segunda-feira, 10 de outubro de 2011

PRECONCEITO E DESRESPEITO NO FUTEBOL DE MESA.



Ainda não havia pensado em escrever sobre as situações desagradáveis que acabamos assistindo em campeonatos e torneios, por esse imenso Brasil. Foi então que o meu amigo Ítalo Petrecheli, em seu Blog GOL A GOL levantou a questão, que teve ampla repercussão entre os botonistas gaúchos.
Já havia escrito a razão de minha desistência, por mais de vinte anos, em praticar o futebol de mesa. Foi exatamente pelo comportamento anti-desportivo de uma grande figura do nosso esporte que me obriguei a deixar, pois não encontrava mais alegria naquilo que fazia.
Já havia constatado situações que geravam mal estar entre participantes. Gritos, berros, manifestações das mais variadas, na conquista de um gol. Reconheço que é um momento de euforia e de grandeza, na conquista daquilo que se almeja, mas, sabendo sempre que na outra extremidade da mesa está um companheiro, um amigo, um amante do mesmo esporte que praticamos. Para muitos pode parecer que essa atitude não influi na concentração e no objetivo. Mas, eu discordo. Por mais sangue frio que uma pessoa possa possuir, um grito alucinante, uma demonstração brutal de conquista, abala o sistema nervoso de qualquer um.
Apreciei muitas comemorações que culminavam na conquista de um gol. Falei seguidamente de um botonista caxiense chamado Boby Ghizzoni, filho do grande craque Ghizzoni que jogou pelo Internacional, e encerrou a carreira no G. E. Flamengo, de Caxias do Sul. A comemoração dele era feita somente quando o gol era do Bráulio (número 8) de seu time. Ele soltava foguetes e girava a mesa narrando o gol. Em seguida abraçava o seu adversário numa demonstração de respeito, como pedindo desculpas pela sua vibração. Acredito que em Caxias do Sul ninguém use dessa vibração exagerada e desrespeitosa. Afinal, todos estão disputando um jogo com um amigo e não com um inimigo, alguém que tenham de humilhar.
Acredito também na maldade no tocante ao tempo gasto para arrumar o goleiro, ficar arrumando, olhando de onde vai ser chutado, voltar a arrumar o goleiro, retornar ao ponto de onde sairá o botão de encontro à bolinha. Isso vai minando a tranqüilidade de quem vai jogar.
Eu sempre procurei manter a calma e nunca comemorei um gol de maneira estridente. Muitas vezes ao conseguir marcar um gol lindo, sentia vontade de enaltecê-lo, mas em respeito ao meu adversário, só fazia um breve comentário. Muitas vezes atribuindo ao fator sorte essa conquista. Quem já jogou comigo sabe muito bem disso.
Outro assunto bastante delicado é o preconceito contra uma regra que não seja a nossa. Perdoem-me os meus amigos, mas futebol de mesa é aquele que a gente joga, aquele que a gente ama e domina. Seja ele, na regra gaúcha, brasileira, doze toques, três toques, regra pernambucana, fogo tebei, paraibana, paraense (Celotex), sector Ball, leva-leva, toque-toque, dadinho. O que importa é a diversão que temos em jogar, em estar entre amigos, em poder conversar e ver as pessoas se confraternizando. Desfazer outra modalidade é simplesmente uma idiotice. Estabeleçamos que o futebol de mesa, por ser um esporte, tem várias modalidades em disputa. No atletismo não é assim? E na natação?
Se somos considerados um esporte, procedamos como verdadeiros desportistas.
Aqui em Santa Catarina, mais precisamente no litoral, a prática do futebol de mesa é na regra de 12 toques. Eu tenho acompanhado muitos gaúchos que aqui chegam, com seus botões puxadores, e que acabam amando a modalidade que podem praticar.  Tornam-se grandes botonistas e conseguem vencer campeonatos, jogando na modalidade de 12 toques, bem diferente daquela que praticavam no sul do Brasil. Nem por isso deixam de ser botonistas.
Menosprezar uma modalidade, comparando-a com outra é mostrar desconhecimento.
É só saber fazer aquilo que aprendeu e não querer entender que há outras maneiras de praticar o esporte que arrebata muitos brasileiros.
Eu já cheguei a pensar na possibilidade de praticarmos uma única regra. Mas, em contato com pessoas das demais modalidades, cheguei à conclusão que devemos viver em harmonia, sem querer meter o dedo na diversão alheia. Jamais conseguiremos isso. Nem mesmo na nossa regra Brasileira temos a unanimidade. Ela foi criada para os botões lisos, mas por pedidos de diversos interessados, os botões cavados foram permitidos. Chegaram a ser disputados campeonatos com lisos e cavados juntos, mas chegou o dia em que tiveram de separar as categorias. Lembro ainda de um botonista da cidade de Brusque que foi fazer um curso de tecelagem no Rio de Janeiro. Lá começou a jogar contra os cariocas e conheceu os botões cavados. Quando voltou dizia abertamente que se alguém quisesse ser campeão teria de jogar com botões cavados. Ele conseguia cobrir todas as jogadas que fazíamos. Chutava raramente ao gol, mas não permitia que chutássemos. Com a introdução dos cavados, a maioria dos botonistas de Brusque acabou deixando de jogar. Perdera a graça a criação, pois a destruição era muito mais fácil.
Por isso o desabafo do amigo Ítalo, que tive a imensa satisfação de conhecer em Itajaí, acordou todo mundo. Que exista o respeito entre os participantes, pois ninguém joga contra inimigos.
Até a semana que vem se Deus assim permitir.
Sambaquy.

2 comentários:

  1. Samba,

    Futebol de mesa ultimamente anda complicado, a competitividade anda extrapolando os limites na minha opinião.

    E isso é muito desanimador!

    Um abraço,
    Daniel Pizzamiglio

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  2. LHROZA....
    Amigo SAMBAQUY -
    Volto repetir que o jogo de botões faz esquecer problemas pessoais é como um desestressador natural.
    Mas para alguns BOTONISTAS isso ainda faz diferença.
    O caso do ÍTADO esta aí para comprovar,as Associações devem atualizar seus ESTATUTOS e/ou respeitar a preferencia por essa ou aquela REGRA
    Até +

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