segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

NEM TUDO SÃO FLORES

Os elogios ao 40º Campeonato Brasileiro do Futebol de Mesa mostram a grandiosidade que os amigos paranaenses, capitaneados pelos dirigentes da CBFM, conseguiram na organização e escolha do local. Realmente, segundo os relatos foi algo maravilhoso. Elogios surgiram dos quatro cantos do país. Parabéns a todos.
Mas, mais uma vez foi demonstrado o descaso com a continuidade de nosso esporte. Grande afluência nas competições máster, sênior e especial. A quantidade de valorosos botonistas a disputarem com afinco e denodo os troféus maiores foi considerável.
A categoria máster, destinada aos mais idosos, àqueles que estão há mais tempo vinculados ao nosso esporte reuniu baluartes, que estão fazendo a alegria de suas Associações Esportivas. A categoria sênior mostra uma gama de botonistas fabulosos que, em alguns anos, estarão na última categoria, dando lugar aos especiais que são a grande e esmagadora maioria. E são feras que surgem a cada ano, lutando bravamente para alcançarem o lugar maior na hora da premiação.
Esse ano, pela primeira vez, é laureado um filho de um antigo campeão brasileiro. E esse será o tema dessa coluna que estou escrevendo. Não louvarei o Flávio Lisa, pois melhor do que eu, todos os meus leitores sabem de seu valor. Vários foram os que escreveram enaltecendo as suas qualidades. Vou falar da importância que o meu querido e saudoso amigo Átila teve, ensinando pacientemente aos seus filhos. Hoje, são eles que estão representando o querido estado de Sergipe nas mesas brasileiras.
E quantos de nós estamos fazendo algo parecido?
Ao que eu saiba, as agremiações preocupam-se com os seus campeonatos e esquecem de que envelhecemos. Com os anos, não teremos mais a força e a vontade de estar praticando o esporte que tanto amamos, esquecendo-nos de promovê-lo entre os jovens. Deixamos de chamar nossos filhos, nossos netos para nos acompanharem nas mesas e disputarem campeonatos em sua faixa de idade, incentivando-os a continuarem aquilo que iniciamos. Leio vários blogs de futebol de mesa e as notícias são sobre a categoria especial, nunca ou quase nunca falam sobre a nova geração.
Ressalte-se o esforço do pessoal de Caxias do Sul. Desde o primeiro Campeonato, em 1970, quando cinco gaúchos representaram o estado na linda Salvador. Pois três deles eram meninos de 14/15 anos de idade. Sempre promoveram campeonatos infantis, juvenis e adultos. O resultado disso tudo está nas pessoas de Daniel Pizzamiglio, Alexandre e Rogério Prezzi que continuam a caminhada de seus pais Luiz Ernesto e Nelson. Lembro ainda que, na época em que os jogos eram realizados no Recreio da Juventude, uma das mesas tinha cavaletes menores, pois, nela, os pequenos realizavam o seu campeonato. E, agora, começando com Ednei Torresini e continuando com essa plêiade de botonistas caxienses, em cada competição nacional estamos apresentando um grupo de meninos que vestem a camisa da AFM Caxias do Sul e da Federação Gaúcha.
Mesa com cavaletes menores da turma do Recreio da Juventude
A AFM Caxias cria para crianças carentes o projeto em 2006, projeto que ate hoje é seguido

A 1ª turma do Departamento jovem teve comoando de Enio Durante, que coom sua saída para a AABB Caxias levou os meninos. a Maior conquista foi o Brasileiro de Recife (2011) com Mateus Cruz

