segunda-feira, 4 de novembro de 2013

AS DIFICULDADES DE MANTER AGREMIAÇÕES FUNCIONANDO

Recebi no dia 30.10 um e-mail do presidente da agremiação a qual estou associado aqui em Santa Catarina, desesperado com a pouca afluência de pessoas no clube durante o ano inteiro.
Dizia o presidente que estamos finalizando um ano muito difícil para o nosso grupo e necessita saber com quem poderá contar na próxima temporada, pois do contrário não justifica ter uma sede central na cidade, praticamente sem uso.
Os gigantes do futebol de mesa marcilista
Grande número desses atletas ainda está lá no Marcilio.
Acredito que muitos clubes ou associações devem enfrentar esse tipo de problema. E é um tremendo problemão que, se não for devidamente trabalhado, poderá ocasionar o encerramento das atividades.
Particularmente eu vejo da seguinte forma:
(1º) Há pessoas interessadas em praticar o futebol de mesa. Muitos até procuram a sede e são recebidos com muito carinho. Colocam-nos a jogar, caso tenha seu próprio time ou então emprestam um time para que possa tomar conhecimento da modalidade. Ensinam o básico para que esse interessado fique bem mais interessado. É um jogo demonstração e a pessoa fica motivada. Acaba voltando com intenção de participar.
(2º)Há, no clube, certo número de grandes praticantes. Pessoas que jogam por música e são aquelas que sempre estão nas fotografias de premiação.  Ao jogar amistosamente com o novato, transmitem-lhe informações e não forçam o jogo, dando-lhe a ilusão de que poderá fazer frente em disputas oficiais.
(3º) Marcam o campeonato e colocam todos numa mesma panela. Aí é que o caldo engrossa, pois é para valer. Cada jogo é uma disputa de vida ou morte. Valem pontos para a conquista do troféu de campeão, vice, 3º lugar e 4º lugar. O novato, achando que já conhece todos os atalhos do gramado de madeira, não mais encontra um gatinho pela frente. Muito ao contrário, dessa feita encontra um verdadeiro leão que o devora em poucas paletadas. Surgem as primeiras decepções, e as goleadas vão se acumulando na conta de quem achava que estava conhecendo o esporte. Nos Jogos abertos de verão de 2008, assisti a um excelente botonista paulista (multi campeão) aplicar uma sonora goleada em um principiante que, pela 12ª ou 13ª saída de jogo, já nem sabia mais quais eram os seus botões. Nunca mais vi esse principiante na sede depois desse jogo.
(4º) A solução para esse problema de falta de freqüência foi adotada em 2010, quando a sede estava sempre cheia de pessoas jogando. Nessa ocasião, havia a disputa de duas séries. A série “A“ que era composta pelos botonistas que dominavam a regra e tinham vários anos de prática nas mesas e a série “B” que premiava os menos aptos, disputando um campeonato em que não havia papões. Tudo estava nivelado e as partidas acabavam alegrando a todos os participantes. Foi o ano em que mais tivemos pessoas perambulando no recinto onde as mesas estão colocadas.
(5º) A adoção de uma segunda modalidade de jogo, pois o clube foi iniciado na Regra de 12 toques, a do dadinho, repartiu os componentes. Como ninguém pode estar em dois lugares ao mesmo tempo e nem servir a dois senhores da mesma forma, o clube esvaziou devido às preferências individuais. Sem existir um programa anual em que determinasse datas para as disputas dessa ou daquela modalidade, muita gente deixa de comparecer. Em 2010, havia o programa e todos sabiam as datas das disputas, razão pela qual o sucesso foi muito grande.
Muitas serão as dificuldades que sempre existirão, e mudanças devem ser feitas para que o movimento não esvazie. O propósito de cada botonista que procura o clube é idêntico: aliviar a pressão do dia-a-dia e divertir-se jogando botão. Quando essa diversão passa a ser obrigação é algo mais que deve ser agregado às que já possuímos e mais um somatório de coisas que são impostas, declinando a verdadeira intenção de diversão. O futebol de mesa é um esporte amador e como tal deve ser encarado. Jogar por obrigação não faz a alegria de ninguém. O clube deve ter seus campeonatos e torneios, sem se preocupar com o que a Federação determina. As datas comprometidas com competições estaduais ou nacionais pertencem aos botonistas que têm condições de representar a entidade. Os demais podem se reunir e jogar animadamente e divertir-se, fazendo aquilo que gostam de fazer.
Eu acredito que não custa tentar fazer isso. Quem quiser participar de competições estaduais e nacionais, objetivo dos bons botonistas, deverá fazê-lo sem, no entanto, forçar os demais para a obrigação de também estarem participando. Quem quiser ser botonista profissional deverá pensar primeiro em si próprio e depois no grupo. É gratificante encontrar botonistas de diversos lugares, mas tudo isso tem um custo e, às vezes, é muito alto.
A solução está nas mãos de todos nós. As oportunidades também. As escolhas de forma e modalidade de jogar também são individuais, por isso eu acredito que ainda poderemos chegar a bom termo, antes mesmo de o ano terminar.

