segunda-feira, 16 de junho de 2014

COMPRA, VENDA E DOAÇÃO DE TIMES DE FUTEBOL DE MESA

Ao tomar conhecimento da intenção do amigo Ricardo Gothe de se desfazer de sua Lazio, que tantas alegrias lhe tem concedido nas mesas em favor de seu time do coração Bayern de Munique, pensei sobre quantos times passaram pelas minhas mãos nesse longo período de atividade.
Lazio de Gothe
Os primeiros times foram surrupiados de meu avô, que morava conosco. Ele deve ter me perdoado, se algum dia descobriu as minhas artimanhas. Mas, eram botões que, naquela época, preenchiam a finalidade precípua a que me dispunha.
Os botões que iniciaram a caminhada
Time do Racing
Depois surgiram os puxadores e, com eles, os times mais perfeitos do que os botões de jaqueta, casacos e sobretudos. Para montar um time de puxadores era necessário garimpar bastante e encontrar o botão ideal para cada posição. E eu havia formado um grande plantel, com botões das mais variadas cores e um centro avante todo preto, que não perdia chute. Era o Victor, que defendera o Flamengo caxiense e depois o Grêmio Porto Alegrense.
Casa Saldanha (livraria onde comprávamos os botões em Caxias)
Foi então que surgiram os botões baianos, padronizados, obedecendo às cores tradicionais do clube representado. Eu havia ganhado de presente do Oldemar Seixas uma Seleção Brasileira e estava praticando com ela, esperando a chegada de meu G. E. Flamengo, encomendado ao mago baiano, Sr. José Aurélio. Nessa época ainda disputávamos o final do campeonato de 1966, na AABB, e como demoravam pra chegar as encomendas da Bahia, jogávamos nos despedindo da Regra Gaúcha. O falecido Deodatto Maggi, que namorava o meu time há muito tempo, perguntou se eu iria jogar somente na Regra Brasileira. Disse que sim, afinal fora um dos seus criadores e pretendia que ela se alastrasse pelo nosso estado, quando poderíamos conviver e jogar com outros botonistas de nosso país. Então, sem cerimônias, perguntou se eu venderia meu time para ele. Respondi-lhe que dependia da oferta. Ele não se fez de rogado e me ofereceu o mesmo valor de um time completo, confeccionado na Bahia. Não pude resistir e vendi-lhe o time na hora. Poderia desta forma, pagar o meu Flamengo que estava por chegar sem ter de tirar dinheiro do bolso.
Na época, o meu irmão Vicente Sacco Netto havia me presenteado com um time preparado e lixado por ele. Eram todos os botões vermelhos com a base branca. Terminaria meus compromissos com aquele time. Acontece que eu teria de enfrentar os meus botões, pois estava marcada para o dia 26 de janeiro de 1967 uma partida contra o Deodatto.
O Deodatto jogava para tentar o bicampeonato caxiense, já que fora campeão em 1965. Só que ele só havia comprado os botões. O treinador estava com outros botões e venceu o jogo por 1 x 0, gol do ponteiro esquerdo. Tirei-lhe a chance de conseguir lutar pelo título, o qual acabou ficando com o Rubens Schumacher.
Algum tempo depois, já jogando com botões fabricados na Bahia, vi algo inédito até então. O Marcos Fúlvio de Lucena Barbosa, que jogava com o São Paulo, mandou confeccionar dois times. Um deles era todo preto com o distintivo do São Paulo no centro e o outro, tricolor com a base branca. Os dois times muito bonitos, mas o Marcos não estava contente. Conseguiu uma pessoa que, com uma ferramenta especial, cortou em forma de círculo o centro dos botões. Então ele colou o centro do time tricolor nos botões pretos e o centro preto nos botões tricolores. Valorizaram muito os dois times. Ficaram bem diferentes e muito bonitos.
Time da Regra Brasileira de Airton Dalla Rosa (anos 80)
Time da Regra Brasileira de Oldemar Seixas (anos 70)

