segunda-feira, 11 de julho de 2011

MARCOS ZENI – O DONO DA PONTE PRETA.


A minha homenagem de hoje é destinada a um excelente botonista, fundador da Liga Caxiense de Futebol de Mesa, hoje AFM Caxias do Sul. Conheço o Marcos há exatos sessenta anos, pois estava com quatorze para quinze anos quando nos encontramos pela primeira vez.

Morávamos na mesma rua, com três casas intercalando as nossas. Nossas famílias tinham relações de amizade e num determinado dia, quando estava saindo para jogar botão com os colegas de ginásio, ele observou os meus puxadores. Correu à sua casa e trouxe uma lata de biscoitos onde guardava uns vinte ou mais times de plástico. Nunca jogamos, pois estudávamos em colégios diferentes e nossos horários também diferiam.

Fomos nos encontrar, lá pelos anos sessenta, quando iniciamos as disputas de campeonatos caxienses. Ele, então com botões puxadores tornou-se um grande botonista, sendo que a nossa primeira partida oficial foi realizada em agosto de 1964 e terminou empatada em 1x1.

Em 1965 foi um dos fundadores da Liga Caxiense. Depois disso ficou algum tempo afastado, envolvido com suas atividades profissionais. Voltou em 1973, quando estávamos em pleno uso da Regra Brasileira.

Como sua preferência era a cor branca e preta, optou por um time que não fosse copiado pelos demais participantes, uma vez que Vasco, Botafogo, Atlético Mineiro já tinham sido inscritos e a Liga não admitia duplicidade. Encontrou a Ponte Preta, tradicional clube de Campinas e o segundo a ser fundado no Brasil, perdendo apenas para o E. C. Rio Grande. Numa de suas viagens a São Paulo, deslocou-se até aquela cidade, levando a sua esquadra e apresentando-a aos dirigentes do clube. Foi muito bem recebido e até quiseram nomeá-lo cônsul do clube em Caxias. Devido às suas atividades, não lhe sobrando muito tempo declinou da oferta, mas continuou recebendo a atenção do clube, o que acontece até os dias de hoje. Recebeu camisas e apaixonou-se pela Macaca Campineira.

Em 1973 voltou a todo vapor. Participava com desenvoltura do campeonato até o dia 18 de maio, quando teve de me enfrentar pelo campeonato. Aquele dia ele havia levantado com o pé esquerdo e eu com o direito. Deu tudo certo para mim e tudo errado para ele. Meu time foi fabricado pelo Seu Aurélio, da Bahia, e os botões de ataque eram um pouco menores do que os de defesa, com um detalhe incrível sobre o centro avante. Esse era bem menor do que os demais atacantes. Entrava em qualquer brecha e fulminava, pois sua caída era especial para cobrir o arqueiro. Nessa noite o Vitor, meu número 9, empilhou sete bolinhas nas redes do Marcos. Daí em diante, jogar contra o Marcos era mais fácil. Só de olhar o meu centroavante fazia com que ele tremesse na base. Não conseguia jogar e fiquei invicto até o final de 1974.

No final do ano, mais precisamente no início de novembro, Marcos participou do primeiro Campeonato Estadual realizado no Rio Grande do Sul, na Regra Brasileira. Foi na cidade de Canguçú e lá foi lançado o embrião da Federação Gaúcha de Futebol de Mesa. Criamos a União de Ligas de Futebol de Mesa que praticavam a Regra Brasileira. Ela seria encarregada de promover e fazer disputar os estaduais vindouros. Ficou estabelecido que sua sede fosse em Caxias do Sul e seu primeiro presidente o nosso colossal Marcos Zeni.

Foi dele também a concretização e realização do Torneio que há mais tempo é realizado em nossa Associação. Nesse mesmo novembro, mais precisamente no dia 17, criou o TORNEIO PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA. Participaram desse Torneio os botonistas: Airton Dalla Rosa, Sylvio Puccinelli, Rubem Bergmann, Adauto Celso Sambaquy e Marcos Zeni, seu criador.

Tive a felicidade de vencer o Torneio e dessa forma gravar o meu nome entre os campeões.

No ano seguinte, já residindo em Brusque, fui surpreendido com a chegada de Adaljano Tadeu Cruz Barreto e Marcos Antonio Zeni, que chegaram naquela cidade com a finalidade de disputarem o segundo Torneio Proclamação da República. Acredito que tenha sido o único torneio promovido pela entidade caxiense disputado fora de seus domínios. Adaljano conseguiu o troféu de campeão e eu fiquei em segundo lugar.

Em 1975 o Marcos conseguiu espantar a bruxa e fez as pazes com a vitória. Exorcizou o meu centroavante, não tomando conhecimento dele, me vencendo em duas ocasiões.

Por ocasião do XXIX Centro Sul, realizado em Caxias, almoçamos juntos e pudemos recordar muitas passagens de nossas vidas. E foi o Marcos quem recordou o trauma que o Vitor havia causado nele. Acredito que em suas noites, o Vitor transformava-se em pesadelos.

Brincadeiras à parte trata-se de um excelente botonista que conseguiu por duas vezes tornar-se campeão caxiense de futebol de mesa. Seu nome está escrito entre os grandes botonistas que serão eternizados nessa querida Associação.

Na atualidade, com o passar dos anos, a volúpia por títulos deixou de ser prioridade. Se vier será lucro, pois a intenção é divertir-se jogando botão. Sua participação valiosa foi dada nos momentos de maior dificuldade, quando tínhamos de matar um leão por dia, no sentido de implantar a Regra Brasileira em todo o Rio Grande do Sul. E nisso o Marcos foi muito eficiente, pois além da participação no primeiro estadual, esteve jogando brasileiros em diversas ocasiões. Faz justiça a todas as homenagens que devem ser feitas a esse bravo pioneiro do futebol de mesa.

Que Deus o conserve por muitos anos entre os botonistas caxienses.

Até a semana que vem, se Deus permitir.

Sambaquy.



A fonte dessa foto é o Blog da Ponte Preta: aapontepretafm.blogspot.com

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