segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

AS VIAGENS E O TRABALHO PARA DIVULGAR O FUTEBOL DE MESA


A primeira grande viagem foi realizada em janeiro de 1967, quando, em companhia de Gilberto Ghizi rumamos a Salvador, com a finalidade da criação da Regra Brasileira. Foi uma maratona que logrou êxito e os seus resultados foram sendo noticiados em Caxias do Sul, via Rádio e jornal O Pioneiro. Isso aguçou a curiosidade de desportistas da região serrana e frequentemente recebíamos visitas de interessados em conhecer a Regra Brasileira.
De 1967 até 1973, indiscutivelmente Caxias do Sul tornou-se a referência gaúcha da Regra Brasileira, por vezes confundida com a antiga Regra Baiana. Acolhíamos botonistas vindos de diversas cidades e apresentávamos a eles o nosso modo de jogar. Arroio Grande, Veranópolis, Lagoa Vermelha, Porto Alegre, São Leopoldo, Santa Maria, Flores da Cunha, Giruá e Uruguaiana eram as cidades que queriam conhecer o futebol de mesa praticado pelos caxienses.
Noticias de como o Futebol de Mesa andava na cidade de Caxias do Sul
Uma das reportagens que davam força ao futebol de mesa caxiense

Flores da Cunha estava realizando uma festa e convidou para que fizéssemos uma demonstração para a garotada daquela cidade. Na ocasião, presidia a Liga Caxiense o Sérgio Calegari. Combinamos viajar em dois carros e levar a garotada do Recreio Guarany, pois não sabíamos quem seriam os interessados. Se fossem muito jovens, talvez o interesse não fosse tão intenso vendo dois adultos jogando, para isso teríamos os meninos que demonstrariam como se deve praticar o nosso esporte. Para isso o Calegari apanhou o Airton Dalla Rosa, Ângelo Slomp, Almir Manfredini e seu irmão, que já começava a praticar o futebol de mesa. No meu carro levei minhas filhas, pois elas se queixavam que eu sempre estava indo jogar e elas ficavam em casa. Ao chegarmos, vários desportistas nos esperavam. Calegari e eu ficamos explicando a eles como se desenrolava o jogo, a aceitação nacional, tendo inclusive a possibilidades de realização de campeonatos brasileiros, enquanto os meninos partiam para a mesa alegremente. Como dois jogavam e um apitava, sempre sobrava um, que era o menor de todos, o irmão mais novo do Almir Manfredini. Acontece que os florenses haviam preparado uma mesa com diversos petiscos e algumas bebidas. Flores da Cunha era terra onde fabricavam vinhos de excelente qualidade, além de bebidas destiladas, tendo inclusive naquela época um uísque chamado Cookland (Terra do Galo). Dentre as bebidas havia diversos tipos de licores muito apreciados, com sabores de abacaxi, uva, goiaba, ovos que atraiam pela sua coloração exuberante. Como eram doces, o perigo estava diante de nossos olhos.
O irmão do Almir, sem ter ocupação, passou a experimentar os licores e acabou totalmente embriagado. Uma de minhas filhas veio me chamar, pois ele estava se sentindo mal. Eu abortei a minha participação naquela demonstração, deixando o Calegari encarregado de trazer os meninos para casa, pois voltaria para Caxias trazendo o menino que passara da conta. O pior seria a explicação para a Dona Cecy Puerari, mas ela entendeu, pois conhecia o filho que tinha.
Com isso resolvemos que doravante sempre iriam os adultos.
Os convites surgiam e várias vezes nos deslocamos até Canguçú, pois era o reduto em que nosso companheiro de futebol de mesa, Vicente Sacco Netto estava radicado. Ali se iniciou o movimento que hoje é uma realidade naquela cidade.
A primeira viagem a Canguçu - G.E.Flamengo (Sambaquy) foi o campeão

