segunda-feira, 26 de maio de 2014

ABRAÇANDO A IMPERFEIÇÃO COM AMIZADE ETERNA

Hoje, meus amigos, não falarei de futebol de mesa do passado ou do presente. Usarei um texto que o excelente Cristiano Gularte publicou em seu Manchester United, em 24 de junho de 2010.
O texto dizia o seguinte: Quando eu ainda era um menino, ocasionalmente, minha mãe gostava de fazer um lanche na hora do jantar. Eu me lembro especialmente de uma noite, quando ela fez um lanche desses, depois de um dia de trabalho muito duro. Naquela noite longínqua, minha mãe pôs um prato de ovos, linguiça e torradas bastante queimadas defronte ao meu pai. Eu me lembro de ter esperado um pouco, para ver se alguém notava o fato. Tudo o que o meu pai fez, foi pegar a sua torrada, sorrir para minha mãe e me perguntar como tinha sido o meu dia na escola. Eu não me lembro do que respondi, mas me lembro de ter olhado para ele, lambuzando a torrada com manteiga e geleia e engolindo cada bocado.
Quando eu deixei a mesa naquela noite, ouvi a minha mãe se desculpando por haver queimado a torrada. Eu nunca esquecerei o que ele disse: “Baby, fica tranquila, eu adoro torrada queimada.”.
Na mesma noite, mais tarde, quando eu fui dar um beijo de boa noite em meu pai, eu lhe perguntei se ele tinha realmente gostado da torrada queimada. Ele me envolveu em seus braços e me disse: “Companheiro, sua mãe teve hoje um dia de trabalho muito pesado e estava realmente cansada. Além disso, uma torrada queimada não faz mal a ninguém. A vida é cheia de imperfeições e as pessoas também não são perfeitas. E eu também não sou um melhor empregado ou cozinheiro! O que tenho aprendido através dos anos é que saber aceitar as falhas alheias, escolhendo relevar as diferenças entre uns e outros são uma das chaves mais importantes para criar relacionamentos saudáveis e duradouros. Essa é a minha oração para você, hoje. Mantenha a neutralidade e a conexão. Que possa aprender a levar o bem, o mal, as partes feias de sua vida, colocando-as aos pés do Criador. Porque, afinal, Ele é o único que poderá lhe dar um relacionamento no qual uma torrada queimada não seja um evento destruidor”.

De fato, poderíamos estender esta lição para qualquer tipo de relacionamento entre marido e mulher, pais e filhos e com amigos. Não ponha a chave da felicidade no bolso de outra pessoa, mas no seu próprio bolso. Veja pelos olhos de Deus e sinta pelo coração Dele; você apreciará o calor de cada alma, incluindo a sua. As pessoas sempre se esquecerão do que você lhes fez ou do que lhes disse, mas nunca esquecerão o modo pelo qual você as acolheu e valorizou.
E esse texto consegue me emocionar, pois hoje, dia 23 de maio de 2014, faz um ano que perdi meu irmão de fé, Giovani Zanetto. Fomos amigos desde os primeiros anos de colégio, andávamos sempre juntos. Jogávamos no mesmo time, participávamos do grupo de escoteiros, vivíamos um na casa do outro. Lembro-me de tantas aventuras que fazíamos juntos, com mais o Moacyr Boff. Em nossas casas não havia luxo, mas éramos considerados da família. Até na Faculdade estivemos juntos. A vida nos separou quando cada um escolheu o seu destino. O Moacyr radicou-se em Curitiba e lá ficou até o final de sua vida. Eu vim para Santa Catarina e o Zanetto continuou morando em Caxias do Sul. Conversávamos telefonicamente e sempre que nossa turma de colégio se reunia estávamos juntos. Até a doença se manifestar, estivemos sempre juntos. Nosso último encontro durou um dia inteiro, pois almoçamos e depois disso estivemos visitando os lugares onde vivíamos fazendo nossas molecagens. São Pelegrino nós percorremos a pé, lembrando cada antiga loja que visitávamos. Visitamos a minha irmã e com ela fomos até a casa de meu sobrinho Márson. Após esse encontro, tivemos mais uma reunião de nossa turma colegial, mas o Zanetto não apareceu. Vaidoso, não queria que víssemos os estragos que a doença estava provocando. Pouco antes de seu desenlace, sua esposa me ligou, avisando que estava em estado terminal. Tentei ir visitá-lo, mas uma cirurgia na perna não permitiu a minha viagem. Talvez tenha sido melhor, pois recordo dele sem a marca da doença que o vitimou. Vejo-o alegre e feliz, cheio de sonhos e manias.
Nessa foto estão Moacyr Boff, Giovani Zanetto e Adauto Celso Sambaquy, nos
tempos de escola, futebol e escotismo
Meu irmão, algum dia estaremos juntos novamente e poderemos recordar as nossas fugas das aulas, nossas partidas de futebol no campo do Torino, do Flamengo, do Juventude e as excursões que fazíamos. Poderei te explicar o porquê não pude ir te visitar quando ainda estavas entre nós. Poderemos trocar o abraço de irmãos e amigos que sempre fomos, mesmo quando brigávamos, discutíamos, mas sempre tudo voltava ao normal. Desejo que o Nosso Pai o tenha acolhido e que, de onde estiveres, possa olhar para os que aqui ficaram e enviar o seu pensamento positivo. A saudade é grande e sempre emociona esse velho coração.

Até a semana que vem, se Deus assim permitir.

4 comentários:

  1. Meu caro Sambaquy. Após alguns dias ausentes, abro o computador e vou direto para ler sua coluna semanal e, a desta semana, é uma história belíssima. Mesmo já conhecendo, não deixo de me emocionar. É sublme. Amigão, estou me recuperando de uma litrotopsia percutânea, onde foram retirados cálculos e mais cálculos do meu rim esquerdo. O pós operatório incomoda muito, mas na medida que os dias vão passando, vai melhorando gradativamente a saúde e consequentemente o humor. Deverei voltar às mesas dentro de uns quinze dias. Não estranhe se a Marreta não aparecer (estarei em recesso forçado), mas logo, logo, voltarei. A cirurgia, no ponto de vista médico, foi sucesso. Portanto, fique tranquilo, pois ainda está de pé nos encontrarmos pessoalmente. Um forte abração pernambucano, com muita Copa do Mundo.

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  2. Sambaquy, por favor, me corrija: a cirurgia foi uma litotripsia percutânea e não como saiu no comentário. Abração pernambucano.

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    1. Meu amigo Abiud,
      Valeram as orações para o sucesso da intervenção cirúrgica. Livre da pedreira que o incomodava, quem vai sofrer serão os adversários as mesas de botãobol. Não vou estranhar a ausência de noticias na Marreta, mesmo or que desejo que você se recupere totalmente.
      Um abração gaúcho/catarinense e colorado.

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