domingo, 8 de janeiro de 2012

SONHOS TRAZENDO LEMBRANÇAS

Ao escrever a coluna da semana que passou, fui surpreendido pelo comentário postado pelo excelente botonista Jorge Compagnoni, pessoa com quem, há mais de quarenta anos, não tinha contato.
Jorge fez parte da delegação gaúcha que participou do primeiro Campeonato brasileiro da modalidade e o fez de modo brilhante. Ele e o Airton Dalla Rosa foram os destacados para disputarem o campeonato individual, por serem os dois melhores botonistas de Caxias na ocasião.
Para essa escolha foi determinante o Torneio Caxias do Sul x Recife, desenrolado no dia 20 de novembro de 1969, quando recebemos a agradável e prazerosa visita de Ivan Lima, o presidente e introdutor da Regra Brasileira na Veneza Brasileira. Ivan estava no sul para narrar uma partida de futebol, pois fazia parte da TV Rádio Clube de Recife e aproveitou para nos visitar. Reunimo-nos na AABB, onde funcionava a sede da Liga Caxiense e treinávamos para a participação no brasileiro que seria realizado, em Salvador, no mês de janeiro vindouro.
Airton Dalla Rosa, Jorge Compagnoni e eu fizemos as honras da casa ao Ivan. Jogamos um quadrangular, todos contra todos. Os dois meninos golearam o Ivan de forma inapelável. Eu o venci por 4 x 3 e empatei em 1 x 1 com os dois. O torneio foi vencido pelo Jorge Compagnoni que venceu ao Airton e recebeu um troféu magnífico. Era uma águia com as asas abertas que fora oferecido pela Mapro – Materiais de Propaganda, a qual nos fornecia os troféus para a premiação dos vencedores das competições.
Nesse dia foi decidido que os dois, por reunirem maiores condições seriam os dois representantes no individual, ficando a equipe formada pelos demais integrantes da delegação.
Para que fosse permitida a viagem dos meninos, tivemos de conseguir autorização de seus pais, ficando a guarda dos garotos sob a minha responsabilidade.
Na Bahia, o campeonato se desenrolou da seguinte forma: Dia 10 de janeiro seria disputado o campeonato por equipes e, no dia 11, o individual.
Como a Paraíba havia enviado somente um representante para disputar o individual, foi feito o sorteio das chaves e o paraibano caiu na chave do Jorge. Portanto, ele teria um jogo a mais do que o Airton.
A chave A ficou constituída por Oldemar Seixas (Bahia), Nivaldo (Paraíba), Jorge (Rio Grande do Sul, Paulo Henrique (Rio de Janeiro), José Marcelo (Sergipe) e Rafael Alves (Pernambuco).
A chave B ficou com: Airton Dalla Rosa (Rio Grande do Sul), Rodolfo Albuquerque (Pernambuco), Átila Lisa (Sergipe), Antonio Carlos Martins (Rio de Janeiro) e José Santoro Bouças (Pepe) (Bahia).
Na chave A, o Jorge teve os seguintes resultados: 4 x 1 sobre Paulo Henrique), 1 x 1 com Nivaldo, 0 x 3 com Oldemar Seixas, 3 x 1 em Rafael e 1 x 1 com José Marcelo. Assim, teve uma única derrota e empatou com o campeão da chave.
Na chave B, do Airton, os resultados foram os seguintes: 3 x 0 com Rodolfo, 0 x 1 com Santoro, 7 x 1 em Martins, 1 x 1 com Átila. Da mesma forma, uma única derrota e empate com o campeão da chave.
O destaque especial de tudo isso é que os dois eram dois meninos com 14, 15 anos, jogando contra homens feitos que já disputavam por diversos anos dessa maneira. Sem considerar erros tristes, cometidos contra eles por parte de alguns árbitros, todos pertencentes à Liga Baiana de Futebol de Mesa. Já relatei o que houve com o Ângelo Slomp que, para continuar na disputa, teve de ser convencido por mim, ajudado pelo Ivan Lima que foi muito envolvente em estimular a continuidade da disputa por parte do nosso menino. Narra o Jorge que, na sua partida com Oldemar, houve uma falta “inventada” pelo árbitro, resultando em gol. Disse mais, que o Oldemar pediu desculpas, vendo que não havia sido cometida, mas mesmo assim marcou. Que terminou a sua partida revoltado e chorando, pois era apenas um menino.
Para ilustrar esse pedido de desculpas, sem considerar o erro do árbitro, visando somente a vitória, devo dizer que no brasileiro seguinte, em Recife, havia um clima de guerra entre Pernambuco e Bahia, para conseguir sagrar-se campeã. Jogava contra Oldemar Seixas e o jogo estava 2 x 1 para ele, quando toca a sineta anunciando o final da partida. Nesse instante, eu estava armando uma jogada que o Oldemar não teria condições de desfazer. Mas, como havia terminado o tempo fui cumprimentá-lo, sendo impedido pelo árbitro pernambucano que disse que a partida tinha de continuar. O Oldemar olhou para mim com olhos arregalados, pois pensava estar livre do gol de empate. Só que a minha formação é diferente da que ele demonstrou contra o Jorge. Joguei a bolinha para fora, pois senti que havia má intenção do árbitro, querendo prejudicar um amigo. Em minha opinião, mais vale um gesto honesto do que algo conseguido com desonestidade. Tenho um amigo desde 1966 que poderia ter perdido por um ato absurdo cometido por uma pessoa que nem recordo mais quem possa ser.
Por isto, meus amigos, fica registrada a felicidade desse contato com uma pessoa que desde 28 de fevereiro de 1970, quando jogamos pela última vez, não havia tido mais notícias. Que, de agora em diante, possamos trocar figurinhas mesmo que seja através do computador.
Equipe que representou o Rio Grande do Sul
Angelo Slomp - Walmor Medeiros - Jorge Compagnoni - Adauto Sambaquy - Airton Dalla Rosa