A segunda viagem a Canguçu - Internacional (Ghizoni)) foi o campeão
Em junho de 1973, fomos procurados por Saul Torres, diretor de esportes do Jornal do Povo de Cachoeira do Sul, no centro do estado gaúcho. O jornal patrocinava um campeonato aberto de futebol de mesa, na Regra Gaúcha, com botões puxadores. Ao tomar conhecimento de nosso movimento, manifestou interesse em uma apresentação em sua cidade, pois seria algo inédito e motivador aos jovens praticantes. Aceitamos o convite e em 27 de julho rumamos para aquela linda cidade. Saímos de Caxias em dois carros. Luiz Ernesto Pizzamiglio e Airton Dalla Rosa em um e Marcos Fúlvio de Lucena Barbosa e eu no outro. Naquele tempo eu não gostava de andar de carona, queria era estar na direção e na estrada. Fomos recepcionados como autoridades e levados ao clube onde estava sendo realizado o aberto em homenagem aos 45 anos do Jornal do Povo. A garotada nos olhava desconfiada. Mas, o toque de mágica foi quando colocamos nossos times na mesa. Os olhinhos de todos eles brilhavam de espanto e inveja. Estavam vendo times do São Paulo, do Santa Cruz, do Cruzeiro e do Flamengo (de Caxias), arrumados para uma partida de demonstração.  Expliquei a todos eles que na atualidade essa era a modalidade em que poderiam disputar campeonatos brasileiros, os quais já haviam sido realizados em Salvador (Bahia), Recife (Pernambuco) e Caxias do Sul. Que continuando com a sua modalidade só poderiam disputar campeonatos regionais, pois a Regra Gaúcha não era reconhecida fora do estado. Entregamos a eles uma boa quantidade de Regras impressas, mandadas confeccionar pelo Conselho Municipal de Desportos de Caxias e os endereços dos diversos fabricantes, que nessa ocasião só existiam na Bahia. Não sei se fizeram encomendas ou se mudaram sua maneira de jogar, pois, após nosso regresso não houve mais contatos. E nesse mesmo ano eu fui transferido para Brusque (Santa Catarina), deixando de estar presente na Liga, apesar de continuar a minha participação no campeonato daquele ano, tendo ficado em terceiro lugar no resultado final.
Devo contar aos amigos que, quando da realização do Centro Sul em Caxias, em 2011, o Marcos Barbosa recordou essa nossa partida, realizada em Cachoeira do Sul. Fizemos uma demonstração para a garotada que cercou a mesa. Marcos começou fulminante e o primeiro tempo acabou 3 x 0 para ele. Estava com o pé no acelerador passando por cima do meu Flamenguinho. No segundo tempo, depois de uma carraspana nos jogadores de Caxias, o time voltou com outra mentalidade e acabou virando o jogo para 4 x 3. Até hoje ele não acredita nisso. Estava tão fácil, que ele acabou esquecendo-se de jogar o segundo tempo. Rimos muito disso tudo.
 Jornal do povo de Cachoeira do Sul, comentando o Aberto 45 anos do Jornal do Povo
Esse foi o trabalho de divulgação e devemos sempre agradecer aos amigos das rádios de Caxias, que abriram um horário em que Paulo Valiatti e eu apresentávamos o que rolava pelo futebol de mesa, dando resultados, prognósticos, e até escutando aficionados que ligavam para sugerir alguma coisa. Muitas vezes, fui parado na rua por amigos, dizendo que achavam que estivéssemos falando de campeonato de futebol de campo. Todos escutavam. E também os jornais, pois O Pioneiro sempre dava uma vez, para que pudéssemos convocar para as rodadas e o Guiomar Chies, jornalista que respondia pela sucursal da Folha da Tarde Esportiva, que estava sempre pronto a divulgar, fazendo excelentes matérias de divulgação como a que fez quando em 1968, Airton Dalla Rosa sagrou-se campeão caxiense.
Reportagem da Folha da Tarde Esportiva que percorreu todo nosso Estado, mostrando o mais técnico de nossos botonistas

Jornal local também dava  sua colher de chá aos botonista
Campeonato Brasileiro - Equipe RGS era formada por caxienses
Campeonato Estadual de 1980

Até a semana que vem, se Deus assim permitir

2 comentários:

  1. Boa Noite ...
    Respeitosamente venho cumprimentar o AMIGO, pela vitória do seu "colorado" frente ao meu "xavante"...
    Preparei algumas geladinhas, pipóquinhas,(sim em pct.peq.) liguei o Notebook, entrei no "site" MEGACUBO liguei o cabo na TV, até aí tudo beleza pois estava sozinho, desculpe a MEL estava no seu canto.
    Bem, tudo isso nada tem a ver com a leitura do texto da sua coluna, mas sempre fico aguardando pela próxima.
    Dado o adiantado da "hs." vamos nos recolher....
    Fico com DEUS.

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    1. Roza,
      Respeitosamente eu acredito que o resultado foi injusto. Assine a SKY e veja os jogos do gauchão no Premiere. Faço como eu, sem ter todo esse trabalho...
      Abração

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