domingo, 8 de abril de 2012

A UNIÃO FAZ A FORÇA...

Nos dois últimos anos, quando estivemos visitando os amigos da AFM CAXIAS DO SUL, por ocasião de duas promoções exitosas, ao usarmos a palavra citamos os esforços no sentido da união com as demais Regras de Futebol de Mesa. Mencionamos esse esforço inicial, pois acreditamos tenha sido o ponta-pé necessário para que contássemos, no futuro, com uma Confederação Brasileira de Futebol de Mesa que abrangesse todas as modalidades existentes. Até então, o nosso esporte era encarado como uma diversão, geralmente, praticada por crianças.
Talvez as palavras ditas haviam criado dúvidas, pois não havia nenhum documento para provar essa aproximação. E isso me incomodava, pois eu vivi intensamente essa fase em que conheci pessoas maravilhosas, muitas delas, infelizmente, já falecidas.
Numa troca de ideias com o amigo José Ricardo Caldas e Almeida, de Brasília, afirmei-lhe que havia encadernado todos os exemplares do BOTONISTAR, um jornal informativo, produzido na Capital Federal e que relatava notícias sobre a Regra de Três Toques. Como ele havia emprestado os primeiros exemplares, e esses nunca mais retornaram às suas mãos, solicitou-me que fizesse cópias para que ele pudesse completar sua coleção.
Como os exemplares estão depositados na AFM Caxias do Sul, solicitei ao seu presidente, Rogério Prezzi, que os remetesse ao meu endereço e que posteriormente os devolveria. Semana passada, via SEDEX, recebo uma caixa e, nela, a encadernação do BOTONISTAR.
Ao reler aquelas notícias, deparo-me com o número 26, de agosto de 1982, contendo na reportagem de capa, desenhado à mão, dois botonistas jogando e um terceiro arbitrando. Um deles com as iniciais CBFM na manga da camisa e, o outro, um barbudo, com uma camisa onde se lia ABFM. O árbitro com uma camisa com a denominação COFI estampada. CBFM era uma Confederação que fora fundada pelo pessoal da Regra de Três Toques e funcionava no Rio e em Brasília. Essa Confederação, após divergências entre seus líderes, passa a chamar-se Associação Nacional de Futebol de Mesa.
ABFM representava a Associação Brasileira de Futebol de Mesa e reunia os praticantes da Regra Brasileira, e o COFI foi uma das etapas do ressurgimento da Federação Paulista, a qual estava adormecida há algum tempo.
Na parte do fundo desse desenho, havia um placar, indicando os seguintes jogos: JOMAR X MURY, ROLIN X HIDEO, MARTINS X PIRES, NETTO X DÉCOURT, LENINE X SAMBAQUY e FÉRGUSSON X SCHEMES, numa mistura de botonistas de diversas regras, a saber: Gaúcha, Um Toque, Três Toques e Doze Toques. Um comentário ao lado do desenho dizia: Todos nos questionamos a este respeito. Algum dia, todos saberemos que será transformada em realidade esta fantasia dos toques, das bolas, dos botões, das regras. Vamos nos unir?
O representante desenhado da ABFM era barbudo e o único que usava barba era esse que escreve essa crônica. Os demais, Jomar, Martins e Schemes nunca usaram barba e nem bigode. Portanto, era a representação de quem, Sérgio Netto, o editor, desenhista, diagramador, arte-finalista, redator e revisor do informativo conhecia, desde 1981, quando estive realizando um curso pelo Banco do Brasil na Capital Federal.
Em maio de 1983, já no número 33, há uma reportagem com o título DESAFIO É ACEITO. MAS, SEM PRESSA.
Vou reproduzi-lo, pois é de validade imensa para que todos possam tomar conhecimento daquilo que acontecia há tanto tempo.
“Já se fala em união mais do que outrora. Antes se sonhava. Hoje já há bases concretas se solidificando aos poucos. O certo é que todos falam em INTEGRAÇÃO: O Brasil todo jogando numa só regra. Parece utopia se pesarmos bem esse parecer, porque as dificuldades começam com a bola, os números de toques, o tamanho do campo, das balizas, os botões...