2ª turma Edinei Torresine e Rodrigo Guterres recebem uma nova turma e desta surgem dois grandes botonistas
Hemerson Leite e o Fenômeno Pica-Pau (bicampeão brasileiro)
Qual a razão que impede as demais agremiações de carregarem os moleques que, por ventura, jogam em suas mesas? Sei que, em várias delas, há garotos que gostariam de estar em eventos dessa grandeza. Por que os dirigentes dessas agremiações não assumem o compromisso de carregá-los consigo? A responsabilidade  sei bem, é muito grande. Mas, pensem na continuidade de nosso esporte, pensem que algum dia vocês pararão e não irão querer ver o esporte que tanto amamos desaparecer?
Ressaltei os elogios às disputas nas três categorias: máster, sênior e especial, mas acredito que a júnior  é praticamente ignorada. Quantos meninos poderiam estar lá, jogando e aprendendo com os mais antigos e não conseguiram. Até o estado promotor não colocou um único menino para disputar. Por que, quando as disputas são em centros maiores, como Rio de Janeiro, Bahia e Pernambuco, a molecada aparece em grande número? Perguntas que certamente encontrarão respostas, mas que, com certeza, não convencerão quem quer ver a continuidade de nosso esporte, seu crescimento e sua aceitação internacional.
Lamento, pois quem disputar a categoria júnior de futebol de mesa, pensando no encontro dos amigos conseguidos em participações em outros centros, acabará frustrado. E, com isso, o desânimo pode atrapalhar aquele que quer crescer no esporte.
Pensem nisso quando forem promover novas competições. Os moleques merecem o incentivo de todos nós e, queiram ou não, serão eles o futuro de nosso esporte.
As coisas nunca foram fáceis, não serão doravante, mas são possíveis de serem realizadas. Portanto, reflitam nisso e, com carinho e organização, promovam a garotada. Garanto que todos sairão felizes com o resultado.
Pódio do Estadual 2013 (da esq para dir.) - Pica-Pau (campeão), Hemersom, Weiss  e Yago

Pódio do Brasileiro 2013 (da esq para dir) - Weiss, Douglas (SC), Hemerson  e Pica-Pau (Campeão)


Até a semana que vem, se Deus permitir.

4 comentários:

  1. Amigão Sambaquy. Valeu o alerta. A grande guerra pela perpetuação do futebol de botão é um tanto quanto inglória. Os moleques de hoje, vivem outra realidade. As mãos e os dedos são utilizados mais para manuseio de tablets. A iniciação no botão, quando existe, é logo abandonada, nos primeiros insucessos. A juventude de hoje desconhece a palavra perseverança. Ainda não joguei a toalha, mas não vejo com otimismo os próximos anos. Espero estar enganado. Abração pernambucano.

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  2. Meu amigo Abiud, Torço para que estejas enganado e no futuro o nosso esporte esteja ainda mais dinâmico e sempre apoiado pelos botonistas mais antigos. Não jogue a toalha, pois a Regra Pernambucana depende muito de seus esforços. Quem sabe organizas um campeonato para os netos da turma que joga o botãobol. Só eles jogam e serão premiados pelo seu desempenho. Será um início, e depois terá de haver continuidade.
    A responsabilidade será sempre dos mais antigos. Se eles ajudarem, com certeza o botãobol permanecerá para sempre.
    Abração gaúcho/catarinense.

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  3. LH.ROZA...
    Meu amigo "AC.SAMBAQUY" ... Realmente é preocupante a atual situação em que se encontrão algumas ASSOCIAÇÕES. Visto que a gurizada estam mais para os jogos via Internet, do que seguirem seus Pais e/ou primos e até mesmo um visinho na pratica do FUTMESA.
    Inicialmente possa ser o elevado custo dos planteis, dado a sofisticação que estão sendo fabricados, por outro lado esse lazer, o FUTMESA, dado as exigencias das REGRAS implicando na obrigatoriedade do uso de fardamentos, é outro custo ha ser estudado.
    Bem dado o adiantado da hora, vamos para o sorteio do "bife"...
    Deixo + 1 abç....

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    1. Roza,
      Existem as Associações que possuem meninos jogando. No entanto não os levam a disputar campeonatos. A única que está fazendo isso pe a AFM Caxias. Eu sei que existe responsabilidade em levar menor de idade, mas só assim eles poderão crescer no esporte. Quanto ao fardamento para os jogos a Associaçao é responsável em municiar seus associados. Os times custam caro, mas os eletronicos também... Acho que deveria haver mais vontade em carregar os moleques junto e incentivá-los a fazerem crescer o nosso esporte.
      Abração e cuidado com o "bife".

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