Até a semana que vem, se Deus assim permitir.

8 comentários:

  1. Meu caro amigão Sambaquy. Esse é o maior entre os maiores problemas do botonismo, isso tudo sem contar com os outros atrativos que a vida moderna oferece. As soluções por você apresentadas, se seguidas, serviriam para minimizar toda a problemática do jogo de botões. A diversificação das regras, num mesmo ambiente, conforme você bem enaltece, somente agrava o problema da frequência e esvazia as competições. Em que pese ser um esporte, o botão, antes de tudo, é um lazer e seus praticantes devem formar uma irmandade. O intercâmbio só é salutar quando observa não somente a competição em si, mas sobretudo o congraçamento e as novas amizades, sempre num clima festivo, num ambiente de sã camaradagem. Viva o botão!

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    1. Meu amigo Abiud,
      Em todo o lugar a coisa é igual. O problema é que sempre são as mesmas pessoas que tocam o barco. Quando elas cansam ou param, para tudo. Infelizmente a grande maioria só gosta mesmo é de jogar e ganhar troféus. Muitos nem imaginam o quanto sacrifício foi feito para chegar à aquele momento glorioso. Mas, como nós gostamos deste esporte, teimamos em continuar praticando. Viva o botão.

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  2. LH.ROZA...
    Meu amigo "AC.SAMBAQUY"...
    Tentando complementar suas sugestões, só posso concordar com o que foi exposto, EU por falta de opção e/ou não ter encontrado em JOINVILLE uma turma que pratica-se a Mod. de 1 Toque, acabamos por aceitar os convites do pessoal de ITAJAÍ, o Oswaldo e o Ricardo Guedes, mais precisamente do CN.MARCILIO DIAS,
    Tentei a desconhecida Mod. 12 TOQUES, o que dado alguns resultados desanimadores, logo fui me dedicando a outra Mod. DADINHO.
    E para alegria nossa, os resultados foram surgindo conquistando diversas premiações.
    Mas embora fazendo as deslocações entre Joinville até Itajaí, em nada nos preocupa, nesse nosso lazer o mais importante é estar batendo uma bolinha entre os amigos na esperança do sugimento de novos praticantes.
    Ficamos por aqui, até a próxima COLUNA
    1 forte abç.

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    1. Amigo Roza, eu penso que para obter sucesso deve haver um calendário anual de programações. Dia tal faremos um torneio na regra de 12 toques, no outro dia será de dadinho, e assim por diante. Com isso, você se deslocaria de Joinville para Itajaí nos dias em que houvesse disputas de dadinho. Sem programação, sem apoio a quem inicia, a coisa fica dificil e acaba mesmo se tornando inviável. Espero que minhas sugestões sejam acatadas, para o bem do futebol de mesa da região.
      Eu acompanho as suas conquistas, o que vai melhorar agora com a aquisição de um novo goleiro para o rubro negro pelotense, todo ele de chumbo...
      Abração.

