segunda-feira, 12 de maio de 2014

VELHAS LEITURAS

Meus amigos botonistas, uma das coisas mais surpreendentes da vida é reler alguns artigos guardados, livros antigos, coisas escritas em outras épocas. Acabamos sempre descobrindo algo muito importante que, à primeira vista, passou despercebido, mas que agora se mostra muito importante.
Procurei as antigas colunas escritas pelo Sargento Garcia no Blog do Círculo Militar de Porto Alegre. Para quem não sabe de quem se trata, traduzo: Sargento Garcia é apenas o maravilhoso e insubstituível bicampeão brasileiro Guido Garcia. Descobri-o em dois de março de 2008, lendo a sua crônica O IDEAL DE OURO em que presta uma homenagem maravilhosa ao eterno CLÁUDIO SCHEMES. Descreveu a figura de Cláudio com uma perfeição que somente os dotados de sexto sentido conseguem deixar aflorar. Relatou todas as grandes conquistas que esse amigo querido, que tão cedo nos deixou, conseguiu com o amor que tinha pelo futebol de mesa. Uniu pessoas em torno de um ideal, descrito por Guido como um ideal olímpico, reunindo amigos ao redor de uma mesa de botão.
Nesse mesmo dia comentei, agradecendo pela maravilhosa homenagem que havia sido prestada a essa pessoa fabulosa de nosso meio. E, graças a essa iniciativa, consegui um amigo estupendo que guardo em meu coração para sempre.
Dia sete de março, ele abordou a OUSADIA DE MUDAR, relatando as dificuldades que a modalidade com botões cavados consegue impor a seus praticantes. Falou sobre a grande dificuldade de chutar a gol, pois predominam as defesas cerradas em favor dos ataques abertos. Falou sobre a grande dificuldade que premiava os sistemas defensivos, já que em caso de empates em fases classificatórias, a decisão da vaga era por cobranças de pênaltis à distância, o que fez a grande maioria de praticantes da modalidade treinar, além das coberturas, os arremates à distância. Posteriormente, foi adotado o critério de “melhor campanha”, que beneficia, inclusive, fases anteriores. Dedicou essa coluna ao Nilson Leviens que jogava pelo COP e havia falecido em um acidente de trânsito.
Dia quatro de março, escreveu SOB A ÓTICA DAS MULHERES, analisando todas as manias dos botonistas que perdem horas limpando e preparando seus craques; As diversas maneiras de massagearem seus botões. Muitos casos raros foram tratados, como daquele que adotava, caso o craque não rendesse, raspá-lo no cimento, dando uma “chacoalhada” na moral do time. Explicava que isso tem rendido alguns “contratempos” para as nossas esposas, as quais não sabem o que realmente se passa na cabeça de um botonista. Segundo o Guido, somos seres de “dupla personalidade”, pois ao adotarmos a postura de treinador, transformamo-nos num ser completamente diferente do ser “marido”. Dedicou essa coluna ao Paulo Roberto Schemes, pois foi dele a mão que o ajudou a continuar a sua caminhada. Acredito que todos nós temos momentos em que queremos que a vida pare para poder descer. Graças ao Paulo, o Guido voltou a nos brindar com suas criações maravilhosas.
Em 29 de fevereiro, foi a vez do FORA DE SÉRIE. Sua veia poética me fez dar boas gargalhadas, lendo o desenrolar dessa crônica maravilhosamente escrita. Descreve o crescimento de um campeão, que temos a felicidade de abrigar na AFM Caxias do Sul. Conta a “aventura” sui generis, vivida em um hotel, quando participava de um Estadual. Segundo o Guido, foi um resumo da passagem de um meteoro na constelação de talentos, que o futebol de mesa do Rio Grande do Sul possui. Seu rastro de luz persiste nos corações de todos aqueles que o conhecem e admiram entre os quais me incluo. Falava de Robson Betemps Bauer, pessoa cativante e que soma amizades em todas as suas participações. Realmente, o Guido o considera como se fosse mais um filho seu.
Guido e Robson com sua equipe de Santa Vitória do Palmar

