulho foi um zero a zero que será guardado para sempre nas minhas memórias.

Foi durante a sua gestão que houve a modificação do nome da antiga Liga para a Associação de Futebol de Mesa de Caxias do Sul, com o desenho magistral que embeleza todas as promoções de nossa agremiação.

Por seu gênio forte e intransigente, muitas vezes bateu de frente com outros botonistas e fez com que parasse suas atividades. Torço para que um dia exista um consenso e que ele retorne, mais calmo, mais plausível e cordato, pois é uma das pessoas que mais trabalhou pelo futebol de mesa que conheço.

Guardo no coração a sua emoção, juntamente com a do Airton, quando nas comemorações dos 45 anos de nossa entidade, ao final de minha manifestação, abraçaram-me e choramos juntos por tudo quanto passamos visando o crescimento do esporte que amamos.

Por isso, hoje a minha homenagem a esse amigo, sofrido, triste, genioso, mas que representa a verdadeira história do futebol de mesa de Caxias do Sul.

Até a semana que vêm se Deus permitir.

Sambaquy.

2 comentários:

  1. LH.ROZA...Joinville-SC
    Amigo AC.SAMBAQUY, foi uma grande alegria ter passando um fim de semana revendo "velhos botonistas", batendo papo tomando uns vinhos, e até batendo uma bolinha.Esperamos que em breve possamos nos reencontrar, pos "aquele" gol contra não ficou bem digerido....hahaha !!!
    Até +

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  2. Eu posso dizer que se hoje estamos praticando a modalidade Liso em Caxias do Sul e no Estado do Rio Grande do Sul, muito foi pela batalha de Vanderlei Duarte em erguer essa bandeira e não deixar o Liso morrer no Estado e principalmente não deixar morrer o Futebol de Mesa em Caxias do Sul.
    Pois mesmo nos momentos mais difíceis ele manteve o esporte em Caxias tirando dinheiro do próprio bolso para bancar o aluguel da sala e tantas outras necessidades...
    Eu particularmente devo muito a ele, pois somente adentrei nesse esporte que amo tanto, devido a inserção que por ele me foi proporcionada.
    Quem me deu as primeiras e as mais importantes dicas, como jogar, foi ele.
    Então, não tenho mais palavras para expressar a minha gratidão a essa pessoa.

    Grande abraço!

    Daniel Alves Maciel

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