Até a semana que vem, se Deus permitir.
Sambaquy

4 comentários:

  1. Sambaquy.

    Eu já tinha muito ouvido falar em Jorge Compagnoni, mas não imaginava que tanto ele quanto o Airton fossem tão novos na época. Ouvia você falar em guris, se referindo a eles, e hoje entendo o grande feito realizado por ti, e a grande campanha realizada por eles nesse brasileiro representando o RGS.

    É muito bom ler suas colunas.

    Um abraco

    Mário DT/Afm Caxias

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  2. Mário, meu Diretor Técnico,
    Para você sentir o quanto foi dificil o início dessa caminhada. Naquele tempo tinhamos de matar um leão por dia e ainda ser pai dessa turma de guris que jogavam muito. Os de mais idade que jogavam na AABB e em outras agremiações não se dispunham a viajar para jogar botão. Ficava dificil organizar uma equipe. O único que enfrentava as viagens era o meu colega de Banco Walmor da Silva Medeiros. Mas, felizmente conseguimos mostrar a todos que o futuro do futebol de mesa dependia do esforço conjunto e que só seriamos grandes quando todos pensassem da mesma maneira.
    Eu me sinto feliz escrevendo, pois sei que a história será preservada e os que participaram dela terão de ser enaltecidos. Essa gurizada do Guarany deu muitas alegrias a todos nós e a descendência continua fazendo a roda girar.
    Obrigado por ler as colunas que faço com amor ao esporte de todos nós.
    Sambaquy

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  3. LH.ROZA
    Boa Noite meu IRMÃO FUTMESISTA...
    Que prazer ler sua coluna,diariamente, é sempre uma aula. Revivendo belas histórias,relembrando os bons tempos.
    1 abraço

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  4. L.H. Roza
    Meu fiel leitor, amigo de troca de e-mails e adversário leal nas mesas. Agradecer suas palavras é desnecessário pois sei que partem desse imenso coração que habita nesse peito rubro negro pelotense. Os bons tempos estão voltando e o nosso amigo Rangel, de Cascavel está preparando um Museu Virtual, com histórias antigas. Ele vai necessitar do muito que tens para transmitir aos novos botonistas. Afinal, nós fizemos a história e tudo isso que está ai originou-se de esforços de pessoas que se dedicaram, como o Roza no Circulo Operário Pelotense. Um abraço e aproveite bastante o Paraiso Joinvilense em que vives.

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