Lindos times modernos da Regra Brasileira  (com artes maravilhosas embutidas ou sobrepostas, artes gravadas, e materiais diferenciados)
Quando eu cheguei à cidade de Brusque e fundei a Associação Brusquense, os pedidos eram feitos em quantidade. Procurei o José Castro Sturaro que fabricava botões e era aparentado com o Oldemar. O Sturaro tinha uma boa quantidade de times nordestinos confeccionados e que eram difíceis de vender. Comprei todos eles. O preço era bom e assim o pessoal que estava iniciando poderia ter um time a preço razoável. Vieram Moto Clube, Bahia, Vitória, Ceará, Clube do Remo, Paisandú, Nacional, Confiança, Velo Clube, Sampaio Correia, Santa Cruz, Náutico e Sport, além de Fluminense, Flamengo, Vasco, Botafogo, Corinthians, Palmeiras, São Paulo, Portuguesa, Grêmio, Internacional, Coritiba e Juventus.
Os mais conhecidos saíram logo, mas os poucos conhecidos foram ficando encalhados. Os filhos dos associados me procuravam para comprar times e, com eles, alguns amigos que só ficavam olhando a negociação. Procurei saber quem eram eles e fui informado de que se tratava dos filhos do roupeiro do Carlos Renaux, um clube de futebol da cidade. Não teriam condições de comprar, pois o salário de roupeiro de um time de uma cidade do interior de Santa Catarina era irrisório. Então chamei os dois meninos e perguntei se eles gostariam de jogar com os demais. Os dois disseram que sim e confessaram que haviam pedido dinheiro ao pai, mas ele não podia dar, pois faltaria para outras necessidades da família. Sendo assim, doei-lhes times do Velo Clube e do Sampaio Correia. A felicidade estampada nos rostos daqueles meninos foi a paga suficiente.
Nunca fui de negar a qualquer interessado um time de botão. O time com o qual fui campeão caxiense, que havia comprado de Miguel Silva, um baiano que me visitou em Caxias, doei ao filho de uma prima. O Inter, que foi o sétimo colocado no Brasileiro de Vitória doei ao filho de um amigo médico de Brusque. Assim como ganhava times de presente eu também presenteava as pessoas. Afinal, esta era uma maneira de divulgar o nosso esporte e fazer as pessoas se interessarem por ele. Nem sempre dá certo, mas a tentativa é válida.
Na regra de 12 toques, eu possuía diversos times que havia recebido de presente e, também, comprado em São Paulo. Só que o foi na década de oitenta e estavam desatualizados nos padrões atuais. Eram menores do que os atuais. Foi então que o presidente do Atlântico Sul me entregou um Barcelona, pois assim eu teria mais chances de fazer frente a eles. E, de fato, adaptei-me a esse time de uma maneira maravilhosa. Já comprei quatro times: Inter ( campeão da Libertadores de 2006), Inter (campeão do Mundial de 2006), G. E. Flamengo e Ferroviária, de Araraquara, mas não me adaptei com nenhum deles. Só consigo jogar mesmo é com o Barcelona, apesar de saber que o fabricante dos demais é o mesmo.
Botões da regra 12 Toques
Na minha coleção tenho times da Regra Brasileira, Gaúcha, Unificada, 12 Toques, 3 Toques, Botãobol, Fogo Tebei, de vidrilha. Já tive botões de osso e de coco e um time que recebi de presente de Sérgio Duro, um campeão da Regra Gaúcha, com botões especialmente lixados que coloquei em quadros para expor na sede da Associação Brusquense. Só que ladrões conseguiram entrar na sede e roubaram tudo. Roubaram inclusive um quadro onde estava a camisa e o time com a foto de um associado que havia falecido em um acidente de motocicleta. Infelizmente nada foi respeitado. Tivemos de reforçar as janelas e a porta, afinal possuíamos sete mesas em ótimas condições. Se voltassem poderiam danificá-las.
Nos anos oitenta, quando permaneci em São Paulo por um mês, fazendo um curso pelo Banco do Brasil, o presidente da Federação Paulista me entregou uns trinta times de vidrilhas, na tentativa de promover a regra por aqui. Trouxe comigo e distribuí todos eles com a garotada que morava perto de minha casa no Jardim Maluche. Eles realizavam campeonatos e se divertiam bastante. Construía mesas para a regra de 12 toques com aglomerados e distribuía para os meninos, juntamente com os times de vidrilhas. Muita gente jogou botão por causa disso e, até hoje, quando encontram meu filho pela cidade comentam o fato com ele.
Botões do Inter em Vidrilha

Que o feliz comprador da Lazio do amigo Ricardo Gothe tenha tantas alegrias como ele teve, pois foi um time que conseguiu vários troféus para a sua galeria.

Fotos de mais tipos de Botões:
Botões de chifres
Botões de Coco
Botões de Resina


Até a semana que vem, se Deus assim permitir.

