segunda-feira, 29 de novembro de 2010

O SEGUNDO CAMPEONATO BRASILEIRO DE FUTEBOL DE MESA – RECIFE PE.


A participação no segundo campeonato brasileiro de futebol de mesa foi mais fácil do que a primeira. A divulgação dos feitos de nossa primeira incursão no campo nacional atraia mais pessoas para a disputa. Na época, além do campeonato caxiense, diversas agremiações estavam disputando ativamente seus campeonatos. AABB, Guarany, Vasco da Gama, Noroeste e Juventus atraiam as atenções dos botonistas caxienses.

O convite partiu da Liga Pernambucana de Futebol de Mesa, presidida pelo inesquecível radialista Ivan Lima. O evento se daria de 13 a 17 de agosto de 1971, na cidade de Recife.

Ficou definido que não haveria Livro de Ouro e não iríamos solicitar ajuda de ninguém. Quem quisesse participar teria de arcar com as suas despesas, uma vez que as despesas da participação anterior haviam dado um pequeno prejuízo ao redator dessa coluna. Novamente a peregrinação entre as agremiações, e, poucos foram os que se dispuseram a nos seguir. Encontramos receptividade com o grupo do Vasco da Gama. Mário Ruaro Demeneghi, Rudy Antonio Vieira e Marcolino Pereira (Tico) se prontificaram a nos acompanhar, uma vez que Walmor Medeiros e eu já havíamos confirmado as nossas participações.

O Tico, antigo jogador do Flamengo e Juventude e que ainda batia uma bolinha no Vasco, tinha uma agência chamada MARCOS PUBLICIDADE, no Edifício Adelaide, sala 3, sub-loja, e conseguiu com a Festa da Uva que se realizaria no próximo ano uma verba para as camisas, desde que fizéssemos propaganda. Nossas camisas, nas costas, promoviam a Festa da Uva. Coisas de publicitário.

No dia 11 de agosto, partimos de Porto Alegre rumo a Recife, num vôo Varig. Saímos do nosso tradicional frio para o calor maravilhoso. Chegamos à noite na capital pernambucana. Por indicação das aeromoças, de quem ficamos amigos, foi-nos indicado o Grande Hotel, na Praia de Boa Viagem. Rumamos para lá e nos hospedamos. Naquele tempo era o hotel das celebridades e nele encontrei o famoso Ademir Marques de Menezes, o popular Queixada, goleador da Copa de cinqüenta no Maracanã. Encontrei também o goleiro Manga, que alguns anos depois seria o arqueiro do S. C. Internacional no famoso bi-campeonato brasileiro.

Nem bem havíamos nos instalado aparece o Ivan Lima e nos carrega para a noite boêmia. O homem era um ícone naquela terra. Conhecidíssimo, pois mantinha um programa de tv na TV Rádio Clube de Recife, aos poucos fomos conhecendo as belezas da noite pernambucana.

No dia seguinte nos retirou do Hotel e nos alojou no Ginásio Geraldo Magalhães, o Geraldão. Nesse ginásio, construído especialmente para grandes eventos haviam dependências para delegações esportivas e culturais. Ficamos na mesma ala em que estavam hospedados os integrantes do grupo teatral que apresentava em Recife a peça HAIR. Fizemos amizade com eles e, posteriormente com as mulatas do Sargentelli. Isso, para os antigos deve ser um prato cheio. E por ser o estado mais distante a comparecer, o tratamento dado a nós foi excepcional.

Logo após alojados, o Ivan nos carregou para a TV Rádio Clube para uma entrevista ao vivo. Foi maravilhoso, pois nenhuma outra delegação teve tal privilégio.

A equipe de recepcionistas do Geraldão era composta de meninas maravilhosas, esculturais, lindas e afáveis. Lembro com saudade de Maria Cléia Pinto de Souza, com a qual troquei correspondência por alguns anos. Gostaria de revê-la, mas depois de tantos anos acredito que seja quase impossível.

Na noite do dia 12 foi realizado o Congresso de Abertura do 2º Brasileiro. No dia seguinte iniciaram-se os jogos. Nesse campeonato eu senti que o clima de rivalidade entre pernambucanos e baianos era quase insuportável. Explico melhor. Jogava contra Oldemar Seixas, baiano, e o resultado era um 2 x 1 para ele, mas eu estava atacando bem posicionado, quando toca o relógio encerrando o jogo. Era a vez de Oldemar jogar e ele erra, ficando meu botão pronto para o arremate. Como todos os jogos se encerravam no relógio estendi a mão para cumprimentar o Oldemar, quando para nossa surpresa o juiz pernambucano falou que o jogo ainda não havia acabado. Pedi ao gol e vi os olhos do Oldemar se arregalarem. Senti a maldade que o árbitro estava usando contra ele, pois baianos e pernambucanos lutavam ponto a ponto para a conquista do título por equipes. Estava em minhas mãos completar ou não a maldade. Chutei para fora a bolinha, para alivio de todos. Para mim valia muito mais a amizade, que um empate conseguido de maneira não convincente.

Esse clima perdurou até o final. Mas os pernambucanos conseguiram, com méritos, chegar ao título por equipes, enquanto que no individual, dois baianos disputaram a final. Roberto Dartanhã Costa Mello e Cesar Aureliano Zama, dois jogadores maravilhosos que protagonizaram um jogo inesquecível. Fui escolhido para arbitrar essa partida final do Torneio. Dartanhã venceu por 1 x 0 na única falha do Cesar Zama. Seu botão travou em uma cobertura e Dartanhã arrematou com êxito, sagrando-se campeão brasileiro.

Com o final do campeonato as delegações foram se retirando. Mas nós ficamos, pois havíamos sido convidados pela administração do Geraldão para o show do Sargentelli e suas mulatas. Foi maravilhoso, com uma mesa diante do palco nos deliciamos com um espetáculo que só havíamos visto na TV, em branco e preto. E tudo ao vivo e a cores.

No dia seguinte, para nossa surpresa, a Prefeitura de Recife nos convidou para um almoço de despedida. Nos levaram a um clube maravilhoso e foi-nos servido um almoço inesquecível, com toda sorte de frutos do mar e com as frutas deliciosas da região tropical.

Nosso regresso teve uma parada na Bahia. Oldemar Seixas havia nos convidado para visitarmos a Boa Terra. Junto conosco estava o Antonio Carlos Martins, carioca que havia ficado em Recife para aproveitar as mordomias que estavam sendo oferecidas aos seus amigos gaúchos. No desembarque na Bahia os botonistas que haviam estado em Recife estavam nos esperando e nos levaram a um Hotel beira mar. Ficamos dois dias nos deliciando com os passeios proporcionados pela boa gente baiana.

Regressamos para o Rio Grande e voltamos a enfrentar o frio, até então esquecido. Do aeroporto até uma garagem em Porto Alegre onde o Mário havia deixado seu carro.

Todos com saudade, mas felizes, pois o tratamento recebido foi atencioso por parte dos pernambucanos e fez com que nos esforçássemos no sentido de preparar o terceiro campeonato brasileiro, que deveria ser realizado em Caxias do Sul.

Mas, isso é outro assunto e voltaremos a ele na próxima semana.

Até um grande abraço a todos vocês.

Sambaquy.

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