segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

DEODATO MAGGI


Na relação dos campeões caxienses, mais precisamente no ano de 1965, um nome se destaca, representando o SANTOS F. C., Deodato Maggi.
Deodato era funcionário da Industrial Madeira Ltda. Apareceu com seu time de botão e se uniu ao grupo que disputava o campeonato desde 1963. Aos poucos, adquiriu ritmo de jogo e se tornou um excelente botonista. Era um abnegado e não se contentava com as poucas mesas que dispúnhamos para a prática de nosso esporte. Por ser funcionário da Industrial Madeireira, conseguia fabricar mesas de pau-marfim, muito superiores as que possuíamos, e isso ajudou no desenvolvimento de nossas atividades. Ele possuía mesa em casa, no seu local de trabalho e a fornecia a quem solicitasse.
Foi o campeão no ano da fundação da Liga Caxiense. Por essa razão, destacou-se como o primeiro caxiense a participar do Campeonato Estadual desenvolvido pela Federação Rio-grandense de Futebol de Mesa. E é dele a primeira glória colhida, pois foi o vice-campeão estadual do ano de 1965, perdendo a partida final para Paulo Borges, este representante  do Clube Piratas de Porto Alegre.
No ano de 1966, no famoso Torneio de Aniversário da Liga Caxiense, teve destacada participação, mas ficou no caminho, não conseguindo chegar às finais que ficaram com Cláudio Bittencourt e Ademar Carvalho. Foi um dos que ficaram encantados com a exibição realizada pelos dois baianos. Por sinal, a tábua de pau marfim, que acabou sendo batizada de Maracanã, foi conseguida por seu intermédio. Mandou levá-la até a sede da AABB, onde os dois baianos a transformaram num lindo campo de futmesa.
A partir daí, começamos a brincar na mesa grande e todos fizeram encomendas de times baianos, fabricados na ocasião pelo senhor José Aurélio. Ele encomendou um Santos, todo branco, com a numeração preta. Ao mesmo tempo, continuávamos a disputar o nosso campeonato caxiense na regra gaúcha. Meu time era composto de botões puxadores de cores variadas. Era a menina dos olhos do Deodato. Numa das rodadas em que disputávamos o caxiense, lá na AABB, ele fez uma proposta irrecusável pelo meu time. Ofereceu o valor de um time baiano pelos meus puxadores. Como eu havia recebido do meu compadre Vicente Sacco Netto um time completo de puxadores, nas cores vermelha e branca, não pensei duas vezes. Fechei negócio e entreguei o time para o Deodato. Afinal, eu já imaginava que os dias dos botões puxadores estavam contados e, dessa forma, eu teria mais um time de botões baianos em meu poder.
Deodato lutava pelo bicampeonato caxiense. Reforçou seu time, mesclando alguns que eu havia vendido com os seus preferidos. Só que ele não contava com a surpresa que eu haveria de proporcionar-lhe. No dia 26 de novembro daquele ano teria de me enfrentar, contando com a vitória, pois eu estava de time novo. Nessa noite, os vermelhinhos não tomaram conhecimento do Santos, e eu venci o jogo por 2 x 1, tirando dele a chance de se tornar o segundo bicampeão caxiense. Paulo Valiatti, com a Ponte Preta tornou-se campeão com uma diferença mínima de pontos.
O destino estava traçado, pois em dezembro realizamos o estadual e no mês seguinte a Regra Brasileira foi criada. Caxias adotou a Regra Brasileira e todos os campeonatos e torneios seriam realizados nessa modalidade. Deodato jogou com o seu Santos, mas sentiu a grande dificuldade de adaptação. Esse mesmo fenômeno aconteceu com Marcos Lisboa, pois ambos haviam desenvolvido técnicas que os tornavam quase invencíveis na Regra Gaúcha. Não se adaptaram aos botões lisos, às mesas maiores, ao novo tipo de bolinha. Aos poucos foi abandonando, jogando até o ano de 1970 quando, por uma proposta vantajosa de Santa Catarina, abandonou o Rio Grande do Sul, sem nem ao menos se despedir de seus amigos.
Encontrei-o há mais de trinta anos, aqui, em Balneário Camboriú. Continuava o mesmo, gritão, gozador e saudoso de nosso tempo de futebol de mesa. Depois disso, perdemos definitivamente o contato, até saber que havia falecido prematuramente.
Procurei fotos em que ele estivesse presente, mas nunca as encontrei, até que, usando os recursos do Google, localizei-o  como ex-presidente da Associação Empresarial de Guaramirim. Sua foto postada com a referência “in-memoriam” indicava que ele deve ter falecido no curso de sua administração.
Hoje, a nossa homenagem é endereçada a quem primeiro trouxe a alegria e a glória de uma conquista ao botonismo de Caxias do Sul. Seu vice-campeonato, conquistado num domingo chuvoso em Porto Alegre, deverá ser preservado e enaltecido como glória que deu início à caminhada de sucesso de nossa atual AFM Caxias do Sul.
Ao Deodato Maggi nossa homenagem e nosso abraço saudoso. Um dia nos veremos novamente e poderemos recordar os bons tempos de botonismo.
Até a semana que vem, se Deus assim o desejar.
Sambaquy

Um comentário:

  1. samba, como te disse, nao sou nada bom neste negocio de computador,li ali tuas cronicas ate onde falas do maggi; sao estupendas, e deu-me uma saudade que a muito meu coraçao nao sentia;obrigado. te digo que aqui em poa no tempo do inter de falcao e cia , pelo menos, ele e claudiao jogavam futebol de mesa na casa de meu sobrinho. um grande abraço, e saude grande para ti e a familia

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