11 comentários:

  1. LH.ROZA....
    Buenas Tchê !!! acompanhando mais um bela narrativa, fico com uma pontinha de inveja.
    Se EU tivesse guardado 1 botão de cada plantel, que ao longo dos tempos passaram pelas diversas caixas que comprei e troquei, o certo que teria muita história para também ser contada.
    Como somos contemporâneos, meus primeiros passos nesse lazer, o FUTMESA, são parecidos, já os de "osso" ficava EU secando os amigos do meu primo Gilberto Ramalho, me desse os quebrados e/ou aqueles que eles não se adaptavam para completar o meu 1º plantel, 1 de cada cor.
    Quando fui apresentado ao "artesão" MANOEL T.GONÇALVES (RS) aí entrei nos modernos feitos de acrílico.
    O resto da minha modesta narrativa, muito me orgulho, principalmente de ter feito tantas amizades e ter ganho alguns trofeus...
    Ficamos por aqui, aguardando a próxima "COLUNA"
    UM FORTE ABRAÇO...

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    1. Roza, se tivéssemos guardado um botão de cada time que passou pelas nossas mãos, faltariam caxias para guardá-los. Tive dois times, um de puxadores e outro de panelinha que deixei na casa de um amigo, depois de jogar com ele. Naquela noite casa incendiou-se e perdi esses dois times que tinham muito significado para mim. Depois disso fiquei um pouco desapegado, mesmo assim guardo botões da Regra Brasileira que ganhei em 1966. Foi o primeiro time baiano a chegar ao Rio Grande do Sul. Tenho um time que ganhei do Geraldo Décourt, aquele que escreveu uma regra de futebol celotex em 1930. Esse é raridade e não tem preço.
      Abração.

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  2. Meu caro Sambaquy. Mais um belo relato que me fez transportar aos anos 60, período de minha maior atividade no botão. Sempre gostei de ter vários times, que se perderam no tempo. Quando retornei aos campos, depois de longo tempo ausente, comecei a adquirir times e mais times, todos do botãobol. Hoje, são quase 2.000, distribuídos em mais de 170 times. Talvez, por egoísmo, não sou de doar, vender ou trocar, se bem que em algumas ocasiões, para conseguir esse ou aquele botão, eu era capaz de fazer propostas a beira do absurdo. É loucura! Abração pernambucano.

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    1. Abiud,eu acredito que cada botão tem a sua história. As vezes eu sinto ter sido assim dispersivo com times que deveria ter conservado. Mas, sempre agi no sentido de promover o futebol de mesa e isso restringe a ausência.Hoje tenho vários times guardados, mas muito distante de sua imensa coleção de times.Uma pergunta: - já jogaste com todos eles? Eu tenho times que ainda não coloquei na mesa. Tenho um pequeno armário especial para guardá-los e quatro maletas, além de caixas com diversos times. É realmente uma loucura.
      Abração gaúcho/catarinense e colorado.

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  3. Meu caro Sambaquy. Já joguei com todos eles. Listo por ordem alfabética e levo para a APFM. Há os times que disputam competições e os que só jogam partidas amistosas. Como jogo 3 a 4 partidas cada sábado, às vezes, levo cerca de dois anos para colocar esse ou aquele determinado time em campo. Em 2013, utilizei 78 times distintos, para os mais de 140 jogos que realizei. É loucura. Abração pernambucano.

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  4. Abiud,
    ainda bem que você e super organizado. Eu já me perderia na primeira tentativa de jogar com tantos times diferentes. Continue fazendo isso pois é salutar e dentre tantos times, com certeza encontrarás algum que seja invencível. Esse será o seu preferido sempre. E acredito que será o Náutico. Abração gaúcho/catarinense e colorado.

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  5. fabrico botoes de acrilico de alta qualidade em recife meu nome e marconi meu fone 81 30350489

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  6. meu anuncio esta no olx la encontrase fotos dos campos e botoes q nos fabricamos fone 81 30350489 falar com marconi

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  8. Parei de jogar em 2003, morava em Caxias do Sul e ate hoje lembro dos jogos que fazia com os amigos . Todos ficavam invocados como que eu conseguia jogar com um único jogador em quadra, na regra dos 12 toques. Mas o principal triunfo que eu tinha era um goleiro de boa estrutura e meio pesado que fechava a defesa. O botão era de acrílico e pegava e segurava a bolinha, mesmo estando distante dela. Bastava acerta lá e manter o controle. Tive 65 times, inclusive o Rio Grande, mas jogava só com o botão solitário e o goleiro pegador. Foi uma façanha na época. Hoje em dia nem tenho mais a pratica como antes, mas amo o futmesa. Meu contato : armmn@bol.com.br
    Abraços

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  9. Tenho 20 botoes de osso da decada de 60. Meu contato:85 98921 3818

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