segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

OS MENINOS DO RECREIO GUARANY

Almir - Ângelo - Nelson  (Acima qdo jovens e abaixo na época do Recreio da Juventude)
Ao escrever a primeira coluna desse ano, não esperava a reação agradável produzida pela consideração de que muitos sonhos serão realizados em 2012.
Dificilmente há comentários à coluna, coisa que, por vezes, nos faz pensar que estamos escrevendo e ninguém lê o que está escrito. Mas, nessa coluna, um comentário, por sinal longo e vindo de uma terra distante, mas escrito por alguém que fez parte do movimento caxiense que solidificou o futebol de mesa, o então menino Jorge Compagnoni.
Ele, ao comentar o sonho que disse possuir, afirmou que o seu era jogar uma partida com Almir Manfredini. Pedia que escrevesse algo sobre ele, pois foi um de seus melhores amigos e que os demais ficariam felizes com isso. Senti-me honrado com o pedido, considerando, pela diferença de idade, não ter convivido com essa garotada do Recreio Guarany, pois nos encontrávamos somente na hora dos jogos, uma vez por semana. Aquilo ficou martelando a minha cabeça, pois conheci todos aqueles meninos e sabia de seu valor. Então me ocorreu pedir auxílio a uma pessoa que viveu naquela época e que participou ativamente de todo o movimento do futebol de mesa caxiense: Dr. Nelson Prezzi.
Transcrevo a seguir o que foi escrito por esse grande botonista, já homenageado como o grande mestre de cerimônias da AFM, pai do presidente atual da agremiação:
“Três garotos, em torno de 10 a 12 anos de idade começaram a jogar Futebol de Botão (hoje Futebol de Mesa), moravam nas imediações da esquina da Rua Sinimbu, com a Vereador Mario Pezzi. No meu caso, na própria esquina, outro na Vereador, numa casa onde havia uma sorveteria e o terceiro, na Sinimbu, próximo de onde se encontra uma agência bancária da SICRED atualmente.
Jogávamos Nelson A. Prezzi, Ângelo Slomp, Almir Manfredini com botões que adquiríamos na antiga Casa Saldanha. Preparávamo-los, torneando-os, cavando, deixando alguns rasteiros e outros com a caída alternada que fazia a bola, na época um botão de camisa, levantar. A regra utilizada era a Gaúcha. Tínhamos uma mesa na casa do Almir, onde nos reuníamos às tardes, já que todos estudavam pela manhã.
Mais adiante conhecemos outros adeptos, e um dos primeiros foi Luiz Carlos Dambroz. Muitos outros não são recordados seus nomes. Posteriormente, veio o Airton Dalla Rosa, meu cunhado na atualidade, que morava junto ao Recreio Guarany e lá praticava o futebol de mesa há algum tempo. Convidados, fomos todos para lá.
A partir dali, a coisa foi crescendo, até conhecermos o pessoal do Banco do Brasil, onde se salientava o Sambaquy. Deste convívio e do surgimento da Regra Brasileira, por ele trazida, com botões elaborados, houve uma integração maior entre os clubes da cidade, como Vasco da Gama, Noroeste, Juventus e outros que se juntaram a nós no Guarany e à AABB, aumentando a febre.
Mas a ideia aqui é me ater aos meus companheiros iniciais. Infelizmente, já falecidos, ambos com pouquíssima idade. O Ângelo, a quem chamávamos de “BITI” ou NENE”, cujos pais eram os donos da Sorveteria Tirol, na rua Vereador Mario Pezzi, muito conhecido como o homem dos chocolates que derreteram nos bolsos das calças no calor de Salvador (BA), durante a ida ao primeiro campeonato brasileiro. Ângelo jogava com o seu Corinthians. Faleceu aos 42 anos, se não estou enganado, por problemas de Diabetes. Em seu velório, Almir e eu conversamos, lamentando a perda de um grande amigo, o qual nos deixava prematuramente. Mal sabíamos nós que pouco tempo depois o Almir também nos deixaria. O Almir Manfredini (MIRI) era filho de um caminhoneiro e de uma professora de sobrenome de solteira Puerari, cuja família era também vizinha. Tinha vários irmãos e irmãs. Seu tio, Ivan Puerari também fazia parte do grupo e jogava com a Inter de Milão. O Almir jogava com o Santos F. C.
O Almir foi o primeiro a deixar os cabelos ficarem mais longos, modismo dos tempos da Jovem Guarda, com as roupas mais justas para combinar. Lembro-me também que foi a primeira pessoa a falar em computador e, posteriormente, passou a ser a sua profissão, tendo inclusive formado uma das primeiras empresas de informática de Caxias do Sul, a BENFARE. Casou-se com a irmã de um colega de profissão e amigo, o dentista José Lusa, que foi quem me trouxe a triste notícia de seu falecimento em virtude de um aneurisma cerebral. Almir estava com apenas 43 anos de idade.
Fica aqui a saudade desses companheiros de futebol de mesa, mas muito mais forte de dois grandes amigos que fizeram parte de minha vida. Hoje, a AFM CAXIAS tem mesas com seus nomes, uma maneira de homenageá-los para todo o sempre.
Quem me sugeriu que escrevesse sobre o Almir, e eu acabei  juntando o Ângelo, pois não consigo falar de um sem lembrar o outro, foi outro amigo que faz parte do grupo do Recreio Guarany: Jorge Antonio Compagnoni, que solicitou ao Sambaquy a lembrança da grande figura humana que foi Almir Manfredini. Espero ter feito minha parte em  lembrar destes dois grandes companheiros.”
Por essa razão, a coluna de hoje é uma referência àqueles meninos valiosos que conseguiam realizar campeonatos maravilhosos nas dependências do Recreio Guarany e que, depois de algum tempo, tornaram-se pilares para a criação da Liga Caxiense, atual AFM. Hoje, são os seus filhos que brilham nas mesas e homenageiam aqueles representados pelos nomes que lá estão escritos, realizando grandes jogos, continuando, com o mesmo amor e carinho, a luta iniciada por seus pais.
Obrigado meu querido amigo, Dr. Nelson Prezzi, por trazer essas doces lembranças de momentos de amizade que permanecerão para sempre em todos os corações envolvidos.
Até a semana que vem, se Deus permitir.
Sambaquy

