segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

O RESPEITO E ADMIRAÇÃO DO POVO BRUSQUENSE PARA COM O FUTEBOL DE MESA

O futebol de mesa teve seu início em Brusque no dia 4 de agosto de 1974, quando fundamos a Liga Brusquense, depois denominada de Associação Brusquense. Desde os primeiros passos, foi grande a procura por diversas camadas da população pelos botões, uns tomados pela curiosidade, outros por terem praticado em sua juventude.
Sempre estivemos em zona central e isso facilitava aos curiosos tomar conhecimento daquele esporte que era propalado em todas as rodas sociais da cidade. Eram pais que traziam seus filhos, mas que acabavam jogando, eram filhos que vinham conhecer o esporte com a rádio e o jornal local nos dando cobertura; tornamo-nos bem conhecidos.
1ª Sede - 2º Torneio Proclamação da República - Brusque (SC)
Por três anos ficamos na Rua Ruy Barbosa, em duas salas situadas no primeiro andar do prédio da Família Tensini. Nesse local, realizamos a segunda edição do Torneio Proclamação da República, patrocinado pelo Marcos Zeni e vencido pelo Adaljano Tadeu Cruz Barreto, de Caxias. Com a reforma do prédio desocupamos as salas e nos mudamos para o S. C. Paissandu, desta vez sem custo algum. Ficamos por lá, apoiados pela diretoria e recebemos visitas ilustres como a de Doalcey Bueno de Camargo, que viera narrar um jogo do Vasco da Gama e foi levado pelo José Orlando Battistotti, um forte comerciante local.
Nossa primeira sede, na Rua Ruy Barbosa 33, 1º Andar
2º Torneio Proclamação da República. Sambaquy (e) X  Marcos Zeni (d)
Com a mudança de diretoria do Paissandu, passamos a nossa sede para a parte baixa do Hotel Brusque, também sem custos, desde que providenciássemos um piso nivelado. Para isso recebemos, da Cerâmica Canelinha, as lajotas que foram usadas e que deixaram o ambiente perfeito. Lá realizamos alguns dos torneios com os caxienses que nos prestigiavam sempre: Luiz Ernesto Pizzamiglio, Airton Dalla Rosa e Nelson Prezzi.
Naquele momento, surgiu a ideia da construção da nossa sede, pois em poucos anos havíamos realizado três mudanças, sem contar que iniciamos na AABB, mas como era restrita a funcionários, optamos pela primeira sede. Também colaborou para que essa ideia ganhasse corpo uma enchente que fez com que tivéssemos que subir as mesas para não as perdermos.
Através do presidente Oscar Bernardi e por intermédio do presidente da Câmara de Vereadores, Cesar Gevaerd, recebemos um terreno, nas margens do Itajaí Mirim na confluência com o Rio Guabiruba. Para construir a Associação, emitiu títulos patrimoniais que foram vendidos aos associados e a diversos amigos industriais e comerciantes. Os dois caxienses Pizzamiglio e Airton são proprietários de cotas da sede social.
Foi então que resolvemos alçar voos mais altos. Jogávamos e recebíamos amigos que iam participar de nossas promoções. Nenhum ficava em hotel, pois cada associado era encarregado de hospedar um botonista e sua família. Na minha casa sempre ficou o Pizzamiglio, sua esposa e o Daniel, muito antes de ele se tornar o super campeão.
Associação Brusquense de Futebol de Mesa - Sede Social no Bairro Guarani
Associação Brusquense de Futebol de Mesa - Vista Frontal
Cláudio Schemes sempre nos visitava quando de suas passagens pela cidade. Era mais uma frente que se abria em nossos relacionamentos. Todos gostavam dele, como pessoa e como botonista.
No ano de 1979, copiando a ideia nordestina que realizava seus Nordestões desde os anos sessenta, resolvemos nos arriscar e promover o Sul Brasileiro de Futebol de Mesa. Seria o primeiro e, quem sabe, a ideia vingaria, como de fato vingou, mas com o nome de Centro Sul, pois do Espírito Santo para baixo todos podem participar. Nesse primeiro torneio, realizado na Sociedade Esportiva Bandeirante, convidamos um sergipano, dois cariocas, vários gaúchos (Porto Alegre, Caxias, Pelotas, Santana do Livramento, Jaguarão), vários catarinenses (Florianópolis, Criciúma e Brusque) e um uruguaio de Rivera, trazido pelo Dirnei Bottino Custódio.
O sucesso foi muito grande o que motivou a nos candidatarmos a realizar o campeonato Brasileiro de 1981.
Em 1980, convidado, participei como rotariano do Rotary Club de Brusque, um dos mais antigos de Santa Catarina. Aliás, Brusque tem vários predicados a enaltecê-la: Cidade dos Tecidos, Berço da Fiação Catarinense, Cidade do Clube mais antigo do estado o C. R. Carlos Renaux, que completou cem anos em 2013 e o Rotary, entidade que muito ajudou no crescimento e consolidação da cidade. Membro do clube, em uma reunião, próximo à data da realização do Campeonato Brasileiro, o presidente Manfredo Hoffmann, do alto dos seus quase dois metros de altura, empostando a sua voz anuncia à assembleia: - Companheiros vão escutar o companheiro Sambaquy que vai nos falar sobre o Campeonato Brasileiro de Futebol de Mesa que será realizado em nossa cidade em poucas semanas.
Delegações que participaram do 7º Campeonato Brasileiro - Brusque 1981
Surpreso, pois não havia sido comunicado de que teria de falar àquele povaréu de gente importante: médicos, industriais, comerciantes, juiz de direito, advogados, engenheiros, ex-prefeitos, minhas pernas tremeram literalmente. Consegui levantar da cadeira e procurei manter a calma; afinal, estava ali por méritos reconhecidos por eles mesmos. Falei e acredito que iniciei a minha caminhada rotária naquele momento, chegando até a presidência e à indicação para ser governador do distrito. Contei a eles quem eram os praticantes do futebol de mesa: pessoas com profissões semelhantes a deles, que faziam daquele esporte o seu lazer. Contei sobre a criação da Regra Brasileira e que era um dos que conseguiram esse feito, falei sobre os campeonatos brasileiros, que desde 1970 eram realizados em cidades como Salvador, Recife, Caxias do Sul, Jaguarão, Rio de Janeiro, Vitória, Pelotas e agora Brusque. A escolha era mérito do trabalho dos botonistas que acabavam divulgando o nome de sua cidade pelo Brasil.
Solicitei por fim que apoiassem esse trabalho que ajudaria a promover e fazer mais conhecida a nossa Brusque querida. E fui atendido, pois na abertura do Campeonato contamos com a presença de Deputado Federal Nelson Morro, presidente da Santur; Ciro Gevaerd, Presidente do Rotary e da Soc. Esp. Bandeirante; Manfredo Hoffmann, Prefeito da cidade, Senhor Hilário Merico, presidente da Câmara de Vereadores, uma demonstração da aceitabilidade do nosso esporte na cidade.
Em nossa sede social situada no Bairro Guarany, recebemos diversas autoridades que nos motivaram a lutar para a implantação do futebol de mesa na região, a saber: Deputado Júlio Cesar, Dr. Ênio Branco, chefe da Casa Civil do Governador Jorge Bornhausen, presidente da Câmara de Vereadores de Brusque; Cesar Gevaerd, presidente da SANTUR e ex-prefeito de Brusque, Ciro Gevaerd, Padre Pedro Paloschi, Claudio Schemes, Geraldo Décourt, José Geraldo Cursino (Taubaté), Antônio Carlos Martins (Rio de Janeiro) ex-presidente da ABFM, Jomar Moura (Bahia) ex-presidente da AFM, Oldemar Seixas (Bahia).
Guarany - Brusque - Dep. Futebol de Mesa
Influenciados, nossos vizinhos do Guarany acabaram criando um departamento de Futebol de Mesa que funcionava maravilhosamente bem, sob a chefia de Jorge Bianchini. Há poucos meses, foi entrevistado pelo programa da ESPN – Loucos por Futebol e, para a minha alegria, em sua sala museu, na Rua Ernesto Bianchini, uma mesa e vários times da Regra Brasileira estavam mostrando que algo restou de bom naquilo tudo.
Jorge Bianchini no Loucos por futebol
Para nossa tristeza, diversas ocorrências fizeram o pessoal desanimar e o movimento foi diminuindo de intensidade, chegando a parar em 1986. Voltou em 1991 e permaneceu até 1997, quando não houve mais nenhum interessado em manter o patrimônio que ficou fechado, até ser emprestado à torcida organizada do Brusque, time que disputa a primeira divisão do catarinense.
Mas, a alegria por parte das pessoas de Brusque, toda vez que as encontro, é sempre a mesma. Foi um tempo de muita promoção e entusiasmo, mas que não encontrou seguidores dispostos a tocar o barco adiante.