Entretanto, vivemos um desafio que, aos poucos, vemos uma luz no horizonte brilhando mais forte. No IV Campeonato Brasileiro, em Juiz de Fora (na Regra de Três Toques), tivemos visitas ilustres de pessoas que jogam em outros movimentos, tais como Antonio Carlos Martins, da Associação Brasileira de Futebol de Mesa, do Estado do Rio de Janeiro, e de Antonio Maria Della Torre, futuro presidente da Federação Paulista de Futebol de Mesa e membro dos Botonistas Unidos de Campos Elíseos (Botunice). Quem faltou a esse encontro foi o batalhador Luis Alberto Rolim, presidente da Federação Riograndense de Futebol de Mesa que, como nós, quer a UNIÃO.
Faz poucos dias, de São Paulo a Brasília, Atienza (São Judas Tadeu) ligou para Walter Morgado (Associação Brasília), pedindo informações se a CBFM tem algum encontro de porte em julho, para viabilizar uma oportunidade de que brasilienses viajem à metrópole para um Torneio de Integração.
Há duas semanas, José Ricardo, Della Torre, Atienza e Adauto Sambaquy estiveram conversando em São Paulo e o assunto é a UNIÃO.
Do Nordeste, vem a ideia de um Conselho Nacional do Futebol de Mesa, unindo a ABFM com a CBFM.
Tudo está caminhando para acontecer a tão almejada união, porém dependerá dos esforços comunitários e isto é algo que está faltando, já que nosso País é extenso demais, dificultando o contato físico, que é muito mais viável para se conversar.”
Já, no número 35, de julho de 1983, há também uma nota dizendo:
“Della Torre crê na União.
POR SE TRATAR DE IRMÃOS, TEMOS DE FALAR A MESMA LÍNGUA E PROCURARMOS CADA VEZ MAIS A UNIÃO ENTRE OS DIVERSOS GRUPOS DE FUTEBOL DE MESA”. Essas foram as palavras proferidas por Antonio Maria Della Torre, em Belo Horizonte, dia 3 de abril, quando da visita ao Torneio ORLOFF-CENTAURO, do qual participava como convidado especial e entregou um troféu criado por ele a Jan Buarque que se sagrou campeão invicto.
O paulista venceu o Torneio de Consolação numa partida muito bem disputada, na qual venceu por 3 x 2 um representante de Brasília.
Recebeu das mãos de João Paulo Mury, presidente da Confederação Brasileira de Futebol de Mesa, um cartão de prata em nome dos botonistas brasileiros, agradecendo a sua visita a Belo Horizonte para participar de um evento, cuja regra é diferente, na qual está acostumado a jogar.
Este homem é o elo principal para a UNIFICAÇÃO das regras da COFI e da CBFM. Nós torcemos por seu sucesso nesta empreitada e, temos certeza que ele também torce por nós todos, pois se isso acontecer, estaremos a um passo da tão almejada UNIÃO NACIONAL, e ter adesão do Estado de São Paulo na Confederação é um sonho sem precedentes.”
A luta foi muito grande. Barreiras foram transpostas com muito sacrifício e com a colaboração de muitos líderes nacionais. O reconhecimento aconteceu e graças a ele, hoje, somos fortes e organizados. Podemos sonhar objetivos maiores e melhores. Só resta a tristeza de saber que muitos dos que lutaram, bravamente, para que isso fosse conquistado já não se encontram entre nós. Mas, a herança deixada nos deixou enriquecidos e felizes para continuar a obra.
Quem poderá afirmar que no Paraíso não existam mesas, unindo todos esses botonistas que tanto lutaram para ser aceitos da maneira como o somos na atualidade.
Que Deus os conserve felizes, realizados, pois o sonho que perseguiram foi conquistado, deixando entre nós um esporte reconhecido, aceito e UNIDO.
Até a próxima semana, se Deus permitir e não me chamar para participar desse time.
Sambaquy

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