segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

UM TORNEIO NO CIRCULO MILITAR EM CURITIBA

Em 11 e 12 de setembro de 1982, participamos de um torneio realizado no Círculo Militar de Curitiba, no Paraná. Os paranaenses, chefiados por Agacyr José Eggers haviam convidado um grupo de paulistas para a confraternização. Os paulistas convidados eram Geraldo Cardoso Décourt, Antonio Maria Della Torre (Presidente da Federação Paulista), Domingos Varo Neto e Huratian Muradian. Entretanto, deveriam ser seis paulistas que jogariam contra seis paranaenses. Décourt telefona para Brusque e convida a mim e ao presidente da Associação Brusquense de Futebol de Mesa, Oscar Bernardi, para comporem a equipe paulista.

Ponderei a ele que a nossa regra era bem diferente daquela praticada por eles. Eu já tivera conhecimento, pelas viagens realizadas a São Paulo, da forma de jogar, mas Oscar Bernardi desconhecia totalmente.

Mesmo assim, aceitamos o convite e rumamos à capital paranaense. Lá nos encontramos com os amigos paulistas e o Della Torre me entregou um time de argolas do Internacional, que ele havia preparado para mim. Eu jogaria com o time que recebera, pouco antes dos jogos, sem haver dado um único chute com botão algum. O Oscar também recebeu um time para fazer frente aos paranaenses.

Nesses dois dias eu joguei vinte e três partidas; o Oscar jogou doze. A importância desse torneio deu-se pelo fato de ser a última participação de Décourt, pois foi a partir dessa sua viagem que o seu problema nas pernas se agravou, impedindo a sua participação no primeiro brasileiro da Regra de Doze Toques, realizado em São José dos Campos, onde Della Torre sagrou-se campeão.

O pessoal paranaense que participou desse torneio, capitaneado pelo Agacyr José Eggers, contou com as participações do Edmundo Barbosa, João Carlos Eggers, Ernesto Santos Junior, Newton Santos e Luiz Carlos.

Nesse dia, tive a alegria de conhecer um grande divulgador do futebol de mesa, chamado Roberto Beltrami, que mantinha uma escolinha de jovens no próprio Círculo Militar.

O vencedor do Torneio foi Edmundo Barbosa que representava a Federação Paranaense de Futebol de Mesa.

Agacyr José Eggers me presenteou com um livro que havia escrito sobre o nosso esporte, com muitas ilustrações, explicando a regra que era utilizada no Paraná. Esse livro se encontra no acervo da AFM Caxias do Sul, juntamente com o exemplar autenticado da primeira regra publicada no Brasil, REGRAS DE FOOT BALL CELOTEX, escrito por Geraldo Décourt, no distante ano de 1930.

Escrevo sobre esse torneio, pois fui distinguido pelo amigo Ubirajara G. Bueno, autor do livro BOTONÍSSIMO, através da foto que foi batida com os doze participantes do torneio. Essa foto chega às minhas mãos vinte e nove anos depois de ter sido tirada. Foi emocionante, pois nela estão meus dois filhos brusquenses, os quais me acompanharam até a capital do Paraná.

No regresso a Brusque,  vieram conosco o querido amigo Geraldo Décourt e sua esposa dona Eda. Não quiseram ficar em minha casa e preferiram hospedar-se no Hotel Gracher, no centro de Brusque. Em visita à sede da Associação Brusquense, quando os amigos botonistas ofereceram ao Décourt e esposa, um churrasco, o presidente Oscar Bernardi, depois de mostrar as dependências de nossa sede própria, ofertou, ao Papa do Futebol de Mesa brasileiro, um cartão de prata selando a nossa amizade.

Nos dias que ficaram entre nós, Décourt tomou conhecimento dos compêndios do futebol de mesa que foram por mim organizados, juntando recortes de jornais, revistas e fotografias que mostrassem a evolução de nosso esporte, dos anos sessenta até aquele distante ano de 1982.

Décourt, entrevistado por Saulo Tavares, que apresentava um programa esportivo na Rádio Araguaia, de Brusque, disse que era uma pena tantos documentos ficarem longe de São Paulo, pois representavam a história do futebol de mesa.

Anos depois, o presidente Della Torre organizou um museu do futebol de mesa nas dependências da Federação Paulista, e eu até ofereci a doação dos compêndios, pois seriam de utilidade para a história. Infelizmente, um enfarte fulminante o levou antes de formalizar a resposta. Com isso, estão depositados na sede da AFM Caxias do Sul, com a idéia de que, algum dia possa ser construído um museu do futebol de mesa gaúcho.

Para ilustrar a coluna, repasso a foto recebida do amigo Ubirajara, destacando pela numeração acima de cada botonista: 1) Ernesto Santos ou Newton Santos, 2) Geraldo Cardoso Décourt, 3) João Carlos Eggers, 4) Antonio Maria Della Torre, 5) Luiz Carlos, 6) Domingos Varo Neto (Mingão), 7) Agacyr José Eggers, 8) Adauto Celso Sambaquy, 9) Edmundo Barbosa, 10) Huratian Muradian, 11) Oscar Bernardi e 12) Ernesto Santos ou Newton Santos.

Foi esse um dos primeiros passos na grande conquista obtida, junto ao CND, quando o nosso esporte foi reconhecido como tal. A união fez a força.

Até a semana que vem, se Deus permitir.

Sambaquy.

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