Até a semana que vem, se Deus assim permitir.

4 comentários:

  1. LH.ROZA...
    Desculpe o atraso, mas não poderia deixar de registrar nossa passagem pela sua COLUNA.
    Estivemos afastados por problemas técnicos em meu Notebook, coisa de "aposentado 1/2 atrapalhadinho", como diria o CLAIR.
    1 forte abraço ao AMIGO e irmão botonista.

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    1. Roza,
      Nós somos da era antes do notebook, por isso os problemas técnicos são frequentes. Nossos netos resolvem esses problemas de olhos fechados...
      Obrigado por sua passagem por aqui.
      Abração

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  2. Amigão Sambaquy. A cada semana, lendo sua coluna, ainda não consegui ter o perfil completo sobre sua pessoa, pois sou sempre surpreendido com novas nuances. O que, hoje, tenho convicção, é que você é de fato, sem sombra de dúvidas, o maior nome do futebol de botão do sul do país e um dos maiores de todo o Brasil. Nós, aqui, do Nordeste, principalmente de Pernambuco, não realizamos 1/100 daquilo que você já fez em prol do desenvolvimento do botão. Cada vez, sinto mais orgulho de privar de sua amizade, o que me dá forças para continuar realizando o mínimo pelo botãobol. Abração pernambucano.

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    1. Meu amigo Abiud, você me deixa sem palavras. Eu trabalhei, assim como muitos também o fizeram e por essa razão, resolvi escrever para contar um pouco daquilo que foi feito. Quem sente alegria de privar de sua amizade sou eu, pois reconheço o grande batalhador e idealista que se entrega ao futebol de mesa com toda sua força e vigor. Estamos empatados nos conceitos, pois eu o considero o grande incentivador pernambucano que ainda terei a alegria de conhecer pessoalmente.
      Abração gaúcho/catarinense/colorado.

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