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  3. Olá Sambaquy

    Conheço bem a realidade do Marcílio Dias e do Oswaldox e posso lhe dizer que isso também acontece em outras associações/ligas neste Brasil afora. Quanto ao comentário do colega acima, a prática de mais de uma regra em uma associação não esvazia os praticantes, pelo contrário, une, como podemos ver também em Itajaí no Marcílio Dias e no Almirante Barroso. Mesmo com cronograma liberado no início do ano temos dificuldade em ter quorum nas etapas de dadinho em Ctba e o que apoia meus argumentos é que apenas 10% ou menos dos praticantes de dadinho em Ctba praticam outras regras.Acho que o principal problema é conciliar a vida pessoal/profissional com o lazer. Os resultados desanimadores em regras desconhecidas vem, mas cabe ao botonista se adaptar e se aperfeiçoar.Eu mesmo, aprendi a jogar a 1 toque há 1 ano e meio e meus resultados são horríveis, mas na minha regra de origem fui campeão brasileiro da série bronze recentemente. Logo antes, o conjunto de fatores como a logística de datas,mais a vontade do botonista em se aperfeiçoar, mais a paixão pelo esporte que praticamos farão com que atraiamos novos apaixonados e nos possibilite manter os atuais praticantes.

    Julio

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    1. Julio,
      Eu defendo o calendário que determine as atividades do clube. A segunda regra é opção de quem quiser praticá-la. Geralmente as pessoas que praticam essa segunda modalidade são as mesmas que estavam praticando a primeira.
      O sentido da coluna foi alertar para umas planificação que deixasse os botonistas cientes das atividades que seriam desenvolvidas no ano. Resolver na hora que será realizado um torneio não é melhor opção.e faz com que muitos priorizem outras atividades. Realmente é um problema para todas as agremiações. Quem sabe o alerta não ajude a solucionar o problema?

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  4. Amigo Sambaquy


    Concordo com vc a respeito de um cronograma anual das competções porém permita-me uma ressalva: em Ctba temos organograma com as datas de competição da 12T e do dadinho divulgados em janeiro do corrente ano e mesmo assim tivemos cancelamento de etapas por falta de quorum. Acho que o principal motivo ainda é o botonista e sua motivação em "turbinar" a sua paixão o que nos dias de hj vem ficando em último plano em decorrência das dificuldades do dia a dia. Eu mesmo sou exemplo. Por morar a 600 km de Ctba não posso praticar minha regra de origem e pratico a 1 toque para manter minhas habilidades em dia, ganhar novas, e principalmente as amizades. Fui no Brasileiro de dadinho há 2 semanas sendo que a última vez que havia jogado uma partida foi no Barroso com o André Amorim, Diego Germano e Marcelo Heusi em fevereiro; Logo, muitos botonistas não iriam por achar que não teriam chance.
    Concluindo, acho que o problema principal ainda é o botonista, que está perdendo a idéia que em primeiro lugar é se divertir,em segundo fazer amigos,em terceiro se possível ser campeão. No final das contas, cansaço do dia a dia, ausência de cronograma e o principal, a falta de motivação e empenho, aliado a falta de aderência em introduzir novos praticantes, faz com que pouco a pouco o futmesa vá agonizando e com ele as agremiações. Acho que é o momento de conversação e reflexão para que algo seja feito, e isso já estamos fazendo em Ctba para que o futmesa tenha muitos anos pela frente

    Julio

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    1. Julio,
      Analisando o seu ponto de vista eu só posso dar razão aos seus argumentos. Há muitos botonistas que não encaram o esporte da mesma maneira como nós estamos fazendo. Admirio e louvo o esforço do Oswaldo, do pessoal do Barroso e principalmente de Curitiba, onde se pratica um excelente futebol de mesa. Você mesmo mostra ser um exemplo a ser seguido, pois mora 600 quilômetros de distância e quando pode está presente cumprindo o organograma. Aqui em Santa Catarina estamos ao lado de Itajaí e, devido a muitos compromissos eu não estou frequentando a sede desde junho. E comigo há outros botonistas que também,não estão frequentando. Uma conversa e um programa poderiam resolver, pelo menos por aqui essas faltas constantes. Há algum tempo as reuniões eram aos sábados. Agora são às terças feiras, o que dificulta a minha presença, pois dependo de carona para ir a Itajaí.
      Realmente, depende do lado pessoal de cada um o fortalecimento da entidade.

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