Robson e Guido em visita a AFM Caxias
Em vinte e sete de fevereiro, ao escrever HISTÓRIAS E ESTÓRIAS, abordou diversos “causos” acontecidos entre botonistas conhecidíssimos. Gritos comemorando gols, e gritos comemorando belas jogadas. Gritos que são dados em represálias, coisas do futebol de mesa. Falou de um Campeonato Estadual, quando dois times acabaram empatados e tiveram de disputar por pênaltis à distância. Um dos integrantes da equipe que havia se saído melhor aos demais argumentou que deveriam bater com os seus botões, pois eram os “melhores”. Não adiantou a argumentação, dizendo que não conheciam seus botões, que não estavam acostumados com eles, que não conheciam o grau de cada levantador. Todos foram obrigados a bater os pênaltis com um mesmo time, o time do referido botonista. Resultado foi negativo, pois perderam e foram eliminados da competição. Dedicou essa coluna a uma lenda viva do botonismo gaúcho: Sérgio de Oliveira. Sérgio é um abnegado, competente, possuidor de integridade no trato da história do futebol de mesa, principalmente do Rio Grande do Sul. Mantém um arquivo que contém todos os dados das competições oficiais promovidas pela FGFM.
Sérgio Oliveira um dos maioresnomes do Futebol de Mesa Gaúcho
Em vinte e um de fevereiro abordou O QUE REALMENTE CONTA, afirmando que é muito difícil e de muita responsabilidade escrever sobre assuntos aleatórios e manter uma coluna em um meio de divulgação. Que aceitou o desafio de escrever sobre o futebol de mesa, pois estava refazendo a sua vida e esse é um meio para estar atualizado no que ocorre no esporte da bolinha de disco. Salientou as conquistas que sua agremiação conseguiu durante sete anos de conquistas, alternadas por um ou outro, ou pela equipe.
Mas, o que mais lhe dá prazer são os amigos que cultivou ao longo dessa caminhada. Os títulos ficam nas anotações daqueles que se dedicam a escrever a história. Os troféus ficam nos armários e prateleiras, esquecidos...
Guido e Clair amigos dentro e fora das mesas
Mas, os amigos ficam no fundo de nosso coração. E essa é a maior conquista que poderemos obter em qualquer modalidade esportiva. Lembremos então, sempre: no outro lado da mesa está um amigo que, momentaneamente, é um adversário a ser vencido, mas jamais será um inimigo a ser derrotado. Se tivermos em mente esse princípio, candidatar-nos-emos à admiração, mesmo quando perdemos, mas não correremos o risco de sermos odiados, mesmo que sejamos vencedores. Dedicou essa coluna a Sérgio Luiz Pierobom, pela sua elegância e lealdade no futebol de mesa; a Sérgio que foi campeão Estadual de 1980, cuja conquista  foi acompanhada por mim em Porto Alegre, quando exercia a presidência da Associação Brasileira de Futebol de Mesa.
Panda - Pizzamilgio - Guido - Clair

Confesso que ao ler essas colunas e sentir a pulsação do coração do Guido em cada palavra escrita, fiquei imaginando o que poderá acontecer com as colunas que escrevo, daqui a alguns anos. Se elas motivarem  apenas uma pessoa já serei feliz e realizado. Afinal, a minha intenção é idêntica a do Guido e Claudio Schemes: Reunir amigos ao redor de uma mesa de botão.

Até a próxima semana, se Deus assim permitir.

2 comentários:

  1. LH.ROZA....
    O que mais podemos comentar sobre essa figura humana que é o GUIDO, Que ha muito tempo aprendemos; admira-lo, repeita-lo como "botonista" e como pessoa, e o mais importante ter a oportunidade de fazer parte de seu celeto círculo de "amigos".
    Relembrando tantos jogos que disputamos, ficam na memoria um jogo em Passo Fundo e outro ainda nos tempos do Grupo "BBB" março de 1984 na cidade e Rio Grande, onde como diria o "poeta": se existe placar injusto foi esse, brincadeira, acabei com o troféu de Vice Campeão...
    E mais recente, só podemos agradecer pelas suas verdadeiras "obras-prima" nossas intocáveis caixinhas, para ser mais modesto.
    Ficaria o resto da noite procurando elogios...
    Até a próxima "COLUNA" ...

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    1. Roza, a realidade é que existe um Guido que é uma pessoa especial. Cada um de nós terá uma história para relembrar a bondade e fidalguia desse amigo que tanto faz pelo futebol de mesa, além de ter dado ao RGS dois títulos de campeão brasileiro.
      Realmente, se fossemos enumerar suas qualidades a noite seria pequena... seriam dias e mais dias.

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