4 comentários:

  1. LH.ROZA...
    Meu irmão FUTMESISTA...
    Aqui da distante JOINVILLE,embora não tenha tido um tempinho, pois o meu Filho e a minha Neta de 5 anos estejam nos visitando.
    Venho confirmar-lhe que sempre passamos pelo sua "COLUNA",pois ela tornou-se um habito diario.
    Um abraço...

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  2. Amigo Rozinha,
    Garanto que és o meu único leitor que deixa sua marca, fazendo com que eu possa me sentir realizado pois o que escrevi não passa em branco. Obrigado pelo hábito diário. Isso faz com que eu continue por mais tempo trazendo a história de nosso esporte aos dias atuais.
    Um abração.

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  3. Ao Mestre!
    Nós sempre lemos tua coluna Sambaquy. E não é necessário "comentar". O que vamos dizer diante de tanta sabedoria e memória? Esperamos poder sempre desfrutar destes teus minuciosos relatos. Parabens

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  4. Meu querido Marcos Antonio Zeni,
    Você também é história. Por que não escreves em seu blog como iniciaste no futebol de mesa. Daquela sua caixa com centanas de botões de plástico, de todas as cores possíveis e imagináveis. Da evolução, dos primeiros campeonatos e de sua participação na criação da Liga Caxiense. Você é uma bandeira do futebol de mesa de Caxias do Sul.
    Bons tempos tem de ser relatados para que não sejam esquecidos nunca. A vida não para e se não registrarmos acaba ficando no esquecimento.
    E vamos para a série A para ganhar o título.
    Um abraço.

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